Jantares em Família



Era mais uma noite feia aquela, parecia que o céu queria vir abaixo de tão carregadas que estavam as nuvens. Chovia desde a morte de Dumbledore, fazia duas semanas. Ao ver Justus se reconciliar com Antoine naquele dia funesto, Snape achou certo pedir que ela começasse a freqüentar sua casa. Não afastaria mais mãe e filho. Convidou-a para jantar naquele sábado, dia de folga em Hogwarts.
― Olá! - cumprimentou Justus sorridente, com um guarda-chuva aberto ao lado da limusine que trouxe a mãe. - Vamos rápido! - Os dois entraram na casa rindo. - Está um pouco frio aqui por causa das reformas! - explicou Justus. - Pode tirar o casaco quando chegarmos à sala de estar!
Entraram na sala e Antoine foi percorrida por vários olhos curiosos, também pudera, aquele seu visom de raposa era muito bajulado por todas as mulheres bruxas, mas muito caro para a maioria comprar, e Antoine possuía uma coleção inteira deles. Snape sorrindo, aproximou-se para recebê-la. Cumprimentou-a e a ajudou a tirar o casaco levando-o a um quartinho ali perto enquanto a deixara aguardando no hall. Quando ele voltou, acompanhou-a até a sala, onde outras pessoas que lhe foram apresentadas.
― Esta é Gwyneth McGonagall - disse Snape sem graça.
― Boa-noite! - cumprimentou Antoine estendendo o braço.
― Boa-noite - disse Gwyneth arrogante -, sou noiva de Severo.
Snape e Antoine se olharam, ela sorriu.
― E esta é... - começou Snape.
― Minna Hollow? Como você está diferrente, garrota.
― Olá, senhora Malfoy - respondeu a garota, Antoine sorriu apesar de ouvir o nome Malfoy, mas cumprimentou-a.
Justus abraçou a mãe por trás. Antoine estava muito bonita, não parecia ter trinta e oito anos, aparentada bem menos. Conversaram bastante sobre o namoro de Justus e Minna, que não era nada bobinha, e não deixava passar nada sem criticar ou observar. Na hora do jantar, por instantes, Antoine se sentiu desconfortável pensando que iria sobrar, já que era a única sem par, mas ao entrarem na sala de jantar ela soltou um largo sorriu e murmurou baixinho.
― Isso é coisa de Justus, não, Minna?
― Foi difícil convencer o senhor Snape, mas a mesa ficou muito bonita nesta sala!
Era uma grande mesa redonda de vidro. Desde pequeno Justus fora fissurado por esse tipo de mesa, não podia ir à casa dos amigos de seus pais sem deixar marquinhas de dedos por toda borda da mesa, só para ver as digitais aparecendo. Justus sentou-se entre a mãe e a namorada e Gwyneth já ia se acomodando ao lado de Antoine, entretanto, o telefone tocou e ela foi atendê-lo. Quando voltou o único lugar vago era entre Minna e Snape. Gwyneth fulminou-o com os olhos, Snape franziu a testa e desaprovou aquele olhar. Jantaram descontraídamente, como se nada além de amizade houvesse entre eles.
Já era muito tarde quando Antoine resolveu ir embora. Justus quis que ela dormisse ali, mas com a reforma teriam que dormir três em um quarto só!
― Por mim não tem problema! - disse Minna sorridente.
― Não, não, o quarrto de uma pessoa é um lugarr muito íntimo! Eu não gosto que entrrem no meu...
― Ora, você não é uma pessoa qualquer, você é minha mãe!
Antoine foi obrigada a rir da cara séria do filho, mas disse que voltaria a Hogwarts naquela noite mesmo pois poderiam estar precisando dela. Justus a abraçou por um longo tempo, como se não fosse vê-la tão cedo e disse que haveria mais jantares ali e que a amava muito. E falou isso assim, simplesmente, como se dissesse até logo. Ele não sabia como aquelas palavras afetavam a mãe. Antoine disfarçou, se despediu e saiu da casa. Na varanda da entrada encostou-se ao pilar e chorou.
― Não fique assim! - sussurrou Snape que apareceu do nada.
― Severro! - disse assustada tentando livrar-se das lágrimas.
― Sua vida tem sido dura, não? Toda vez que a vejo está chorando!
― Hoje foi um bom dia! - afirmou ela respirando fundo.
