Matthew



Pela fachada, o sobrado não parecia ser muito espaçoso ou uma residência que demonstrasse o perfil do dono. Harry confirmou mais uma vez o endereço no pergaminho que trazia e tocou a campainha. Ele ouviu o som de passos de alguém que corria alucinado para atender e uma voz gritando Eu abro!. Logo em seguida a porta abriu e Harry não viu ninguém.
_ Olá! _ disse uma vozinha vinda de baixo.
Harry baixou os olhos e deparou-se com um menininho que não devia ter mais do que cinco anos o encarando com ar de curiosidade.
_ Olá. _ cumprimentou Harry _ Aqui é a casa do Ronald Weasley?
_ Não. _ respondeu o menino _ Aqui é a casa do Rony Weasley, mas ele não está agora. Volta mais tarde. Tchau! _ e fechou a porta.
Harry permaneceu imóvel na frente da porta ouvindo os passos do garoto, correndo, afastando-se. Ele tocou mais uma vez e novamente o menino atendeu.
_ Tem alguém mais com que eu possa falar? _ Harry perguntou.
_ Pode falar comigo. Eu gosto de falar! _ disse o garoto, mas a sua expressão mudou como se lembrasse de repente de alguma coisa _ Mas minha mãe diz que eu não posso falar com estranhos... Você é estranho?
_ Acho que sou para você. _ Harry riu e ajoelhou-se para ficar da altura do menino _ Mas vamos dar um jeito nisso: Oi, me nome é Harry Potter. E o seu?
_ Eu sou o Matt... Harry Potter?! – o menino arregalou os olhos.
_ Prazer em conhece-lo, Matt. _ Harry estendeu a mão para um cumprimento, mas ao invés de estender a sua mão, o menino permaneceu parado olhando para ele.
_Você é o Harry Potter? _ perguntou ele incrédulo _ Aquele Harry Potter que todo mundo fala ou outro Harry Potter que ninguém fala?
_ Quem é, Matthew? _ perguntou alguém abrindo totalmente a porta.
_ Hermione?! _ Harry apressou-se em ficar de pé.
_ Ah, meu Deus! _ ela levou as mãos a boca com os olhos brilhando _ Harry?! Quanto tempo!
Ela praticamente pulou em cima dele para abraça-lo, quase o deixando sem ar.
_ Que surpresa! Você não falou que vinha! Como está? E o seu trabalho? Vamos entre! Matt, já falei para você recolher esses brinquedos do chão! Alguém pode cair! _ Hermione o levou para dentro enquanto Matthew recolhia os seus brinquedos do corredor resmungando.
Como Harry havia pensado, a casa era bem maior por dentro e cheia de troféus, como ele imaginava que seria a casa do seu amigo. Rony já havia jogado em muitos times de quadribol, e atualmente jogava pelos Flechas de Appleby. Com o contrato para mais de dois anos, ele finalmente pode fixar residência em um lugar calmo como Hermione queria. E, quanto Hermione pelo que Harry sabia, trabalhava como curandeira no povoado bruxo. Também sabia que eles tinham um filho, mas recebera um foto dele ainda bebê, e não imaginava que ele poderia estar tão grande. Mas surpreendeu-se com o fato de Hermione estar com uma barriga que denunciava um adiantado estado de gravidez, o que o deixou amargurado pelo fato de ter perdido tanto o contato com os amigos.
_ E então? _ perguntou Hermione depois de tê-lo acomodado no sofá e tentava ela mesma sentar-se no estado em que estava _ Como vai?
_ Eu decidi tirar umas férias. _ disse ele simplesmente.
_ E já estava mais do que na hora! _ ela fez um gesto de varinha e uma bandeja com chá e bolinhos veio flutuando da cozinha _ Mês passado eu falei para o Rony que assim que o bebê nascesse nós tínhamos que visitar você. Sabemos que estava muito envolvido com o departamento dos Aurors, mas todo mundo merece uma folga de vez em quando... Até o famoso Harry Potter. _ ela serviu duas xícaras e fez uma levitar até Harry e outra até ela _ Matt, sirva os bolinhos para a mamãe, por favor.
_ Pode deixar que eu mesmo pego, Mione.
Ela riu ao ouvi-lo chamar-la pelo apelido e exclamou suspirando:
_ Não sabe quanta saudade nós tínhamos de você, Harry! Nossos últimos anos em Hogwarts foram tão tumultuados e depois com todo aquele caos e você indo trabalhar para o Ministério... Acabamos nos separamos sem nos darmos conta. Você com os Aurors, Rony ajudando o pai no Ministério, eu no Saint Mungus que cada vez recebia mais feridos... Foram tempos difíceis aqueles...
_ Mãe. _ disse Matthew querendo entrar na conversa também _ Ele falou que queria falar com uma pessoa que não mora aqui.
_ Eu perguntei pelo Rony. _ Harry apressou-se em explicar _ Mas eu falei o nome dele e ele...
