Novos Planos
– Isto chegou para o senhor, pequeno mestre! - disse Bliber, o elfo cujo cargo era o de mordomo, entregando uma carta a Draco - E isto chegou para a senhorita - Antoine pegou o pergaminho da mão de Bliber e viu que este continha o símbolo de Hogwarts. Ela franziu o cenho, respirou fundo e abriu a carta, era de Dumbledore.
“Querida Antoine,
O que aconteceu? Por que não apareceu na casa dos Farret? Eles mandaram-me uma coruja apavorados! Estão cientes de que coisas estranhas acontecem no mundo dos trouxas e resolveram avisar-me! Onde você está?
Alvo Dumbledore.”
Antoine dobrou o pergaminho e colocou-o debaixo do guardanapo, esquecera-se completamente de que estava sendo esperada. Envergonhou-se e ficou pensando no que poderia fazer para remediar a situação.
– É uma carta do ministério? - perguntou Lúcio ao filho.
– Sim, Trevor Ivengreyt quer me ver esta manhã!
– Então trate de pedir desculpas, mesmo que não consiga o cargo, pois não quero perder uma amizade importante como a dele - rosnou Lúcio sem tirar os olhos do prato.
Da janela de seu quarto, Antoine viu Draco sair com a limusine do pai, estava indo falar com Trevor. Ela havia escrito uma carta para Dumbledore depois do café, pedindo desculpas e dizendo que iria até a casa dos Farret para se desculpar também. Comentou ainda ter encontrado Lúcio na estação e da surpresa que foi para Draco, encontrá-la. Escreveu sobre o pedido de noivado, estava insegura, mas queria saber a opinião do mentor. Antoine foi até a casa dos Farret utilizando o dinheiro que Draco havia lhe dado para ser usado em circunstâncias de emergência. Com a ajuda de Bliber, saiu sem ser vista da mansão. Tomou um táxi, que já a esperava fora de vista, e dez minutos depois chegou a um subúrbio, o bairro Georgtown. Ali, as casas eram grandes e coloridas, com jardins monótonos em tons marrons. Andou até a casa de número 584 e bateu na porta. Uma senhora de meia-idade abriu a porta.
– Bom-dia! É a senhorra Farrret?
– Sim. - respondeu a mulher curiosa.
– Eu... eu sou Antoine Dimanchè! - disse ela estendendo a mão, mas olhando para o chão. Parecia que a mulher tinha visto algo muito assustador.
– Por onde andou, estávamos preocupados!
– Perrdoem-me, encontrrei um amigo, não sabia que ele morrava em Londrres e fiquei na casa dele... esqueci de avisarr, sei que fui irrresponsável...
– Tudo bem, desde que você esteja bem, - disse a senhora dando palmadinhas no braço de Antoine - precisamos apenas avisar Dumbledore...
– Já enviei uma carrta a ele! - sorriu ela - Bem, então, vou indo...
– Mas você mal chegou! Não, não, entre um pouco!
A senhora Farret levou Antoine até a sala de estar onde estava o marido dela, sentaram-se e puseram-se a conversar. Antoine passou o dia ali e arrependeu-se de não ter ido para aquela casa no dia em que desceu do trem. Eram pessoas muito especiais, gentis, compreensivas. No final do dia, quando Antoine estava se preparando para ir embora, a senhora Farret lhe disse o que queria dizer desde que chegara...
– Dumbledore nos falou do quão especial você era, querida, não pensei que fosse tanto. Quando ele nos pediu que lhe arranjássemos um emprego ficamos com um pé atrás. - disse a mulher olhando para o marido - Sabe, nos dias de hoje é difícil confiar nas pessoas apenas ouvindo falar delas... pelo menos aqui no mundo dos trouxas!
– Entendo, mas não estou aqui porr causa de um emprrego...
– Mas acho que este lhe cabe como uma luva! - e a mulher fez uma pausa - Meu irmão é um empresário muito conhecido e influente no ramo de manipulação de ervas e há pouco tempo, teve um de seus herbologistas envenenado por sua própria poção. Dumbledore me pediu que lhe déssemos uma chance para mostrar tudo o que você sabe fazer!
– Bem, eu poderria serr modesta, mas na situação que estou... sim, eu sei muito sobrre poções, meu prrofessorr conseguiu uma condecorração de louvorr e uma carrta de recomendação do diretorr da escola e do Conselho Brruxo! Existem poucas coisas sobrre poções que eu não saiba!
– Bem, poderá provar isso, só darei um telefonema a meu irmão e lhe comunicarei em seguida!
