A CHEGADA DE UM NOVO ALIADO
-Está com medo de ir para Azkaban Malfoy? -zombou Harry.
Mas Draco estava calado olhando fixamente para Snape que estava com uma expressão de triunfo e frustração, como poderia sentir as duas coisas? Pensou Harry. Era contraditório, mas não era isso que importava no momento.
-Não, não estou com medo de ir para Azkaban Harry. -disse Malfoy tranquilamente.
-Mas que arrogância. -disse Lupin.
-O garoto tá doidinho, como pode não ter medo de ir para Azkaban? -falou Tonks.
Harry já tinha esquecido da presença dos amigos, estava concentrado demais em obter informações.
-Não eu não estou doido. -respondeu Draco. -apenas existem coisas piores do que Azkaban, coisas que realmente, não só eu, mas todos vocês devem temer...
-O Lord das Trevas -disse Harry sem emoção.
-Isso mesmo. -confirmou Draco.
-Mas por que você temeria Voldemort? Você que conseguiu que os comensais da morte entrassem em Hogwarts e... E...
-Matassem Dumbledore. -completou Lupin.
-É, você deve ser o preferido dele agora, não!? -perguntou Harry sonoramente.
-É eu era, mas... Ninguém pode se esconder do Lord.
-Como assim se esconder do Lord? Pra que você precisaria se esconder dele?
-Quando ele descobriu foi horrível, horrível.
Harry percebeu que uma lágrima escorria no rosto pálido de Malfoy, lembrou-se da cena em que vira o mesmo, no banheiro da Murta que Geme em Hogwarts. Mas por que ele choraria? Não tinha motivos, conseguiu seu objetivo, caiu nas graças de Voldemort. Então Harry lembrou-se da penseira de Dumbledore, quando ele ficou sabendo que Tom Riddle gostava de estar sozinho, não tinha amigos e nem queria tê-los, muitos comensais acreditavam gozar de sua confiança, pensavam até que o entendiam, quanta besteira.
-O que ele descobriu Malfoy? -perguntou Harry serenamente de um jeito que lembrou Dumbledore.
Draco observou Harry por um tempo, suas palavras pareciam ter feito um efeito mágico sobre o garoto, talvez fosse a lembrança de Dumbledore que o atormentava, então Harry lembrou que Malfoy hesitou em matar o diretor.
E realmente não o matou, quem o fez foi o outro comensal que estava amarrado perto de Narcisa, que já tinha acordado mas ficou calada até então, Snape.
-Vou contar-lhes tudo, mas tenho que começar do princípio para que possam entender. -disse Malfoy.
-Primeiramente eu estava na torre de Astronomia com Dumbledore que estava muito fraco por algum motivo, -continuou o garoto. -conversamos um pouco, Dumbledore percebeu que eu não conseguiria matá-o e tentou me forçar a fazê-lo, continuei não conseguindo, então ele me pediu para que eu lhe dissesse como tinha posto os comensais dentro da escola. Eu lhe contei do armário e tudo mais. Não me interrompa. -brigou Malfoy ao perceber que Lupin ia dizer algo. -Sei que vocês conhecem essa história e não a querem ouvir novamente, mas é necessário para o entendimento final. Ok, Dumbledore me disse que era um plano muito inteligente e bem debaixo do nariz dele. Então ele disse que sabia do meu plano e que Snape estava me vigiando, foi quando esclareci que Snape prometeu à minha mãe, Dumbledore disse que não, e que confiava nele, caçoei dele pois como poderia ainda confiar em Snape? Contei como Snape tentou me ajudar, queria apenas a glória para ele. Nossa, até agora não entendi por que Dumbledore estava tão fraco, vivia cambaleando durante toda a conversa como se estivesse prestes cochilar a qualquer momento.
-Não interessa o motivo da fraqueza de Dumbledore, continue. -disse Harry friamente, era muito doloroso lembrar da morte do diretor, principalmente porque ele estava presente e não pôde fazer nada.
