Tudo culpa do James!

Tudo culpa do James!



- James! – Disse Lily, quando ele começara a dirigir-se à porta. – Tem um tempinho? – “Talvez Sirius apenas precisasse de um tempo para pensar... Esfriar a mente”, pensou a garota. James pareceu um tanto dividido, mas terminou cedendo. Eles deixaram o Salão Comunal, ficando longe de olhos curiosos que ainda perseguiam James.

Lily conduziu James a uma sala no quarto andar que normalmente era desocupada, como naquela ocasião. O ambiente estava um tanto sóbrio, iluminado apenas por um archote. Eles pararam ao centro do recinto. Lily virou-se a James e olhara-o nos olhos.

- Então, o que você quer falar comigo, Lily? – Perguntou James, um tanto desconcentrado. Estava com pressa, sabia que Remus estava em apuros e que Sirius poderia cometer alguma idiotice. Se não fosse isso, estaria esboçando um sorriso de triunfo nos lábios. Lily Evans, a garota a qual cobiçara anos a fio levara-o para um local sóbrio e distante das pessoas para falar-lhe? Seria um sonho para o jovem (pelo menos os últimos dez encontros com ela foram sonhos).

- Olha, não me apresse! – Bradou a garota, um tanto desconcertada. Ela queria falar-lhe a algum tempo, mas conhecia o gênio da “criatura”. Há alguns anos ele seguia por todos os lugares, pedindo telefones de amigas, contando suas aventuras com tantas garotas diferentes. Lily Evans prometera-se que jamais deixaria apaixonar-se por um cão como aquele, mas fora inevitável. Ela temia ser apenas “mais uma”, mas não podia mais agüentar aquilo só para si. Seus sentimentos eram grandes demais e, se ela escondesse-os por mais um dia, sentia que explodiria. – Se está com tanta pressa, pode ir. Com certeza não vai fazer a mínima diferença! – Disse a garota com raiva, desviando o olhar. James olhava o relógio a cada cinco segundos.

- N-não! – Disse, percebendo sua indelicadeza. – Claro que é importante. – Disse, matreiro, com seu velho ar de sempre. Com certeza não percebera a mudança de atitude da jovem. – Afinal, é você quem vai falar! – E sorriu.

- Droga, seu idiota! Não vê que estou tentando falar que gosto de você!!! – Berrou a garota, antes que pudesse conter-se. Parecia que seu subconsciente achara que se a bomba explodisse de uma vez só seria mais fácil.

James fez uma expressão quase idiota. Parecia que não havia ouvido direito ou que não acreditava no que ouvia. Finalmente havia caído a ficha e seu sorriso esvaecera-se de vez, caindo num rosto muito sério. Agora ou nunca, Lily diria se escolheria-o ou não.

- Espera aí. Você quer dizer que gosta de mim? Quer dizer, que gosta mesmo de mim? De mim? Tipo, me ama?! – Perguntou, incrédulo.

- É... Digo, sim... Er... É! – Disse, a face ruborizando furiosamente.

O garoto deixou-se cair no chão com um baque. Lily quase enfartou.

- James, você está bem?!! – Perguntou, ajoelhando-se a seu lado. Os olhos do jovem dirigiram-se a ela, reluzindo à luz do archote.

- Estou sim. Bem melhor depois do teste.

- Teste? Mas que teste? – Perguntou Lily. Ele estivera testando-a? Deixara-se enganar por um cão?!!

- Er... – Ele corou levemente. – É que normalmente nessa parte do sonho eu caio da cama e acordo. – Disse, sorrindo amavelmente.

- Idiota. Você me deixou preocupada! – Disse Lily, não tão séria quanto gostaria de estar.

- Você vai mesmo ficar comigo? – Perguntou James, apoiando-se nos cotovelos, virando o rosto para a jovem.

- Ficar? – Lily não entendia. “Como assim ficar? Eu não queria ficar! Eu te amo!!”, pensou.

- É!! Eu quero que você fique comigo... – Dizia o jovem aproximando-se da garota, ficando a milímetros de distância entre seus rostos. – Para sempre!

- James bobo! – Disse Lily, olhando-o, surpresa. Ele teria amadurecido até que rápido. – Você ainda não aprendeu que para ser “para sempre” teria que não ter um fim.

- Mas nosso fim está longe, bem longe, ainda.

- Mas ainda assim existe fim.

- Lily, querida, não pode haver fim se não houver começo. – Disse, olhando-a matreiro. – É hora do escritor começar a escrever o nosso romance.

- Se esse romance terminar com para sempre mesmo, tudo bem. Todos os “para sempre” são clássicos.

- Assim como o nosso será!

E ele beijou-a fervorosamente, numa paixão que estivera reprimida por muitos anos e agora podia vir à tona. Seus braços envolveram-na num abraço e seu amor pôde fluir livremente pela primeira vez.



***//***



Remus consultara o relógio. Já eram 5:37 da manhã quando voltavam ao castelo. Eles venceram a maldição juntos e, juntos, venceriam qualquer um.

Ou quase.

Passavam pelo Saguão de Entrada sorrateiramente. Se dessem sorte, ninguém os pegariam de pé a esta hora, mas nadavam contra a correnteza e esta puxou-lhes ao fundo.

As luzes foram acesas repentinamente, iluminando todo o recinto e os dois jovens, conseqüentemente. Ouviram um pigarrear às costas.

- O que fazem de pé tão cedo, jovens estudantes? – Indagou a voz forte e solene do professor de Transfiguração. Ele olhava-os com severidade e desaprovação. – E você, Black, certo? Não deveria ter detenção as noites passadas? – Perguntou novamente, sem deixar os garotos responderem. – Podem estar muito encrencados. – Disse, enfatizando o ‘muito’.

- Er... Bem... É... Bom, sabe o que é professor... – Começara Lupin, desajeitado. Era péssimo em mentir. Ex-ter-ma-mente.

- Foi tudo culpa do James! – Disse Sirius, de repente. James dissera uma vez para que, ao meterem-se em encrenca, colocassem a culpa nele.

- Culpa do Sr. Potter? O que foi que ele fez desta vez? – Surpreendeu-se o professor.

- Ah, isso você é quem tem de descobrir professor. – Rebateu Sirius e puxou Remus escada acima, um sorriso nos lábios. – Acho que vou me acostumar em pôr a culpa no James! – Sussurrou em meio a um sorriso.

Remus olhara-o amavelmente. Nem acreditava no que acontecera há menos de seis horas. Finalmente seria feliz de verdade, sem temer a nada.

- Sirius, eu... – Começou, mas Sirius parou-o pondo o indicador sobre seus lábios.

- Eu também, mas é melhor nos apressarmos ou teremos problemas.

E subiram o restante das escadas até o Salão Comunal da Grifinória, finalmente e completamente juntos.



FIM

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