Antoine agradeceu muito pela oportunidade. Saiu da casa e entrou no táxi ainda agradecendo. Era tarde da noite quando ela chegou à mansão Malfoy. Lúcio e Narcisa estavam sentados na sala quando a moça entrou. Ele voou até sobre ela como uma águia ao avistar uma presa.
– Isso lá são horas de chegar? - gritou Lúcio.
– Desculpe, fui até a casa dos Farrret me desculparr porr não tê-los avisado que ficarria aqui!
– Está como hóspede nesta casa, pelo menos tente seguir nossas regras! - falou de qualquer jeito, sem se preocupar se a magoaria. Antoine balançou a cabeça afirmando entendimento e foi para seu quarto, não queria discutir, afinal, se não estava contente, era ela quem teria que sair dali. Entrou, jogou o sobretudo bege sobre a cama, abriu o zíper do vestido e este deslizou pela silhueta torneada de seu corpo, mostrando a fina lingerie, que era sua marca registrada. Espreguiçou-se e foi até o banheiro, tomou uma rápida ducha e voltou ao quarto secando os cabelos. Metade da toalha pairava no ar tampando-lhe parte do corpo enquanto a com outra metade secava-lhe o rosto.
– Tinha me esquecido como você é bonita!
Antoine levou um susto, mas sorriu para Draco que estava sentado em sua cama. Ela se aproximou dele e deixou a toalha cair. Draco acariciou o corpo dela e puxou-a para cima de si.
– Eu a quero muito. - disse com os olhos brilhando - Mas primeiro preciso lhe pedir...
– Eu fui até a casa dos Farrret, prrecisava me desculparr.
– Não era isso que ia lhe pedir! Queria saber se ainda sente algo por mim... depois...
Antoine silenciou Draco tocando-lhe os lábios com os dedos, em seguida beijou-o e fez com que ele tirasse a roupa. Notou como ele estava diferente, o peito, os braços e as pernas mais fortes e o toque dele parecia mais calmo e experiente. Eles se reencontraram naquela noite. E naquela noite Antoine soube que se casariam.
Na manhã seguinte toda família estava à mesa. Ninguém falava nada, era um silêncio mórbido que foi quebrado por Bliber entrando eufórico na sala de jantar.
– Senhorita! A senhora Farret lhe enviou isso! - a elfa agitava incontrolável um pedaço de pergaminho - A senhora deve ir até o edifício Towerfield e falar com o senhor Oscar Beneth! Ele estará esperando pela senhorita às dez horas do próximo sábado!
O sorriso foi inevitável no rosto de Antoine, já estava achando graça do pequeno ser alvoroçado por algo que nem de perto era seu problema. Olhou para Draco, que parecia não acreditar e tocou a mão dele. Lúcio ficara muito curioso ao ouvir aquele recado.
– Drraco... acho que vou serr a responsável porr um laboratório de manipulação!
– Por um indústria, - riu-se Lúcio - querida, Beneth é dono da maior indústria de manipulação de ervas do mundo bruxo! E se estiver certa, seguirá um ótimo caminho trabalhando com ele. É um homem poderosíssimo! - Lúcio parecia orgulhoso em mencionar aquilo e tinha um evidente sorriso nos lábios.
– Bem, esta é uma notícia ótima, acho que a minha não vai ter muita importância... -brincou o rapaz - Consegui o cargo no ministério! - murmurou Draco colocando mais comida na boca e olhando para o prato. Lúcio sorriu tanto que seus dentes pareciam maiores do que o normal, levantou e dirigiu-se ao filho com a mão esticada. Draco, cheio de indiferença, olhou para o pai como se o homem a sua frente fosse invisível, e voltou a olhar para o prato. Lúcio ficou sem jeito, sem ar, não estava preparado para aquela reação do filho e saiu da sala batendo os pés. Narcisa foi atrás dele. Draco sentiu a mão de Antoine sobre a sua.
– Acho que não deverria terr feito isso com seu pai!
– Ele merece!
– Ele teve um imprressão errrada de Trrevorr!
– Impressão errada... - disse com escárnio - Foi meu pai quem me ensinou a ser assim! E é dessa forma que deve ser tratado quem não está certo.
Ela voltou a se sentar, terminou de comer foi até a janela para ver onde o pai de Draco havia ido. Ele estava parado na entrada da mansão, olhando para o horizonte e a mãe de Draco estava atrás dele, tocando no ombro do marido. Logo chegou a limusine, Lúcio entrou nela e foi sumindo em direção à cidade.
– Não está contente?
– Estou... muito...