-Ok, -continuou Malfoy. -Expliquei como Rosmerta estava dominada pela Maldição Imperius e como nos comunicávamos. Expliquei também sobre a Marca Negra que atrairia Dumbledore para a torre, e tudo mais. Ele me falou que tínhamos que discutir as minhas opções, estranhei muito, estava com uma varinha prestes a matá-lo, mesmo que não conseguisse, então ele disse
”Meu caro rapaz, vamos parar de fingir. Se você fosse me matar, teria feito isso quando me desarmou, não teria parado para conversarmos amenamente sobre meios e modos.”.”É foi isso mesmo que ele disse. Falou depois que entendia minha posição e que não me confrontou antes por causa disso, ele sabia que eu seria morto se Voldemort percebesse que Dumbledore desconfiava de mim.
Houve uma pausa, Malfoy respirou fundo tentando tomar fôlego para continuar, algo que parecia extremamente difícil, ele estava à beira de um colapso de nervos. A qualquer momento ele poderia estourar, virar uma mangueira humana, ou quem sabe que outra reação.
Draco suspirou novamente e continuou:
-Desculpem, bem... Ele disse que poderia me ajudar, então eu lhe disse que ninguém podia, eu não tinha escolha, então ele disse que era a piedade dele que importava naquele momento, foi quando os outros comensais da morte chegaram, disseram que eu fiz um bom trabalho e que era para eu liquidar Dumbledore logo, eles ficaram conversando um pouco, e me mandaram novamente matá-lo, rápido, mas não consegui novamente. Então chegou Snape, -nesse momento Draco olhou para o comensal ao lado de sua mãe. -e Dumbledore o chamou pelo nome, Severo... Estava suplicando, nunca pensei que Dumbledore fosse suplicar pela vida, não o Dumbledore. Snape não respondeu, fitou-o por alguns momentos, havia repugnância e ódio gravados nas linhas duras de seu rosto, pude perceber isso. Dumbledore suplicou mais uma vez, pensei que ele ia fazer alguma coisa, fugir, atacar os comensais, só poderia ser um teste, Dumbledore estava me testando, ia reagir a qualquer momento, foi o que pensei -completou Draco. -mas era real. E Snape lançou o... O... O Avada Kedavra. Por uma fração de segundo Dumbledore pareceu pairar suspenso sob a caveira brilhante e, em seguida, foi caindo lentamente de costas, como uma grande boneca de trapos, por cima das ameias, e desapareceu de vista. Não pude acreditar quando vi. Dumbledore realmente estava morto.
Malfoy deixou escapar outra lágrima, que corria em seu rosto, dessa vez Harry percebeu que Malfoy estava mal cuidado, parecia fazer dias que não comia nada, ele realmente aparentava estar sofrendo, seu rosto estava pálido e fundo e também tinha muitas olheiras.
-Esse era o meu plano desde o começo, -continuou Draco. -matá-lo, mas não pensei realmente que ele ia morrer, ele era o grande Dumbledore. Ele não poderia morrer...
-Quer que a gente fique com pena de você Malfoy? -perguntou um Sr. Weasley debochado.
A Sra. Weasley tentou esconder uma lágrima que escorria. Harry não soube se era realmente pena de Malfoy ou comoção por lembrar de um assunto tão delicado.
-Não, não é isso. Não quero que tenham pena de mim, pois sei que nem isso eu mereço, mas não vem ao caso o que eu quero ou deixo de querer, preciso continuar a história, se me permitem. -disse Malfoy. -Fiquei paralisado ao ver, bem... Depois do acontecido, Snape me agarrou pelo cangote e me forçou a ir. Depois que voltei ao normal comecei a correr, sabia que não poderia mais ficar, chegamos a uma casa muito velha, grande, mas velha, Ele estava lá, aguardando ansioso, sedento por notícias, sedento pela morte de Dumbledore. Pediu a Snape para que lhe contasse como foi, fiquei muito feliz por isso, pois não conseguiria dizer uma só palavra, e Voldemort ainda descobriria que eu não queria que o plano fosse até o fim. Voldemort ficou muito satisfeito, me condecorou e tudo, até confessou que acreditava que eu não iria conseguir e que tinha me dado essa missão para que eu morresse tentando e assim castigar meu pai. Tornei-me um dos preferidos dele, ele estava realmente muito feliz, se é que posso chamar isso de felicidade, pois o rosto dele já não é mais capaz de expressar essa emoção.
