Nova Hogwarts
Uma semana antes do dia primeiro de setembro, dia da seleção das casas, Antoine irrompeu o hall de entrada de Hogwarts acompanhada pelo Ministro da Magia, Draco, juntamente com cinco seguranças, com dez novos professores, todos filhos de famílias puro-sangue bruxas, alguns deles eram netos de integrantes do Conselho de Bruxos, e com dez outros bruxos que fariam a vistoria e segurança do castelo.
Os antigos professores de Hogwarts estavam deixando o castelo com todos os seus pertencem, haviam sido demitidos por tempo excessivo no cargo e por desatualização em relação aos conteúdos aplicados nos ensinamentos. O único que continuava em sua sala era o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. Ele arrumava lentamente seus pertences quando dois bruxos entraram na sala.
― O que querem? - perguntou Snape sem tirar os olhos de seu malão.
― O senhor tem que deixar o castelo! - bradou um.
― Até as cinco horas estarei longe daqui! - resmungou Snape.
― Saia agora! - gritou o mesmo bruxo.
― Não se atreva a fazer o que está pensando! - disse Snape olhando-o com desprezo. - Tenho sete horas para sair!
Antoine passou parou à porta da sala, ergueu a mão e os dois bruxos saíram da sala, ela esperou até que estivem mais longe, depois os seguiu, mas Snape a puxou de volta à sala pelo braço.
― O que está fazendo? - perguntou Snape odiosamente.
― Mudanças!
― Vai acabar com Hogwarts! Com tudo o que Dumbledore construiu!
― Vou fazerr melhorr do que ele...
― Você me decepciona! E Dumbledore certamente a julgou mal!
― Você é quem diz!
― Achei que fosse melhor do que eles - disse Snape referindo-se a Draco e os outros bruxos novos.
― Vamos terr a Hogwarrts perrfeita...
― E nenhum de nós poderia estar nela?
Antoine vacilou. Snape era perfeito no cargo de professor, não havia dúvidas, mas fora uma promessa que fizera a Draco. Teria de cumpri-la.
― Não! Você é apenas um ex-comensal decadente que não serrviu parra outrra coisa senão lecionarr!
Aquela frase foi pronunciada com tamanho pesar e dor, que o tapa recebido de Snape nem causou efeito. Este era o fim de qualquer esperança que ela tinha no coração. Mas era melhor daquele jeito. Ela já tinha escolhido viver ao lado do marido. Com os olhos ainda fechados, deu as costas a Snape e murmurou:
― Minha carrruagem oficial vai levá-lo à estação 9 e 1/2 a horra que estiverr prronto!
Snape suspirou olhando para a mão que acertou o tapa no rosto dela. Estava muito vermelha e só agora sentira a força que usara.
Apesar das drásticas mudanças que aconteceram em Hogwarts, o ano foi bastante promissor. O método de ensino mudou radicalmente e os alunos sentiram o tranco, mas as novas idéias não deixaram a desejar e foram aprovadas quando todos os alunos passaram com notas excelentes nos exames finais. A prática de ensino se baseava agora nas aptidões individuais exaltando-as e nas grupais quando os alunos as apresentavam, mas isso não queria dizer que os alunos deixariam de freqüentar as aulas cujas matérias não eram bons.
No jardim florido daquela casinha de campo cor laranja, dois homens conversavam sobre Hogwarts. Eram velhos conhecidos e fazia tempo que não se encontravam.
― Quatro anos, hein, Severo, e eu que havia pensado que ela destruiria o lugar.
― Confesso que também pensei isso, Dumbledore. Mas se tivéssemos considerado direito veríamos que Hogwarts foi o lugar que a acolheu, que ela amou e onde ela foi amada!
― Certamente, um grande detalhe que passou imperceptível! - e Dumbledore mexeu numa folha que havia caído da árvore. - Tem falado com ela?
