Toda Fúria Possível
Antoine deitou-se e seus pensamentos corriam pelo corpo de Snape. Estariam juntos dali a alguns minutos. Adorava passar a noite conversando com ele, podiam conversar sem malícia, apenas abraçados, falando e falando, ou apenas se beijando. Ao ouvir alguém bater na porta, voltou à palavra malícia. Com certeza era ele que também não podia esperar por desejá-la tanto. Abriu a porta o mais rápido que pôde, sem olhar para fora e um baque surdo a fez cair. Seus olhos escureceram e ouviu a porta bater fortemente.
― Quem é? - perguntou. Sentiu uma forte dor na testa surgir fininha. Não enxergava nada, algo entrara em seus olhos, enevoando-os e fazendo-os arder - Quem está aí? - insistiu Antoine.
― Quem você quer que eu seja?
― Drraco? - indagou tateando o nada, procurando algo em que se segurar. Era assustador não poder ver quem estava no quarto, mesmo sabendo que teria ouvido a voz do marido, não tinha certeza de que era ele. Ao tentar se afastar da voz que chegava cada vez mais perto, Antoine bateu a canela na quina de seu baú e, gemendo de dor, caiu sobre a cama. Passou a mão no lençol e limpou os olhos, ardiam muito ainda, mas mesmo piscando bastante por causa da dor, viu Draco parado a sua frente, estava com uma expressão medonha no rosto.
― O que... que foi? - perguntou ela tentando se sentar.
- Diga-me você! - inquiriu largando-lhe um tapa - Piranha! Como pôde me fazer passar por idiota! - e largou outro tapa nela - Vadia! - Antoine defendeu-se colocando as mãos em frente ao rosto, ele continuou esbofeteando-a - Sem vergonha! - Draco então avançou sobre Antoine, sentando-se sobre os quadris dela e pegando-a pelo pescoço - Achou que eu não fosse descobrir? Então você e o professorzinho de Poções finalmente conseguiram o que queriam?
― Drra... co, es... cut... - tentava falar, segurando as mãos dele que apertavam com gosto seu pescoço, mais forte a cada segundo -, não... quis... em... ganá-lo...
― Eu fiquei imaginando ele te beijando, te tocando! Essas imagens não saem da minha mente! Que nojou... não acreditei em Damien à princípio...
― D... Dam... ien?
― Sim, ele viu vocês dois, Antoine, eu poderia fazer uma loucura - disse apertando ainda mais o pescoço dela, tanto que Antoine tossiu, estava afogando-se. Assustado ao vê-la sufocar, soltou-a. Antoine continuou deitada, piscando lentamente, encarando-o. - O que foi que eu lhe fiz? - perguntou Draco com os olhos cheios d’água. Transtornado, escorregou para o chão, sentando-se. - Eu te decepcionei? - continuou de costas.
― Não! - sussurrou ela ajoelhando perto dele, ainda engasgada, falou: - Prreci... samos com... verrsarr...
― É melhor eu ir embora, não estou em juízo perfeito, olhe o que lhe fiz, não é certo! Se algo de errado deve ser feito, não é a você! - Draco se pôs de pé, ajeitou o paletó e olhou envolta desesperado. - Desculpe! - Naquele momento Dumbledore entrou no quarto e viu os dois se surpreenderem. Dumbledore reparou que Antoine estava com o rosto ensangüentado e que Draco tinha a mão e a manga esquerda manchadas com sangue.
― Prrofessorr, não prrecisa se prreocuparr, Drraco já estava de saída.
Malfoy nem olhou para trás ao sair do quarto.
― Olhe para você! Vamos à enfermaria, Papoula cuidará disso.
― Não prrofessorr, eu merrecia, vou ficarr bem!
― Pelo menos deixe-a limpar esse sangue todo! - insistiu Dumbledore e só então Antoine concordou. Estava um pouco tonta por causa do ferimento na testa, causado quando Draco entrou em no quarto empurrando a porta com muita força, esta bateu na testa de Antoine fazendo um corte profundo.
Snape brincava com um botão de rosa enquanto dirigia-se ao quarto de Antoine, bateu na porta e esta se abriu sozinha. Sorrindo, empurrou-a mais um tanto e chocou-se ao olhar tudo a sua volta, havia sinal de luta, alguns objetos jogados, outros quebrados, o lençol ensangüentado. Não pensou duas vezes, correu até a enfermaria. E lá estava Antoine, sentada numa cadeira, com os olhos fechados, uma compressa no rosto, Dumbledore sentado ao lado dela.
