Prova Final - Parte Um
A situação em que Draco se encontrava não era nada boa. Não havia mais nenhum bem no nome dos Malfoy e ele não tinha a mínima idéia de como isso acontecera. Antoine não fez pergunta alguma ao acolhê-lo em sua casa, Draco estava devastado, não sabia explicar se por causa da morte dos pais ou por causa da perda de todos os bens da família. Antoine pediu a Damien que também ficasse na casa para que os três pudessem se ajudar, pois ela não poderia largar Hogwarts mesmo que fosse por tal situação. Ela passou o final de semana do Natal e o do ano novo com Draco, seus amigos professores dariam conta de Hogwarts, mas seria fácil porque os alunos também estariam em férias.
Mesmo depois de duas semana da morte dos pais, Draco continuava inconsolável. Aquele sábado não foi diferente. Antoine estava sentada no sofá e Draco estava deitado com a cabeça no colo dela, com as mãos em frente ao rosto, escondendo o choro. Antoine acariciava os cabelos dele.
– Que tal sairrmos jantarr?
– E deixá-la pagar a conta?
– E que mal há nisso?
– Ha, ha! Um Malfoy não pagando a conta?
– Ou um Malfoy jantando com uma mulherr que paga a conta? - zangou-se Antoine.
– Todos aquele olhares... eu não poderia suportar.
– Drraco, eu sou a única que sei que seu pai se matou! - disse ela segurando o rosto dele - Você tem que reagirr, se não irrá definharr e não querro isso. O que serrá de nosso filho? Prrimeirro os avós e depois o pai?
Draco se sentou e olhou profundamente para Antoine.
– Ele já é adulto...
– Não é brrincadeirra! E não me olhe assim! Eu amo você e não querro que tenha esse fim...
– Antoine, como fui deixá-la escapar? Quem era essa mulher que te tirou de mim? Sou um estúpido!
Ela acariciou o rosto de Draco e o beijou na testa.
– Passado é passado! Vamos olharr para frrente! Vou ajudarr você a descobrrirr o que aconteceu! Você tem que falarr com o gerrente do Grringotes, eles devem terr arrquivos sobrre as finanças de seu pai! Seus bens não poderriam sumirr assim!
– Eu não me conformo, meu pai sempre foi tão precavido, ele só fazia dinheiro!
– Amanhã iremos ao Grringotes e vamos tentarr descobrrir, cerrto?
Draco aproximou-se de Antoine e a beijou. Ela não quis que ele fizesse isso, mas não se negou. Abraçou-o e o apertou contra si. Sentia que ele precisava de seus carinhos e que ela poderia dá-los a ele sem nenhum problema. Então ela se levantou e o puxou pela mão em direção ao seu quarto. Na porta Draco a parou, voltou-se para o corredor e baixou os olhos. Ela se encostou na parede, sorriu e puxou-o pela calça.
– Esta cena já aconteceu em nossa vida, se lembrra?
Draco olhou para ela pensativo. Em seguida encostou-se nela e a apertou contra a parede.
– Você disse: “Tem alguém aí!”- murmurou Draco. - E eu disse: “Estamos em nossa casa, você é a monitora-chefe! Me deixa entrar um pouco!”
Antoine riu e continuou:
– “Não é você quem gosta de corrrerr rriscos? Porr que não me surrprreende?”
Draco a apertou mais contra a parede e a despiu ali mesmo no corredor.
Na manhã seguinte os dois foram à Gringotes falar com o gerente. Esperaram meia hora até um carrancudo anão chamá-los para entrar. Era o gerente.
– Saiba que fizemos todo o possível, senhor Malfoy, contudo, a única coisa que conseguimos foi isso! - disse o anão jogando uma pilha de papeis na frente de Draco. Eram extratos de retiradas astronômicas das várias contas de seu pai. Transferências de imóveis, alguns que Draco nunca imaginara que possuíssem.
– Meu pai estava louco! De quem é essa conta?
– Já verificamos, é de um senhor chamado Adroald Renfield, mas a conta foi encarrada há algum tempo e não temos registros...
– Não tem registrros? Uma pessoa sai simplesmente com tanto dinheirro assim pela porrta?
– A senhora não faz idéia do que as pessoas guardam aqui! - respondeu o anão. - O que posso fazer é lhe dar, senhor Malfoy, o nome completo e endereço desta pessoa, mas lhe digo, fomos até lá e ninguém mora naquele lugar há muito tempo.
Draco pegou o bilhete e não quis saber do anão, pediu a Antoine que fosse com ele até aquele endereço. Chegando lá se espantaram. Era uma velha mansão abandonada, já ao pedaços e com mato e trepadeiras invadindo as janelas e portas.
– Vamos embora! - rosnou Draco atirando o papel ao chão.
Antoine ficou olhando para a casa, viu quando o papel caiu no chão e rolou para dentro do terreno. Então, ela se apoiou no portão e alcançou o papel, mas se desequilibrou e teve que se apoiar com a duas, foi quando um baque a jogou para trás.
– Você está bem? - perguntou Draco sem entender o que aconteceu.
– Tem algo de errrado porr aqui! - disse Antoine passando a mão pelo muro, mas sem encostar nele - Acho que é algum tipo de feitiço!
– Feitiço?
– Sim, de prroteção! Como em Hogwarrts! - e ela riu. - Tem alguém lá dentrro que não querr que ninguém saiba de sua existência!
