Acerto de contas



-Qual o problema dele? – Perguntou Melaney, sentando-se na poltrona ocupada alguns segundos antes por Danniel.

-Como eu vou saber? Vocês que ficaram ai de bilhetinhos, não eu. – Respondeu Ed, com um sorriso malicioso.

-Tá, mas sabe pelo menos o que ele quer dizer com isso? – Ela estendeu o ultimo bilhete para o colega. Ele o pegou e leu cuidadosamente, franzindo a testa a cada palavra, até finalmente se voltar para ela.

-Mel?

-Não essa parte! A outra!!! – Disse ela, ficando ligeiramente rubra.

-Ao que parece, ou ele te convidou para dar uma volta ou você o enxotou, uma delas. – Edward respondeu, devolvendo o bilhete. – Mas aqui diz que ele volta, então no mínimo foi pegar um pijama ou passear pelo castelo.

-Há essa hora??? Não é permitido!

-Como se isso fizesse diferença.

Ela ficou encarando o fogo por um instante, até abaixar o pergaminho dele com um olhar preocupado.

-Ah...Edward...Acha que eu peguei muito pesado esses dias?

-Hum? – Ele a estudou por alguns segundos, até responder, desviando os olhos para as janelas fechadas. – Não esses dias...Mas no café da manha semana passada... Dava pra ver as faíscas saltando dos olhos de vocês.

-E...Acha que ele volta mesmo?

Ed sorriu, olhando de volta para ela e lembrando do detalhe da janela no bilhete.

-Calma, você ai, ele sempre volta. Mas eu não aconselho a você esperar, que ele só deve voltar depois da meia noite.

-Eu não ia esperar, mas seria pedir demais para você verificar se ele voltou mesmo amanha? No mínimo vai se encrencar com o Filch por estar nos corredores há essa hora. – Melaney já estava subindo as escadas para o dormitório das meninas, nem ouviu Ed responder.

-Eu não contaria com isso.



Danniel caminhava despreocupadamente pelo corredor do terceiro andar. Assoviava, com as mãos nos bolsos, como se estivesse passeando no parque. Claro que não era bem assim, mas pelo menos era mais calmo que um parque.

Direita, esquerda, em frente, esquerda de novo; Dan só movia os olhos para os quadros ocasionalmente, para mudar bruscamente de direção em seguida. As vezes, entrava numa tapeçaria ou atravessava alguma parede falsa, mas foi bem tranqüilo, até ouvir aqueles passos.



Café da manha, cena pacata. Alunos sentados, comendo suas torradas e conversando antes do inicio das aulas. Lá estava o Ed, lendo o Profeta Diário por cima da sua tigela de cereal. E perto dele, o Peter estava terminando de comer seu peixe defumado, enquanto conversava com seus colegas. Mais para a ponta, Melaney conversava animadamente com uma amiga de cabelos ruivos, enquanto ambas comiam uma pilha de torradas com geleia de amora. E o Danniel... Perai, cadê o Danniel???

Vamos ver, mesa da Sonserina... Meninas futeis, grupinhos de gente mal encarada, trasgos devorando comida sem um pingo de educação, grupinhos de gente com expressão afetada, garotas que parecem garotos... Positivo, nada de Danniel. Eu repito, NADA DE DANNIEL!!!

Tudo bem, vamos ver...Ed levanta da mesa, dobrando o jornal e se dirigindo para a ponta da mesa, onde Melaney tentava, em vão, comer sua torrada sem que esta esmigalhasse.

-Ah...Melaney?

-Hum? - A menina ergueu os olhos da torrada, aparentemente de bom humor. - Ah, bom dia Ed!

-Err...Bom dia...Escuta...

-Minha nossa, que grosseria, deixe-me ver...Ah... Clara, esse é o Edward, sabe, meu parceiro de monitoria. - Disse Mel, se virando para a amiga. - Ed, essa é a Clarisse.

-Prazer. - A menina ruiva cumprimentou, sorrindo. Seus cabelos eram curtos, e poderiam ser channel, se não fossem não espalhados nas pontas. Ela tinha olhos azuis piscina e a pele mais clara que a de Mel, com algumas sardas. Parecia uma adoravel bonequinha escocessa.

