Início ou... Fim?
- O Remus vai perder sua metade humana hoje à noite, Sirius. Sabe o que significa? Ele vai morrer!
Sirius sentiu os joelhos fraquejarem e o sangue virar água dentro de suas veias. Pôde notar que estava ficando sem ar e sentia que algo dentro dele gritava, prestes a explodir.
- O QUE?!!! – Berrou. Todos os presentes olhavam-no, curiosos. Ele estava de pé, puxando James pelo colarinho da camisa, quase enforcando o amigo. – COMO É QUE É?!!!
- Calma Sirius! Desse jeito você não poderá ajudá-lo!! – Disse James, corando um pouco por todos olharem-nos. Sirius não se importava com a presença dos outros, ou melhor, nem notava que havia alguém mais ali. Ele achava que, além de não ter ninguém ali, faltava alguém, faltava tudo. Seu Remus não estava lá, e pior, nunca mais estaria se ele não fizesse algo.
Ele jogou James, um tanto violentamente, na poltrona e saiu correndo da sala, acotovelando aqueles que estavam à sua frente, para abrir passagem. Tropeça nos próprio pé, tamanho desajeita, mas não importava-se. Sabia onde Remus estava: O Salgueiro Lutador. Tinha de chegar o mais rápido possível. Não queria perdê-lo.
***//***
Todos no Salão Comunal dirigiam seus olhares para James, que ainda olhava as costas do quadro da mulher gorda, que fechava. Tudo acontecera tão rápido que ele não entendera muito bem o que ainda estava acontecendo.
- Er... James, está tudo... Bem? – Perguntou Lily, cautelosa. Se James também tivesse um ataque, ela não saberia o que fazer. Peter também estava presente, estagnado com o ocorrido.
- O que? Ah, claro está tudo... Tudo bem. – Dizia, parecendo desconcertado enquanto levantava. Estava tão constrangido que cambaleou e Lily teve de deixá-lo apoiar-se nela para conseguir ficar de pé. – Tudo... Ótimo. E agora? – Indagou, olhando para os lados em busca de uma resposta. – O que é que eu faço?
- Er... – Começou Lily. – Que tal você ir atrás dele? Não parece uma boa idéia? – Arriscou.
- Definitivamente parece... Muito má idéia. Se eu for atrás dele, ele pode me pôr de enfeito numa parede. Até duas! – Disse indignado. – Parece que ele atribui a mensagem àquele que a trás. – Pensou alto. – No entanto, não tenho escolha. Lá vou eu. – Disse infeliz.
- James! – Disse Lily, quando ele começara a dirigir-se à porta. – Tem um tempinho? – “Talvez Sirius apenas precisasse de um tempo para pensar... Esfriar a mente”, pensou a garota. James pareceu um tanto dividido, mas terminou cedendo. Eles deixaram o Salão Comunal, ficando longe de olhos curiosos que ainda perseguiam James.
***//***
Sirius corria loucamente, sem olhar para os lados. Sua mente estava num caminho reto. Não importava quais caminhos haveria aos lados, nem a que eles poderiam levar, tudo o que devia fazer era seguir em frente e salvar Remus daquele terrível fim que o aguardava.
Lembrava-se involuntariamente o momento em que Remus recusara-o. Doía-lhe saber que o jovem já sabia de tudo o que poderia acontecer e não lhe contara. Com certeza ajudaria-o. Ou não? Tudo era tão confuso que Sirius sentia a cabeça ser invadida por uma dor cruciante. Optara por parar de pensar. Estava chegando ao Saguão de Entrada, mas fora barrado no caminho.
Havia um obstáculo em seu caminho reto. Em frente à porta estava parado o ser mais repulsivo e asqueroso que Sirius conhecera, Severus Snape. Ele notou que parara de correr. Retardou o passo, parando em frente ao garoto. O outro sorria, desdenhoso.