Naquela semana Antoine voltou para Hogwarts, mas deixou avisado a Draco que não fizesse nada, o encontraria no sábado e iriam ao Gringotes mais uma vez. Entretanto, Antoine não deixou por isso, mandou dois dos seguranças de Hogwarts vigiarem a casa e eles fizeram o trabalho muito bem. Ambos eram animagos e se transformavam em corujas.
No sábado de manhã cedo, Antoine chegou em casa e Draco estava dormindo em sua cama. Haviam muitos quartos naquela casa, mas ele estava se sentido só e desprotegido e o quarto dela parecia lhe dar as forças de que precisava. Ela se sentou à beira da cama e acariciou as costas nuas dele. Eram bonitas, largas e branquinhas como neve.
– Bom-dia - disse sonolento. - É cedo, não?
– Sim, pode ficarr aí, só quis verr como você estava!
– Agora que me deu esperanças, minhas forças voltaram!
Antoine sorriu e beijou-o suavemente nos lábios.
– Me aceitaria de volta, Antoine?
– De volta?
– Sim... como seu marido!
Ela ergueu as sobrancelhas surpresa. Hesitou e permaneceu calada.
– Você ainda ama ele, o Snape, não ama?
– Drraco...
– Mas voltaram a ficar juntos se pudesse, não?
– Não exatamente... ele... ficou com Gwyneth!
– Sei. Aquela que tentou se matar...
– Ela é frraca...
– Ele é fraco! Uma mulher que faz o que ela fez não é digna como esposa. É uma vergonha!
– Essa soou como nos anos de escola! - disse ela rindo.
– Ei, eu continuo sendo um Malfoy apesar do que meu pai fez! - e ele ficou quieto por um instante. - Mas... me diga, me aceitaria?
– Algumas pessoas não gostarriam!
– Snape?
– Não, um pouco piorr: Justus! Ele nunca admitirria! Querr a todo custo que eu fique com Severro!
– Mas Snape não está nem aí para seus sentimentos...
– Isso não é verrdade... ele só tem medo de que não ela...
– E o que ele teria a perder se ela se matasse?
– Não posso dizerr o que se passa na cabeça das pessoas!
Antoine parou de falar e se levantou. Saiu do quarto e foi para a sala de café. Draco colocou um polover e a seguiu. Surpreendeu se ao encontrar todos os elfos da família Malfoy sentados na sala de jantar, tomando chocolate quente. Ao verem Draco, eles se levantaram rapidamente, mas Antoine pediu que eles continuassem ali e lhes disse que poderiam ficar em sua casa enquanto Draco não reavesse a dele.
O banco Gringotes despontava majestosamente branco por entre os outros edifícios e construções do Beco Diagonal.
– Sente-se e esperre, Drraco, fique de olho nas pessoas que estejam fazendo algo de suspeito!
– Mas quais? Como é que vou saber se são suspeitas? - resmungou.
– Fique de olho em todas, Drraco, em todas!
Ele não achou sensato, mas sentou-se no grande saguão onde haviam algumas poltronas e plantas espalhadas. Ficou observando Antoine, à princípio, e o que ela fazia, mas parecia que ela não estava fazendo nada, a não ser falar com alguns homens de vez em quando. Uma hora se passou, então duas. Draco estava impaciente, já havia tomado alguns copos de chá e o chão já devia ter marcas de tanto ele ir e vir. Bufou, ficaria por ali só mais alguns minutos, estava cansado de esperar, sentou mais uma vez e olhou para uma planta à sua frente. Por entre ela viu, de relance, uma pessoa conhecida, sua ex-namorada, Perla, a juíza. Ela vinha conversando com outra mulher, não a conhecia, era morena e tinha os cabelos muito longos. Atrás delas estava um dos homens que conversara com Antoine. Ele viu as duas moça mexerem os lábios, mas elas não olhavam uma para outra. Pararam perto de um pilar gigante e redondo próximo ao balcão de recepção. Então, Draco se deu conta de que elas pareciam suspeitas. Viu Antoine lá perto, debruçada sobre o balcão. Quis avisá-la, mas não sabia como, se fosse até lá certamente Perla o viria e iria embora. Se odiou por não fazer nada, pois elas se despediram e cada uma foi para um lado.
– Vamos, Drraco! - disse Antoine puxando-o para a saída.
– Antoine, Perla estava aqui, ela conversava com uma mulher...
– Sim, aquela mulherr é Gwyneth!
– A... a... de Snape?
Antoine fez que sim com a cabeça e chegaram à calçada. Ela olhou para os lados e puxou Draco para a direita. Ele percebeu que estavam seguindo Gwyneth, que felizmente vestia um casaco tom terra claro, incomum ali no Beco Diagonal.
Quando Gwyneth entrou numa loja de ervas, Antoine a seguiu e fechou a porta atrás dela. Gwyneth se virou e viu Antoine parada à porta ao lado de Draco, olhou para os lados e viu um senhor que provavelmente era o dono da loja. Pegou sua varinha e quando ia atingir o senhor, Antoine gritou e a varinha de Gwyneth se partiu.
– O que você quer?
– Silêncio! - gritou Antoine.
A força da voz dela fez com que portas e janelas se trancasse. Um toque na varinha e Antoine moveu objetos na direção dos vidros, impedindo que qualquer um que estivesse lá fora visse o que acontecia ali dentro.
