O Começo do Fim



O aniversário de Justus foi divertidíssimo, passaram o dia num piquenique e a noite na casa de Snape, onde dez amigos de Justus estavam à espera dele com comidas e bebidas. Até Damien apareceu para dar os parabéns. Todos dormiram espalhados pela sala, até mesmo Justus e Minna, pois ele deixou o quarto para a mãe.
Antoine foi a primeira a acordar naquele dia, era costume, pois em Hogwarts chegava antes de qualquer aluno ao salão principal para o café da manhã. Ela preparou um pequeno caldeirão com salsaparrilha e anis, gostava de beber gelado, e até o chá esfriar, Justus já estaria acordado. Na verdade, Justus e Snape acordaram e sentaram-se à frente dela. Justus a encarou.
– O que foi? - disse ela sorridente.
– É seu aniversário... não tenho um presente tão bom quanto o... - mãe e filho sempre festejaram os aniversários juntos quando Justus era mais novo. E fazia anos que não festejavam. Fazia anos que Justus só parabenizara a mãe por carta.
– Ah, querrido, está prreocupado com isso? - disse ela acariciando a mão dele - O melhorr prresente que eu poderria terr é estarr aqui com você! Se soubesse como me orrgulho de seus atos nem estarria pensando em me darr algo!
Justus levantou e abraçou a mãe. Snape não podia deixar de admirava Antoine por aquele sentimento em relação ao filho, certamente era a melhor mãe do mundo, porque foi uma pessoa que não recebeu amor algum, no entanto o distribuía de um jeito sem igual.
– Bem... vou compensar sua mãe então! - disse Snape entregando a ela uma caixa comprida e estreita!
Antoine a recebeu sorrindo, franzindo o cenho, mas sorrindo. Abriu-a e tirou de dentro um casaquinho de visom branco, era curto e justo, não passava da cintura e tinha como fecho, à frente, botões de ouro com pedrinhas de diamante.
– Severro... eu não posso aceitarr!
– Por que não?
– Sabe quanto custa um desses...
– Não tão caro quanto os outros que você tem, mas é de coração.
Ela vestiu o casaco rapidamente, se abraçou fechando os olhos e recostou a cabeça no próprio ombro, estava sentindo a maciez do pelos da chinchila, depois abraçou Snape. Ele sentiu que daquele momento em diante as coisas iriam mudar.
– O que está acontecendo aqui? - rosnou Gwyneth ao ver Snape e Antoine abraçados.
– Será que não posso cumprimentar a mãe de meu filho pelo aniversário? - resmungou Snape saindo da cozinha.
Pouco depois, Antoine despediu-se de todos e saiu com Damien. Eles iriam passar o dia juntos, fazia muito tempo que os dois não conversavam.
O Sábado da festa de nomeação de Hogwarts como a melhor escola de mágica chegara. Além de todos os alunos estarem na festa, haviam mais de cinqüenta convidados de fora. A festa foi organizada nos jardins, estava uma noite estrelada e quente. Muitos dos convidados já haviam chegado. Antoine recebia cada um pessoalmente. Acabara de receber Draco e a namorada, a juíza Perla Feldirein, que parecia soberba demais para aquela festa, mas Antoine não se importou, recebeu seu filho Damien com um enorme sorriso, que estava maravilhoso naquele terno negro. Os cabelos claros contrastavam bastante. Pouco depois chegou Justus, acompanhado de Minna. E logo após, sem par, chegou Snape.
– Boa-noite! - disse Snape parando e reverenciando a diretora - Será que poderia me dizer se alguém aqui entrou sem acompanhante também?
– Clarro que entrrou! - respondeu ela - Junte-se a mim e receba os convidados!
– Você? Sem par?
– Fazerr o quê? Estive tão entrretida com os prreparrativos que esqueci completamente!
Snape se postou ao lado de Antoine e passou a receber os convidados. Aquilo caiu como uma luva para ambos que queriam passar algum tempo conversando sem precisarem ouvir reclamações. Eles conversaram e dançaram, se divertindo muito.
– Parece que as coisas não mudam mesmo, não é? - balbuciou Draco fazendo Snape e Antoine se voltarem para ele.
– Você tem alguma reclamação a fazer do baile? - perguntou Snape o mais sarcástico que pôde.
– Do baile - e Draco olhou ao redor -, nenhuma...
– Então não vejo outro motivo para se dirigir desta forma à diretora - terminou Snape erguendo a sobrancelha.
– Severro, pode pegarr algo parra beberrmos, porr favorr?
A contragosto, Snape saiu encarando Draco, afinal, ele podia não ser rico, mas sabia muito bem se portar em público.