- Ora, ora, vejamos o que temos aqui? Black! Humm, será que não tinham algo melhor para me enviar? – E riu com gosto. Sirius estava quase cego do garoto tomar-lhe o tempo. Agarrou-o pelas vestes e investiu o corpo do jovem contra a porta, batendo-o violentamente. Severus pareceu ficar um tanto pálido e sem ar. – O que pensa que está fazendo, seu louco?
- Saia da minha frente, AGORA!! – Fez questão de levantar o tom no “agora”. Apertou os punhos, ainda segurando as vestes do sonserino.
- Você quer ir atrás do seu amigo, não quer? – Sirius fez uma cara de espanto. “Como as notícias voam!”, pensou, antes de balançar a cabeça, afastando os pensamentos. – Eu sabia que VOCÊ era o gay.
“Eu sou... Gay? Eu acho que... Acho que sim. Mas contar ao Snape é como contar para todo o colégio... No que estou falando? Contar ao Seboso?! Que maluquice... Mas se eu negar, estarei a fazer-me de covarde. O que eu digo? O que eu faço?”.
- Está errado, Seboso. – Disse, atirando Snape com toda a força e violência que pode. – Nós dois somos. Snape levantou-se, pálido pelo o que o outro dissera. Estava louco ao contá-lo, mas mesmo assim, Snape não se privaria de espalhar aquilo. Mas... E se fosse mentira? Aqueles grifinórios nunca deram-lhe nada para julgar-se superior, nenhuma informação valiosa. Por que fariam isso agora? Snape confundira-se. Estava na cara que era uma mentira.
Ele ficou parado, olhando enquanto Sirius abria a porta com estardalhaço e corria para fora com toda a velocidade que seu corpo era capaz de proporcionar.
- Maldição, por que tudo acontece sempre comigo?! – Indagou Severus, ao levantar-se e descer às masmorras, aborrecido.
***//***
Sirius corria. A tempestade formara-se lá fora. Ainda era de manhã, mas as nuvens formaram um emaranhado tão grande contra o sol que parecia tarde. Chovia muito forte, além de trovejar de tempos em tempos. Com certeza a aula de Trato das Criaturas Mágicas seria cancelada.
Já estava encharcado e arfando muito quando chegou à metade do caminho entre o castelo e o Salgueiro. Parara de súbito.
- Eu entendi. Agora, eu entendi de verdade. – Sirius sentira os olhos marejarem. – Eu criei a profecia ao afastar-me de Remus. Eu criei a situação dele, de estar em perigo. A culpa é TODA minha. – As lágrimas misturavam com a chuva que estava a molhar-lhe o rosto. - Coração e Razão. Meu coração está em Sirius, minha razão está nas mãos de Snape. Ou eu fico com Remus, escolhendo o coração, e arco com as conseqüências, deixando que todos saibam sobre nós, ou... Ou volto ao castelo e acabo com o seboso, preservando minha imagem e perdendo meu coração. – Sentiu uma lágrima quente escorrer-lhe pelos olhos. Ficara de lado, de modo que o Salgueiro estivesse do lado esquerdo, e o castelo, no direito. – Vou manter o que sempre mantive em toda a minha vida. – Disse, levantando a cabeça, o olhar sério e determinado. Virou-se e correu como um louco, os pés deslizando na grama molhada, a lama esparramando-se por si. – Eu jurei nunca fazer nada direito na vida!! – Gritou.
Aproximou-se do Salgueiro cauteloso, tentando apertar o nó da árvore. O salgueiro investiu contra ele, acertando-o. Sirius fora atirado ao longe, caindo no chão de terra com um baque surdo, amortecido pela grama. A dor era intensa próxima as suas costelas. Não sabia se era a dor de estar longe de Remus ou de ter quebrado algum osso. Levantou-se o mais rápido que pôde, ou seja, vagarosamente, rumando à árvore. Novamente fora acertado, dessa vez no estômago. Voou alguns metros, caindo novamente sobre a grama. Agora tinha certeza que seu corpo doía, e muito.