– Por favor, senhoras, não na minha loja, tenho muitos clientes para atender hoje...
– Cale-se! - gritou Antoine. - Fale-me o que sabe, Gwyneth!
– Sobre o que? - disse ela irônica. - Snape não ama você!
– Sobrre Lúcio Malfoy, idiota! - berrou Antoine.
– Lú-lúcio? O que eu saberia sobre aquele ho-homem?
– Está me deixando sem paciência! - rosnou Antoine com o olhar fixo em Gwyneth.
– Não sei nada! - disse Gwyneth.
Antoine não se contentou, começou a murmurar palavras. Draco se lembrou que ela as murmurara daquele jeito no primeiro jogo de quadribol que assistiram juntos. O dono da loja se agachou e tampou os ouvidos com as mãos, ele parecia ter medo de escutar o que ela estava dizendo.
– Diga-me agora, o que sabe sobrre Lúcio Malfoy!
Gwyneth parecia petrificada, mas seu corpo balançava lentamente de um lado para o outro e os olhos dela viravam nas órbitas. Com uma voz desentoada ela começou a falar.
– Lúcio saiu com Arpel, ela o quis desde que o viu, sabia que era uma homem poderoso e tendo ele conseguiria tudo, mas ele não a trocou pela esposa. Arpel tentou jogar feitiços nele, mas o homem era forte e percebeu o que ela fez. Deixou de vê-la, então e Arpel aproximou-se do filho dele, Draco. Assim conseguiu entrar na casa dos Malfoy, conseguiu enfeitiçar a esposa de Lúcio... ele deveria levá-la a Bakersville e voltaria... Arpel a mataria e então poderia consolar Lúcio e tê-lo só para si! Mas ele sofreu um acidente...
– Acidente ou atentado?
– Acidente... Arpel o queria...
– Querria o dinheirro dele! - atiçava Antoine.
– Não, ela o amava!
– E o que ela fez com os bens de Malfoy?
– Com os bens? - perguntou Gwyneth ainda sob o efeito do feitiço da Verdade. - Ela queria Lúcio e não os bens dos Malfoy.
– Parre! - disse Antoine, que em seguida olhou para Draco. - Não é a verrdade, Drraco! - sussurrou ela.
– A quem quer enganar? Está na cara! - bradou ele. - Quem é Arpel? - gritou Draco a Gwyneth.
– Ela é a Deusa!
– Qual é o verdadeiro nome dela?
– Arpel... a senhora de tudo! Ela é poderosa! Dinheiro não faz diferença!
– Não! Arrpel os matou! Tinha tudo nas mãos... não sei de que forrma, mas conseguiu roubarr todos os bens de sua família! Eu sei que há algo mais porr trrás disso, vamos emborra, Drraco!
Antes de sair, Antoine tocou a cabeça de Gwyneth com sua varinha e a fez esquecer do acontecido. Em seguida, olhou para o dono da loja e este petrificou. Antoine apenas colocou seu dedo em frente à boca, pedindo silêncio e o homem tremeu de medo.
– Por que está querendo disfarçar a verdade? Aquela mulher sabe...
– Drraco, pense! Lorrd Voldemorrt não confiarria em um frraco! Gwyneth não sabe mais nada que possa nos ajudarr! Vamos ao escrritórrio desta Arrpel.
Mas ela não estava. Ou talvez estivesse, mas a secretária não os deixou entrar, principalmente ao ver Draco.
– Terremos que fazerr de outrra maneirra! - murmurava Antoine andando de uma lado a outro já na sala de sua casa. - Vamos, pense!
Draco estava sentado na sala de lareira olhando para o nada. Não acreditava que seu pai estava saindo com outra mulher. Sua mãe sempre fora tão bonita e elegante, como ele pôde. Mas então se deu conta, da mesma forma que ele, Draco, havia feito com Antoine. Não tinha explicação. Fora enfeitiçado, com toda certeza. Mas não seu pai, não, não poderia, sempre foi um homem tão forte...
Antoine estava cansada de pensar. Deixou Draco na sala e foi se deitar, mas não conseguiu dormir. Não parava de pensar em Arpel: “ela tentara conquistar Lúcio, sem sucesso; tentara enfeitiçá-lo, mas este percebeu e se afastou. Tentaria ficar com ele de forma drástica então, Arpel se aproximaria de Draco para entrar na casa e assim mataria a esposa de Lúcio. E o fez. Enfeitiçou Narcisa, a mãe de Draco, que quis ir a Baskerville... mas algo entre os dois pontos fez Lúcio se suicidar!”
Entretanto, martelava na cabeça de Antoine: como um homem tão poderoso teria perdido a razão? Lúcio Malfoy não era um fraco, um homem que se suicidaria! Não, definitivamente, não! E como é que Arpel se aproximou de Draco? A única mulher com quem ele esteve fora Perla. Ou estaria Draco mentido?
No meio da madrugada, Antoine levantou e foi acordar Draco.
– Responda-me com toda sincerridade, não estou discutindo sua fidelidade aqui! Com quantas mulherres você saiu enquanto esteve casado comigo!
– Como é?
– Apenas responda, Drraco!
– Apenas com Perla...
– Não minta, é muito importante saberr se há mais alguém...
– Já disse, somente com ela!
