Caso Anne Rostagni



Harry Potter passou apressado pelas divisões do departamento dos Aurors no Ministério. Recebera um chamado para comparecer a uma das salas-escritórios, e era urgente. Logo na porta da sala deparou-se com Alastor Moody o encarando com seu olho normal e o giratório.
_ Entre, Potter. _ pediu ele rispidamente, mas mudando de atitude assim que fechou a porta _ Soube de sua incrível captura de seguidores das trevas na semana passada!
_ É. _ concordou Harry pensando se ele o havia chamado ali somente para lhe parabenizar por uma missão bem sucedida. _ Conseguimos liquidar com a última reunião deles. Agora que estão dispersos, a captura fica ainda mais fácil.
_ Eu também soube que você terá que fazer um curso de treinamento para ocupar um cargo maior aqui no departamento. _ Moody indicou uma cadeira para ele, deu mais uma olhada em direção da porta e sentou-se atrás de sua mesa.
_ Na verdade, ainda não é certeza. Desde que terminei Hogwarts não tivemos descanso. Com a derrota de Voldemort, a prisão dos comensais e o nosso esforço para combater esses novos grupos de seguidores das artes das trevas eu não fiz outra coisa nesses seis anos a não ser persegui-los. Eu esperava tirar um mês de férias para decidir se eu quero mesmo continuar com a minha carreira de auror.
_ Não gosta de ser auror, garoto? _ perguntou Moody rindo. _ Pensei que adorasse o seu trabalho!
_ E eu gosto! _ ele apresou-se em dizer _ Mas os tempos mudaram, e acho que... que preciso me dedicar a outras coisas que não sejam bruxos maníacos, ou...
_ Ou vai acabar tornando-se um velho Olho-tonto Moody, não é mesmo?
Harry tentou negar, mas Moody não o deixou falar qualquer coisa:
_ Eu sei o quanto é difícil para você, rapaz. Desde que descobriu que era bruxo você lutou e nos ajudou contra Voldemort e seus seguidores. Você merece, mais do que ninguém, afastar-se dessa correria toda!... O que pensa em fazer?
_ Eu gostaria de visitar meus amigos que não vejo há anos e passar algum tempo no campo, longe dessas perseguições.
_ E você está certíssimo!... Quando parte?
Harry o encarou espantado sem saber o que responder. Ainda não tinha a menor idéia do que o bruxo queria e já não estava muito certo de que ele realmente queria alguma coisa dele.
_ Eu ainda não... Por que me chamou aqui afinal, Moody?
_ Achei que não iria me perguntar nunca, garoto! _ ele riu e lançou um olhar vasculhador pela porta. _ Lembra-se do caso Anne Rostagni?
_... Lembro. A menina que fugiu de casa para participar de um grupo de bruxos das trevas?
_ Exatamente! Essa foi a conclusão que chegamos, não é mesmo? Que ela fugiu. – ele suspirou de um jeito que demonstrava cansaço – Mas nós erramos.
_ O que? _ Harry perguntou perplexo.
Moody levantou-se da sua cadeira e buscou alguma coisa no arquivo perto da porta. Tirou uma pasta e voltou a sentar, entregando-a para Harry.
_ Nós erramos e você vai consertar! _ disse ele com um sorriso que sugeria satisfação.
_ Eu?! Mas, Moody, eu vou tirar férias!
_ Eu sei. _ o velho bruxo inclinou-se na cadeira colocando as mãos atrás da vasta cabeleira _ E por isso é perfeito para o serviço!
_ Onde quer chegar? _ perguntou Harry esforçando-se para não sair batendo a porta.
_ Você vai resolver esse problema não pelos aurors, mas pela Ordem.
_ A Ordem não existe mais, Moody!
_ Ela volta a existir quando alguém da Ordem precisa da nossa ajuda e recorre a ela! Albert Rostagni nos ajudou quando precisávamos e agora ele precisa da nossa ajuda! Sua neta desapareceu e ele não pode encontra-la.
_ Albert Rostagni morreu há cinco anos! _ exclamou Harry _ Como pode pedir nossa ajuda?
_ Você vai descobrir logo, Harry. Está tudo nessa pasta. Escute, eu não posso investigar isso. Como você sabe o caso foi arquivado e não posso fazer nada em nome do ministério. Mas você é jovem e posso dizer que tem mais experiência do que eu quando tratasse de situações de alto risco. Algo grande está para acontecer e Anne pode ser a chave de tudo. Siga as pistas e saberá o que fazer...
Harry olhou rapidamente o conteúdo da pasta viu que eram somente manuscritos e cartas. Respirando fundo, ele encarou Moody e disse:
_ Eu se eu não aceitar?
Moody levantou-se novamente e abriu a porta, sinalizando que Harry estava dispensado:
_ Você vai aceitar, Harry. Eu sei que você possui o mesmo espírito que eu! O mesmo espírito que me fez desistir da minha aposentadoria e voltar para os Aurors.
Harry não disse mais nada e saiu.