- Oras, o que eu não faço por um pouco de amor? – Indagou a si próprio, um tom divertido na voz, apesar do rosto ser totalmente contra. Ele tentou uma última vez, o máximo que achava que conseguiria, caso a árvore voltasse a acertá-lo. Para seu contento, conseguiu surpreender a árvore e apertar o nó antes da outra reagir. Quase que momentaneamente, a árvore parou de mover-se e Sirius pôde passar pelo alçapão à sua frente.
Estava tudo muito escuro e úmido. Fedia em demasia também. Sirius pensou que odiaria ficar aqui, mesmo como um ser irracional que o lobisomem deveria ser. Ele vira uma luz fraca ao longe. Talvez fosse uma tocha ou um archote, talvez fosse apenas um delírio de sua visão nada aguçada, embaçada pela dor, raiva e frustração. Ele seguiu a luz cegamente, tropeçando em todos os declives daquela semi-caverna, até que chegou em uma espécie de degrau de madeira. O archote iluminava o local acima, onde aparecia uma sala ampla, sem porta de entrada. Nada havia lá, só uma porta ao fundo, de madeira escura. Enquanto andava, Sirius pôde notar arranhões profundos nas paredes, marcas, as quais tinham um tom avermelhado, proveniente de sangue. Estremeceu ao pensar que Remus poderia ser um monstro para sempre.
Notara que estava parado defronte a porta de madeira escura. Nela havia arranhões profundos, marcas de garras, de um monstro furioso, gritando por liberdade.
- Remus, está aí? – Indagou, suavizando a voz. Ele sentiu os joelhos fraquejarem e a vista escurecer. Estava ficando tonto. Passou a mão sobre as costelas, que ainda doíam muito. Algo escorria e ele levou os dedos ao rosto. Era sangue. Quanto já perdera? Não agüentaria por muito tempo. – Droga, justo agora que eu cheguei tão... Longe. – A cabeça rodava. Ele sentiu-a pesada. Não queria dar-se por vencido a tal ponto. Apoiou a cabeça na porta, para não deixar-se cair. Fora em vão. Os joelhos estavam dobrados, lentamente ele fora sentando sobre as pernas. Os pensamentos foram esvaecendo da mente, fugindo-lhes. Ele não conseguia distinguir a si da porta. Logo, apagou.
***//***
Remus estava absorto, lendo um livro. Não queria pensar em seu fim nem nada do que aconteceria. Doía saber quando e como morreria: Até a meia-noite, sozinho. Ele não enxergava as letras direito. A visão abandonara-lhe há tempo, pelo nervosismo e solidão.
- O desequilíbrio de um lobisomem... Traz o fim. Mas... – Ele não conseguia tirar aquilo da mente. Martelava em sua mente uma resposta. Se morreria, teria de, pelo menos, saber por quê. – O que fiz para desequilibrar? O que?!! – Algo veio-lhe em mente. Há dias sentia-se um nada, uma casca, algo vazio, sem sentido, sem uma razão para existir. Lembrou-se de quando pronunciou que preferiria não existir a transformar-se em fera. – Isso é o que mereço por dizer besteiras.
Virou-se à uma das paredes de madeira velha e, olhando por uma fresta, pôde ver o dia escuro que formava-se. “Que ótimo... Isso vai combinar com a cor de meus pêlos à noite!”, pensou irritado. Olhou o livro que havia em suas mãos. Num movimento de raiva reprimida, atirou-o contra a parede.
Ele deitou-se no chão sujo e duro do quarto. O colchão velho, além de rasgado, estava lotado de livros, e ele não estava com ânimo nenhum para arrumá-los. Fechou os olhos, tentando imaginar algo que acalmasse-o.