― Realmente - e ele sorriu como há tempos não fazia.
― Sua casa é muito aconchegante.
― Nada que se compare aos lugares onde você esteve!
― É um lugar onde se entra e se sabe que existem pessoas felizes vivendo.
― Obrigado - disse ele abrindo o guarda-chuva. - Acompanho você até o carro. - Andaram calados até a limusine. Antoine entrou e Snape se abaixou para despedir-se quando seus olhos firmaram-se nos dela.
― Por que não me contou que Draco a deixou?
― Você me disse que estava numa fase boa... eu já o atrrapalhei tanto...
Aquela não foi uma boa resposta, ele respirava pesado como se estivesse furioso. Também pudera, ela estava, havia três anos, descomprometida e Snape se sentiu traído em não saber daquilo.
― Além do mais, nosso destino diz que não ficarremos juntos!
― Acreditou quando lhe disse isso?
Antoine tentou fechar a porta do carro, mas Snape tinha o braço estendido contra a porta, impedindo qualquer movimento.
― Prreciso irr! - disse forçando a porta novamente. Snape emanava raiva e indignação, seus olhos brilhavam e ansiavam por respostas. - Porr favorr, Severro, vou dorrmirr poucas horras hoje...
― Passar estas horas acordada não valem por seu filho?
― Clarro que valem, que perrgunta! Já as passei com ele, o que querr mais que eu faça? - perguntou encarando-o e não ouvindo resposta. - Se você vai ficarr aí parrado, pelo menos vá mais parra trás, me deixando irr emborra!
Ele se afastou do carro, pisando sem querer numa poça d’água. Enquanto xingava o azar, viu a limusine sumir por entre a grossa chuva que caía castigando a terra barrenta.
― O que foi aquilo? - perguntou Gwyneth a Snape quando ele entrou na sala.
― Aquilo o que?
― A demora toda com ela lá na chuva!
― Estávamos conversando, oras!
― Sobre o quê? - quis saber ela insistindo.
― Ah, me dê um tempo! - murmurou Snape. Gwyneth baixou os olhos e seguiu para seu quarto. Não notou, mas Minna estava lá apagando a lareira e ela contou a Justus o que viu.
Justus e a mãe se encontraram outras vezes, algumas em Hogwarts e outras na casa de Snape, quando ele e Gwyneth não estavam. Justus queria evitar brigas entre o pai e a namorada, mas estava ficando cada vez mais difícil, pois parecia que cada vez que Gwyneth atendia o telefone era Antoine do outro lado da linha.
Naquele Domingo era o aniversário de Snape, ele não gostava de comemorações, mas Gwyneth juntamente com os amigos de Snape lhe fariam uma surpresa. Justus a ajudou muito na organização e com isso conseguiu que a mãe fosse convidada. Gwyneth não tinha coragem de dizer não ao rapaz por não ter intimidade suficiente com ele. A festa foi organizada no jardim dos fundos da casa, que era grande e muito bonito e ainda tinha a vista do largo rio que ali passava. Quando Snape chegou e não encontrou ninguém em casa seguiu automaticamente ao quiosque do jardim de trás, onde geralmente a família se reunia. Ao abrir a porta de saída, deu de cara com uma multidão que berrou seu nome. Fechou os olhos, balançou a cabeça e bateu a porta na cara de todos, que ficaram em silêncio sem saber o que fazer.
― Típico do Severro - disse Antoine ao filho -, ele nunca gostou muito de popularidade.
Justus soltou uma gargalhada, correu até o pai e o trouxe para fora. Todos cantaram parabéns e um a um foram parabenizando-o.
― Até você? - perguntou ele a Antoine, a última a cumprimentá-lo.
― Eu não passo de uma penetrra! - disse ela olhando para Gwyneth. - Aceite meus parrabéns, Severro!
Antoine lhe estendeu a mão que foi apertada com gosto. E entregou a Snape um pequeno, gordo e refinado embrulho. Sem tirar os olhos dos de Antoine, Snape pegou o embrulho e o abriu, parecia saber seu conteúdo, parecia aguardá-lo ansiosamente. Era um livro, seu livro: “Encantamentos do Bem e do Mal”, aquele que havia dado a Antoine no dia em que ela deixou Hogwarts. Folheou o velho livro, como que relembrando do passado e sorriu, sorriu de um jeito que Justus jamais havia visto o pai sorrir, a não ser quando ele ainda era professor de Defesa Contra a Arte das Trevas e encontrava, às escondidas, sua mãe, que era a professora de Poções. Gwyneth aproximou-se rapidamente, não queria que os dois continuassem juntos por mais tempo. Snape guardou o livro no bolso de seu paletó e foi conversar com os amigos.
