A Decisão



Antoine seguiu para Londres pensando no que Dumbledore lhe falara. O Conselho era muito receptivo quanto aos pedidos do diretor, mas não aceitariam que uma mulher separada do marido, mesmo de renome na comunidade bruxa, sem a custódia dos dois filhos e ajuntada com o amante, assumisse a direção de Hogwarts. Sua cabeça doía quando entrou na mansão dos Malfoy. Por sorte somente um elfo a recebeu, o resto da família estava num jantar na casa de amigos. Antoine foi direto para seu quarto. Jogou-se na enorme e confortável cama de casal e apertou o cobertor. Gostava de estar ali, o cheiro das colchas era de flores, o quarto em si tinha sempre um aroma pitoresco. Os elfos gostavam de agradá-la, pois ela não os tratava mal como os Malfoy. Ao lado da cama havia um pequeno aparador e, sobre ele, uma bonita foto dela e de Draco. Como tinham se divertido aquele dia, ela estava grávida de Damien, haviam comprado muita coisa para o enxoval e pararam num pequeno parque de diversões trouxa. Nenhum deles havia entrado num lugar daqueles, mas resolveram conhecer. O primeiro e único brinquedo que usaram foi o Trem Fantasma e riram até chorar das bobagens que os trouxas temiam. Como recordação, levaram do parque aquela foto, um velho senhor as tirava e vendia na hora. Antoine adormeceu com a foto na mão. Eram duas da manhã quando foi acordada por Draco que entrara no quarto zangado e ao acender a luz a viu fazer careta por causa da claridade. Viu também que ela tinha a foto deles nas mãos.
― Desculpe! - disse apagando a luz. Ela levantou e tirou as cobertas da cama, adormecera sobre elas. Voltou a deitar e sentiu que Draco também deitou. O braço pesado dele caiu sobre seu corpo e os lábios dele encostaram-se a sua orelha.
― Sabia que voltaria para mim! - sussurrou Draco satisfeito. Antoine permaneceu quieta. Pagava para não discutir naquela noite. Logo adormeceram, estavam exaustos.
Na manhã seguinte Lúcio notou que havia algo diferente na casa, os elfos corriam de um lado para o outro trazendo pratos diferentes para o almoço e para a sobremesa. A mesa estava cheia de flores e quando viu o sorriso nas caras feias e distorcidas dos elfos soube que Antoine estava em casa.
Antoine apareceu por último na sala de café. Sentou-se cumprimentando todos e um elfo correu para servi-la.
― A que se deve a honra de sua visita no meio do ano? - perguntou Lúcio sarcástico.
― Vim resolverr alguns prroblemas - e olhou para Draco -, e lhe comunicar pessoalmente que serrei a nova dirretora de Hogwarts no ano que vem!
Lúcio explodiu de satisfação! O filho seria Ministro e a nora Diretora de Hogwarts! Era o melhor dia da vida dele. Brindaram àquilo. À tarde, Antoine e Draco sentaram-se no quiosque do jardim da mansão.
― Despeça Snape assim que assumir, desta forma ele não será uma tentação!
― Dumbledorre não aprrovarria, Severro é um ótimo prrofessorr... talvez terria que mexer em todo corrpo docente com isso!
― Então o faça! Eles não são os únicos professores do mundo!
― Mas são os que Dumbledorre escolheu.
― Veja - disse Draco aproximando-se dela e passando a mão pelo ar como que deslumbrando algo -, uma nova Hogwarts! Você tem tudo às mãos, pode fazer o que quiser, o Conselho estará aqui - e ele bateu na palma da mão -, se os netos deles forem seus professores! Conheço-os, não moram aqui, mas poderia chamá-los! Além disso, você é popular, muito conhecida pelo trabalho que realizou com Beneth. Você, como Diretora de Hogwarts e eu como Ministro... teremos poderes ilimitados!
Antoine parecia visualizar aquilo e sorriu. Seria muito poder na mão de duas pessoas. Mas era o que ela sempre quis, mostrar que era alguém, mostrar à família que a maltratou que ela chegaria onde eles jamais sonharam. Draco pegou a mão dela.
― Eu só peço para não acabarmos com nossa família - disse vendo-a franzir a testa. - Deixe estar, conversarei com Damien. Ele é uma criança, bolas, terá que respeitar os adultos! Ou irá receber o castigo certo.