“Estava deitado num campo muito verde, cheio de vida. Flores surgiam dentre a grama molhada. O cheiro da chuva quando se encontrava com a grama acalmava-o. Estava no fim da tarde, o céu tomava uma cor alaranjada. Tudo estava perfeito, ou quase. Ainda faltava alguma coisa, ele sabia. Logo, sentiu algo tomar-lhe por completo. Um desejo ardente de tê-lo em seus braços e, ao pensar, ouviu:
- Remus... Eu voltei para você! – Bradou Sirius. Seu sorriso iluminando a alma de Remus. Ele agachou-se ao jovem alourado, entrelaçando seus braços em volta do corpo do rapaz. – Eu senti sua falta... – Sussurrou, seus lábios aproximando-se do rosto do rapaz. Remus pôde sentir que o outro exalava desejo e, para sua surpresa, ele também.
- Eu também... – Disse, antes de agarrar-se ao beijo de Sirius, algo ardente tocando-lhe. Sentia-se cheio, completo, feliz”.
Ele abriu os olhos, engasgando-se com o ar. – Como pude pensar isso? – Dizia, corando, envergonhado de si mesmo. Logo, voltou a pensar em seu fim. – Gostaria tanto de poder mudar o destino. – Lamentou-se.
De repente, ouvira um barulho vindo da porta. Algo investiu contra ela, não muito forte. Remus receara levantar-se, temendo o desconhecido.
- Ora, Remus, o que pode ser? Não fique com medo, vá checar! – Disse a si mesmo, tomando coragem. Levantou-se e rumou até a porta, vagarosamente. Pôde ouvir:
- Droga, justo agora que eu cheguei tão... Longe. – “Era a voz de Sirius do outro lado da porta? Estou enlouquecendo? Mesmo assim, sinto que...”, estava confuso, embora o sentimento de ansiedade o tomasse. Ele abriu a porta com violência. O corpo de Sirius caira para dentro do quarto. Remus quase pulou de susto. Voou para o lado de Sirius.
- Ainda está respirando. – Aliviou-se ao ver seu amado vivo. – Que diabos faz aqui?! – Irritou-se. Virou Sirius e pôde ver o sangue a escorrer pelo tórax do jovem. – Maldição dos demônios! O que é que você andou fazendo, Sirius? – Gritou Remus, exasperado. Correu até o velho colchão e atirou os livros ao chão. Voltou-se a Sirius e carregou, com extremo cuidado, de volta à cama. – Agora vamos ver o que eu posso fazer... – Disse Remus, tentando pensar se teria alguma utilidade ao jovem. – Parece que levou uma forte pancada... Talvez eu posso enfaixar, mas eu não posso te curar. – Disse desanimado, achando-se completamente inútil. Depois de enfaixar os ferimentos de Sirius com cuidado com alguns retalhos de uma camisa extra que sempre deixava no quarto, para depois da transformação poder vestir-se (o que ele julgou não ser mais necessário), voltou-se a um livro. – Aqui pode ter algo que o ajude, Sirius. Não se preocupe, vou cuidar de você. – Afirmou ternamente.
***//***
“O tempo está acabando. Se você não for rápido, sua escolha será anulada. Você perderá tudo, coração e razão. Acorde, jovem, ou será você quem ficará perdido”, ouviu dizer dentro de sua mente. Queria abrir os olhos, mas era demasiado difícil de fazê-lo no seu estado. Ou não? Sentia-se estranhamente melhor, mas como? Ainda estava recostado à porta, embora sentisse-se inteiramente esticado.
“Que estranho. O que estará havendo? Eu tenho... Tenho de... Abrir os... Olhos...”, dizia a si mesmo. Vagarosamente, realizou o tal ato impossível. A vista estava embaçada, mas lentamente fora voltando ao normal. Um borrão meio dourado, meio acinzentado movia-se próximo a ele. Havia algo brilhando vermelho-amarelado na parede oposta. Logo, avistou um archote na parede oposto, com o fogo a crepitar. O borrão que movimentava-se próximo a ele era, visto claramente agora, Remus Lupin. Ele estava de costas, remexendo o conteúdo de uma mochila velha e aparentemente pesada. Ele não conseguia ficar parado defronte a Lupin. Levantou-se com violência, sem se importar com os ferimentos do corpo, tratando de curar os da alma.
