Final de semana
N/A: Perdão gente! Sei que demorei muito a postar, mas é que estava aproveitando minha penúltima semana de férias. Mas aqui estou eu, com um capítulo relativamente maior que os outros para me redimir. Espero que gostem!
Padfoot
Sábado amanhecera um pouco tempestuoso e frio, mas pareceu que a chuva tivera compaixão dos pobres estudantes que rumavam para Hogsmead.
Sirius, Tiago, Pedro e Remo seguiam para o povoado, mirando ao longe seus demais colegas do quinto ano.
Laila, que estava com um vestido preto e um sobretudo e botas da mesma cor, com os cabelos presos em uma trança, estava acompanhada por Edgar Bones, o artilheiro louro, alto e muito bonito, que usa uma camisa esportiva verde-claro, combinando com seus olhos, calça jeans e um cachecol verde.
Luanna estava com Lily. Ambas com os cabelos presos em rabos de cavalo, saia (a de Lua era xadrez e a de Lily azul) e blusas de frio brancas.
Alice andava com Pamella e Paolla. Alice tinha seus cabelos negros soltos ao vento, e estava com um macacão e uma blusa de frio amarela. Pamella e Paolla, os meninos perceberam dando risadas (elas vão tocar em algum lugar?), estavam idênticas: calça jeans, tênis e blusa vermelha.
Marlene e Endora estavam com Cheng e Chang, dois artilheiros da Corvinal (Tiago se lembrou que o próximo jogo de quadribol, ele e Sirius jogariam contra os dois). Marlene tinha seus cabelos escuros e ondulados amarrados, enquanto Endora, que era ruiva, tinha cabelos cacheados soltos. Touya Cheng estava bastante elegante, e Shoran Chang (outro chinês) estava bem casual. Marlene não parecia muito animada com a companhia.
Frank estava com Lana Jordan, e pareciam muito felizes. Eram acompanhados de perto por Letícia e Carla, que pareciam cochichar sobre os garotos que andavam ao seu lado: Johnny, Dave e Gary.
--Vocês não acham o Johnny estranho? –pergunta Sirius, que adorava implicar com o garoto, mesmo que soubesse que este estava no sétimo ano.
--Não. Você só acha, Almofadinhas, porque ele gosta da Laila e porque é muito atraente. –responde Remo, mirando o trio de alunos da Corvinal.
--Você falando assim, Aluado, é meio... ‘estranho’. –diz Pedro, que apertava a barriga. Já tinha reclamado aos amigos que estava com pressa de chegar a Dedosdemel e ao Três Vassouras.
--Estou apenas repetindo o que escuto por aí. –responde fazendo pouco caso do comentário.
--Será que a ruivinha vai se encontrar com alguém? –pergunta Tiago, tentando localizar Lílian, pois a mesma desaparecera do seu campo de visão.
--Pontas! Você mesmo disse que era para não arranjarmos compromissos, para discutir sobre amanhã, e agora fica querendo tomar conta da vida da garota? –Sirius finge ralhar.
--Perdoe-me, Almofadinhas.—Tiago abaixa a cabeça como se estivesse envergonhado.
--Tudo bem. –Sirius dá palmadas nas costas do amigo.
--Quer quebrar minha coluna, ou o que? –Tiago finge se irritar.
--O Pompom está sensível hoje. –brinca Remo.
--É preocupação com você, Alulu! Amanhã será um dia complicado. –Tiago faz voz de mulher, no que os outros marotos riem.
--É mesmo. Veja só! Está até com aparência de doente! –complementa Sirius, pegando na face de Remo.
Os marotos seguem até a Dedosdemel, conversando sobre como Remo parecia estar um Inferi medonho.
Após abastecerem os bolsos com guloseimas, os quatro rapazes rumam para o Três Vassouras, parando pelo caminho, na Zonko’s, para comprar bombas de bosta (Filch vai morrer limpando aquele corredor!). Sentam-se em uma mesa perto da lareira, onde tinha uma planta velha.
--Então... Amanhã será nosso grande dia! –brinda Tiago com os amigos, sorrindo.
--Seremos animagos, sem licença, andando pelos terrenos, com um lobisomem. –diz Sirius sonhador, bebendo um gole da sua cerveja amanteigada.