_ Não faz ligação direta das coisas. _ completou ela _ Eu sei, igual ao pai. Matthew, esse é o amigo que seu pai tanto fala.
_ Uau!... eu achava que era brincadeira dele. _ disse o menino olhando atentamente para a cicatriz de Harry_ Eu pensava que o papai só conhecia jogadores famosos, não aurors famosos.
_ Harry foi um jogador famoso quando estudávamos em Hogwarts, filho.
_ Mas não tanto quanto o meu pai! Meu pai jogou pela Grifinória quando nem os meus tios estavam jogando e ganhou. _ disse ele com orgulho.
Harry riu do ar de sério e sabido do garoto, que lembrava muito Hermione, e perguntou:
_ Quantos anos você tem, Matt?
_ Quatro e meio. _ disse ele olhando para a mão onde contava _ Mas quando meu irmão nascer eu vou ter quase cinco... Quer ver minha coleção de figurinhas?
Ele não esperou a resposta de Harry e correu pelas escadas para busca-las.
_ Devagar, Matt! Vai cair de novo! _ Hermione o acompanhou com os olhos até ele subir todos os degraus. _ Ele passou muito tempo com os avós e os tios antes de nos mudarmos para cá, principalmente com os gêmeos. Ele dá alguma reclamação para os vizinhos... Ah! Isso me fez lembrar! Semana que vem é o aniversário do Rony e toda a família planeja vir para cá. Você ainda vai estar aqui, não vai?
_ Eu não sei, Mione, eu...
_ Ora, não está de férias? Quanto tempo aqueles exploradores do Ministério te deram? Uma semana? Três dias?
_ Não. É que...
No mesmo instante eles ouviram um barulho na lareira e de um estante para o outro Rony apareceu coberto de fuligem.
_ Que cheiro bom de... Harry?!
Ele encarou surpreso o amigo que se apressou em ficar de pé:
_ Rony! Como vai?
_ Quanto tempo, cara! _ Rony o puxou para um abraço não menos alvoroçado do que Hermione _ O que deu no Ministério para liberar o Auror Supremo Exclusivo do Departamento? Pensei que o Ministério estava mantendo você trancado em uma jaula e sem direito a visitações! Como vai ? É só isso que me diz?!
_ Bem, não, mas... Faz tempo que nós não nos falamos sem ser por carta e...
_ Você está até a cabeça de formalidades do Ministério, não é? Por isso eu larguei aquele lugar. _ ele se sentou ao lado da mulher, pegando três bolinhos de uma vez _ Foi a melhor coisa que eu fiz: jogar quadribol profissional. E com o voto de confiança do Wood, eu posso chegar a entrar para os Chuddley Cannos! Ele vai ficar até Domingo? _ ele perguntou para Hermione.
_ É o que eu quero saber também. _ responde ela.
_ Eu... _ Harry encarou os dois _ Não tenho um tempo previsto para voltar, mas eles podem me convocar a qualquer momento e...
_ E nós dizemos que você está em uma missão especial aqui mesmo: ficar com os amigos! Pronto! _ Rony deu um enorme sorriso enfeitado com o açúcar da cobertura do bolinho _ Ou vai dizer que você não quer ficar?
_ É claro que quero! _ e Harry pensou “por que não?”.
_ Então está tudo certo! _ Rony enfiou mais um bolinho na boca.
_ PAPAI!!! _ Matthew jogou-se de repente do corrimão da escada do andar superior.
Rony pulou do sofá bem a tempo de pegar o menino antes que ele batesse de cabeça no chão. Os dois rolaram pelo tapete e foram parados pela parede.
_ Legal! De novo! _ o menino gritou de alegria erguendo-se em um pulo.
_ Não! _ disse Hermione furiosa levantando com dificuldade do sofá _ Eu já falei que não quero ver ninguém com o pescoço quebrado aqui! _ Não se surpreenda tão facilmente, Harry, ainda não viu quando ele chega da aula. _ acrescentou para Harry que permanecia paralisado pela cena e foi para a cozinha.
_ Eu não vou quebrar o pescoço, mãe! Meu pai é o melhor goleiro do mundo!
_ Isso mesmo, filho. _ Rony o colocou de pé e levantou-se _ Goleiro, não apanhador de crianças voadoras. Obedeça a sua mãe e não faça mais isso, ou o tio Harry vai pensar que você é daqueles garotos que não obedecem às Recomendações de Segurança Básicas dos Aurors.
_ Ele é meu tio? _ perguntou Matthew franzindo a testa.
_ Se ele quiser ser seu tio. _ Rony encolheu os ombros _ Pergunta para ele.
O menino aproximou-se tentando parecer o mais tímido e inocente possível:
_ Quer ser meu tio, Harry Potter?
_ Seu pai é o único irmão que eu tenho. _ ele riu _ Eu era quem deveria pedir isso para você.
_ Então agora quer ver a minha coleção de figurinhas de sapinhos, tio?!

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