Dando o primeiro passo
Logo de manhã, vozes diferentes foram ouvidas por toda a casa. Harry foi soterrado por abraços antes mesmo de conseguir pisar direito na cozinha. Molly Weasley, com os cabelos esbranquiçados e com o mesmo semblante de mãe protetora que Harry lembrava, foi a primeira:
_ Ah, Harry! Há quanto tempo! Só víamos você pelos jornais!
_ Er... olá, sra. Weasley!
Ela lhe deu dois beijos bem estralados em cada uma das suas bochechas e ainda o sufocava em um abraço quando o senhor Weasley apertou a sua mão:
_ Puxa, Harry! Mesmo quando eu ainda trabalhava no ministério, encontrar você era difícil.
_ Hermione nos contou agora que você estava aqui, Harry. _ disse a sra. Weasley _ Ah, mas você está tão pálido. Tem se alimentado direito, querido?
Harry sorriu agradecido. Uma das coisas que ele mais sentia falta das suas visitas n’A Toca, era a preocupação maternal que a sra. Weasley dividia com ele.
O dia transcorreu agitado durante todo o resto da manhã. Hermione tentava fazer as coisas e sempre era impedida pela sogra, que alegava que ela não deveria ficar se esforçando por causa do seu estado. Logo antes do meio dia Fred e Jorge chegaram, com presentes tanto para o aniversariante quanto para o sobrinho.
_ Não se preocupe, Hermione. – disse Fred assim que notou o ar de contrariedade enquanto via o filho remexer nas novidades das Gemealidades Weasleys que eles trouxeram. _ Nada do que trouxemos pode fazer a casa pegar fogo.
_ O máximo que ela vai conseguir, _ continuou Jorge _ é criar tentáculos no próprio nariz.
_ Coisa que não vai ser problema para uma curandeira do seu calibre! _ apressou-se em acrescentar Fred com um sorriso que não aliviava nem de perto a preocupação de Hermione.
O almoço não poderia ter sido melhor. Há muito tempo Harry não participava de uma reunião de família assim, desde quando era adolescente e se reunia com os amigos n’A Toca. Ele ficou sabendo, em animada conversa com a Senhora Weasley, como estava o resto da família. Somente Rony, Fred e Jorge permaneciam no país. Os outros irmãos estavam trabalhando fora. A novidade era que Gina estava na França como representante do Ministério para assuntos exteriores. Harry tentou disfarçar o seu interesse em saber mais sobre ela, afinal, já fazia muito tempo. Embora ele sentisse um aperto toda vez que lembrava dela, admirou-se de como ela chegou longe em tão pouco tempo. Porém, pensou ele, com o carisma que ela tinha estava claro que ela poderia alcançar muito mais em sua carreira.
Assim, ao final do almoço, ele anunciou que não poderia ficar o resto da tarde porque tinha um compromisso. Recebeu vários protestos que foram amenizados por Rony e Hermione. Eles sabiam qual era o compromisso, mas procuraram discretamente não revelar-lo para o resto do pessoal. Mas Matthew não conhecia os códigos de éticas de uma missão e anunciou em alto e bom som para os avós e os tios:
_ O tio Harry tem um encontro com a professora Rostagni, a minha professora.
_ Matthew! _ repreendeu Hermione.
_ Deixa ele, Mione. _ disse Harry encolhendo os ombros.
_ Um encontro, Harry? _ perguntou Jorge com um sorriso afetado _ Não perde tempo, heim?
_ É um caso que eu... _ Harry começou a explicar, mas os gêmeos não davam a menor atenção ao que ele dizia e comentavam como Harry deveria estar aproveitando as suas férias.
Sem poder se defender das insinuações cada vez mais pretensiosas, Harry despediu-se e passou no seu quarto para pegar a pasta do Caso Anne Rostagni antes de sair.
Havia combinado com Julie que naquela tarde iniciariam as suas investigações. Precisava que ela contasse exatamente como tudo aconteceu e que desse o maior número possível de informações sobre Anne. Assim, quando ela tocou a campainha na casa antiga no final do vilarejo, ela atendeu de pronto.
_ Desculpe o atraso, _ ele apressou-s em dizer _ mas eu estive...
_ Ocupado. _ ela terminou indicando para que ele entrasse _ Eu sei. As reuniões da Família Weasley já são bem conhecidas aqui do vilarejo. Ainda mais quando os irmãos dos sr Weasley se empolgam com os seus fogos de artifícios.
Harry riu, lembrando inesperadamente de um dia espetacular de fogos em seu quinto ano em Hogwarts, e disse entrando:
_ Eles deve ter melhorado muito desde a última vez em que eu assisti aos espetáculos das Gemealidades... Bom, aqui está o relatório. Preciso da sua versão.
Eles se sentaram na sala onde Sarah montava um quebra cabeça com peças que tentavam fugir quando a menina se distraia.