--Um lobisomem adulto, perigoso, que, se a transformação não der certo, pode devorar os melhores amigos, sem distinção alguma. –Remo toma um gole de cerveja e encara os marotos sério.
--Seu entusiasmo me comove, Aluado. –Sirius fala bebendo outro gole.
--Sabemos que estamos nos arriscando... –começa Tiago.
--Então parem já com essa loucura!—Remo fala alto, no que algumas mesas param de conversar para escutar.
--Mas não vamos deixá-lo enfrentar sozinho o seu...problema peludo!—termina Tiago, um tanto mais alterado do que Remo, fingindo, muito mal, que não houve interrupção.
--Pontas! Aluado! Falem baixo, seus debilóides! –sussurra Sirius.
--Ora, me desculpe, Pontas, por querer que fiquem a salvo! – Remo não conseguia mais parar de gritar.
--Desculpo sim, embora isso seja uma tremenda burrada! Sabe muito bem que jamais o deixaríamos com seu problema! –Tiago estava de pé, no que Sirius se levanta também.
--Basta, Pontas! –Cochicha ao ouvido do amigo. Parecia que todo o bar estava vigiando cada movimento deles –Brigar não adiantará nada.
Tiago se senta de má vontade, enquanto Remo lhe dava olhares carrancudos. Sirius continua de pé, olhando de um para outro.
--E depois eu que sou impulsivo, não? –bate na mesa, ainda falando baixo – Que tolice! Aluado, não desistiremos, e nada que diga adiantará. Pontas, não queira discutir com Aluado, no meio de um bar lotado, para que todos saibam o que ele é. Rabicho... – Pedro se sobressalta – vá à procura de Madame Rosmerta e peça petiscos e mais cerveja. –o menino senta e olha Pedro ir em direção à jovem dona do bar. Diziam as más línguas que Rosmerta fora expulsa de Hogwarts por estar grávida. Muitos acreditavam nos boatos pela mesma ser jovem demais para ter um pub. Sirius acreditava que era uma pena Rosmerta ser mais velha que ele. Ela era tão linda!
--Eu só gostaria que vocês compreendessem que não serei eu amanhã, na Casa dos Gritos. –Remo bebia mais um gole de cerveja, encarando a mesa.
--Entenda de uma vez, Aluado: não vamos desistir. –Tiago estava um pouco mais calmo. Como Remo podia ser tão irritante e tapado?
--Ok. –responde.
--CHANG, COMO VOCÊ OUSA!!! –Pedro que trazia o pedido pára no meio do caminho para ver quem berrara, assim como todos do bar.
--Calma, Lene! –grita Endora, visivelmente desconcertada pela reação da menina.
--COMO CALMA? ESSE MOLEQUE ME AGARRA E VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMA?! –Lene estava furiosa, enquanto Shoran tinha marcas de dedos em sua face. Cheng esforçava-se para não rir, o que Endora viu e não gostou muito.
--Acha engraçado seu amigo ser um completo idiota? Então deve ser porque você é também. E eu tenho uma novidade, Touya: ODEIO IDIOTAS! –Endora pega Marlene pelo braço e sai do pub, sob os olhares das pessoas curiosas e risonhas.
--Parece que todo mundo está com os nervos à flor da pele. –Sirius comenta enquanto pegava uma garrafa de cerveja amanteigada da mão de Pedro.
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Já eram umas sete horas da noite quando Laila, Lua, Alice e Lílian saiam do dormitório feminino.
A sala estava, como de costume, repleta de estudantes animados, conversando em grupos.
Os marotos que estavam próximos às escadas ficaram silenciosos, tentando ouvir o que as garotas estavam falando ao pé da escada.
--Como vamos para a floresta? –pergunta Alice, olhando para os lados. Remo, que vigiava por detrás de um livro quem falava , volto-se para o mesmo.
--Isto é arriscado, Lalita! Se eu for pega, poderei perder meu distintivo! –Lily parecia desesperada.
--Acha mesmo um distintivo mais importante do que a amizade? –Laila se vira para Lily com uma sobrancelha erguida.
--Não... eu só... ah... deixa... quero ajudar a Lua! –Lily pega nos ombros de Lua, que até aquele momento se encontrava calada.
--Ótimo! Vamos. –Laila pega a varinha e se vira para as outras três –Ok, já estou pronta para usar o feitiço da Desilusão.