– Então, se a tal Arrpel se aprroximou de você, ela só pode terr feito isso atrravés de Perrla!
– Perla? Espere, agora que você falou... todo aquele sentimento que eu tinha por ela... parece que nunca existiu!
– Você foi enfeitiçado! - murmurou Antoine afirmando convicta. Saiu do quarto, descendo até a cozinha para tomar uma xícara de chá. O Profeta Diário daquele dia acabara de chegar e a notícia da primeira página era a de uma grande recepção à Perla Reinfield, filha do grande juíz do Ministério de Execução Penal Bruxa, Adroald Reinfield, que morrera assassinado há alguns anos. Ela também era uma juíza.
– Qual a chance de você serr convidado à essa recepção? - perguntou Antoine a Draco, no café da manhã.
– Eu? Grande! - disse ele rindo e olhando para Antoine com um brilho especial. - Todos os ministros vão estar lá! E será uma honra ter a presença da diretora de Hogwarts no evento!
Ele beijou a mão dela, levantou-se e a abraçou com vontade. A recepção seria dali há dois dias. Draco estava certo. Recebeu seu convite diretamente do organizador da recepção, o ministro do Culto à Magia, Simão O’briet.
– Fiquei sabendo que voltou a morar com sua ex-mulher, Malfoy - disse O’briet que era bem mais velho do que Draco.
– Sim. Foi um erro deixá-la. Envergonho-me por isso. Mas ela me aceitou devolta, mesmo depois do que aconteceu e devo muito a ela.
– Se trouxer Antoine a recepção seria mais popular ainda e você sabe o quanto o ministério precisa de popularidade entre as famílias tradicionais bruxas, principalmente as ricas.
– Sim, O’briet - respondeu Draco ficando de costas. - Sei muito bem.
Foi impossível para ele esconder o sentimento de perda. Seu pai era tudo para ele e sua família sempre fora uma das mais respeitadas.
O dia da recepção chegou. Ela foi organizada no salão principal do ministério, que era muito grande. A entrada era majestosa e desembocava numa enorme sacada que dava vistas a todo salão. Para se chegar a ele era preciso descer uma escadaria de quatro metros de largura por doze de altura. Eram degraus que não acabavam mais. Mas descer por aquele tapete vermelho aos olhares curiosos de todos era o sonho de todo bruxo emergente.
O salão estava cheio quando Draco e Antoine chegaram. Foram recebidos muito bem na entrada e acompanhados por fotógrafos do Profeta Diário até o inicio da escadaria que levava ao salão. Conforme iam descendo, notavam que estavam sendo observados. Gostavam disso. Mais do que nunca, os dois formavam o casal perfeito. Draco, um Malfoy, temido e odiado, o ministro, alto, louro e muito elegante no smoking preto com detalhes verdes e Antoine, famosa, distinta, a diretora da Nova Hogwarts, filha de Alvo Dumbledore, poucos centímetros mais baixa que Draco, apesar de usar um salto agulha finíssimo; tinha os cabelos negros com mechas vermelhas realçadas pelo vertido preto e pelo caríssimo casaco de peles igualmente preto que jogava tons vermelhos conforme a luz batia nele.
– Somos o centro das atenções! - sussurrou Draco no ouvido de Antoine.
– Você nem gosta disso, não é? - brincou ela.
Ele sorriu maravilhosamente, mostrando os brancos e perfeitos dentes. Assim que chegaram ao salão, um homem vestido com um uniforme pediu o casaco de Antoine. Ela o tirou e lhe entregou, mostrando o decote que desvendava as costas inteiras. Draco a tocou de leve no ombro e mostrou-lhe o caminho até a mesa deles, no lado esquerdo, perto do palco. Tinham que cruzar o salão para chegar lá e assim, cumprimentar muita gente.
– Boa-noite, senhores - disse Draco aos ministros reunidos perto do bar. Todos responderam e esticaram a mão para cumprimentá-lo.
Foi difícil disfarçar o ciúmes, Draco podia ver que os ministros babavam sobre sua ex-esposa. Não aguentou ficar ali muito tempo, arrastou-a para cumprimentar o resto dos convidados. Foi só pouco mais de uma hora depois, que o ministro Simão O’briet veio cumprimentá-los trazendo consigo a nova juíza, Perla Reinfield.
– Como está, Draco? - perguntou Perla intimamente, alfinetando, com isso, Antoine.
– Bem, boa noite! - respondeu ele.
– Boa noite! - cumprimentou Antoine.
As duas deram as mãos. Perla sorriu e ergueu a sobrancelha, ela tinha um ar soberbo.
– Antoine é a diretora de... - iniciou Simão.
– Sim, eu sei, ela cuida de Hogwarts! - disse Perla.
– Não. Eu dirrijo Hogwarrts! Quem cuida dela é o zeladorr.
Perla riu. Simão também. Draco olhou para Antoine e depois olhou para o salão.
– Como você está, Draco, recuperado do baque que seu pai lhe deu? - quis saber Perla.
– Eu... - Draco ficou sem fôlego para responder aquela pergunta.
– Não acha um pouco indiscrreta esta perrgunta? Prrincipalmente porr você não estarr familiarrizada com a situação? - perguntou Antoine.
– Ora, somente quis ser amigável e saber se ele está bem!
