Um papinho por ai



-Mel, tem certeza do que você vai fazer?

-Absoluta.

-Porque, sabe, pode se arrepender depois, pense com calma, você não avaliou o Dan por nem uma semana!

-Você é amigo dele ou não?

-Sou, mas ela parece meio fora de controle.

Ed, Clara e Mel estavam, novamente, andando até a ala hospitalar. Melaney ia à frente, completamente alheia ao seu redor. Resultado, já tinha atropelados uns cinco estudantes da sala de aula para cá. Clarisse e Ed vinham mais atrás, comentando a falta de controle da monitora. Não iam fazer nada, obvio, para impedi-la, mas com certeza achavam, no mínimo, desagradável ter que se despedir com todos que ela atropelava.

-Não dá pra dizer que eu nunca a vi assim... - Disse Clara, hesitante.

-E quando foi que ela ficou assim?

-No ano passado, quando aquele tal Pirraça sumiu com o gato dela.

-Ela tem um gato?

-Tem, o Barão de Yorkshire.

-Barão de Yorkshire!?

-É por que o tal do gato veio da fazenda dos avós dela, em Yorkshire, mas a gente o chama mais de Barão.

-O que aconteceu quando o Pirraça sumiu com o gato dela?

-...Ela e os elfos domésticos da cozinha o mergulharam em pudim de ectoplasma.

-Quê??? E dá pra fazer isso???

Clara deu ombros. A verdade é que, no fim das contas, Pirraça ficou parecendo que tinha levado um banho de Ectoplasma por duas semanas, mas Melaney não tinha dado detalhes de sua vingança a ninguém. Estava muito ocupada mimando seu querido gato. Pessoa difícil, essa Mel, seria o que Dan diria.

-Tenho que me lembrar de não provoca-la... - Disse Ed, pensativo enquanto observava a longa cabeleira negra que balançava um pouco à frente. De súbito, a menina parou. Clara não estava prestando muita atenção na amiga, então acabou topando com ela, mas Mel não pareceu se importar.

-Bem, vocês ficam aqui.

Estavam bem em frente à porta da Ala Hospitalar. Há essa hora, bem mais movimentada, considerando que o ano letivo tinha começado e havia muitas aulas...Perigosas a serem assistidas. O barulho dentro era evidente, apesar dos constantes avisos de Madame Pomfrey para fazerem silencio.

-Tem certeza, Mel? Quero dizer, você pode se machucar...

-Você acha mesmo? Eu acho bem seguro!

-Clara tem razão, você pode acabar se dando mal.

-Deus, não tem por que se preocupar, até parece que isso é uma escola de monstros!

-Mas...

-Sem mais, entrem ai e garantam que o Dan esteja de volta à sala de aula, agora!

Assim, Mel saiu, descendo as escadas rapidamente e deixando os dois em frente à porta. Ed chegou a estender a mão para a maçaneta, depois de um suspiro, mas...

-Epa! Puxa vida, vieram me buscar?

Lá estava o Danniel. Tudo bem, tinha uma grossa pasta cor de cimento sobre o olho anteriormente inchado, mas pelo menos o rosto dele não parecia mais um exemplar da aula de Herbologia. Ed ainda olhava pasmo, pego de surpresa quando o amigo abriu a porta, mas Clara estava sorrindo satisfeita com os resultados do esforço de madame Pomfrey.

-Viemos te escoltar para a sala comunal. - Respondeu a ruiva, animada. - Cumprindo ordens, na verdade.

-Imagino de quem seja, mas não preciso, eu estou ótimo agora. - Começaram a andar, subindo para a torre da Griffinoria.

-E então, quem foi desta vez? - Perguntou Ed. - Prindswood de novo?

-Não, Joshmiller, o grandalhão sem cérebro do sexto ano. - Ele respondeu, dando ombros. - É um completo retardado, aposto que nem sabia o que estava fazendo.

-Mas podia ter sido sério, sabe. - Comentou Clara, entrando na conversa. - Principalmente por ele não ter certeza do que estava fazendo.

-Só que eu estou bem, não estou?

-Cauda de Unicórnio.