Era o último mês de aulas daquele ano. Na classe de Antoine nenhum dos alunos tinha ficado para trás, todos estavam aptos para prosseguirem seus estudos. Ela havia voltado de Londres há dois dias, mas ainda não conversara com Dumbledore. Faria isso naquela noite, depois do jantar.
― Posso entrar? - perguntou Justus do lado de fora do quarto da mãe.
― Sim, querrido. - ele entrou e sentou na poltrona ao lado da cama sem falar qualquer palavra, esperava ouvir a decisão da mãe. - Vejo que está ansioso.
― Estou.
― Não deverria ficarr. Eu e seu pai converrsamos e chegamos à conclusão de que uma separração a esta alturra não farria bem nem a mim, nem a ele e muito menos a você e a Damien.
― Está se referindo a Draco?
― Sim, estou meu referrindo ao seu PAI - ela enfatizou a última palavra.
― Ele não é meu pai! - bradou o menino.
― Foi ele quem o crriou, porrtanto é seu pai!
― Não vou voltar para lá!
― Vai voltarr nos ferriados sim, aquela é sua casa, Justus!
― Ninguém gosta de mim lá!
― Quem lhe disse isso? Damien? Porr acaso seu pai já deixou lhe faltarr algo? Ele lhe deu tanto carrinho quanto a Damien! Ele é seu pai! Semprre foi!
Justus estava relutante.
― Drraco ama você, ou se esqueceu que ele lhe mandou uma corruja porr dia no prrimeirro ano que você veio parra cá?
Aquilo foi o bastante para calar o menino. Realmente Draco nunca deixara de lhe dar carinho e nunca teve de lhe repreender da forma que fazia com Damien.
― Mas e...
― Bem, se Snape quiserr verr você, passarr uns tempos com você, não vou negarr, pode irr, mas sua casa fica lá na mansão Malfoy, pelo menos até terr idade suficiente parra se sustentarr sozinho!
Justus aceitou o que a mãe propôs saindo após ela terminar. Antoine sentiu por ter que fazer aquilo, mas era preciso. Tudo iria mudar no ano seguinte. Olhou pela janela e viu o filho se encontrar com Snape. Estavam parados frente a frente, próximos ao castelo. Snape pôs sua mão sobre o ombro de Justus e começaram a caminhar afastando-se dali. Certamente, Justus contara sobre a decisão da mãe. Grande coisa, Snape já deveria fazer idéia de qual seria.

Eram nove horas. Antoine jantou ao lado de Snape. Nenhum dos dois proferiu uma palavra sequer. Assim que terminou, ela olhou para Dumbledore por trás dos outros professores e se levantou. Dumbledore fez o mesmo. Encontraram-se na sala dele.
― Pois bem - começou ele. Antoine o observava de longe, com os braços cruzados. Ele tinha envelhecido muito, suas mãos tremiam e apertava os olhos para poder ver melhor.
― Decidi que meu casamento vale muito mais do que a paixão que quero viver! - Dumbledore arrumou-se na cadeira.
― Entendo.
― Tenho muito a perrderr e pouco a ganharr se deixarr Drraco.
― Cogitei que você talvez pensasse desta forma, mas admito que não esperava essa resposta!
Antoine quase desmoronou. O que é que ele queria dizer com isso? Estava jogando com seus sentimentos?
― Como é?
― Achei que fosse largar tudo e ficar com Severo!
― Então... o carrgo de dirretorra não erra verdadeirro?
― Sim, é verdadeiro - disse sorrindo -, mas pensei que fosse trocá-lo. Achei que seu coração falasse mais alto...
Aquilo só poderia ser uma brincadeira. Antoine olhou em volta, em todos os cantos para ver se havia alguém ou algo suspeito.
― Algum problema?
― O senhorr... está me dizendo... que me prropôs isso tudo... pensando que eu não irria... aceitarr? - disse pausadamente como se ele não conseguisse compreender a língua direito.
― O cargo é seu se quiser! - disse Dumbledore rindo, achando graça dela.
― Velho maluco! - rosnou Antoine chutando uma mesinha, tamanha sua raiva.
― Admito que o Conselho estava certo ao dizer que a pessoa indicada à cadeira principal de Hogwarts deva ser responsável e confiável. É um cargo de muito poder...
― E acha então que eu não sirrvo...
― Claro que serve. Acredito que seja perfeita para o cargo. Só estou surpreso que tenha escolhido, entre poder e amor, a primeira alternativa.
― O senhorr se acha muito sábio, não? - bradou ela nervosíssima.
― Antoine...
― Acha que somos todos bonequinhos com os quais pode brrincarr, não?
― Jamais pensei isso de ninguém. Especialmente de você!
― Onde querr chegarr?
― Eu lhe ofereci o cargo, Antoine. É seu. Dou minha palavra. Mas não pensei que fosse querer passar mais tempo longe de Severo.
― Pois se enganou. E muito! - rosnou ela.

As férias de verão chegaram, os alunos e professores deixaram Hogwarts organizando uma grande festa de despedida para Alvo Dumbledore. Todos reconheceram que ele estava muito velho e cansado, mas Minerva McGonagall apenas achou que fosse a emoção falando mais alto, anos trabalhando juntos, sentimentos envolvidos... mal sabia ela o que viria pela frente.

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