– Foi correndo para os braços do professorzinho, é? Não aguentou ficar sozinha?
– E porr que ficarria?
– Por que disse que era isso que iria fazer!
– Sim, eu disse, mas tinha me esquecido que nem todos os homens são trraidorres!
– Tome, Antoine! - disse Snape voltando com duas taças de champanha. - Ainda aqui, Draco? Não consegue por rédeas na sua juíza?
– Severo! - exclamou Antoine.
– Hum! - vangloriou-se Draco. - Que categoria!
Snape olhou para o outro lado e tomou um gole da bebida. Antoine enlaçou seu braço no dele e na intenção de afastá-lo dali o puxou, mas a namorada de Draco, Perla, havia entrado na roda. Ela se abraçou em Draco e sorriu maliciosamente olhando Snape de cima a baixo. Antoine teve vontade de esganá-la.
– Como está, senhorita Dimanchè? - perguntou Perla sarcástica.
– Muito bem, obrrigada - respondeu Antoine olhando em volta.
Mas ver aquela mulher abraçada ao ex-marido, acariciando-o e ele retribuindo os afetos a deixou muito abalada. Como podia ser assim, como podiam se comportar daquela forma sabendo que eles eram os causadores da separação de dois nomes distintos no mundo bruxo?
– Com licença, tenho que voltarr à mesa, os conselheirros querrem falarr comigo! - Snape a conduziu para longe, mas puderam ouvir Perla zombando do sotaque e Draco rindo.
Antoine não se levantou mais da mesa até o final do baile. Mas mesmo assim, não deixou de se despedir de todos os convidados. Justus já havia saído há algumas horas, ele precisava deixar Minna na faculdade, ela tinha trabalhos a entregar na segunda-feira e precisava terminá-los. Snape ficou até a última pessoa deixar Hogwarts. Depois despediu-se de Antoine sem qualquer intenção, sabia que ela havia ficado chateada por ver Draco com Perla e não queria que ela fizesse nada de que fosse se arrepender. Mas convidou-a para o almoço no dia seguinte. Justus e ele, Snape, estariam sozinhos em casa.
Eram quatro horas da manhã quando Snape chegou em casa. Atirou-se no sofá da sala de lareira e ficou olhando para o fogo. “Por que diabos você não a agarrou, homem?! Ela estava ali, ela não negaria!” pensava ele suspirando. Então, um barulho vindo da lareira o fez dar um salto e no momento seguinte, ali estava Antoine. Snape soltou um largo sorriso e correu até ela.
– Você lê pensamentos?
– Não os seus... mas sei quando estou sendo chamada!
Os dois se abraçaram, se beijaram e se despiram com rapidez. Queriam aquele momento há muito tempo e pareciam não agüentar por mais tempo, amaram-se ali mesmo, na sala, sobre o sedoso tapete de pele de urso.


Justus desceu meio sonolento a escadaria que levava até a cozinha. A casa estava silenciosa, era assim quando somente ele e seu pai estavam sozinhos. Bebeu um copo de suco e jogou-se no sofá da sala de lareira, era o mais confortável da casa! Espreguiçou-se o máximo que pôde e suspirou. Não queria dormir, mas também não queria levantar para aquele dia que raiava.
– Severro! Já amanheceu! - disse baixinho uma voz.
Por um breve momento, Justus acreditou ter ouvido Gwyneth, mas não achava que ela tivesse coragem de dormir no chão com seu pai, então espiou por sobre o sofá e no canto da sala, perto da lareira, viu seu pai e sua mãe abraçados, sua mãe sussurrava a seu pai dizendo que iria embora antes que alguém os vissem ali!
– Acho que agora é tarde demais! - falou Justus sorrindo com os braços atrás da cabeça.
– O que está fazendo aí, garoto? - perguntou Snape rouco sentando-se rapidamente.
– Desculpe, não quis atrapalhar, só vim sentar aqui e - ele soltou um largo sorriso -, vocês...
Antoine se sentou e parte de suas costas apareceram por entre o cobertor. Snape a segurou pelo rosto, a puxou para perto de si fazendo-a deitar e a beijou.
– Não vou deixá-la escapar desta vez, mocinha!
Antoine sorriu.
– O que é que você está olhando tanto? - perguntou Snape tampando as costas e ombros de Antoine. - Essa aqui é a sua mãe! Olha o respeito!
Justus cerrou os olhos e os três caíram na gargalhada.
Mais tarde, enquanto Antoine se vestia, os dois foram preparar o café da manhã. O dia era muito especial. Antoine convenceu Snape a voltar para Hogwarts, lecionando as matérias de Poções e Defesa contra as Artes das Trevas. Relutou, de início, mas parecia empolgado e foi o que o levou a aceitar! Foram duas semanas muito felizes e completas na vida dos dois, pois se viam todos os dias e encontravam-se todas as noites!