― Aquele foi um presente e tanto!
― Se foi, Justus - murmurou Minna -, viu a cara do seu pai quando o abriu? - Justus balançou a cabeça afirmativamente, engolindo a bebida que restava em seu copo. - Acho que eles viveram um grande romance! Tipo aqueles de antigamente! - e Minna suspirou. - Eles se olham e conseguem dizer o que pensam.
― Se Gwyneth não atrapalhasse com certeza o fariam.
A festa foi até a noite. Gwyneth estava se despedindo das últimas pessoas na varanda da frente, enquanto Justus tomava uma última xícara de café com a mãe, insistindo para que ela ficasse com ele aquela noite, e regressando a Hogwarts apenas na manhã seguinte.
― Com todo esse café eu nem vou mais conseguirr dorrmirr, querrido - disse ela rindo.
― Pois então, fique, podemos conversar a noite toda! Lembra como fazíamos? Lúcio ficava uma pilha no dia seguinte, não conseguia dormir se não houvesse silêncio absoluto na casa. - explicava Justus a Minna. Naquele momento Snape apareceu na cozinha.
― Esse livro - disse ele balançando-o na mão -, parece que lhe entreguei ontem!
― Ele me foi muito útil. Prrecisei guarrdá-lo com carrinho! - respondeu sorrindo. Snape cruzou a cozinha, colocou o livro novamente no bolso e pôs a mão por cima, como que o protegendo. Pegou uma xícara e se juntou a eles para tomar café.
― Resolveu ficar?
― Não! - disse ela.
― Sim! - disse Justus ao mesmo tempo em que a mãe. - É tarde, mamãe, seu motorista deve estar cansado!
― Depois do que ele comeu? - e ela riu alto - Deve ainda estarr dorrmindo!
― Como você é chato, Justus! Se ela não quer ficar não insista! - disse Snape olhando para a xícara sem tomar o café.
― Da prróxima eu fico, cerrto? - disse levantando. Snape foi o primeiro a levantar depois dela. Justus levantou também, queria acompanhar a mãe até a porta, mas Minna o segurou pela calça. Antoine despediu-se dos dois moços e foi conduzida por Snape pela porta lateral onde a limusine esperava próxima a garagem.
― Foi uma surpresa e tanto vê-la aqui hoje! Justus deve tê-la atormentado muito para...
― Eu querria virr, gosto de estarr com ele e toda oporrtunidade que tiverr estarrei imporrtunando! - disse apertando o peito de Snape de leve com o dedo indicador. Ele pegou a mão de Antoine e a levou ao seu rosto. Ela sentiu a barba rala que cresceu desde a manhã passada.
― Queria ter um pouco mais de privacidade!
― Severro, eu lhe aconselho, a posição que querr ficarr não lhe cai bem! Não há nada de honrrado em...
― De que vale a honra numa hora dessas? - disse puxando-a para mais perto. Antoine forçou seus braços contra o corpo dele. - Prudente demais... você é mesmo Antoine? - indagou Snape rindo.
― Severro - implorou sorrindo -, Gwyneth está vindo, ouço a voz dela!
― E com ouvidos de águia - disse Snape a soltando e dando um passo para trás.
― Está indo embora? - perguntou Gwyneth, chegando de supetão, tentando, porém não conseguindo disfarçar a satisfação.
― Fiquei muito mais do que deverria, mas a culpa é de Justus. - brincou Antoine se despedindo e logo indo embora. Desta vez, Snape não ficou na varanda para vê-la partir. Entrou em casa e foi para seu quarto, jogando seu corpo cansado e cheio de desejo por Antoine, na cama que imaginava ter o cheiro dela.
As tão esperadas férias de verão chegaram e Justus não via a hora de passar algum tempo com a mãe. Mas ele tinha segundas intenções. Minna e ele queriam fazer com que Snape e Antoine voltassem a ficar juntos. Não era nada fácil fazer com que conversassem, pois Gwyneth vivia colada em Snape, ela parecia pressentir.