As três se posicionam na frente de Laila, que espiava por cima dos ombros, e Remo se esconde novamente. Tiago, Sirius e Pedro nem respiravam mais.
Laila, pelo o que Remo pode ver, pegou a varinha e bateu na cabeça de Lílian. De onde a ponta da varinha bateu, o cabelo de Lílian foi sumindo, assim como seu rosto, pescoço, ombros, cintura, joelhos, e, finalmente, seus pés. Remo piscou os olhos e se assustou quando o mesmo aconteceu com Alice.
--O que está havendo? –pergunta Sirius, movendo a boca, sem emitir som, assim como Laila fazia o feitiço.
Quando foi a vez de Lua ficar desiludida, ela falou:
--Não vão se arrepender disso? –mordia o lábio inferior.
--Claro que não, sua tonta! –Laila realiza o mesmo feitiço na menina e depois nela mesma.
Remo continua a observar. Poderia ser impressão, mas pensou ter visto quatro vultos passando por entre os estudantes, em direção ao retrato.
--Vocês viram o que eu vi? –perguntou olhando os amigos que estavam esperando uma informação digna.
--Não, Aluado! –responde Sirius irritado. Detestava ficar curioso –Esperávamos que você nos dissesse!
--Ah... bem, a Laila usou um feitiço não-verbal de novo, mas não sei qual seria ele. –responde Remo, tentando puxar da memória um feitiço parecido com aquele...
--É o feitiço da Desilusão, não, Aluado? Foi isso o que ouvi. –informa Tiago, lembrando-se de um dia de setembro...—Espera aí! Eu já tinha visto Laila dando uma espiada nesse feitiço! Lembram-se quando usamos a capa? Em setembro? Tinham alguns papéis nas suas mãos, e esse encantamento estava marcado.
--Li em um livro de Feitiços que esse encantamento é capaz de deixar a pessoa como um... camaleão, um bicho trouxa que pode se tornar o lugar que está. –diz Sirius –Bem... acho que é mais ou menos isso.
--Espera um momento! –pede Remo, admirado—Você leu isso em um livro? Leu em um livro?!
--Li em um livro sim, Aluado! Por que este espanto todo? Pensa que sou analfabeto?
--Não é isso...é que... você vive dizendo que eu...
--Ah! Você devora livros. Eu apenas leio quando estou entediado, o que não acontece normalmente.—responde com simplicidade, enquanto Remo revira os olhos.
--Vamos lá! –Tiago se levanta com salto.
--Para a floresta? –pergunta Pedro com medo (medroso como sempre).
--Lá é perigoso demais para quatro garotas desprotegidas ficarem saltitando.—Tiago começa a subir as escadas, enquanto os outros três continuavam sentados. Passados cinco minutos, Tiago desce.
--Você já se deu conta que elas sabem se cuidar muito bem sozinhas? – pergunta Remo, observando Tiago desdobrar o Mapa do Maroto.
--Concordo com o Aluado. –guinchou Pedro. Não queria entrar na floresta à noite. Durante o dia já era assustadora, imagine agora! – Lalita deixou duas garotas desacordadas sem emitir som algum! E fiquei sabendo que muitos do sexto ano ainda não conseguem fazer nada levitar, que é o feitiço mais simples.
--Lembro-me que você teve dificuldade nesse feitiço até o terceiro mês do nosso primeiro ano letivo, Rabicho. –debocha Sirius, e Pedro fecha a cara, resmungando coisas ininteligíveis.
Os marotos se retiram da sala, caminham até o final do corredor, onde ficam sob a capa da invisibilidade que Tiago trouxera no bolso da capa negra da escola.
Como o mapa era útil a todo e qualquer transgressor, os garotos se livraram de alguns perigos, como uma professora McGonagall, Dumbledore andando por entre os corredores, Pirraça em algumas salas de aula próximas e Madame Nora (Sirius! Não chute a gata! Não chute!). Saíram apressada e cautelosamente do castelo, seguindo para a floresta, não tirando, nem por um minuto, os olhos do mapa, que informava que as garotas estavam alguns metros distantes da cabana de Hagrid.
--O que você queria nos mostrar, Lalita? –Tiago escutou a voz da sua amada ruiva um pouco à frente. Vendo que havia muitas árvores para escondê-los, arrancou a capa e guardou-a no bolso novamente e agachou-se, seguido de perto pelos outros, em uma grande árvore, tendo plena visão, por causa da forte luz do luar na clareira onde estavam –Estamos sozinhas agora. Checamos toda a área.