À noite, quando voltou para casa, Harry tinha determinado para si mesmo que não se envolveria no caso Anne Rostagni. Não participara diretamente dele, mas sabia que toda a investigação apontava que a estudante de Hogwarts juntara-se com um grupo de seguidores das trevas. Com o combate intenso desses pequenos grupos, logo ela seria encontrada e enquadrada pelos seus crimes, assim como os outros...
Mas o que levaria uma estudante de apenas treze anos fugir para seguir um caminho tão curto?
Harry sabia que a sua curiosidade sempre o metia em grandes problemas. Mas esses grandes problemas sempre foram a sua vida, e sem pensar duas vezes decidiu que daria uma olhada na pasta.
Havia um relatório completo das investigações. Segundo ele, Anne havia sumido em uma terça-feira á noite quando estava sozinha em casa. A casa apresentava sinais de arrombamento da tranca mágica e fora totalmente revirada, como se os seqüestradores procurassem algo de valor para roubar. Mas nada havia sido levado, além de Anne, é claro. Anexo com o relatório havia uma ficha com os dados da menina: Anne Rostagni, quinze anos, 1,50 de altura, cabelos azuis e curtos, olhos azuis, estudante de Hogwarts na casa da Corvinal, excelente aluna, participava do clube de feitiços, clube de Runas e era representante de uma pesquisa que os alunos desenvolviam na área de astronomia.
Harry franziu a testa ao ler esses dados. Com uma vida tão intensa em Hogwarts, o seu problema para ter fugido poderia estar em casa. Seus olhos percorreram a ficha procurando os dados familiares. Filha do meio de Edward Rostagni e Hellen Rostagni, mortos por comensais durante a segunda ascensão de Lord Voldemort. Depois disso, ela e a as duas irmãs foram morar com o avô Albert Rostagni, que morreu alguns anos depois, antes mesmo dela freqüentar Hogwarts. Desde então, ela vivia sob a tutela da irmã mais velha, Julie Rostagni, na casa do falecido avô e não tinha outro parente vivo.
Surpreso, Harry imaginou que a situação dela era um pouco parecida com a sua. Sem pais e tendo que viver com alguém que talvez não a tratava bem. Harry imaginou que a irmã de Anne como sua tia Petúnia, e a viu reclamando que as irmãs menores eram um estorvo na sua vida e que teria a obrigação de cuidar delas para sempre. Julie Rostagni deveria ter feito a cabeça da irmã para fugir com bruxos das trevas e assim livrar-se de um dos incômodos.
Ele riu da sua própria imaginação por ter chegado a esta conclusão. Estava automaticamente buscando resposta para o caso quando tinha decidido que não iria investigar. Ele passou os olhos rapidamente pelo resto do relatório e seus olhos se depararam com uma informação que o surpreendeu. Anne Rostagni era do mesmo vilarejo bruxo onde Rony Weasley estava morando atualmente e onde ele pretendia ir nas suas férias. Será que Moody sabia disso quando lhe chamou naquela manhã?... Bom, já que era o seu caminho, talvez ele passasse para dar uma olhada de perto na antiga casa do velho Rostagni e depois poder usar essa espiada como desculpa quando Moody lhe cobrasse alguma coisa.

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