― Sim, venha na quinta! - disse Justus que estava ao telefone com a mãe. - Vou te esperar! - Justus desligou, minutos depois, com um malicioso sorriso nos lábios.
Na quinta-feira de manhã, um carro verde escuro estacionou no pátio da casa de Snape. Curioso, abriu a porta e esperou na varanda. Antoine saiu do lado do motorista fechando a porta com força. Parou atrás do carro e alisou a lataria, estava toda amassada.
― Antoine?! - disse Snape espantado. - O que faz aqui?
― Vim verr Justus, orras!
― Mas ele não está, foi levar Minna à faculdade!
― Como não? Ele combinou comigo... na quinta...- e fez-se silêncio -, bem, então volto no sábado! - respondeu ela sorrindo.
― Não, espere! Ele volta à tardinha, o que são algumas horas!
Antoine hesitou. Mencionou Gwyneth, mas ela também não estava, viajara à Espanha com a mãe e as tias para visitar o avô, voltaria dali a dois dias. Snape abriu a porta da casa para Antoine entrar. No início ela ficou sem jeito por estar ali sozinha com ele, não havia nada entre os dois, mas depois que foram passear pelo bosque da propriedade de Snape ela se soltou. Conversaram muito sobre o lugar, Antoine estava maravilhada com aquela paisagem toda, sabia que Snape sempre fora amante da natureza, não gostando muito de tecnologias. Ele aceitou o telefone porque era muito útil no mundo trouxa, bem mais do que corujas!
Chegaram exaustos, principalmente Antoine que não era acostumada a andar durante tanto tempo, os pés dela tinham até inchado um pouco. Os dois tomaram banho, se trocaram e se sentaram na sala de estar um de frente para o outro, ocupando completamente os dois grandes sofás.
― Você se tornou uma pessoa muito conhecida e respeitada.
― À que prreço? - disse olhando para os dedos dos pés que se eram mexidos, como que alongando-se.
― Sim, criou algumas inimizades...
― Pensei que você me odiarria parra semprre depois do que lhe fiz! - murmurou lançando um olhar indagador a ele e se ajeitou no sofá, deitando-se de comprido.
― E a odiei, muito... mas Dumbledore me fez ver que você conseguiu com que Hogwarts chegasse ao ápice.
― Na última vez que nos encontrramos... eu lhe disse coisas frrias. Nenhuma delas erram o que eu realmente pensava!
― O pior foi acreditar nelas durante muito tempo!
Antoine respirou fundo e virou-se de costas para ele. Snape não falou mais, ficou olhando para ela. A primeira vez que a viu a amou, era apenas uma garotinha, e o sentimento era paternal, mas se transformou em algo forte, mais forte do que o respeito que tinha por Dumbledore. Contudo, Snape era bem centrado, nunca havia feito nada que pudesse prejudicar sua carreira. Teve Antoine duas únicas vezes, enquanto estiveram em Hogwarts, e culpou-se por isso... mas não deixou de amá-la, mesmo quando ela partiu da escola. Esperou ardentemente por notícias, porém, nunca vinham, passados dez anos, descobriu que Antoine havia casado e que possuia dois filhos, um dos quais, pela maior sorte e felicidade do mundo, era seu! E no dia em que descobriu se tornou o homem completo, o homem que enfrentaria a vida de forma diferente! Tentou tomá-la para sim, mas Antoine preferiu status e poder ao invés do amor, e ele a amaldiçoou. Que não tivesse feito isso! Quando a encontrou novamente, muitos anos depois, ela estava diferente, estava maltratada, magra, doente, havia perdido os dois filhos para a vida e o marido para outra mulher! Quanto desejou ter sabido na época, tudo teria sido diferente. Mas agora estavam ali, os dois, a história, sentandos muito próximos e mesmo assim tão distantes! Ela vivendo para Hogwarts, mas reconciliada com os filhos e ele vivendo para outra mulher, que não amava, mas que o amava e lhe fazia todas as vontades.
Snape chamou Antoine, mas ela não respondeu. Ele andou até ela e viu que adormecera, também pudera, era meia-noite, haviam conversado mais de três horas! Snape a tomou nos braços intentando levá-la a seu quarto, quando ela falou:
― Não, eu o...