--Eu...descobri um novo poder em mim... –Laila fala olhando de uma para outra.
--Um novo poder? O que quer dizer? –Lua parecia interessada.
--Alice...você gostaria de ver seu pai? –Laila meio que ignora a pergunta de Lua, voltando-se para Alice, que se assusta.
--Seria ótimo ver...meu gato! Rubens! –responde saudosa.
--Certo. –Laila fecha os olhos, pressionando-os, como se fizesse força para se concentrar.
--O que está tentando fazer Lalita? –Lua pergunta olhando atentamente a prima.
Laila parecia estar fazendo tanta força, que doía. Uma veia em sua têmpora tornou-se visível. Ela pulsava perigosamente, como se fosse arrebentar. Lílian, que estava lado a lado com Laila, se afastou da mesma, rapidamente, pois essa emanava fortes ondas de energia.
Ouviu-se um miado alto, choroso, pomposo. Olhos amendoados apareceram do lado de Sirius, o último da fileira dos garotos que se escondiam, o sobressaltando. Um gato com o pêlo amarelado, patas com manchas pretas e a cauda também, surgiu do nada.
O gato saltou elegantemente da pequena gruta de onde aparecera, ao lado da árvore, e as meninas gritaram. Todas menos Laila.
--Ru-ru – gaguejou Alice, incrédula — Rubens!!! – o gato andou em direção à dona e começou a passa por entre suas pernas, ronronando. Alice pega o gato no colo, acariciando-o.
--Como...como...? –quis saber Lua.
Lílian virou-se para Laila, que voltara ao normal.
--Foi você? –perguntou.
--Sim, mas não sei como o fiz. Descobri isso nas férias, quando desejei fortemente que um besouro saísse da boca da minha avó, quando ela ia falar mal de mamãe. Claro que pensei que fosse coincidência, até que recebi uma carta do Ministério me acusando de ter feito um feitiço.
Lua e Alice estavam observando Laila atentamente.
--Sabe que com esse poder... vamos acompanhar Lua sem perigo algum de alguém nos descobrir. –fala Alice.
--Sei disso. Este é o motivo de mostrar-lhes esse novo poder útil.
Lua encarava Laila muito séria.
--Por que você tem que ser tão estranha, prima? –perguntou – Desde criança com esses seus ‘dons’ esquisitos. Nenhum outro bruxo normal faria algo assim sem uma varinha, menos ainda um de quinze anos.
--Ainda tenho quatorze. Faço só em junho.
--Piorou! Já contou isso para sua mãe?
--Não. Se ela souber, vai descobrir o que estamos pretendendo, Lua! Minha mãe é uma das melhores aurores. É só juntar veneno a benzoar!
--Sei que nosso plano é óbvio, mas é de você que estamos falando...
--Não! Não vou contar, ok?!
Lua e Laila se entreolham.
--Está bem. Mas ainda acho arriscado...
--Já basta, Lua! –Alice pede, no que a amiga se cala –Vamos voltar ao castelo.
Rubens salta do colo da dona e desaparece. Todas olham Laila.
--Não consigo produzir essas ilusões por muito tempo. –informa –Menos ainda quando tenho alguma alteração no humor.
Lílian pega no ombro de Laila, dando um sorriso. As quatro seguem para o castelo.
Sirius, Tiago, Remo e Pedro se entreolham, se levantam e seguem para perto da orla da floresta.
--Por que ela tem esse poder? –Sirius pergunta curioso.
--Não faço idéia, Almofadinhas, mas acredito que já li algo parecido em algum lugar... –Remo tenta se lembrar. Onde fora mesmo? O que significava?
--Laila nunca foi muito normal, sabem... –comenta Tiago pensativo. Rebeka e Jack Potter eram aurores como Kaya Durand, assim, Tiago e Laila se conheciam desde sempre. Passaram vários verões juntos, aprontando. –Recordo-me de um verão que eu estava dormindo no sofá da sala, e um sonho me veio de súbito...era como se eu estivesse dentro de um armário, observando duas pessoas conversarem sobre algo importante... e quando acordei assustado, não me lembro o motivo, lá estava ela... vidrada... tocando em mim... me assustei ainda mais com sua aparência... lágrimas escorriam de seus olhos, como se ela não percebesse... foi...