― Não. É difícil encontrá-la. Justus me conta como vão as coisas quando fica lá em casa! Ele se formou! - murmurou Snape olhando para o horizonte.
― Soube que ele já recebeu muitos convites para trabalhar na área internacional.
― É, falou em poções, falou com o mestre! É melhor que a mãe! - retrucou Snape, que olhava para Dumbledore, mas não o via, seus pensamentos voavam. - Ele quer morar comigo!
― Nada mais certo!
― Não sei como a mãe dele vai reagir.
― Ela tem um temperamento forte e não muda facilmente de idéia, mas ele tem muito poder sobre ela, eu diria, se me perdoar, que ele é o preferido!
Ao longe uma manchinha branca se aproximava, era um carro que entrava na propriedade de Dumbledore.
― Sua carona chegou, Severo. - disse Dumbledore se despedindo.
Antoine estava sentada à mesa de um chique café parisiense, quando seu filho Justus apareceu. Ela se levantou e correu para recebê-lo. Apesar de notar a empolgação da mãe, ele não deixou que ela o abraçasse, apenas a cumprimentou com um aperto de mãos. Fazia tempo que ele recusava-se a abraçá-la. Dizia já ser um homem... era certo que estava com 20 anos, mas sempre seria seu pequeno Justus. O motivo, porém, que não o deixava se aproximar da mãe era a mágoa que guardava por ela não ter ficado com Snape ao invés de Draco.
Sentaram-se e ele tomou a palavra, sem rodeios.
― Recebi uma proposta muito boa de trabalho... na Austrália!
― Aus... trrália?
― Existem muitas ervas desérticas não catalogadas e que talvez sirvam para nossos propósitos.
― Nossos prropósitos?
― Sim, do governo! Estou trabalhando no Secretaria da Saúde da Comunidade Mágica, como secretário júnior.
― Nossa! Estou porr forra mesmo!
― Pensei que meu pai tivesse lhe dito.
― E porr que ele me dirria? Se é você quem me vê todos os dias?
Justus desviou o olhar.
― Eu... também queria lhe dizer... estou indo morar com meu ele!
Os olhos de Antoine se encheram de lágrimas.
― Virrá me verr, não?
― Quando puder.
― Justus...
― Acho que é o melhor a fazer já que a minha única ligação com os Malfoy mora a maior parte do tempo em Hogwarts - afirmou. Se seguiu um súbito silêncio.
― Não querria que continuasse ressentido comigo!
― Eu ainda não consigo aceitar. Vocês eram perfeitos um para o outro... você o trocou por dinheiro!
― Não foi porr dinheirro, filho!
― Eu - disse ele balançando a cabeça e olhando para o lado -, eu a respeitava... suas palavras para mim eram ordens e suas ações eram as que eu queria fazer! A decepção foi grande...
Os olhos marejados de Antoine vazaram. Ela tocou a mão do filho e pediu desculpas, mas ele não falou nada, nem um olhar. O silêncio a feriu mais do que qualquer palavra. Justus não sabia explicar o porquê de estar tratando a mãe daquele jeito, a amava, mas seu orgulho ferido não deixava que visse o derradeiro motivo dela não ter se separado de Draco. Ele soltou-se da mão da mãe e deu um passo para trás.
Antoine olhou por sobre o ombro do filho e lá estava Snape. Fazia anos que não se viam. Seus olhares se cruzaram por minutos, mas ele quebrou aquele momento pedindo ao filho que os esperasse no carro. Antoine desviou os olhos de Snape e secou-os.
― Você está diferente! - disse Snape num tom paternal. - Está pálida...
― Agorra entendo o porrquê de Dumbledorre parrecerr muito mais velho a cada ano!
Snape respirou fundo.
― Você porr outrro lado está muito bem! - disse mal conseguindo manter os olhos nele.
― Estou passando por uma fase boa da vida!
Os olhos de Antoine voltaram a lacrimejar.
― Não afaste meu filho de mim, porr favorr! - disse com as sobrancelhas franzidas, agüentando a todo custo o choro.