– Estou, sim, muito obrigado - respondeu Draco bebendo tudo o que havia no copo e olhando para o lado. Antoine pegou no braço dele na intenção de acalmá-lo. Tinha medo que ele acabasse com o disfarce.
– Deve ser difícil viver numa casa que foi comprada por sua esposa, já que os Malfoy sempre tiveram tudo... seu ego deve estar lá em baixo.
– O que você quer dizer? - perguntou ele alterando a voz.
– Drraco, pegue um bebida parra mim, porr favorr - pediu Antoine beijando-o na bochecha.
– Para mim também - disse Perla -, já que não é preciso pagar - e riu-se virando para Antoine, que fulminou-a com o olhar. Naquele momento, dois velhos senhores entraram na roda, eram antigos integrantes do Conselho Bruxo, duas das pessoas mais influentes do mundo mágico.
– Boa-noite - disse Simão. - Esta é Perla Reinfield...
– Boa-noite, Antoine. Não sabia que você foi convidada - disse um dos conselheiros, beijando a mão de Antoine. - Você está estupenda. Um velho coração como o meu poderia parar...
– Orra, senhorr Finnigan...
– Sim senhora, está belíssima - cumprimentou o segundo ex-conselheiro. - Quer se sentar conosco, você e seu acompanhante?
– Bem - disse se aproximando dos dois e sorrindo -, na verrdade, eu sou acompanhante, pois não fui convidada! Estou com Drraco Malfoy.
– O pequeno Malfoy? - quis saber o segundo ex-conselheiro. - Ele voltou para casa? Como ele está?
– Melhorr. O pobre passou porr uma fase difícil... - retrucou Antoine.
– Você é uma grande mulher, Antoine. Seu pai teria muito orgulho se a visse agora - afirmou o senhor Finnigan.
Antoine baixou a cabeça, um sentimento de perda invadiu seu coração. Os ex-conselheiros, só então, cumprimentaram Perla e saíram da roda convidando Antoine, mais uma vez, para se sentar a mesa deles. Perla estava espumando de raiva, Simão tentava consolá-la. Assim que Draco voltou, encontrou Antoine sozinha. Acariciou as costas nuas dela com o dorso da mão e deu o braço a ela, seguindo a sua mesa.
Pouco tempo depois, O’briet fez o discurso de abertura, apresentando Perla a todos os presentes e esta deu algumas palavras. Mas quem estava na mesa de Antoine não reparava nem um pouco no que a nova juíza falava. Os ex-conselheiros e os novos conselheiros estavam entretidos numa gostosa conversa sobre uma viajem a América, onde um dos conselheiros encontrara um bruxo que cuidava de um bar, que quando novo fora mordido por um lobisomem e há pouco tempo fora atacado por um vampiro...
– O coitado está amaldiçoado para o resto da vida... - riu-se um deles.
– Essa mulher me irrita! Não sei porque, mas há algo nela que não está certo! - resmungou outro.
– Adroald era tão diferente. Nada sarcástico como a filha. Não sei como O’briet faz acordo com ela.
Enquanto os bruxos velhos conversavam, Antoine sussurrava na orelha de Draco.
– O enderreço que o gerrente do Grringotes nos deu é da casa do pai de Perrla.
– Eu sei. Pensei nisso o tempo todo... estou morrendo de vontade de pedir pra ela o que fez daquele lugar... - respondeu Draco encarando Perla, que estava longe, dançando.
– Não se atrreva...
– Não, não vou fazer nada de que possa me arrepender.
Era tarde quando Perla deixou a festa. Antoine e Draco a seguiram, como o planejado, para descobrirem onde ela morava. No entando, não foi para a mansão Reinfield que ela seguiu. Perla possuia uma casa geminada num condôminio londrino.
Draco quis permanecer em frente à casa de Perla por mais de uma hora, tinha esperanças de que ela saísse e se incriminasse, encontrando-se com pessoas que pudessem ter sido suas cúmplices. No entanto, as luzes da casa de Perla foram se apagando, uma a uma, e nada se moveu lá dentro depois disso.
Os animagos que Antoine havia contratado para guardarem a abandonada mansão Reinfield relataram que havia uma relativa movimentação durante o dia. Não havia elfos, apenas um homem que diariamente saía de mãos vazias da mansão e retornava, apressado, carregando sacolas e cestos.
Poderia não ser nada porque antigas mansões e casas abandonadas costumavam ser ocupadas por bruxos fugitivos ou muito pobres. Era estranho, contudo, que a casa tinha proprietário vivo e que le não reinvindicava o que era seu por direito.
Depois de várias semanas investigando a mansão sem descobrir nada além de que o tal homem que ia e vinha da propriedade era apenas um serviçal pago para preparar as três refeições diárias e servi-las, para ninguém, na sala de jantar, Antoine desanimou completamente. Perla era apenas uma juíza má e arrogante que vira uma ótima oportunidade de autopromoção ao outorgar o divórcio de Draco e Antoine Malfoy, e, em seguida, anunciar aos quatro ventos o namoro com o mesmo.
Perguntas sem resposta eram o que pululavam na mente de Antoine. E ela odiava não ter respostas. Odiava não ter suposições ou teorias. Estava exausta e seu cérebro parecia funcionar à carvão, lento e sem agilidade. Desisitira da investigação na terceira semana de infrutíferas investigações. Iria espairecer por uns dias. Seguiu até a casa de Snape, queria ver Justus. Fazia tempo que não conversavam.