-...Oi... Melaney... Sabe, é que...

-Sim?

-Sabe o Dan?

-Sei.

-E aquela historia dele voltar?

-Sei.

-Pois é, é que ele...

-Ele voltou?

-Voltou.

-Então, qual é o problema?

-Acontece que aconteceram algumas coisas...

-Ah... Do que é que vocês estão falando?

Ambos se viraram para encarar Clarisse. Pobrezinha, estava olhando de Melaney para Edward e de volta para Mel dês de o inicio do dialogo, sem entender uma palavra.

-Perai Clara, deixa ele falar que eu te explico. Ele voltou para a sala comunal?

-Voltou.

-E ficou lá? Quero dizer, dormiu lá e todo o resto?

-Dormiu. Numa das poltronas, como sempre.

-Eu não o vi de manha.

-Por que ele foi para a ala hospitalar assim que o sol raiou.

-Ala hospitalar???

-É.

-Pra que?

-É exatamente o que eu estou tentando dizer, eu não sei!!!

-Como assim, você não sabe???

-Ele deixou um bilhete na minha mochila, eu não o vi dês de que ele saiu da sala comunal ontem!

-Mas então, como você sabe que ele voltou mesmo???

-Alem do bilhete?

-Se for assim, onde ele está agora???

-Ainda lá, eu acho.

-E o que vai acontecer agora?

-Não sei, depende se ele aparecer na aula...

Mel levantou num salto, fazendo Ed e Clarisse tambem darem um salto, só de susto, e pegou o prato, com ainda meia pilha de torradas (quero dizer, umas três ou quatro).

-Vamos, vocês dois, venham comigo! - Disse ela, puxando Ed pelo pulso e fazendo um gesto com a cabeça para Clara.

-Ir pra onde? - Perguntou a menina, ainda chocada com o desenrolar dos fatos.

-Pra ala hospitalar, oras! Mas nem por cima do meu cadaver que aquele sonserino vai matar aula logo na segunda semana de aula!

-"Matar" aula é um termo forte...

-Já pensou que ele pode mesmo ter sofrido um acidente?

Ed e Mel olharam para ela com uma cara de "até parece" enquanto subiam as escadas de marmore até a ala hospitalar, que a fez erguer a sobrancelha, respondendo aos olhares com um: - Sua confiança nele me comove.

-Você não conhece o Dan, claro que ia confiar nele. - Disse Ed, puxando Clara pelo pulso para evitar que ela enterrase o pé no degrau falso que sempre sumia.

-Isso ai, eu não confiaria nem uma pena velha a ele. - Completou Melaney, ainda segurando o pulso do colega com firmeza. Era realmente engraçado vê-los subindo a escada segurando o pulso um do outro, mas não estavam realmente prestando atenção a essa altura.

-Ah...Tá, eu acho que não é pra tanto, Melaney, mas ele com certeza não sabe lidar com responsabilidade.

-Fala sério, Ed! Pessoas como o Danny são do tipo que esqueceriam de fazer as malas se ninguem mandasse uma lista do que colocar nela!

Ed ainda chegou a abrir a boca para responder, mas ao invés disso, eles ouviram Clara perguntar, num tom malicioso.

-"Danny"?

-Cale a boca que eu explico depois!

Pronto, lá estavam, na porta da ala hospitalar. Teriam se aproximado da porta para ouvir se tinha alguem lá dentro, mas nem precisaram. Com certeza o andar inteiro escutou.

-POR MERLIN, FIQUE QUIETO!

Antes que as meninas pudessem fazer qualquer coisa, Ed já tinha aberto a porta. Lá estava o Danniel, sentado numa cadeira alta; e na sua frenta, segurando o que parecia um unguento vermelho-tijolo, estava Madame Pomfrey, aparentemente, a autora do berro.

-Ah...Tá tudo bem por aqui...? - Perguntou Ed, ainda derrapando nos sapatos.

-Estaria, se esse jovenzinho parasse de se mecher para eu cuidar desse olho!