― Nunca faria isso! É que ele quer conhecer o mundo, tem essa sede de saber...
Ela abaixou a cabeça, inspirou e tornou a olhar para Snape. Tocou no peito dele e o sentiu respirar fundo.
― Me perrdoe porr tudo que lhe fiz passarr... deixei tudo porr Hogwarrts!
― Sim, você tem meu perdão. - murmurou ele tocando o rosto de Antoine. - Mas vai ser difícil esquecer que fui trocado por poder!
Antoine não se conteve, baixou a cabeça e chorou, tampou o rosto para abafar os soluços, mas estava descontrolada. Snape olhou para os lados e algumas pessoas estavam olhando para eles, então a abraçou fazendo-a se acalmar. Assim que a sentiu parar de ofegar afastou-a segurando-a pelo rosto.
― Nosso destino não nos quer juntos, Antoine. Você tem muito com o que se preocupar. Saiba que não guardo mágoas. Volte todo seu potencial a Hogwarts... mas cuide-se, você está... mudada, está com uma aparência doentia... E não digo isso para ofendê-la.
Ela olhou para o lado querendo esconder o rosto magro e com olheiras, contudo, seus olhos retornaram a ele quando uma mulher o chamou pelo primeiro nome. Ela era alta, magra, tinha os cabelos muito longos e dourados, muito bem vestida. Snape disse à mulher que já estava indo e voltou para despedir-se de Antoine, que mudara completamente a expressão de seu rosto.
― É Gwyneth... faz parte da nova fase da minha vida!
― Clarro! - disse Antoine virando-se de costas. Ela vestiu um casaco de vison branquíssimo e pegou a bolsa igualmente branca. Mesmo estando abatida, aquela roupa a fazia ficar muito bonita e o cabelo negro com grandes mechas vermelhas chamavam mais a atenção. Antoine tinha um porte imponente, o porte de uma mulher muito importante. Uma limusine preta com mais de sete metros parou atrás de Antoine e o motorista abriu a porta de passageiros dizendo:
― Senhorita Dimanchè, é esperada no Ministério às três horas.
Ela agradeceu ao motorista e voltou-se para Snape pela última vez.
― Adeus! - disse espremendo os olhos e apertando a têmpora direita com o polegar!
― Está bem? - perguntou Snape.
― Sim, esqueci de tomar minha poção ontem...
― Poção? De que?
― Algumas ervas, tenho andado um tanto indisposta... como você pôde perrceber...
― Já lhe preveni que poções não devem ser tomadas indiscriminad...
― Eu sei, Severro! - e ela sorriu forçado. Escutar seu nome ser pronunciado por aquela voz quase fez Snape perder a estribeiras. Teve vontade de agarrá-la, mas conteve seus instintos colocando a mão no peito, bem sobre o coração. Viu que ela percebeu o que sentira, pois ela sorriu. Supôs que ela fosse legilimente, assim como Dumbledore, mas não poderia ter lido sua mente, porque ele próprio era um ótimo oclumente. Apertaram as mãos e Snape a viu partir mais uma vez. Instantes depois ele entrou em seu carro.
― Vamos! - disse Snape em seco ao motorista e fechou a porta do carro. Ele e Justus se olharam sérios - Ela não está bem - retrucou Snape.
― Nada bem! - afirmou Justus.
― Mulher estranha! - balbuciou Gwyneth folheando uma revista. - Muito bem vestida, não deve ser uma qualquer, mas com aquela cara horrível de doente. Credo! Quem era ela?
― Minha mãe! - pronunciou Justus olhando-a com desprezo. Aquela resposta causou um mórbido silêncio dentro do carro. Snape não prestava a atenção nisso, pensava em Antoine e no sentimento que ela tinha por Justus. Entendeu o porquê de amá-lo tanto, amava ainda o pai do rapaz e ficaria perdida se o filho, que era o elo que os ligava, se afastasse dela.
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