Um estrondo fez os quatro marotos gritarem. Não estavam cobertos pela capa!
Viram-se tão rápido para trás que quase torceram o pescoço.
Uma sombra gigantesca aparecera. Uma luz que vinha da porta escancarada mostrava um Hagrid irritado.
--Sabia que estavam por aqui! Demoram vir me visitar depois do horário de recolher. –disse ralhando, mas, pelo o que os garotos podiam ver, estava sorrindo. Rúbio Hagrid era o guarda-caça de Hogwarts, do tamanho de dois homens adultos, cabelos grandes e desgrenhados, que lhe caiam sobre seu rosto jovem.
Latidos ecoaram atrás de Hagrid, e um cachorro negro surgiu, pulando nos meninos, soltando saliva para todos os lados.
--Canídeo! –Sirius acariciou a cabeça do cão –Como vai irmão de raça? –sussurrou em seu ouvido, no que o cachorro latiu forte e abanou o rabo.
Hagrid deu espaço para os meninos entrarem e se acomodarem.
Sirius e Canídeo deitaram na enorme cama do guarda-caça, enquanto Tiago, Remo e Pedro e sentavam à mesa junto do dono da casa.
--Como está indo este ano? –quis saber Hagrid, pegando canecas do tamanho de baldes e servindo chá aos visitantes –Venha pegar seu chá, Sirius. – o menino se ergueu e foi na mesa, pegou seu chá e voltou a deitar-se na cama. Como a casa de Hagrid parecia mais uma cabana de tão pequena e desajeitada, não havia cômodos, então Sirius poderia interagir da conversa.
--Este ano está melhor que o anterior. –disse Sirius, bebendo um pouco do chá –Fizemos as pazes com as garotas.
--Sim. –diz Hagrid, também bebendo um pouco de chá –Elas estiveram aqui antes de vocês. Lalita disse que resolveu fazer uma trégua temporária com os marotos. –Hagrid dá um sorriso, olhando os quatro.
--A ruiva e eu estamos na mesma. –comenta Tiago desapontado.
--Bom... você realmente não esperava que ela lhe agarrasse toda a vez que o visse, não?
--Sinceramente, Hagrid...—fala Remo –essa era sua esperança.
--E você, Remo? Lua me disse que continua só.
--Lupin é um pouco... tímido... para dar o primeiro passo, Hagrid –fala Sirius, que acariciava Canídeo.
--Então, vocês vão continuar nesse ‘beber ou não beber a poção’?
--Como o Black disse, Hagrid. Tem algumas barreiras nesse nosso relacionamento. –responde Remo, um pouco amargurado. Se fosse uma pessoa normal, poderia estar até casado!
--É... –concorda Hagrid – Ela tem uma saúde frágil, a Lua, não? Está um pouco doente. Parece que vai voltar para a casa amanhã.
Os marotos se entreolham.
--Você também não me parece nada bem, Remo. Procure Madame Pomfrey.
--Vou procurar. –responde, bebendo mais chá.
Assim que as canecas esvaziaram, os marotos se despediram, dizendo que apareceriam mais vezes, e rumaram para o castelo, mas dessa vez, sob a capa.
Seguiram apressadamente para o dormitório masculino, trocaram de roupa e se reuniram no quarto para conversar.
--É impressão, ou a Luanna vive doente? –pergunta Pedro, que fechava a porta do banheiro, de onde acabara de sair.
--E sempre quando sua xará está redonda. –comenta Sirius, já em sua cama.
--Tem certeza que olhou direito, Aluado? Sobre mulheres que são lobisomens? –quis saber Pontas, deitando-se em sua cama.
--Certeza, certeza... não. Mas posso dar outra olhadinha. –responde Remo, já enfiado nas cobertas. Ele gostaria de descobrir outras duas coisas. Primeira: o que significava os poderes estranhos de Laila, que Tiago havia citado, mesmo com muita imprecisão, e o que ele mesmo vira. Segundo: a cura de sua maldição. Domingo seria um dia cheio.
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Domingo fora um dia atarefado para os marotos. Preguiçosos, não terminaram seus deveres no sábado, excerto Remo, e tiveram toda a tarde de seu precioso domingo, sem chuva, tomado por montanhas e montanhas de trabalhos.