Justus e Minna levantaram cedo naquela manhã de terça-feira, seria um dia atarefado para ela, era sua primeira apresentação depois de formada na escola de Artes Cênicas. Ela estava empolgada. Snape estava em casa, esperava por Antoine naquela tarde, já que ela ficara em Hogwarts para uma repentina desgnomização. Minna e Justus estavam na cozinha, ela ensaiava algumas falas quando Gwyneth entrou, olhou-os e riu sozinha, saindo em seguida com um copo de água na mão. Minna a tinha convidado para ir a sua apresentação, mas arrependeu-se ao ver o comportamento dela. Gwyneth não aceitava Snape dando aulas em Hogwarts, queria que voltasse a trabalhar com ela e tentava convencê-lo a todo custo. Gwyneth e Snape começaram a se exaltar enquanto conversavam na sala ao lado, a sala de estar!
– Você acha que é fácil esquecer uma mulher como ela? - aplacou Snape com as mãos na cintura.
– É em mim que você deve pensar! Eu sou sua noiva! - gritou Gwyneth.
– Sim, Gwyn, mas entenda, não posso simplesmente apagar Antoine do mapa. Ela é a mãe de Justus...
– Ela nem ao menos é bonita!! - disse Gwyneth.
– Ah, isso ela é! E muito!
Gwyneth riu e encostou-se à parede. Encarou Justus e Minna que tomavam café na outra sala.
– Isso é um complô, não é?
– Paranóia agora, não, por favor! - retrucou Snape.
– Ele não gosta de mim, Snape, você não vê? - murmurou Gwyneth.
– O que Justus sente ou deixa de sentir não tem nada haver com o que eu sinto... e eu já lhe disse que nós não temos mais muito em comum, Gwyneth.
– Você é quem não tem mais nada em comum comigo...
– Por que não vai embora de uma vez? Não vê que está se humilhando ficando aqui? - retrucou Snape.
– Ele quer que eu saia desta casa!
– Todos nós queremos que voce saia desta casa! - alfinetou Snape impaciente!
– Ele nunca gostou de mim!
– Não faço idéia de porque eu gostei!
– Ele é igual a ela!
– Não ouse colocar meu filho no meio dessa história... pare de falar dele, de acusá-lo!
– Mas foi ele quem trouxe a mãe aqui, que maquinou com ela...
– Cale-se. - gritou Snape. - Você não tem a mínima importância para mim se tiver que encolher entre você e meu filho! Mulher alguma tem!
– Nem Antoine?
– Ela nunca me colocaria na posição que você está me impondo!
– Você confia muito nela... - disse Gwyneth sorrindo.
– O que quer dizer?
– Tire suas conclusões sozinho!
Snape avançou sobre Gwyneth no intuito de esganá-la, mas não seria capaz disso, não tinha esse tipo de caráter. Parou perto dela.
– Esta é uma noite muito especial, Gwyneth...
– Só para vocês, mas não para mim!
– Eu não posso mais lhe dar o que quer, Gwyneth, procure alguém que a ame!
– Está... está querendo...
– Não sou muito bom com palavras, mas meus atos já mostraram a você que meu coração não te pertence! Você não vê?
Gwyneth baixou a cabeça e saiu da sala de jantar lentamente. Justus abraçou Minna, que estava se sentindo mal, não queria ter ouvido aquela conversa, mas Gwyneth fez de propósito, falando alto com Snape. Entretanto, se esqueceram do que havia acontecido quando chegaram ao teatro. A apresentação de Minna foi magnífica, arrancou suspiros e lágrimas da platéia e quando a peça acabou e todos os atores reverenciaram agradecendo pelos parabéns, Minna foi a que mais recebeu aplausos e flores.
Chegaram em casa às duas da manhã. Justus e Minna ainda estavam empolgados, com certeza a comemoração deles não terminaria tão cedo! Snape estava cansado. E não agüentava por muito tempo aquela correria da cidade. Pensava em Antoine, os dois haviam voltado a Hogwarts, insistiu para ficar em seu quarto, mas na manhã seguinte teria uma aula para dar e ela lhe disse que deveriam pensar em primeiro lugar nos “pestinhas”. Snape deitou em sua cama, dormiria então até não poder mais. As masmorras eram boas para isso, eram silenciosas. Ele tirou os sapatos pensando com calma na cama que com certeza teria o cheiro de Antoine. Seria fácil dormir assim, o doce perfume dela lhe acariciaria o olfato. Deitou-se, mas mal adormeceu e foi acordado por alguém espancando a porta de seu quarto.
