Revelando Segredos



Antoine voltou a Hogwarts naquele domingo, ainda não estava decidida, não sabia se acabaria com seu casamento. Chegando ao castelo, a primeira coisa que fez foi falar com Dumbledore, mas o diretor já recebia alguém na sala: Severo Snape. Era a última pessoa que gostaria de ver naquele momento, contudo, não havia outro jeito. Sua coragem estava à flor da pele, era agora ou nunca que falaria tudo o que pensara durante a viagem.
― É bom que esteja aqui! Severo estava me contando sobre a reação dos professores. Estão entusiasmados com você no cargo de diretora...
― Verrdade? - disse Antoine irônica. - Não estarria inventado isso, prrofessorr Snape?
Os dois homens se olharam. Antoine não esperou que respondessem.
― Gostarria de saberr o que o Conselho pensa sobrre o minha conjunturra, se porr acaso eu deixarr a casa dos Malfoy!
― Bem, seria difícil dizer, mas com alguma ajuda minha, eles entenderiam. - disse Dumbledore olhando para Snape, que tinha um leve sorriso nos lábios.
― É clarro que ficarria sozinha, já que Drraco não me perrmitirria terr a custódia de nossos filhos!
― Ele não terá direito à custódia de Justus! - continuou Dumbledore. - Você sabe muito bem disso! - Antoine não gostou daquela frase. Snape aproximou-se e a tocou no braço.
― Acho que seria uma boa hora para contar a verdade, Antoine. - disse Dumbledore seguindo em direção à porta.
― Eu não...
― Não tem coragem, mas há alguém que pode ajudá-la! - e Dumbledore saiu deixando Snape e Antoine sozinhos.
― Estou esperando! - disse Snape implacável. Sua voz soava forte e dura, Antoine pensou em sair correndo dali, mas ao olhar para a porta Dumbledore retornava seguido por Justus. Agora não teria escapatória. Antoine sentou-se lastimando, cobriu o rosto com as mãos e ouviu a voz de seu filho perguntar o que Dumbledore queria. - O que é que ele sabe que pode ajudar? - perguntou Snape, quase ignorando o garoto.
― Mamãe? - disse Justus se aproximando. Era engraçado ver um garoto de treze anos ainda chamando a mãe daquela forma, isso queria dizer que sentia muito carinho por ela - Se me permite, eu gostaria de ficar com meu pai se você for se separar de Draco!
Antoine olhou instintivamente para Dumbledore, que negou ter feito qualquer comentário sobre aquele assunto, Antoine encarou o filho com medo.
― Sei que a senhora vem carregando esse segredo durante anos, eu não quis descobri-lo de propósito, mas é que Damien não me deixava em paz... me chamando de bastardo a cada instante...
― Você é a melhorr pessoa daquela família! Não, na verrdade, é porr isso que você é uma ótima pessoa, porrque não é daquela família, porrque não tem aquele sangue corrrendo em suas veias. Eu não me arrrependo de terr tido você, e nunca me deixei levarr porr qualquerr comentárrio arrdiloso dos Malfoy.
Justus virou-se repentinamente para Snape e aproximou-se dele sorrindo.
― Quando cheguei a Hogwarts tinha ouvido falar muito no senhor, professor, e minha curiosidade fez com que eu o conhecesse melhor. O senhor é um grande homem e eu ficaria honrado de ser como o senhor quando for adulto. Snape olhou para Antoine e então compreendeu o que estava acontecendo, mas não conseguia acreditar, não poderia ser... - Engraçado foi que minha busca pela verdade começou sem que eu percebesse - continuou Justus -, no dia da seleção, o chapéu disse, me lembro como se fosse hoje, “Ora, vejam só! Quem aqui está! Conheço seus pais muito bem, Mas vocês se conhecem? Devo dizer que seu pai é muito sábio, ousado e perspicaz, sua mãe por outro lado é inteligente, ponderada e sagaz! Seu lugar é onde de fato estiveram e juntos seu amor esconderam”.