Sirius se largara em uma das poltronas do Salão Comunal, quando terminou seus afazeres, reclamando do treino de quadribol que teria dentro de uma hora.
--Nunca vi treinar em pleno domingo! – Sirius apoiava sua cabeça na mão direita, que estava no braço da poltrona.
Tiago se senta na poltrona ao lado da de Sirius, mirando o amigo.
--Está moído na preguiça, Almofadinhas? –brincou.
--Estudar cansa minha preciosa e exótica beleza, caro Pontas. –reponde Sirius, sorrindo convencido.
--Me empresta seu dever de Herbologia, Pontas? –pede Pedro, que estava tão atolado de tarefas que não respirava direito.
--Está na mochila, pode pegar, Rabicho. –Tiago joga a mochila para o amigo, que estava no chão, o nariz pregado nos vários rolos de pergaminhos.
Tiago e Sirius saíram correndo até o campo de quadribol, pois estavam atrasados. Yasmin ficou furiosa.
--ESPERO QUE NÃO SE ATRAZEM PAR AO JOGO TAMBÉM! IRRESPONSÁVEIS! –berrava em plenos pulmões, de cima da vassoura, para os garotos que passaram correndo para o vestiário, colocar os uniformes.
O treino não poderia ter sido melhor. Laila, Endora e Edgar jogaram como nunca. Sirius e Magno arremessaram balaços tão forte que Tiago teve certeza que nenhum Corvinal conseguiria ficar em cima da vassoura se fosse acertado.
O entardecer foi um pouco, imediato.
Madame Pomfrey apareceu no Salão Comunal da Grifinória, procurando Remo.
--Vamos, querido! –disse puxando o garoto pelo braço, tirando a temperatura.
Remo dá um olhar aos amigos e deixa ser levado pela enfermeira.
Tiago volta-se para Pedro e Sirius.
--Vamos lá pelas oito, tudo bem?
--Certo. Acho que as oito o Aluado já se transformou. –concorda Sirius.
--E não é mais perigoso com ele já transformado? –pergunta Pedro, apavorado com a idéia de enfrentar um lobisomem adulto.
--Não se formos como animais. –responde Sirius.
O relógio da sala marcou oito horas e Tiago subiu a escada para o dormitório masculino, buscar a capa e o mapa, que estavam separados, em cima da cômoda.
A passagem secreta que os levaria direto para Remo era a da terrível árvore: o Salgueiro Lutador. O Salgueiro era uma planta altamente violenta, que não hesitava em acertar os curiosos que se aproximavam. Teve um garoto do terceiro ano que quase teve seu olho arrancado por um dos galhos da agressiva árvore.
Pedro, checando no mapa para ver se tinha alguém por perto, se transformou em um rato e passou por entre os galhos, que a árvore agitava perigosamente, tentando acertar Tiago e Sirius, que logo se transformam em cão e cervo, para fugirem dos golpes com maior agilidade. Pedro chega em um toco de árvore e coloca seu corpinho sobre um nó, paralisando o Salgueiro Lutador.
Os marotos já sabiam que era assim que Remo passava para a Casa dos Gritos, pois o mesmo contara a eles. Madame Pomfrey pegava um galho do chão e apertava o mesmo nó que Pedro, surtindo o mesmo efeito.
Os garotos, ou melhor, animais correm pelo túnel que levava à velha casa, onde estava seu amigo, já lobisomem.
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Remo segue Madame Pomfrey até o Salgueiro Lutador, entra pela passagem e vai a caminho da casa. Lá, como em todas as luas cheias, se transformaria em um monstro medonho.
Acostumado as sensações que antecediam a transformação, Lupin não se abalou com seus vômitos, dores de cabeça e a sensação de um ligeiro arranhão na garganta, como se algo o cortasse desde as cordas vocais até a língua.
Já dentro do quarto, onde se tornava um lobo contra vontade, Remo sentiu-se tonto, exausto, como se cada inspiração lhe custasse. Seria o seu fim?
Pesquisas bruxas recentes apontaram indícios de lobisomens que morrem muito cedo, não chegando nem à fase adulta, quando mordidas ainda crianças, o que era o caso dele. Os índices mostravam que alguns desses óbitos ocorriam quando as vítimas passavam da forma humana para a lupina. Como saberia que isto não estava prestes a acontecer consigo mesmo?