Mais que automaticamente, Clara, Mel e Ed se viraram para estudar melhor o colega. Clara soltou uma exclamação de horror, agarrando o braço de Melaney, que arregalara os olhos e cobrira boca com a mão. Ed parecia que tinha batido de cara numa parede.

O olho esquerdo de Dan não era mais sequer visivel. Algum tipo de furunculo ou inflamação verde musgo se desenvolvera ali, atingindo o tamanho de uma grapeffruit e, consequentemente, cobrindo não só seu olho mas tambem um quarto do rosto. O unico motivo dos colegas não terem percebido antes, ao que parece, era o fato de ele estar de perfil.

-M-mas que di...Que aconteceu? - Perguntou Melaney, aparentemente, a mais sóbria depois do choque.

-Não faço ideia, estamos tentando todo tipo de remédio a horas! - Disse Madame Pomfrey, fazendo uma tentativa sem sucesso de passar o unguento. Dan virou o rosto na hora. - Mas ele tambem não está ajudando muito.

-Esse treco arde como se queimasse! - Replicou Dan, indignado.

-De qualquer forma, não estava tão grande, até nós tentarmos a poção redutora.

-Certo, mas...Como ele conseguiu essa coisa? - Perguntou Clara, ainda um pouco encolhida atrás de Melaney.

-Não sei. - O sonserino deu ombros, desviando novamente do unguento. - Quando acordei, já estava ai...

Dan não era sonso, percebeu na hora que os olhos de Melaney faiscaram, e Ed cerrou os seus, fazendo-os ficarem mais angulosos. Então, o espertinho fez questão de mudar de assunto.

-Afinal, o que todos vocês estão fazendo aqui? Quem é essa garota? Essas torradas são pra mim, Mel querida? Estou com meu estomago engolindo a Pleura!

-Viemos te arrastar para a sala de aula, ao que parece. - Disse Clara, afrouxando o braço de Mel.

-Essa é uma amiga da Melaney, a Clarisse. - Completou Ed, segurando a menina pelos ombros e afastando-a vagarosamente de Melaney, que tinha ficado com a expressão bastante dura depois do "querida" dito por Dan.

-Pode comer. - Respondeu Mel, com uma careta a contra gosto, depois de pensar por alguns segundos, e colocou o prato na mesinha alta onde varios frascos coloridos de varios tipos de remedios repousavam, ao lado de Dan. - Alguma ideia de quando ele vai poder sair daqui?

-Não antes de eu conseguir remover isso. - Disse Madame Pomfrey, sacudindo a cabeça enquanto pegava outro remédio na mesinha. Dan mordeu uma torrada com gosto, mas cobrindo seu colo de farelo.

-Vocês ouviram, só quando esse negócio sair. - Afirmou Dan, cortando Melaney na hora em que esta abria a boca para replicar. - Aliás, vocês não tem que ir para a aula? São quase sete e meia.

Clara olhou no relógio, Ed balaçou a cabeça, como se finalmente tivesse se recuperado totalmente do choque, e Melaney bufou, pegando Clara pela mão e a arrastando para fora.



-O que foi tudo aqui? - Perguntou Clarisse, no momento em que eles entraram na sala de Historia da Magia e se sentaram, um ao lado do outro, com Mel no meio, Clara a direita e Ed a esquerda.

Os dois deram uma explicação resumida dos fatos, enquanto esperavam o professor fazer sua entrada dramatica pelo quadro negro. Clara pareceu não entender qual o problema de Dan frequentar a sala comunal. Na verdade, ela achava que ele era um griffinorio, tantas as vezes que já tinha visto ele por lá.

-Mas eu quero saber mesmo é como ele conseguiu aquele negócio no olho. - Resmungou Mel, tirando um pergaminho já com algumas anotações de dentro da mochila.

-Isso é obvio. - Disse Ed, distraidamente.

-...Ah, desculpe, mas não é não. - Sussurou Clara, após verificar a expressão incrédula de Melaney a tal afirmação ( a de Ed, não dela).