– Então me deseje um bom-primeiro-dia-de-trabalho! - disse Draco. Antoine o beijou e fez o que ele pediu.
A semana que se passou foi conturbada na casa dos Malfoy. Pai e filho não se falavam. No sábado de manhã Antoine acordou eufórica, havia dormido no quarto de Draco nos últimos três dias e, naquele em particular, mal o deixara dormir, por sorte o ministério não trabalhava aos sábados. Eram oito horas da manhã e Antoine olhava pela janela, esperava impacientemente o tempo passar, gostaria de poder ir até Oscar Beneth naquele minuto e ouvir o que ele teria a dizer.
– Antoine, volte para cá. - murmurava Draco levantando a coberta - Vai pegar um resfriado aí, esse piso está congelando!
Ela olhou para Draco ternamente, voltou para debaixo das cobertas e o abraçou.
– Sei que está ansiosa, mas não se preocupe, tudo vai dar certo, irei com você até lá!
– Obrrigada! Meu prrimeirro emprrego...
– Não deveria estar tão nervosa, você sabe muito sobre poções, aliás, antes de me formar, Snape me segredou que nunca antes havia visto alguém com tanto talento para realizá-las! - Draco notou um estranho brilho nos olhos de Antoine. Ficaram abraçados por mais uma hora e então levantaram. Antoine abriu o guarda-roupa e tirou um vestido de tecido terra cota, parecia um terninho, tinha botões em toda frente, gola pólo, mangas longas, que ia até pouco acima dos joelhos. Ficava muito bem nela. Colocou uma meia calça escura e botas também terra cota, pegou o sobretudo bege e desceu para o café. Só faltava ela. Quando Draco a viu se levantou, ela estava linda. Lúcio também achou que a roupa era apropriada para a ocasião. Conhecia muito bem o amigo e ele não gostava de nada vulgar ou conservador demais.
O elevador parecia estar demorando de propósito, Antoine mexia nos cabelos tentando ajeitá-los, mas eles estavam muito bem penteados e não ficariam de outro jeito. Quando o elevador parou, Draco pegou as mãos dela, beijou-as e disse que tudo daria certo. Ela sorriu e os dois andaram até o balcão da secretária de Oscar.
– Olá, Grace. - disse Draco num tom alegre.
– Draco!? - respondeu ela sorridente e surpresa - O que faz aqui?
– Antoine tem uma hora marcada com o senhor Beneth.
Grace cumprimentou Antoine e olhou na agenda.
– Sim, às dez horas, faltam alguns minutos, pode se sentar, Antoine. Vou avisar que está aqui!
Antoine sentou-se no grande sofá e Draco sentou-se ao lado dela, estendendo o braço por trás dela, apoiando-o no encosto do sofá. Não demorou a Oscar atendê-la.
– Então você é a protegida de Dumbledore!
– Bem, eu não dirria isso...
– Minha irmã me contou que você sabe muito sobre poções. - afirmou Oscar andando por trás de Antoine - Poderia provar?
– A-aqui? Bem, não trrouxe nada...
– Não, aqui não! Siga-me.
Os dois entraram em uma porta entalhada com folhagens. Dali adiante não parecia estar mais naquele edifício, o lugar se transformara num galpão muito grande e escuro. O teto era alto e pequenas luzes brilhavam iluminando um pouco o que parecia ser uma fábrica.
– Este é um de meus laboratórios. É aqui que você trabalhará se puder provar que sabe tanto quanto a pessoa que dirigia este lugar!
Antoine observou o lugar, havia dez mesas de mais de dez metros de cumprimento, em cada uma delas dezenas de caldeirões borbulhando e fumegando.
– Bem, a prrimeirra coisa que farria era trrocarr todo esse uniforrme brranco, cerrtamente as poções não estão saindo lá grrandes coisas já que a corr brranca é muito refletiva. Podendo estrragarr as poções!
Oscar sorriu e bateu palmas. O uniforme de todos se tornou preto. Antoine olhou com a cara fechada para ele, como se dissesse: “Está tentando me insultar?” Em seguida, ela andou até o caldeirão mais próximo, olhou os acessórios, e também o jeito como os ingredientes estavam dispostos e como eram colocados.
– Apesarr de serrem manuseados com luvas, os ingrredientes ainda podem serr contaminados. Os potes ficam aberrtos todo tempo? Há um pequeno feitiço de Fecha-Abrre que serria muito útil aqui, além disso, acho que acessórrios como caldeirrões, conchas e colherres deverriam serr exprressamente de brronze e banhados numa solução de limpeza a cada início de poção.