― Ótima memória! - retrucou o chapéu rodopiando em cima de uma estante. Snape olhava sem piscar para o menino com quem se identificava muito. Não conseguia dizer ou fazer nada, sua língua estava presa e parecia que a gravidade estava tão forte que seus braços eram puxados para baixo, não deixando que se movimentassem. Antoine continuava sentada, de seus olhos corriam lágrimas.
― Acho que ninguém tem o direito de julgar o que fizeram! - disse Justus agora segurando uma das mãos Antoine e uma de Snape. - Eu só quero ver vocês felizes. Mamãe.. e... meu pai - e ele juntou as mãos dos dois. Antoine fechou os olhos ao sentir a mão de Snape tocar a sua, um calor percorreu seu corpo e a fez fechar os olhos, uma imensa vontade de chorar emergia de seu peito.
― Dirretorr - disse puxando sua mão para perto do corpo, cruzando então os braços. - converrsarria com o Conselho?
― Sim. Falarei com eles amanhã e lhe darei a resposta.
Antoine agradeceu com rapidez e saiu da sala do diretor sem despedir-se, estava descontrolada, chorava muito. Desceu a escada caracol e quando chegou ao corredor que levava ao hall principal, Snape a segurou pelo braço. Justus parou ao lado dele, tinha as mãos apoiadas nos joelhos, correram muito rápido para alcançar a mãe.
― Por que a pressa? Você me dá uma notícia dessa e sai como se nada tivesse acontecido? - disse Snape enfurecido.
― Bem, fui eu quem escondeu de você isso tudo, mas aí está seu filho, aprroveite o tempo com ele, vocês são muito parrecidos! Agorra, prreciso resolverr umas coisas e voltarr a Londrres com a resposta de Dumbledorre - soluçava ela entre o choro.
― É isso? Acha que é fácil aceitar tal notícia? - rosnou Snape.
― Se quiserr ficarr brravo comigo tem toda razão, mas não prrecisa descontarr no garroto, ele o admirra muito!
E dizendo isso, ela seguiu em direção à sala de Poções. Snape ficou ali parado ao lado do menino de cabelos negros e sebosos iguais aos dele. Os dois se olharam, Snape ficou sem graça, pigarreou e pediu para o menino voltar ao dormitório.
Foi difícil para Snape dormir aquela noite. Não parava de pensar em Justus e na mãe dele. Como ela pôde esconder tal segredo por tanto tempo? Que mal ele teria feito se soubesse da verdade? Se ela tivesse contado e pedido sigilo o teria tido... mas por que não o fez? Estas e muitas outras perguntas fizeram Snape ficar acordado madrugada adentro.
Justus também não conseguiu dormir. Ficou sentado de frente para a porta de seu quarto pensando em ir conversar com Snape. Com sua mãe. Estava indeciso. Achava que não deveria ter escutado Dumbledore, não deveria ter contado nada. Agora os dois estavam separados e de mal um com o outro por sua causa. Quem tinha a boca grande agora?
Na manhã seguinte, Justus encontrou sua mãe na sala de Poções. Bateu na porta e pediu licença antes de entrar, aquela era uma coisa que não costumava fazer. Entrou e ficou de pé ao lado da mesa dela.
― Vai a Londres?
― À tarrde. - respondeu ela em seco.
― Eu... não fiz de propósito...
― Tudo bem, só acho que deverria terr converrsado comigo antes de contarr a ele - Justus não respondeu. - Não sei de que modo ele irrá receberr isso agorra. Vocês converrsarram?
― Não. Fui para meu quarto depois que você saiu, ele me mandou.
― Clarro, ele está assustado...
― Mamãe, me desculpe, eu queria que ele soubesse...
― Eu também, mas não assim, de supetão. Vai serr difícil de encarrá-lo de hoje em diante!
― Vou falar com ele!