Ele sorriu, ela falava dormindo, não era a primeira vez que a ouvia falar durante o sono. Subiu as escadas e a deitou em sua cama, por um momento ela o abraçou, logo depois o soltou. Snape a cobriu e acariciou seu rosto. Um turbilhão de sentimentos invadiu seu corpo, mas ele a deixou. Pegou um travesseiro e um lençol e voltou à sala, deitando no sofá onde ela estava deitada antes. Adormeceu sentindo o perfume dela, o que fez com que seu baixo ventre pulsasse.


― Pssiiiu! Não ffamos ffazer barulho!! - disse Minna. - Seu ppai ffai fficar uma ffera se nos ffir bêbados?
Era difícil dois bêbados se agüentarem em pé, imagine então um se agüentando no outro para subirem uma escadaria de mais de trinta degraus e ainda por cima rindo das coisas por nada! Quando finalmente chegaram ao andar superior, Minna entrou no quarto, mas Justus viu a porta do quarto do pai aberta e indignado falou entre soluços:
― Não acredito que fficou esperando!
― Esquece, vamos dormir!
― Isso é o cúmulo!
― Agora ele já está dormindo! Mas se você continuar falando ele vai acordadar e com certeza não vai ficar nada contente!


― Snape! Snape! - uma voz rosnava.
― Ãh? Quê? - respondeu ele sonolento.
― O que é que aquela mulher está fazendo na nossa cama?
Foi uma pergunta muito comprida para ele lembrar da resposta naquele momento. Snape mal conseguiu abrir os olhos, porém pôde ver pela janela que ainda estava escuro, apertou o olhar para o relógio cuco e ele mostrava cinco horas da manhã.
― Gwyn? O que faz em casa...
― É, eu que pergunto! Saí pra ver meu avô e você se aproveita! Cafajeste!
― Quê? - rosnou sentando. - Eu estaria lá em cima se fosse realmente um cafajeste, não acha?
Gwyneth se calou, mas tinha os braços cruzados e os olhos apertados.
― Por que voltou? - perguntou rouco a Gwyneth, que estava sentada ao seu lado no sofá.
― Quero saber o que ela faz lá? - insistiu.
― Não quis deixá-la dormir no sofá! - disse impaciente. - Acho que ela nunca dormiu num!
― Ah, claro! Que dondoca! Quero saber o que ela faz aqui?! - insistiu Gwyneth.
― Veio ver Justus! - disse ele esfregando a cara com as mãos.
― E onde eu vou dormir?
― Deita aqui comigo - e ele se apertou no sofá deixando um espaço para Gwyneth se deitar.
― Até parece! Já é quase manhã, vou tomar café! - disse ela batendo os pés e indo para a cozinha. Snape fez uma careta e voltou a dormir.
Às nove horas da manhã, Justus e Minna desceram para tomar café e encontraram Gwyneth debruçada sobre a mesa dormindo. Justus riu e voltou ao andar de cima para avisar ao pai que a namorada dele estava lá!
― Pai! - disse Justus empurrando a porta do quarto semi-aberta, mas ao entrar viu que havia uma outra mulher na cama do pai. Ela estava deitada de lado, na mesma posição que ele, Justus, gostava de dormir. Estava semi descoberta, e bonitas e torneadas coxas apareciam por entre as cobertas. Justus aproximou-se e não conteve o riso. Saiu do quarto, desceu as escadas rapidamente, tropeçando no último degrau, e soltando um grito. Minna correu até ele. Justus eufórico e sorridente disse:
― Aconteceu!
― O quê? - perguntou Minna olhando para o pé de Justus. - Se machucou?
― Não! - riu ele segurando o dedão que doía - Meu pai... minha mãe está deitada na cama dele... eles ficaram...
― Justus, venha cá! - disse Minna bufando, e puxou-o até a sala. Apontando para o sofá, mostrou Snape dormindo com os braços atrás da cabeça.
― Mas não é possível! - resmungou ele.
― Seu pai é um cavalheiro! - disse Minna suspirando. - Resta saber o que é que Gwyneth viu!
Justus acordou o pai e lhe disse que Gwyneth havia dormindo na cozinha. Snape levantou e foi até ela, que havia acordado com o grito de Justus, e preparava outro café. Gwyneth arrumou a mesa e depois foi sentar-se no quiosque do jardim de trás. Pai, filho e nora se sentaram à mesa e comiam quietos quando Minna viu Antoine parada na escadaria olhando para frente. Snape sabia que dali podia se ver o jardim e pela expressão no rosto de Antoine ela tinha visto Gwyneth.