Remus estava lendo uma página sobre ferimentos exteriores. A complexidade de certos ferimentos, nada sérios exteriormente, deixava-o estagnado. E se Sirius fosse um desses casos? Estremecia só de pensar. De repente, sentiu braços trêmulos a envolvê-lo, abraçá-lo e puxá-lo para trás, para cima da cama.
Sirius envolvia-o num abraço forte, mantendo-o preso sob seus braços. Queria-o para si mais do que qualquer coisa. Sentia a respiração do jovem em seu pescoço.
- Sirius, pare... Você está ferido. – Disse Remus, como um animal ferido. Falar-lhe para parar doía mais em si que em qualquer outro. Queria sentir o outro, confortar-se em seus braços.
- Remus, que horas são? – Perguntou o outro, ignorando seu pedido. Estava bem, um pouco dolorido, mas bem. O jovem moveu-se para olhar seu pulso.
- Já se passaram mais de doze horas desde que você desmaiou... – Disse infeliz. – Já são 11:35. Sirius apertou o abraço. “O tempo está acabando! Como eu posso salvá-lo? Eu posso? Eu posso, tenho e vou salvá-lo!!”, afirmou decidido.
- Remus, James me disse que você poderia... Morrer... Esta noite. – Disse Sirius, cada palavra doendo-lhe a sair, não querendo acreditar no que falava. “Por favor, Remus, negue. Mesmo que você não tenha motivo algum para recusar-me, mesmo que apenas tenha me esquecido. Por favor, negue. Eu quero a SUA felicidade”.
- Eu... Bem... – Remus não queria afirmar, não queria mesmo, mas não podia mentir para Sirius. – É... Verdade.
- Não... Mas... Como?! E... Por que? – Sirius parecia confuso, deprimido.
- Sirius, eu... – Remus queria acorrentar-se. Não acreditava no que diria, não queria acreditar. Não podia. Mas fez. – Eu quero que vá embora! – Disse, o coração explodindo algo que escorria frio, como sangue congelado.
- Remus, eu... Não entendo. – Sirius parecera decepcionado. Depois de tudo que fizera, tudo o que sofrera, ele mandara-o embora? – Eu... Remus...
- Não, Sirius, eu não quero... Explicar. – Dizia entristecido. – Tornarei-me um monstro, Sirius. Sem raciocínio, sem alma, sem coração.
- Eu posso te ajudar! Se eu ficar aqui... – Começara Sirius, arriscando.
- Se você ficar aqui e eu me transformar, não irei reconhecê-lo e você será atacado. E morto. – Disse, os olhos refletindo a luz trêmula do archote.
- Remus... – Sirius largara-o do abraço para segurá-lo, pondo as mãos sobre os ombros. – Remus, se eu perder você, se você morrer, eu também quero deixar de viver.
- Sirius, que besteira é essa? – Indagou o amigo, deitando a cabeça sobre o peito do outro. – Eu não quero ouvir isso de você. Não diga mais isso.
- Remus... – Sirius passou uma das mãos às costas de Remus e, com a outra, levantou-lhe o rosto, passando a encará-lo. – Você terá muito mais tempo para mandar-me não dizer besteiras.
Sirius aproximou o rosto do de Remus, eles olhavam-se. Era como se dissessem um ao outro aquilo que suas almas queriam ouvir. Que ficariam juntos, que seriam felizes, que seu vazio seria completo. Remus deixou-se ser levado pelas mãos de Sirius, sussurrando: - Que seja eterno... Enquanto dure.