– Severro... é melhorr irr parra casa! - disse Antoine nervosa.
– O que foi? - perguntou ele, mas não obtendo responta se alterou - É Justus?
– Vá parra casa! Deprressa!
Via pó de flu, Snape chegou a sua casa em instantes e assim que pôs os pés na sala, um estrondo desceu pela escadaria, era Minna quase petrificada, fazia tempo que não via alguém assustado daquela forma, não desde que Voldemort havia sido derrotado!
– O que foi, menina?! - perguntou, mas ela não conseguiu falar, o puxando até o quarto dele, mostrou marcas de sangue na porta. O coração de Snape descompassou. Entrou no quarto e viu uma mulher jogada na cama, era Gwyneth que havia cortado os pulsos. Correu, tomou-a nos braços e levou-a, através de pó de flu, até uma casinha de pedras. Uma mulher o esperava à porta como se soubesse o que havia acontecido.
– Ela tentou se matar, Pomfrey! Me ajude!
– Vamos, traga-a para dentro.
Logo que amanheceu Antoine apareceu na casa de Snape. Não precisou bater a porta estava semi-aberta. Caminhou até a sala onde havia mais pessoas, era lá que, provavelmente, estaria Snape. Quando ele a viu desejou que ela não estivesse ali. Aquilo não tinha nada haver com ela... bem, de certa forma...
– Como está? - perguntou Antoine, mas Snape não respondeu. - Onde está Justus?
– Aqui, mamãe! - ouviu a voz dele vinda de longe, da cozinha.
– E então? - perguntou Antoine.
– Ela vai ficar bem - balbuciou Justus. - Mas me pergunto porque!?
– Filho! - disse em tom repreendedor.
Snape ouviu, mas nada não falou, recostou-se no sofá e pôs as mãos sobre a cabeça. Parecia desesperado, sem saber o que fazer.
– Onde ela está? - quis saber Antoine.
– Na casa de Madame Pomfrey, foi sorte chegarmos quase assim que aconteceu! Minna a encontrou no quarto do papai... não vai ser fácil entrar lá novamente.
Antoine quis falar com Snape, mas não o fez, não sabia o que lhe dizer. Voltou a Hogwarts então, resolveu deixar as coisas se acalmarem. Snape voltou a Hogwarts uma semana depois. Estava abatido, olhos fundos, olheiras. Antoine sentou-se ao lado dele no jantar daquela noite.
– Como você está? - perguntou ela.
– Muito bem, como pode ver!
Ela sentiu a hostilidade. Snape mordeu os lábios.
– Fale, Severro, não se prreocupe, eu irrei entenderr!
Mas Snape não abriu a boca, não queria falar aquilo para a mulher que amava, tinha medo de que ela o odiasse.
– Não querr que eu aparreça em sua casa, é isso?
Ele a olhou com uma expressão estranha. Sim, era exatamente o que pensava.
– Tudo bem, acho que posso fazerr isso. Vai passarr algum tempo com ela?
– Preciso, foi o que Pomfrey me pediu, ela acha que se eu não o fizer, Gwyneth pode tentar outra vez.
Antoine olhou para baixo, não gostou, mas uma vida estava em jogo. Arrependeu-se do dia em que mandou Madame Pomfrey embora de Hogwarts, se não o tivesse feito, agora, provavelmente, ela estaria ajudando os dois a ficarem juntos, inventando alguma forma de afastar Gwyneth de Snape. Mesmo assim, concordou e autorizou Snape a se ausentar de Hogwarts por tempo indeterminado. Ela mesma daria as aulas no lugar dele.
Passadas duas semanas, Snape não voltou a lecionar. E também não estava falando com Antoine. Encontraram-se apenas duas vezes, uma onde ele pediu demissão e outra onde disse a Antoine que Gwyneth voltara a morar na casa dele. Antoine não fez comentário algum, contudo sentiu por sua relação não estar dando certo. Era um amor que não queria vingar.

– Onde sua mãe vai passar o Natal? - perguntou Snape a Justus, uma semana antes da data comemorativa. O filho olhou com desapontamento para o pai.
– Vai passar com Damien, ele quer aprresentar a namorada a mamãe. Pelo que sei, ela é filha de Ruppert Fleminn.
– Descendente de Grifindor - murmurou Snape.
– Ele sempre foi muito seletivo.
– Diga a eles que passem aqui em casa só para dar um alô! Eu disse a Gwyneth que você talvez quisesse vê-la... é sua mãe...
– Não sei, Pai...
– Peça a Damien para vir com ela.
Snape ficou observando o filho, mesmo muito parecido com ele, lembrava a mãe, pois tinha esse jeito duvidoso de pensar e agir.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.