A campainha tocou na cozinha. Justus se levantou sem vontade, queria apenas permanecer calado, parado, pensando no que lhe dissera certa pessoa há alguns dias atrás. Remoia as últimas cinco palavras sem conseguir engoli-las: “...são perfeitos juntos. Sempre foram!” Justus abriu a porta com rapidez, iria despachar sem demora quem quer que fosse o visitante e voltaria aos seus pensamentos.
– Olá - disse Antoine sorridente -, tudo bem, querrido?
Justus arregalou os olhos erguendo as sobrancelhas. Seus lábios entreabriram largando um breve cumprimento.
– O que foi? Aconteceu alguma coisa? - quis saber Antoine.
Justus franziu a testa voltando o olhar para o chão, em seguida, convidou a mãe para entrar.
– Como está Draco? - perguntou Justus sem qualquer interesse na resposta.
– Está melhorr agorra. Grraças a Merrlin. Estava tão deprrimido... se continuasse daquele jeito eu não saberria o que fazerr! Admito que eu estava aprreensiva...
– Hum - Justus limitou-se a responder.
– E você, e Minna? Como estão?
– Bem. Ocupados, mas bem.
Os dois se entreolharam, porém, apenas Antoine sorriu.
– O que foi, querrido? Você está estrranho...
– Para dizer a verdade, tem algo me incomodando - confessou ele em seco. O tom de voz desagradou a mãe. - Estive num jantar na casa de O’briet e fiquei sabendo de novidades nada boas...
– Perrcebi que estava estrranho. Que novidades soube porr lá?
– Bem, por que a senhora mesma não me põe a par?
– Como?
– Por que não me conta que deixou Draco voltar para a sua cama? - rosnou fulminando com o olhar.
Como era parecido com Severo!
– Acrredito que esse assunto não lhe diga respeito, Justus!
– Ah, mas diz sim, minha cara mãe - e a voz dele cortava -, pois quem a senhora acha que ouve comentários medíocres e mordazes?
– Que tipo de comentárrios, poderria me dizerr? - quis saber Antoine com as mãos na cintura.
– De que tipo? Hum... vejamos... - murmurou irritadíssimo. - “Uma bruxa tão poderosa, indo e voltando para o marido e indo e vindo da casa de Snape...”
– Como é que é?
– Isso mesmo. E é um dos mais leves! Mas o pior é saber que não foi só para sua cama que ele voltou, mas sim para seu lado, como marido! - sibilou.
– Quem lhe disse isso?
– Bom, a essa altura... todo mundo! - ironizou rangendo os dentes.
– Todo mundo é muita gente. Quem lhe disse que Drraco e eu voltamos? - insistiu ela.
Justus se calou, deu as costas à mãe e postou-se diante da janela, apoiando o peso do corpo sobre as mãos estendidas no batente. Antoine respirou fundo, ergueu a cabeça e caminhou até bem perto dele.
– Justus - disse tocando-o nas costas com a mão. -, Drraco me pediu se eu o aceitarria devolta. Eu não respondi. Não é horra parra discutirr tal assunto...
Enquanto ouvia a mãe, suas costas queimavam bem onde ela apoiava a mão.
– Eu... estou cansado. A senhora se importa se eu for deitar? - disse ele tentando a todo custo ser amigável.
– Pode irr - suspirou ela. - Converrsamos outrra horra.
Antoine mal disse aquelas palavras e Justus saiu da sala.
Para sua sorte, Hogwarts passava por um ótimo período: o nível de aprendizado dos alunos subira e não faltavam homenagens aos professores e à escola. Uma coisa a menos com a qual Antoine deveria se preocupar.
Era cedo demais para levantar da cama, contudo, Snape não aguentava mais ficar sem notícias de Antoine, mesmo que fosse para ouvir que voltara para o ex-marido. Pegou pena e pergaminho, sentou na sala de estar e começou a pensar na melhor forma de iniciar uma carta para uma pessoa como ela, uma pessoa especial, com a qual viveu momentos maravilhosos, mas que não era íntima, não naquele presente momento. Por fim, depois de terminada a carta, Snape a releu por duas vezes, repensando se deveria enviá-la. Fariam alguma diferença aquelas palavras? Mudariam o rumo de sua vida? Provavelmente não, pois fora ele quem se afastara de Antoine e liquidara com qualquer chance dos dois viveram aquele amor. E por Merlin... como a amava. Mas era ciente que estava preso à Gwyneth. “Covarde!”, murmurou para si mesmo. Empurrou carta, pena e tinteiro para longe e levantou, arrastando a cadeira, causando uma breve ficção entre o chão e os pés do móvel. Era tarde da madrugada e Snape resolveu espairecer dando uma volta pelo jardim dos fundos de sua casa. Sentou-se numa das poltronas do quiosque e ficou observando o rio a sua frente. Seus pensamentos pareciam fluir com mais clareza quando se sentava ali. Por fim, decidiu enviar a correspondência. Voltou para a sala, recolheu a carta dobrada e foi amarrá-la na pata de sua coruja, dizendo-lhe o destino que deveria seguir. Então, foi para a cozinha tomar um copo d’água, para depois dormir, e encontrou Gwyneth sentada à mesa.
– Está bem? - perguntou Snape preocupado.