Oscar sorriu mais ainda e bateu mais uma vez palmas, tudo se modificou tornando-se como Antoine dissera. Então, aproximou-se e quando fez menção de lhe dar os parabéns, ela continuou a falar. Deu instruções de como deveriam ser organizados os caldeirões, as ervas, o pessoal e qual a melhor maneira do lugar ser limpo sem que se tivesse nada contaminado, notou gente conversando paralelamente e não prestando a devida atenção a poções. Achou ainda que todas as pessoas, sem exceção deveriam expressamente seguir todo um ritual antes da realização de cada poção. E não parou por aí. Ela tinha muitas idéias inovadoras. Oscar estava parado, ouvindo aquela garota que mal completara dezoito anos e já sabia técnicas avançadas sobre o preparo de poções. Ele não sentia um pingo de modéstia emanando dela. Devia admitir que, quando ela entrara em seu escritório, havia pensado o pior: era uma garotinha mimada e esnobe que apenas serviria para trabalhar atrás do caldeirão e não chefiando todo o laboratório. Mas agora era óbvio: se Dumbledore a havia recomendado, certamente era a pessoa certa! Voltaram ao escritório. Ele sentou-se recostando ao máximo as costas na enorme cadeira e colocando as mãos atrás da cabeça, virou-se para Antoine.
– Você pode começar na segunda?
Ela soltou um largo sorriso e chacoalhou tanto a mão de Oscar agradecendo que o braço dele doeu. Aquele sorriso o cativou e o caráter dela também.
– Vou lhe mostrar a entrada principal - disse Oscar abrindo a porta do escritório e deixando Antoine, sorrindente, passar primeiro. Mas o sorriso que ela tinha nos lábios não durou muito, ao olhar para o balcão viu Draco e Grace conversando de muito perto, ele estava debruçado sobre o balcão e tinha a mão sobre a de Grace. Ao ver Antoine, Draco endireito-se e sorriu.
– Voltarei em um instante, Grace, vou mostrar a Antoine seu local de trabalho.
Draco sorriu mais ainda e deu um soco no ar, festejando por ela ter conseguido o emprego. Oscar levou Antoine até o fundo do salão, passando pelas pessoas que corriam freneticamente de um lado a outro. Ali havia um portal muito mais adornado e uma porta escura e pesada que somente abriria com a ordem de pessoas autorizadas. Oscar explicou que naquele edifício havia tanto bruxos, quanto trouxas e então era preciso um pouco de cautela ao lidar com magia, uma senha, “Amora Sorrateira”, a deixaria entrar, no entanto, para disfarçar, Oscar passou um cartão por um pequeno orifício ao lado da porta e esta se abriu para um hall onde haviam mais dez portas fechadas. Em cada uma delas havia um nome e um endereço. A porta que Antoine usaria tinha a inscrição: “Quimichal Minuan, Alameda Backer, 511 ”.
– Seja bem vinda ao time, Antoine! Espero que goste daqui! - disse Oscar sorrindo.
– Com toda cerrteza gostarrei!
Voltaram à sala de Oscar. Antoine se despediu e tomou o elevador, Draco a acompanhou.
– Parabéns!
– Obrrigada! - respondeu ela secamente, cruzando os braços sobre o peito.
– Está zangada? - perguntou Draco olhando para Antoine, que mantinha o olhar na porta do elevador - Você conseguiu o emprego, não está feliz?!
– Consegui. Mas não gostei nada de verr você aos cochichos com a secrretárria!
– É isso? Está zangada por causa da Grace?
– Humfr...
– Antoine, - disse Draco sorrindo - eu já tive... eu e ela... e eu...
– Você? Com uma mulherr como ela? Não é uma sangue-rruim?
– Na verdade não... mas não tenho mais nada com ela!
– Então porr que a deixou que te tocasse?
– Não acredito! - espantou-se Draco sorrindo - Está com ciúmes?
– Estou, e o que tem isso?
– Então você gosta mesmo de mim!
– Orras, Drraco, é clarro que gosto de você!
– Mas se está com ciúmes é porque... porque...
Antoine virou-se para Draco, os dois se olhavam sem perceber que a porta do elevador se abrira há muito tempo e muita gente os observava.
– Acha que me casarria com você se não o amasse?
Draco a abraçou e a beijou. Um alto salvar de palmas foi ouvido. Antoine parou de beijá-lo, pôs a mão em frente à boca e ficou muito vermelha ao olhar para toda aquela gente. Draco saiu na frente sorrindo, puxando-a pela mão, ela caminhou olhando para o chão e rindo. Ouviram palmas até saírem pela porta do edifício!
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