A Animosidade de Snape
A noite de Natal estava estrelada. Uma leve brisa fazia a copa das árvores dançar. Antoine sentia tal brisa entrar pela janela do carro de Damien, que ia dirigindo em direção à casa de Snape. Ao longe puderam vê-la, toda iluminada, o jardim estava cheio de velas e enfeites flutuantes. Na varanda da entrada principal havia uma enorme árvore de natal com minúsculas fadinhas cantando. Damien tocou a campainha. A porta se abriu tão rapidamente que se surpreenderam. Justus apareceu sorridente e com as bochechas vermelhas. Abraçou fortemente o irmão e beijou-o no rosto. Damien deu uns tapinhas nas costas dele e se afastou dando lugar para a mãe passar. Por um instante, ela e Justus se olharam e depois se abraçaram. Ela o apertou como se não o visse há anos. Entraram na casa e na sala de estar havia dezenas de pessoas, todas conhecidas. Antoine cumprimentou-as e foi até Minna.
– Que bom que veio! - ao ouvir a voz, Antoine se virou e ali estava Snape, de calças pretas e uma linda cacharel vermelha, que deixava transparecer seu torneado tórax.
– Feliz Natal, Severro! - disse Antoine abrindo os braços. Ele hesitou, olhou para os lados e depois para o chão, mas não agüentou, abraçou Antoine tremendo - Sei que é difícil, mas vai passarr! - sussurrou a orelha dele.
– Antoine, eu não tenho a mínima idéia do que estou fazendo! - continuou em voz baixa.
– Está tentando salvarr uma vida...
– Mas a que preço? Eu não quero perder você!
– E não vai, mas porr agorra, acho melhorr você irr ficarr com ela! Faça de conta que não me vê!
Snape soltou a mão de Antoine a contragosto e foi até Gwyneth, mas não conseguiu abraçá-la da mesma forma que fez com Antoine. Apesar disso, a noite foi muito boa, Antoine e Damien não ficariam muito tempo, mas como Gwyneth não estava se importando com a presença dela, resolveram continuar na festa e participaram da troca de presentes. Foi muito divertido.
Lá pela meia-noite, Snape não viu mais Antoine e pensou que ela tivesse ido embora. Perguntou baixinho a Justus se a mãe havia se despedido dele.
– Não, mas vi Damien indo para a cozinha agora há pouco!
Snape, seguido pelo filho, entraram como que marchando na cozinha. Ali estava Antoine tomando um copo de água e Damien agachado ao lado dela.
– O que aconteceu? - perguntou Justus.
– Mamãe não está se sentindo bem... - respondeu Damien.
– Sinto como se algo me fosse tirrado do peito! - disse Antoine respirando fundo - Prreciso voltarr a Hogwarrts! Acho que aconteceu algo!
– Não, não, se tivesse acontecido alguém já a teria chamado! - disse Snape acalmando-a - Tome um pouco disso!
Ele lhe deu uma poção com infusões de camomila, indiana e folhas de bascos. Eram calmantes naturais. Não deixaram que saísse, tinham medo que algo lhe acontecesse. Era assim que acontecia a maioria dos acidentes: uma pessoa eufórica e descontrolada andando por aí sem noção do perigo.
Quando Antoine voltou à sala, só Damien, Justus, Minna, Snape e Gwyneth estavam lá. Assim que pôs os pés no tapete onde todos pisavam sentiu uma fisgada no peito que a fez cair.
– Tem algo de errrado, sim! - sussurrou Antoine de joelhos.
– Mamãe! - disse Damien a ajudando a se levantar.
– Mamãe, durma no meu quarto, nós nos arranjamos aqui.
Gwyneth deu de ombros àquela situação e saiu da sala subindo a escadaria, ninguém percebeu, mas ela soltou um sorriso malévolo ao olhar para a entrada da casa e naquele exato momento a campainha tocou. Antoine sentiu mais uma fisgada. Snape atendeu à porta e Draco o observava com os olhos inchados e vermelhos e com os cabelos despenteados. Assim que Antoine o viu, correu até ele.
– An... an... - tentou falar, mas sua garganta estava inchada e sua voz muito rouca, ele apenas a abraçou e chorou.
– Drraco... o que foi? - murmurou ela.
Ele não conseguiu responder, nem conseguiu ficar de pé. Suas pernas bambearam e ele caiu ajoelhado à porta. Antoine abaixou ao lado dele e acariciou seus cabelos.
– Meu... meus pais... - a voz dele estava fraca - estão mortos...
– Como? - perguntou ela segurando o rosto dele com as mãos - O que você disse?
– O carro deles... caiu... num desfiladeiro...
– Drraco...
Ele parecia querer falar mais, porém sua voz não saía. Entregou trêmulo um pergaminho a Antoine, que o abriu mostrando uma caligrafia muito bem feita, a gramática impecável, sem dúvida alguma era a letra de Lúcio Malfoy e ele escreveu:
“Querido Draco, há poucas coisas das quais uma pessoa pode se orgulhar de ter feito na vida! Uma delas foi ter juntado nosso nome ao do Mestre Lord Voldemort, depois ter tido você como filho e por último, sua união com uma Dimanchè. Foi muito desapontamento perdê-la, eu nunca esqueci o dia em que você me contou que iria se divorciar dela, acho que nem ela estava preparada. Foi um momento de muita vergonha para mim... eu quis amaldiçoá-lo, filho, mas vejo que hoje, lhe deixei em pior situação! Eu tenho que fazer isso porque não suportaria encarar as pessoas de nosso nível. Ter que morar em algum lugar repugnante, sem nenhum servo... sua mãe não sabe de nada... não sabe que eu perdi tudo o que tínhamos! Tudo, Filho! Perdoe-me, mas Antoine não o deixará na mão. Ela te ama e te ajudará!
Lúcio Malfoy”
– Damien! - chamou Antoine - Ajude seu pai a irr até o carrro!
O rapaz, ignorante da situação, levantou o pai e o prontamente o ajudou a ir até a limusine de Antoine.
– Desculpe Justus! - disse ela já de pé. Snape estava ao lado do filho - Não posso deixá-lo sozinho!
– Tudo bem, mamãe! Me liga se precisar de algo!
– Pode deixarr! - e Antoine olhou para Snape.
Ele tinha um olhar distante, mas compenetrado nela. Antoine desviou o olhar dele e seus olhos bateram em Gwyneth que estava na metade da escadaria rindo. Quando ela viu Antoine, fechou a cara e continuou subindo, Antoine cerrou os olhos e mostrou os dentes, sentiu que Gwyneth havia aprontado algo. Snape percebeu que Antoine olhara para a escada e voltou seu olhar para lá também e viu a barra do vestido de Gwyneth desaparecer pela porta. Voltou a olhar para Antoine e ela tinha um olhar pensativo e congelante.
– Acho que é aqui que a festa terrmina parra mim! - disse ela estendendo a mão para Snape. Ele a apertou forte, mas não a soltou imediatamente. Seu olhar passava mais do que um adeus, passava descontentamento e decepção.
– Esse é nosso destino, Severro, você forra de Hogwarrts e eu ligada a um Malfoy! - e dizendo isso secamente, Antoine seguiu até a limusine sem olhar para trás. Mais uma vez, Snape a viu partir de sua vida, aquela talvez seria para sempre!
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