Lupin passa o olhar pela casa destruída. Recordou-se da vez que a visitara, acompanhado pelos pais e pelo diretor de Hogwarts. Parecia a casa dos sonhos, toda mobiliada, com as janelas sem as tábuas, agora presentes, e as paredes sem lascas ou arranhões, o piso de madeira sem manchas de sangue, de quando Remo mordia a si próprio. Claro que Clarisse e John Lupin gostariam de ver as condições que seu único filho, ‘doente’, viveria durante seu período perigoso. Dumbledore fez de tudo para garantir a segurança dos outros e dele próprio. Seria certo colocar seus amigos, seus melhores amigos em perigo? O que poderia acontecer a eles?
Remo estava tão pensativo que não notou a presença do luar, que passava por entre as frestas das tábuas das janelas.
O luar tocou sua pele.
Se Aluado fosse um garoto normal, com simples poderes mágicos, não sentiria nada, apenas observaria a luz que chegava à suas pernas, tronco, braços e cabeça. Mas é claro que nada na vida é perfeito.
A luz do luar tocou a pele de Remo, fazendo-o gritar. Em cada ponto tocado pela luz, seus nervos, e ele sentia, se comprimiam, provocando uma dor quase que insuportável, se já não fosse vivenciada tantas vezes.
As mãos do garoto começaram a tremer incontrolavelmente, enquanto a dor ainda pulsava. Suas unhas cresciam rapidamente, e logo apareceram garras capazes de destroçar todo e qualquer animal que aparece. O mesmo aconteceu com seus pés, que ficaram tão apertados nos sapatos que o garoto teve de arrancá-los. Devia tê-los tirado como sempre fazia, mas se esquecera.
As pernas, longas por ser um rapaz alto, engrossaram em uma velocidade espantosa para quem esta assistindo. A dor pulsava ainda mais.
Seu tronco foi se tornando pesado, forçando-o a ficar de quatro, para não partir sua coluna ao meio. Seu peitoral ganhava músculos. A dor continuava a crescer.
Seu pescoço aumentava, assim como sua cabeça, que se moldava. Seu nariz logo ficou o dobro do que era, conseguindo sentir cheiros diversos.
Remo piscou os olhos várias vezes, até focalizar, em preto e branco, a cômoda logo a sua frente. Era impressionante como seus olhos azuis ardiam.
Lupin não conseguia mais gritar, pois os gritos tornaram uivos aterrorizantes, cujo quais as habitantes do povoado temiam.
Após tanta dor, sofrimento, Remo se tornara um lobisomem adulto violento. Se perguntassem seu nome naquele instante, ele não saberia responder. Perdera completamente sua consciência, e o pior, seu próprio controle. Decerto, a pessoa que o perguntasse qualquer coisa seria atacada em questão de segundos.
Poderiam os marotos cuidar deste problema peludo, como diria Pontas?
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Por ser um animal de grande porte, Pontas seguiu na frente, com Rabicho em sua cabeça, entre seus majestosos chifres, acompanhado de perto por Almofadinhas.
O cervo, o rato e o cachorro, não andaram muito depressa, nem ‘conversaram’ entre si. A tensão e medo pairavam no ar. Um lobisomem seria um prato cheio!
Ao chegarem no casebre destruído, Sirius fareja Remo e sobe as escadas para o segundo andar, seguido pelos outros dois.
Aluado estava no chão, tremendo um pouco, por causa da transformação ainda recente.
Sirius corre até o amigo e o cutuca com o focinho. O momento seguinte pegou todos de surpresa: Remo se ergue nas quatro patas, rosnando alto, e dá um arranhão horrível no focinho do cão, que uiva de visível dor. Tiago bate as patas no chão, ameaçadoramente, o que fez Remo voltar sua atenção a ele e avançar. Pontas solta um bufo irritado e com seus chifres, arremessa Remo para o outro lado do quarto, que aparentava cair aos pedaços, fazendo-o bater na parede e cair com estrondo no chão.
Pedro corre ligeiro para Sirius, roçando seu pequenino focinho na orelha do amigo caindo, que ‘chorava’. Black se levantou com um salto, rosnando perigosamente para Remo, que tornava a se levantar, dando um latido forte. Mas Lupin estava ocupado demais em querer revidar para prestar atenção a Sirius.