Sirius sentia seus lábios se roçando. Ao lado de Remus, ele conseguia acreditar em si mesmo, que realizaria seus desejos e ambições e que, no momento, alcançaria o que mais queria: Remus. Seus lábios encontraram-se. Sirius e Remus exploravam-se um ao outro e a si mesmos. Sirius admirou-se em saber que o toque de Remus poderia fazer-lhe tão bem, em corpo e alma. Remus não sabia por quê, mas gostava de ter Sirius ali, ao seu lado, abraçando-o, confortando-o. Era como se já não estivesse mais só.
De repente, Remus lembra-se do que havia lido e pensado.
“O que fiz para desequilibrar? O que?!! - Há dias sentia-se um nada, uma casca, algo vazio, sem sentido, sem uma razão para existir”.
- S-Sirius... – Ele tremia enquanto o outro olhava-o extremamente confuso e receoso de que houvesse acontecido algo grave.
- O que foi? ACONTECEU ALGUMA COISA?!!! – Arriscou o outro, pulando para perto de Remus novamente, encarando-o assustado.
- Q-que horas são? – Perguntou, temendo que estivesse errado. Sirius afastou-se um pouco, olhando o garoto, suspeito. Adiantou-se ao braço do jovem e olhou o relógio em seu pulso.
- Remus, são... 12:13. – Disse, sem saber se ria ou se chorava. O que estaria havendo? Remus estaria bem? Eles poderiam ficar... Juntos?!
- Sirius, eu descobri!! – Gritou Remus, pulando fora da cama. – Eu sei o que houve!!
- O QUE?!!! O QUE HOUVE?!!! ME DIGA!!! – Sirius parecia um tanto desesperado.
- Sirius, a maldição dizia que se o homem se submetesse à fera, esta o dominaria. Pois bem, eu me submetia inconscientemente por querer estar morto, por me sentir vazio, um nada. Mas... – Ele caminhou até Sirius e abraçou-o pela cintura. – Eu não me sinto mais um nada. Você me enche de felicidade, me completa. Eu não sou mais vazio. Não há mais desequilíbrio. – Ele olhou o jovem que continuava em silêncio. Sirius estava um pouco dividido.
- Isso quer dizer que você vai ficar? – Indagou, fazendo cara de quem não entendeu direito.
- Sim. – Afirmou Remus, ternamente, sorrindo ao rapaz.
- SIM!!! – Berrou Sirius a plenos pulmões para que todo o mundo ouvisse. Agarrou Remus, segurando-o nos braços e jogando-o ao ar, até o jovem cair de volta a seus braços. – ELE DISSE SIM!!!
Sirius largou-o sentado na cama, olhando-o.
- E agora? – Indagou promissor.
- No que está pensando? – Indagou Remus, angelicalmente. Sirius tomou um ar digno de um maroto.
- Vai querer mesmo saber? – Perguntou, um sorriso cortando-lhe a face.
- Com certeza... – Respondeu Remus, deitando-se inteiramente. Sirius adiantara-se a ele, deitando-se sobre o jovem. Estavam cara-a-cara, peito contra peito.
- Lembra daquela vez, na escadaria? – Perguntou Sirius.
- O que tem aquela vez? – Perguntou Remus, falando-lhe no pescoço.
- Foi quando eu... Descobri que realmente gostava de você.
- Lembra daquela vez no primeiro ano, quando você disse ‘e aí, pirralho, você tem dupla?’?
- O que que tem aquela vez?
- Foi um pouco depois de quando eu me apaixonei por você.
- Ah... – Sirius parecia um pouco comovido. Ele amava-o antes mesmo de trocarem qualquer palavra. Quanto já sofrera? Ele não sabia, mas cuidaria para que Remus jamais sentisse dor, a não ser que ele a causasse, e com boas intenções, é claro.
Aquela noite foi o início e não fim para eles. O sangue não fora derramado e nenhuma criatura da Floresta Proibida teve seu fim. Sob o luar, nenhum uivo foi ouvido.
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