Entraram na sala comunal. Cheia de alunos do quinto ano, devido ao horário, mas sem sinal de Mel. Clara e Ed suspiraram, enquanto Dan ria.

-Então, onde está o general?

-Sinceramente, não fazemos a menor idéia. - Clarisse suspirou novamente, sentando-se em uma das poltronas. - Ela disse que ia bater um papinho com alguém...

-Logo depois que eu expliquei a sua situação com os sonserinos. - Completou Ed, com as mãos nos bolsos.

-...Ela disse com quem ia falar? - Perguntou Dan depois de refletir alguns minutos.

-Não, na pior das hipóteses, com os seus colegas de casa.

-Isso não vai ser bom...

Clara expressou o que vinha na cabeça de todos. Os meninos apenas ficaram em silencio, olhando em volta sem dizer uma palavra. Ed brincava inconscientemente com a pontinha do chalé que cobria a poltrona. Dan assoviava baixinho o hino de Hogwarts. Silencio, até que.

-Ei, qual de vocês é o Danniel Spedler?

Um menino do primeiro ano acabara de abrir o buraco do retrato de súbito. Os poucos alunos na sala comunal naquele horário olharam direto para o sonserino, incluindo Clara e Ed.

-Eu aqui. – Respondeu o moreno, acenando de leve com a mão.

-Estão chamando você no gabinete do Diretor.

Qualquer um a no máximo sete metros de distancia teria percebido que a temperatura caiu no ato. Em outras palavras, o Dan gelou, virou sorvete, imitou picolé, se trancou no freezer, incorporou um pingüim, se meteu numa geleira, viajou pra “Era do Gelo”, mergulhou pelado na Noruega, e outras expressões congelantes.

Demorou um pouquinho até ele ser capaz de levantar e se dirigir ao buraco do retrato, seguido por Clarisse e Ed, que nem pediram pra ir, mas ninguém apareceu pra impedir, então, fazer o que?

Passaram pelo quadro, desceram escadas, seguiram corredores até chegar ao corredor do segundo andar, em frente a uma das gárgulas mais feias do castelo, que escondia a entrada do gabinete do diretor. Ali esperando por eles, estava Melaney.

-Vocês demoraram sabia?

-Foi mal, alteza, não sabíamos que estava nos esperando. – Disse Dan, ainda meio zonzo, mas sorrindo marotamente.

-Aff... – Mel apenas revirou os olhos, dando as costas para os amigos para encarar a gárgula. – Delicias Gasosas.

A estatua instantaneamente ganhou vida e pulou para o lado, fazendo Clara exclamar novamente de susto, e revelando uma escada que subia em espiral, sozinha, como uma cobra.

-Vocês têm a senha da sala do diretor? – Perguntou a ruiva, examinando a escada com apreensão.

-No caso de emergências, a gente tem que saber pra onde correr. - Respondeu Ed rindo, enquanto colocava as mãos nos ombros da menina, na tentativa de faze-la parar de se encolher.

-Isso, salvem os monitores certinhos e condenem os pobres estudantes inocentes. - Ironizou Dan, puxando Melaney pelo pulso e fazendo-a subir no primeiro degrau da escada, sendo levados pelo movimento até em cima e deixando os outros dois para trás. - Vamos logo com isso.

Mel ainda deu uma ultima olhada para baixo, onde Ed segurava a mão de Clara para ajuda-la a subir na escada atrás deles, mas estavam muito na frente para que Melaney pudesse ver muito alem de um relance.

-E então, vamos, Alteza?

-Mas eles vão ficar do lado de fora? - Perguntou Mel, com as duas mãos já nas maçanetas de bronze do gabinete, olhando para trás, esperando os amigos surgirem no fim da escada. Mas a escada era longa...

-Por que não? Vai ser interessante. - Respondeu o moreno, visivelmente nervoso, espiando a porta com o canto do olho. Ao perceber isso, Melaney sorriu satisfeita e abriu a porta de uma vez, inundando a ante-sala com uma claridade dourada, vinda do escritório.

Todos dentro dele calaram ao ver o "casal" à porta. Todos os cinco.

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