― Mamãe! - chamou Justus. - Estamos aqui!
Antoine foi até a cozinha, parou ao lado da mesa e olhou para os três.
― Onde foi que o senhorr se meteu ontem? - quis saber Antoine.
Justus riu. Mas a cara da mãe estava fechada.
― Ah, a gente... saiu! - disse ele apontando para Minna.
Snape sorriu indicando a cadeira à frente. Foi um sorriso espontâneo e cativante. Antoine o olhou e percebeu que ele vestia apenas a calça do pijama, era azul e tinha uma cordinha que segurava o cós. Seu peito estava descoberto e ainda tinha os músculos firmes. Ela respirou fundo e desviou o olhar.
― Ela já viu você! - disse Snape com sua voz grossa. - Sente-se e coma alguma coisa!
Antoine tomou apenas uma xícara de café, não gostava, mas não quis incomodar pedindo por chá. Os quatro estavam em silêncio quando uma enorme coruja bateu na janela. A expressão no rosto de Antoine mudou, havia se assustado. A enorme coruja entrou e pousou sobre a pia. Antoine deu-lhe um pedaço de pão e um pouco de água. Ela trazia uma carta com o símbolo de Hogwarts. As mãos de Antoine tremeram, pensou no pior. Snape se aproximou dela e a tocou no ombro, então ela abriu a carta.
― Eu não acrredito! - disse ela quase gritando de tamanha felicidade. - Hogwarrts receberrá o prrêmio de melhorr escola no mundo mágico! E um bônus de grratificação porr isso!
Antoine estava tão eufórica que dava pulinhos de alegria e abraçou Snape espontâneamente. Ele também a abraçou sorrindo. Porém, como que acordando de um sonho, ela se deu conta de onde estava, de que nunca agira daquela forma na frente das pessoas e de que não era assim que uma mulher de seu nível deveria agir! Afastou-se de Snape olhando para o chão.
― Parabéns! - disse ele tentando livrá-la daquele constrangimento e lhe estendeu a mão. Antoine agradeceu, apertou a mão dele fortemente e logo Justus e Minna a estavam parabenizando! Com toda aquela agitação, Gwyneth entrou na cozinha curiosa. - Quando vai ser a homenagem? - perguntou Snape sentando.
― Daqui a dois meses! Vou orrganizarr a melhorr festa de todos os tempos!
― O que aconteceu? - quis saber Gwyneth.
Antoine a cumprimentou e explicou o que havia acontecido, Gwyneth mal a olhou e cobriu as costas de Snape quando o viu sem camisa na frente de todos.
― Não acha que isso tem haver com o Ministro da Magia que é seu ex-marido? - alfinetou Gwyneth.
― Não, não é ele quem cuida do setorr da educação dos jovens brruxos! - respondeu Antoine rapidamente.
― Os ministros são como unha e carne, vivem fazendo favores uns para os outros!
― O que querr dizerr? Que Hogwarrts não merreceu?
Gwyneth ergueu uma das sobrancelhas e não respondeu, olhou Antoine como se ela fosse uma intrusa.
― Acho que é isso, então! - continuou Antoine sorrindo. - Hogwarrts me esperra! - Justus a olhou com desaprovação. - Vou ficarr na cidade, resolverr esse assunto! - disse balançando o pergaminho - Amanhã volto parra seu aniverrsárrio, querrido!
― Mas nem conversamos ainda!
― Porr que você andou o dia todo porr aí ontem! - Minna tampou a boca para esconder o riso. Acabaram por almoçar juntos num restaurante ali perto, menos Snape e Gwyneth que almoçaram em casa.

O dia do aniversário de Justus mal amanheceu e Antoine bateu na porta da casa de Snape. Gwyneth atendeu mal-humorada.
― Bom-dia! - disse Antoine feliz. - Que carra é essa, olhe sua idade, garrota, sorrria parra a vida! - aquilo era para agradar, mas acabou irritando mais ainda Gwyneth. - Onde está Justus?
― No quarto! - respondeu Gwyneth sem olhar para Antoine, que subiu a escada como se a casa fosse sua, deixando Gwyneth parada no corredor com as mãos na cintura, indignada. Snape apareceu perguntando o que ela fazia ali parada. Enquanto isso, Antoine bateu na porta e entrou. O filho estava deitado de costas, mas acordado. Ela se sentou na cama e acariciou as costas dele. Eram largas e fortes, como as do pai.