Aluado dá um surpreendente salto e fica frente a frente a Tiago, um bufava e o outro rosnava. Os latidos de Sirius se faziam presentes.
Remo corre para o lado esquerdo de Tiago, pula na cama, e pula em cima do cervo, que começa a bramir e pisotear o chão, mas Remo cravara suas garras nas costas do amigo. Sirius salta para Remo e o derruba. Agora a luta era mandíbula contra mandíbula.
Tiago se deita no chão, sentindo uma forte dor.
Pedro continuava quieto, no canto do quarto, pronto para escapar caso chegasse sua vez de enfrentar o monstro.
Sirius recebe uma mordida em sua barriga, uiva de dor, mas não desiste da luta, revida com outra mordida, e foi a vez de Remo uivar.
Aquela confusão era demais! Pedro sai de seu canto e guincha para Remo, que volta a sua atenção para o roedor. Rabicho se afasta um pouco, mas continua a mirar Remo como se o convidasse a enfrentá-lo também. Aluado pára definitivamente de atacar Sirius, que faz o mesmo, olhando do roedor ao lobisomem. Tiago fazia o mesmo. Que tolice a de Pedro! Jamais venceria!
O lobo mirou, no fundo dos olhos do rato. Podia ver o medo em cada bigode dele, mas mesmo assim ele o desafiava, e Remo evitava atacar. Seria por observar o esforço do camundongo permanecer ali, diante dele? Ou o fato do mesmo ser tão pequenino que sentia pena de estraçalhá-lo?
Aluado vira-se para Almofadinhas, olhando dentro dos olhos. Via que sua intenção não era de machucar, mas sim estar por perto, assim como observava a mesma vontade nos olhos do cervo.
Lupin uivou alto, de um modo diferente, no que Black o acompanha. Potter brame e o rato guincha. Finalmente tinham se entendido.
Remo passou a cheirar os presentes. Claro que nenhum deles gostou daquilo, mas permitiram porque sabiam que apenas assim conseguiriam total confiança dele.
O resto da noite foi menos agitada, com os animais ‘conversando’ entre si, com alguns ‘choros’ de Sirius. A mordida que Remo lhe dera estava doendo muito.
O sol não tardou em raiar.
Tiago, Pedro e Sirius esperaram Remo voltar à forma humana para fazê-lo também.
--Como fomos? –perguntou Remo rouco e exausto. Sentia dores por todo corpo.
--Tivemos uma pequena briga, mas Rabicho tratou de acabar com ela. –responde Tiago, passando as mãos nas costas machucadas, mirando Pedro como um herói—Foi um grande ato de coragem, Rabicho. Meus parabéns!
Pedro sorri com o elogio. Adorava ser elogiado por um dos seus ídolos.
--Obrigado, Pontas. Eu estava com muito medo mesmo, mas, não agüentei ver Almofadinhas naquele estado deplorável. Pensei que se trouxe Aluado a realidade...
--Ainda bem que conseguiu, Rabicho. –Remo sentava-se na cama – Acho que não estariam vivos se não o tivesse feito.
Ouviu-se um grito abafado de dor. Todos os marotos se viraram.
Sirius estava deitado no chão, com a mão sobre um machucado profundo, que sai muito sangue. Remo não teve dúvidas: o mordera.
--Sirius! –levantou-se da cama, correu em direção ao amigo, preocupado. Será que se tornaria um... Deus queira que não.
--Estou bem, Aluado. –ofegou em resposta, olhando o rosto do amigo –Não se preocupe pois não serei um lobisomem, se é o que você esta pensando. Mordidas de lobisomens não funcionam em animais. Quer dizer, não passa a maldição, apenas um veneno.
--Veneno? –Tiago pegava Sirius do chão –Temos que ir à Ala Hospitalar! Dizemos a Madame Pomfrey que... um animal da floresta nos atacou ontem, no meio da noite. Corremos o risco de pegar uma detenção, mas é melhor do que a expulsão e morte, não?
-Então, vão depressa! Antes que ela venha me buscar. Aproveitem, Rabicho e Pontas, para ficar por lá, para descansarem. –aconselhou Remo, menos preocupado por saber que Sirius continuaria normal –Mas não se acostumem a fazer isso depois de cada lua cheia, que ela pode perceber.
Tiago concorda com a cabeça e, com a ajuda de Pedro, sai da casa, carregando Sirius, até o castelo.
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