-Talvez para vocês, mas se pensar um pouco, é realmente obvio. - Continuou o loiro, desenrolando um pergaminho e verificando as anotações antigas, quando percebeu o olhar das meninas sobre ele. Suspirou, abaixando o papel. - Imaginem a situação. Um sonserino que não dorme na sala comunal, anda apenas com pessoas das outras casas, senta-se nas outras mesas para comer e deixa bem clara a sua opinião a respeito dos seus "colegas". E ainda por cima, esse mesmo sonserino tem o habito de fazer longos passeios noturnos pelo castelo, sozinho, vulneravel e sem evitar nenhuma área do castelo em particular.

-Parece...Descuidado. - Disse Clara, vagamente, entendendo onde o outro queria chegar.

-Exatamente. E imaginem que os sonserinos sabem desses passeios, e tem a ajuda do próprio fantasma da casa, o Barão Sangrento, para chegarem ao traidor furtivamente.

-Fala sério, é suicidio! - Exclamou Clara, dessa vez não tão baixo. Felizmente, ao que parece, o professor estava contando sobre a tentativa de invasão de Hank, o Incauto, ao banco de ouro dos Duendes, antes da abertura. Alguma coisa a ver com ter um pesadelo em que estava falido. Sendo assim, o professor acreditou que a observação fosse em relação a aula e não chamou atenção da menina, apesar de ter dito para que ela contesse seu entusiasmo.

-Então ele se suicida dês de o primeiro ano. Não é novidade, volta e meia ele aparece com um tentaculo saindo do cotovelo ou no minimo um olho roxo.

-Não é uma perspectiva muito atraente.

-Ele nunca pareceu se incomodar.

Se que percebessem, Clara e E tinham esquecido completamente de Melaney. Ela estava lá, fazendo anotações e verificando dados no livro-texto, aparentemente alheia a convera, mas ouvindo cada palavra enquanto escrevia.

-Se ele volta nessas condições de uma emboscada dessas... - Disse ela, devagar. - Imagino como os sonserinos não ficam.

-Completa e totalmente intactos. O demente nem se dá ao trabalho de se defender. Quero dizer, uma azaração ou duas, mas nada muito maior que isso. - Exclareceu Ed, parecendo realmente perturbado com esse comportamento. - Alguma coisa sobre não se rebaixar, ele disse uma vez.

Mel bateu com a mão que antes segurava a pena na mesa. Tinha um olhar decidido e obstinado, exatamente como o de Danniel antes de aprontar alguma. Edward percebeu isso, ligeiramente apreensivo, e deixou Clarisse falar primeiro. os dois tinham silenciado ao gesto da monitora.

-Ah...Mel?

-Vocês vão ve-lo de novo no intervalo.

-Não sei, eu acho que vou na biblioteca... - Começou a menina, mas Mel olhou para ela com uma expressão imperiosa.

-Eu não estava sugerindo, mas podem encarar como um pedido. Vão visita-lo, se ele não estiver mais na enfermaria, levem-no para o salão comunal.

-E você...?

-Vou bater um papinho por ai...

Ed e Clara trocaram olhares exasperados. A menina conhecia Melaney bem o suficiente para saber que ai vinha coisa, e Ed reconhecia que a parceira era parecida com Danniel o suficiente para arrumar uma boa confusão com isso tudo.

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Oi pessoal!!! Feliz Natal, prospero ano novo, e até lá!!!

Vocês devem ter notado que este capitulo está um pouco maior que o normal. Acontece que eu vou viajar amanha a tarde, e não poderei postar novos capitulos dessa historia até o ano que vem, então trabalhei realmente duro para terminar esse capitulo especial a tempo;

Alem do mais, eu queria que vocês conhecessem a Clara antes do ano que vem. Ela não é adoravel? Eu a criei assim, do nada, baseado em um pouquinho da personalidade de cada uma das minhas amigas. Eu sei que ela não está na capa nem na descrição, mas ainda vai aparecer muito por aqui!!!

E falando sério, já deu pra sacar qual é a da Mel com o Dan né? Uma das minhas amigas ficou tipo "Quando que eles se beijam???" Assim que leu o terceiro cap!!!

Bem, acho que é só. Até o ano que vem, nos vemos no proximo capitulo, e não se esqueçam de votar no melhor apelido para o Dan!!!

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