― Quero isso todas as manhãs - murmurou ele.
― Parra isso serrvem as esposas!
Ele a olhou com desapontamento.
― Só porque cresci não mereço carinho?
Antoine beijou a testa dele e recebeu um abraço em troca.
― Que tal um dia só nosso? - perguntou Justus.
― Clarro e passearr com um acessórrio da horra! - respondeu Antoine puxando-o para fora da cama.
― Estou só de calção, mamãe!!
― E daí? Já vi alguns homens de calção!
― É... bem...
― Quando virr o que tem lá forra nem vai se imporrtarr com sua aparrência! - brincou Antoine.
Justus seguiu de mãos dadas com a mãe até a porta lateral da casa, onde ficava a garagem. Quando ele abriu a porta um embrulho de quatro metros de comprimento e quase dois de altura fez o rapaz acordar! Uma leve brisa balançou os longos e negros cabelos dele e ao mesmo tempo fez a grande fita sobre o embrulho se abrir. Ele puxou o papel e um carro esportivo cor grafite surgiu por entre o amarelo quase fluorescente do embrulho. Era um Jaguar. O queixo de Justus estava no chão, entre seus pés; seus olhos, nas estrelas. Ele acariciou o carro, mas não teve coragem de entrar nele.
― Como é? Não gostou? - disse Antoine abrindo a porta e empurrando-o para o acento do motorista.
― Nossa! Mas o que é isso? - suspirou ao acariciar o painel e o volante.
― Vou aceitarr isso como um “Eu gostei, mamãe!”.
Justus olhou pelo pára-brisa e viu o pai numa das janelas.
― Não posso aceitar! - disse saindo do carro.
― Porr que?
― É... é... muito caro!
― O prreço faz jus ao automóvel! Você não trrabalha em Londrres? Nada melhor parra levantarr a morral do que chegarr em um carrro como este! - disse Antoine ligando o carro e acelerando. O rouco ronco do escapamento esportivo arrepiou os pêlos do corpo de Justus - Entrre! - pediu a mãe.
Ele mal afivelou o cinto e fechou a porta e sua mãe pisou no acelerador.
― Snape não vai gostar nada disso! - disse Justus baixinho, brincando.
O carro derrapou no gramado, mas logo sumiu apressado pelo asfalto. Alguns minutos depois o carro voltava lentamente pela entrada de pedras que levavam à garagem. Justus dirigia o carro com muito cuidado, o parou, deu uma acelerada antes de desligá-lo e ajeitou o espelho retrovisor quando viu o pai se aproximando. Snape parou do lado do carona apoiando-se na porta com as mãos.
― Carrão, hein? - elogiou Snape.
― É de Justus... se você concorrdarr...
― Espero que não ande como sua mãe!
Justus saiu correndo dizendo que iria ligar para Minna. Antoine pediu a Snape se ele queria dar uma volta. Fez com que ele sorrisse e se sentasse no lugar do motorista. Mas não ligou o carro. Fixou seu olhar em Antoine e cerrou os olhos.
― O que foi? - perguntou ela.
― Esse seu decote - disse olhando para o colo descoberto de Antoine -, tenho vontade de tocar...
― Severro! - Antoine se espantou olhando pelo espelho.
Ele aproximou-se de Antoine e com o dedo abaixou um pouco a blusa dela. Ela respirava pesado. Snape tinha um olhar diferente, não era o mesmo, parecia mais ousado e malicioso. Ele beijou o pescoço de Antoine e desceu aos seios dela.
― Não, Severro - disse afastando-o e saindo do carro. Ao longe ela avistou Justus que vinha voltando, agora de calça e camiseta.
― Então vamos fazer o seguinte - vinha o rapaz explicando sem a mínima consciência do que havia acontecido ali -, eu e mamãe vamos no “meu” Jaguar e você, Gwyneth e Minna vão com o carro da Minna, certo, pai?
Snape estava longe, olhava para Antoine com um ar compenetrado.
― Sim, Justus - confirmou ele.
― Vamos entrar, Minna vai chegar daqui a pouco, daí saímos! - disse ele enlaçando a mãe pelo braço e levando-a para longe do pai.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.