– Sim, apenas não consigo dormir. Preparei um chá...
– Hum - balbuciou encarando-a. - Vou deitar. Qualquer coisa, me chame.
Ela assentiu com um lento balançar de cabeça e voltou a fixar o olhar na xícara de chá.
Da porta do escritório de Antoine, em Hogwarts, irrompeu Damien, pálido feito um fantasma, parecia ter visto um dementador. Ele largou o corpo sobre a cadeira defronte a escrivaninha da mãe e expirou todo o ar dos pulmões, como que desabafando um segredo.
– Damien! O que foi? - Antoine estava surpresa e amedrontada, nunca vira o filho mais novo daquele jeito. - Alguém se machucou?
– Mãe, sabe com quem Perla Reinfield vai noivar?
Antoine ergueu a sobrancelha direita.
– Com o Ministro da Magia - respondeu antes dela questionar.
Perla queria prestígio, o dinheiro vinha fácil com ele. E a mulher provou que tinha lábia para consegui-lo.
– O Ministro se separou da mulher não faz um mês! - continuou Damien. - E se não bastasse esse escândalo... ele vai mexer nos cargos do Ministério!
– Como é que é?
– Há um edital pregado em cada escritório! Mãe, eu amo trabalhar lá!
– Calma, Damien, talvez ele apenas vá fazerr algumas modificações...
– Não é o que diz o edital!
– O Ministrro não pode demitirr... Esperre! Perrla enfeitiçou seu pai e pode muito bem terr enfeitiçado o Ministrro!
– O papai agia estranho quando estava enfeitiçado.
– E o Ministrro não? Esse conteúdo do edital não lhe parrece estrranho?
Os dois se encararam. Damien afirmou lentamente com a cabeça. Era urgentemente preciso desmarcarar Perla Reinfield e mostrar a todos que tipo de bruxa era ela!
Naquela mesma manhã, pouco depois de Damien ter saído mais aliviado do escritório de Antoine, uma coruja adentrou categoricamente a sala da diretora. Assim que percebeu ser de Snape, deu um pouco de água e comida para ela, já que a coitada vinha de muito longe. Antoine sentou-se e começou a ler a carta.
“Cara Antoine,
Admira-me uma pessoa como você, de sua estirpe, autopromover-se juntamente com a ex-namorada de seu ex-marido. Nunca me decepcionei tanto em minha vida, mas ao perceber seu joguinho, tenho que admitir: foi um belo plano! Merece uma salva de palmas! E agora você volta para o lado dele: senhora Malfoy. Se, depois disso, você esperava de mim amor incondicional, está enganada! Espero, de todo coração, que não me procure mais! Se quiser visitar Justus lhe aconselho a se encontrar com ele bem longe de mim e de minha casa! Não fique impressionada com minha franqueza, você sabe muito bem o quão franco posso ser, não me sirvo de rodeios!
Severo Snape”
Era curta e grossa, a carta. Partiu seu coração. Antoine não sabia nem o que responder, mas precisava tirar a história a limpo, mesmo que tivesse um final infeliz. Pegou papel e pena, aprumou a cadeira e escreveu:
“Caro Severo,
O conteúdo de sua carta me fez repensar muitas coisas, especialmente quando se trata da extrema confiança nas pessoas, que pode trazer danos terríveis. No entanto, não entendo onde quer chegar com tais suposições. Mesmo que doa o que eu vá escrever a seguir, é a mais pura verdade, eu jamais teria me separado de Draco Malfoy. Não em tais circunstâncias! E nunca para me promover diante de outros. Admirada estou eu com as conclusões que você obteve. Contudo, eximo-as todas porque sei que você não está em seu juízo perfeito. Digo isso porque, se pensar direito, vai concordar comigo! Gwyneth é amiga de Perla, Perla tentou enfeitiçar Lúcio, mas não conseguiu, então, enfeitiçou Draco e obteve dele tudo o que desejava... todo dinheiro dos Malfoy. Se Gwyneth seguiu os passos da amiga, deve ter lançado algum feitiço em você, pois em sã consciência você jamais escreveria tais palavras.
Aguardo algum retorno breve, caso contrário, irei pessoalmente discutir a situação!
Antoine Dimanchè”
A coruja, formosa, voltou para sua casa porque sabia que seu dono a aguardava com ansiedade. Ele, porém, chegou tarde naquele dia. Passava da meia-noite. E exausto, queria apenas tomar banho e deitar-se. Viu sua coruja dormindo na gaiola, sem querer, ao olhar para lá porque atirara o casaco e este não caíra sobre o sofá, e sim, sobre a grade da gaiola. Sorriu imensamente, desamarrou a carta da pata dela, acordando-a e jogou-se no sofá para ler a resposta. Entretanto, a leitura não foi das melhores.
“Caro, Snape,
Sem rodeios é o conteúdo desta carta. Então, não se ofenda. Se me promovi ou não, isto não é mais de sua conta. Aliás, nunca foi porque, sinceramente, nunca significamos nada um para o outro! Mas se você se sente lesado, peço desculpas, a única coisa que temos em comum e que pode lhe causar algum dano é nosso filho Justus. Porém, pode ficar sossegado porque não estou interessada em qualquer relação no momento. Hogwarts é meu caminho, é a vida que quero e quem não está disposto a me dividir com ela não é bem-vindo ao meu lado!