― Severo, que correria é essa? - pediu Madame Pomfrey. Ele não respondeu, ajoelhou-se diante de Antoine e tirou a compressa. O rosto dela estava inchado e azulado. Ele se assustou.
― O que aconteceu? - perguntou a Dumbledore.
― Eu bati na porrta quando a abri - explicou Antoine. Snape não acreditou, contudo, Pomfrey parecia tão interessada no assunto então ele aceitou aquela resposta, por hora.
Antoine nem deu atenção às pessoas nos corredores do castelo, naquela manhã de quinta-feira, que a olhavam curiosos querendo saber o que havia acontecido, pois ela ainda estava com o rosto machucado. Seguiu direto para a sala de Dumbledore.
― Ele me mandou uma corruja pedindo que o encontrrasse na estação de Londrres hoje. Querr converrsarr.
― Acho bom que resolvam tudo, mas receio que ele possa voltar a bater em você! Gostaria que levasse alguém com você.
Dumbledore recebeu um balanço de cabeça negativo. Ela queria se encontrar com Draco sozinha, era problema apenas dos dois, resolveria de uma vez por todas aquela situação. E foi o que fez. Chegou às três da tarde na estação de Londres e lá estava ele: alto, louro, de porte imponente. Draco se aproximou, não falou nada, apenas acariciou a testa de Antoine onde estava o ferimento.
― Aluguei um quarto de hotel. Não quero arriscar conversar em casa.
― Seus pais já sabem?
― Não falei nada, mas não sei o que Damien pode fazer!
Entraram num carro e este rodou durante vinte minutos. Vinte longos minutos de profundo silêncio e olhares penetrantes. O hotel era muito luxuoso, Draco desceu do carro e deu o braço a Antoine. Os dois entraram fazendo as atenções se voltarem a eles, eram soberbos juntos, formavam o par perfeito. O quarto era muito confortável. Antoine sentou-se na cama, fechou os olhos e massageou o pescoço. Draco sentou atrás dela e começou a massageá-la.
― Não me ama mais? - perguntou ele sem rodeios, mas não obteve resposta. - Se fiz algo me diga!
― Drraco, eu sinto essa... coisa... por Snape há muito tempo, vem desde Hogwarrts. Eu semprre o quis, ele me ignorrava porr completo...
― Aquelas longas conversas que vocês tinham...
― Nunca fizemos nada! Ele era um prrofessorr respeitado...
― Passaram-se treze anos, como pode amá-lo ainda? - não recebeu resposta. - É só um caso a toa, é o que é... se me disser que foi algo de momento eu vou esquecer tudo! - ele implorava.
― Não sei lhe dizerr o que é! Gosto de estarr com ele.
― Maldita Hogwarts! - disse esbofeteando a parede. - Por que teve de aceitar esse emprego? Estávamos tão bem!
― Drraco... - murmurou tocando o peito dele. Uma pontada em seu coração fez com que ela a beijasse, e então, a teve da forma mais bela que poderia ter. Adormeceram abraçados. Eram nove horas da noite quando acordaram. Draco primeiro. Vestiu-se e se sentou numa cadeira, enquanto Antoine se vestia.
― Ele faz o que faço com você? - quis saber Draco. Antoine não respondeu, não achava que a intimidade entre Snape e ela era algo que deveria comentar, mesmo que fosse com Draco. Desceram para jantar minutos depois.
― Quero lhe explicar umas coisas. Andei pensando hoje de manhã.
― Acorrdou cedo?
― Foi difícil dormir... - disse mexendo com a colher na xícara de chá. - ficando comigo poderá continuar lá em casa, mas terá que prometer que nunca mais o verá.
― Como é que farrei isso se ele trrabalha em Hogwarts?
― Se, no entanto - continuou sem dar ouvido aos questionamentos da esposa -, quiser ficar com ele, as coisas vão ser muito diferentes para você! - Ele parou de mexer o chá e a encarou com os olhos azuis agora cinzentos. - Vou ficar com a guarda de nossos filhos e você somente os verá enquanto estiverem em Hogwarts.
― Você farria isso comigo?
― Pensou no que poderia lhe acontecer quando se entregou a ele? - perguntou desviando o olhar para longe. - Estou sendo tolerante, se fosse qualquer outro bruxo, mataria você! - e fez-se silêncio. Os dois se encaravam. - Pense, Antoine, você será diretora de Hogwarts! Se deixar seu lar o Conselho vai massacrá-la! Ficará tão pouco tempo no cargo que será um fiasco!
Ela tinha que dar razão a Draco, mas então o que Dumbledore quis dizer com se decidir? E se ela decidisse ficar com Snape? Será que o Conselho estaria disposto a aceitar?
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