― Não, Justus. Apesar de serr parrte de nós dois, você não deve se meterr. Escondi muita coisa de Severro e a parrtirr de agorra, se ele quiserr saberr algo, vai terr que serr de mim!
Antoine levantou-se, ajeitou o casaco de Justus. passou os dedos pelos cabelos dele e o beijou na testa.
― Pode começar então me explicando por que é que casou com Draco?! - disse Snape que estava encostado no batente da porta de braços cruzados. Ela se virou para lá e viu que ele tinha os olhos muito vermelhos e grossas olheiras. Snape entrou, pediu para Justus sair e fechar a porta - Se foi por causa do dinheiro seria mais uma grande decepção - ela respirou fundo e se aproximou dele - Sei que ele lhe deu um lar majestoso, cheio de mordomias, carros para levá-la por onde quisesse... mas ele lhe deu o que está aqui dentro? - pediu Snape apertando a camisa bem sobre o coração.
― Ele foi bom parra mim. Eu gosto de estarr com ele!
― Então o que quer de mim? Por que me fez de palhaço, revirou meu coração com esses sentimentos e... e me... joga um filho na cara!
― Não querria que acontecesse desse jeito!
― Queria esperar ainda mais? Ou nunca iria me contar?
― Não. Eu querria ficarr com você... mas as coisas estão indo tão rápido! E Dumbledorre vem dizerr que ano que vem...
― Não quero saber do ano que vem! Quero saber por que me deu bola se sabia que sua vida já era completa! Você tem tudo, é feliz, por que estragar isso? Aliás, estragar não é a palavra certa, você quis ter nós dois, se encontrava comigo e com ele ao mesmo tempo! - Antoine virou de costas para Snape. - Envergonhada? Então me deixe dizer mais uma coisa: eu poderia ter desconfiado que seria assim! Desde mocinha você não se satisfez com um único homem, agora não iria ser diferente!
Antoine virou-se rápido ficando de frente para ele e lhe deu um tapa tão automático que os dois se surpreenderam.
― Peguei no seu ponto fraco? - riu. - O que Draco acha disso? - Snape falava em tom irônico e sarcástico, olhava para ela de forma arrogante. - Deveria ter me falado de Justus, eu poderia ter acompanhado a infância dele, eu teria guardado segredo.
― Eu erra nova, não tinha responsabilidade...
― Tinha, mas você não quis perder tudo por mim!
― Eu estava grrávida de Damien... não poderria sairr porr aí com uma crriança nos brraços e outrra porr virr.
― Eu a teria acolhido! E, com certeza, Damien não teria esse gênio horrível dos Malfoy!
― Eu... não sabia que erra seu filho até alguns anos depois! E então já erra muito tarrde! - foi a vez de Snape escutar, de não falar nada. - Não há como esquecerrmos o passado? Não querro lembrrarr das besteirras que fiz! Aceite Justus agorra!
― Já o fiz, mas não tive coragem de ter uma conversa com ele. Nem sei o que lhe dizer - Snape viu Antoine sorrir e se aproximar, mas a afastou com uma das mãos. - Eu somente tornarei a vê-la quando souber que decidiu ficar comigo!
― Severro...
― Acho que é só o que eu tenho para lhe dizer! - e ele se dirigiu lentamente para a porta, abriu-a, parou e de costas mesmo terminou. - Engraçado, fiquei imaginando mil coisas para lhe dizer, mas agora vejo que elas não fariam qualquer diferença, seu silêncio já me deu a resposta.
Snape fechou a porta, viu Justus recostado na parede do lado de fora da sala da mãe, sorriu, acaricio-lhe os cabelos e seguiu em direção à sala dos professores. Justus sentiu que tinha sido aceito, mas aquela não era a hora para retribuir os carinhos do pai verdadeiro. O menino entrou na sala e encontrou a mãe sentada e cabisbaixa. Ela não falou sobre nada do que havia conversado com Snape, apenas despediu-se do filho dizendo que lhe contaria em primeira mão sobre a conversa com Draco.

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