Peço que esqueça que existo, assim com eu o farei com você. Draco é o homem que escolhi como marido e é a ele que pertenço. Esqueçamos tudo o que aconteceu e, se nos encontrarmos pela estrada afora, sigamos caminhos opostos.
Antoine Dimanchè”
A carta escorregou por entre os dedos de Snape. Seu peito formigava de calor, não conseguia definir o sentimento, mas uma faísca de desapontando e inconformidade podia reconher. Não era possível tamanha fúria e desprezo emanando de Antoine, quando na última noite em que se viram, no Natal, ela parecia tão calma e centrada. E fora Antoine quem saíra da casa ladeando Draco, dando a entender que era a ele sua devoção!
Era infrutífera qualquer ação de Snape para dormir naquela noite. Mas enfim, depois de rodear quase todos os aposentos, com a carta nas mãos, se entregou no sofá da sala de lareira.
Ele acordou, pensando ter descansado muito, ao ouvir o tamborilar de dedos. Espreguiçou-se e viu Justus sentado a sua frente parecendo agitado e irritado. Compreendeu o significado ao ver o que o filho segurava numa das mãos, pendendo sobre a coxa.
– A carta era endereçada a mim.
– Estava aberta sobre a mesa - bufou Justus. - Como ela pôde? Como consegue ser tão insensível?
– Justus...
– Não venha defendê-la!
– Não ia.
– Hum! - rosnou apenas.
– A carta fala tudo. Vou fazer o que ela recomenda.
Pai e filho se olharam sem nada dizer. Snape escreveu um bilhete de apenas três linhas e o enviou naquela mesma hora. Antoine, há muitos quilômetros de distância, recebeu a coruja eufórica, pouco depois do café da manhã. Queria muito esclarecer o episódio todo, mas decepcionou-se com o conteúdo da carta:
“Cara Antoine
Acredito mesmo que não haja mais nada entre nós a não ser Justus, mas as complicações de nossas vidas se revelaram infinitas e, sinto em dizer, indissolúveis. Desculpo-me por tudo e desejo lhe uma vida próspera.
Severo Snape.”
Uma semana se passou. Damien relatou à mãe que as atitudes do Ministro continuavam muito estranhas. Sempre fora um homem centrado, polido e sério, bem diferente de como agia agora. Para o rapaz, a mãe não estava agindo muito e ele sabia que o irmão Justus poderia ajudá-lo, já que Perla não o conhecia. Damien foi falar com ela para tentar uma investida mais ousada contra a mulher. Justus, no entanto, foi grosso e estúpido com Damien, negando-lhe qualquer tipo de ajuda. Damien não entendeu nem se conformou com a atitude do irmão, afinal, Draco fora um bom pai, especialmente ara Justus, que sempre fora muito educado e estudioso. Os dois brigaram feio. Berraram e xingaram em voz alta, na verdade, quem xingou foi Justus. Algumas pessoas pararam de fazer seu trabalho porque as atenções foram chamadas pelos dois brigando na sala principal. Porém, Damien não deu muita corda e saiu batido, mas excomungou as atitudes e a teimosia do irmão.
Sem saber muito o que fazer, Damien se trancou no quarto e só saiu de lá quando Draco chegou. Conversarm por horas, matutando uma forma de desmarcarar Perla, mas seus conhecimentos mágicos não eram dos melhores, por isso, precisavam de ajuda. E ao invés de recorrerem a Antoine, resolveram lidar sozinhos com a situação. Mas Antoine apareceu em casa de supetão, pegando parte da conversa deles. Ela já estava zangada quando entrou, Damien desconfiava o porquê. Antoine se sentou ao lado de Draco e o encarou.
– O que você anda dizendo porr aí sobrre nós? - perguntou Antoine, direta, a Draco.
Firmou-se o silêncio. Os olhos de Draco caíram na profundeza dos olhos de Antoine.
– Sobre nós? Nada. Somente que você está me ajudando a desvendar esse misterioso...
– Drraco, porr favorr - murmurou Antoine irritada. - Querr nos darr licença, Damien?
O rapaz baixou os olhos e saiu da sala, sabia que conversariam sobre o mesmo assunto que levou Justus à certa loucura.
– Não sei onde você está querendo chegar.
– No ponto onde voltamos a serr marrido e mulherr! - soltou ela sem firula, apontando o dedo para o peito dele.
Draco se espantou, sorriu por dentro, mas apenas inspirou e expirou um pouco mais forte que o de costume, tentando demonstrar certa surpresa e não euforia.
– Antoine, por mais que eu queria isso... não espalhei mentira alguma - foi a vez de Antoine se calar, não sabia o que pensar. Conhecia Draco há tantos anos. Ele poderia ser tudo para qualquer pessoa, mas para ela, Antoine, Draco sempre foi bom, sempre o melhor.
– Desculpe.
– Andam dizendo que voltamos, é? - quis saber Draco.
– Sim.
– Por quem ouviu?
– Justus.
– Justus? E quem contou a ele?
– Não me disse, mas foi numa festa na casa de O’brriet.
– Por Merlin! Isso tem dedo da Perla!
– Talvez - sussurrou apenas.
Fora bom esclarecer o assunto. Draco contou a Antoine sobre as intenções de Damien e ela não gostou nem um pouco que os filhos se metessem naquele assunto, deixando claro que não iria permitir a participação deles.
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