_ Foi em uma terça a noite. Eu tive que correr até o hospital porque a Sarah tinha sido mordida por um gnomo particularmente rabugento que insiste em fazer buracos em nosso quintal dos fundos. Anne ficou preparando o jantar, era ela quem fazia comida aqui. Eu, anhm, nunca me dei muito bem com isso. _ ela deu um meio sorriso _ E quando eu voltei, nem uma hora depois, ela tinha sumindo. Não levaram nada, não deixaram nada, não soubemos de mais nada depois. Eu convoquei os aurors, mas como você sabe, eles não foram de grande ajuda. Minha irmã continua desaparecida.
“Seus professores em Hogwarts me mandaram várias cartas pedindo o que havia acontecido com ela e porque ela não voltou para as aulas. A direção da escola falava principalmente em nome do professor de astronomia. Ela desenvolvia uma pesquisa nessa matéria que lhe garantia os seus NIEMs sem problemas.”
_ E ela não tinha amigas em Hogwarts? Alguém que pudesse dar alguma informação?
_ Claro que tinha. Mas a investigação não passou desse ponto. Corujas não me obedecem, apenas olham para mim como se estivessem rindo da minha incapacidade de lhes ordenar alguma coisa. E não podia deixara a Sarah e ir para a escola entrevistar as colegas da Anne, não do jeito que ela estava.
_ Bom, então acho que o primeiro passo seria irmos até a escola e descobrir com que ela mantinha contato.
Julie o encarou por um tempo e perguntou:
_ Irmos?
_ Não vou conseguir nada em Hogwarts sem uma autorização do departamento dos Aurors. Preciso que a responsável pela desaparecida vá comigo.
_ Mas eu não posso ir para Hogwarts! _ exclamou ela como se fosse a coisa mais absurda do mundo _ Primeiro: a Sarah. Segundo: não tenho magia para entrar em um lugar desses!
_ Podemos deixar a Sarah com a Hermione por um dia. Ela vai gostar de alguém que possa cuidar do Matthew amanhã, quando toda a bagunça da festa tiver terminado. E, ser um aborto, não é impedimento nenhum para alguém entrar em Hogwarts. Sei disso, quando eu estudava lá havia um zelador assim.
Julie pestanejou, procurando alguma falha no que Harry acabara de dizer e foi forçada a concordar:
_ Certo. Eu... Domingo? Amanhã?
_ Claro, pelo que eu sei você trabalha durante a semana e não tem um dia melhor para irmos.
Ela olhou para a irmã que se jogara no chão para pegar uma peça antes que ela se escondesse em baixo do sofá.
_ Está bem. Vamos amanhã... Mas, vamos de trem?
_ Eu estava pensando em... por acaso tem medo de altura?
Julie franziu a testa como se não tivesse entendido a pergunta.
No outro dia, bem cedo, Julie bateu na porta da casa do Weasley, segurando firmemente Sarah pela mão. Quem atendeu a porta foi Matthew, ainda de pijama, que, quando viu quem era, voltou correndo para o seu quarto e gritou que não podia estender a porta porque estava fazendo dever de casa.
Hermione não os deixou ir sem antes tomarem um reforçado café da manhã, já que não conseguira o mesmo de Rony, que já tinha saído para o seu treino extra-oficial. Depois de dar todas as recomendações para a menina sobre como deveria se comportar e não causar nenhum problema para a sra. Weasley, Julie e Harry seguiram para o quintal dos fundos, de onde deveriam partir.
_ Exatamente como você vai fazer para que os trouxas não nos vejam? _ perguntou ela quando Harry tirou uma das antigas vassouras de Rony de um galpão.
_ Assim. _ ele pegou uma capa e apontou a varinha para ela dizendo _ Engorgio!
A capa aumentou duas vezes de tamanho e ele a colocou nos ombros, fazendo com que só sua cabeça não ficasse invisível.
_ Com a capa poderemos fazer um caminho mais direto, não tendo que pegar atalhos para nos desviarmos de trouxas. E essa vassoura de Rony é bem veloz, chegaremos em menos de duas horas. Podemos ir?
Hermione, Sarah e Matthew se despediam alegremente da varanda e Julie parecia pensar que ainda havia uma possibilidade de ela dizer que não ia. Mas a sua determinação em encontrar a irmã tinha que ser maior do que o seu medo de voar em objetos mágicos que nunca teria controle.
_ Muito bem, o que eu faço? _ perguntou ela.
_ Primeiro, é melhor se segurar. _ disse Harry montando na vassoura _ Eu corro bastante, mas prometo que você não vai cair se segurar bem firme. Pode subir.
Julie montou na vassoura totalmente sem jeito e logo Harry colocou a capa sobre eles. Matthew deu um berro de alegria e Harry ainda pode ouvi-lo perguntar se emprestava a capa para ele brincar assim que voltasse quando decolaram.
A sensação térmica era muito mais baixa, mesmo usando a capa como proteção contra ao vento.
_ Harry! Tem nuvens ali! Bem ali! Cuidado!
_ Eu vi. Calma! Sou um auror, esqueceu? Nuvens nem são tá perigosas assim!
_ Eu vou morrer. Devíamos ter ido andando!
Harry revirou os olhos e tentou acelerar. Não queria nem pensar na volta...
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