Mas chegando finalmente ao que interessa, hoje eu estava treinando alguns feitiços das trevas com minha tia Belatriz e minha mãe, afinal eu precisava de treinamento para ser um comensal, -acrescentou Malfoy ao ver a expressão de seus ouvintes -e Voldemort disse que queria falar comigo, na hora eu não entendi, mas mesmo que tivesse, não adiantaria.
Ele me perguntou o que eu esperava de uma vida como comensal, eu fiquei calado pensando, não sabia o que responder, depois é que eu compreendi, Voldemort não se importa com o que os outros sentem, nunca se importou não é verdade! Foi quando ele disse...
Mas Malfoy parou de falar, Harry percebeu que algo muito importante tinha acontecido nesse ponto da história, não podia deixar de ouvi-lo, concentro-se o máximo que pôde no garoto à sua frente, Draco não pôde usar oclumência pois estava abalado demais, estava sem defesas contra a nova arma de Harry.
"Harry viu Malfoy em frente à Voldemort que lhe dizia:
-Draco, Draco... Você é igualzinho ao seu pai, um verdadeiro fracassado. No mundo não existe bem nem mal,só existe o poder e aqueles que são demasiado fracos para o desejarem meu caro Draco. Pensando bem, você é pior que seu pai, ele pelo menos tem muito desejo de conseguir o poder, falhou porque é um imbecil incompetente, mas você... É apenas um garotinho que quer atenção.
-Não, me-meu Lord, eu que-quero o poder sim, meu desejo é servi-lo -disse Malfoy gaguejando.
-Decepcionei-me com você Draco, pensei que tinha um futuro promissor como comensal, confesso que fez um bom trabalho em Hogwarts e por isso não me dei ao luxo de ver seus sentimentos, 'ler sua mente'. Você lamenta a morte daquele velhote, ah Draco como você me decepciona... -concluiu Voldemort com ênfase nas quatro ultimas palavras.
-Lo-lord, perdoe-me, isso não vai voltar a acontecer.
-Com quem você acha que está falando seu moleque sentimental, eu sou Lord Voldemort, ninguém consegue me enganar, e muito menos sair vivo depois, mas vou perdoá-lo.
-Ver-verdade me-meu Lord, vo-você vai me perdoar?
-Bem, na verdade não. AVADA KEDAV...
Antes que Voldemort pudesse terminar a maldição imperdoável, Narcisa, que observara tudo, correu em direção ao filho e aparatou com ele.
-MALDIÇÃO! -berrou Voldemort, demoradamente, com a fuga de Malfoy.
Harry não precisava mais ver nem ouvir nada, entendera tudo. E pela primeira vez sentiu pena de Malfoy, lembrou da Murta que Geme, como ela o consolava e pensou também no dilema do garoto, estar com os pais em perigo,e ter que fazer algo realmente horrível para salvá-los, Harry tento se colocar no lugar de Malfoy, o que faria? Concerteza não ajudaria Voldemort em nada, mas Draco não tinha a mesma coragem e também queria provar que era capaz, realmente ele passou por maus bocados, fora que quase foi morto por Voldemort pessoalmente...
-Anda garoto, o que ele disse? -o Sr. Weasley rompeu o silêncio.
-Ãn... Nada importante, o que importa é que ele tentou me matar...
-Mentiroso, se Você-Sabe-Quem quisesse matá-lo o teria feito e você não poderia fazer nada para se defender. -interrompeu a Sra. Weasley.
-Já chega. -disse Harry seguramente, dando um tom de ponto final na história.
-Mas Harry, esses... Esses... -tentou argumentar Lupin.
-Eu sei o que eles são e o que eles fazem, quero apenas fazer uma ultima pergunta a Snape.
e virando-se para o comensal perguntou com extremo desprezo.
-Por que você também apareceu na casa de Moody, até onde eu saiba você não fugiu com Malfoy?
Snape fitou Harry por um tempo, estava perplexo, Harry percebeu um leve sorriso no roso dele, mas que não durou muito.
-Você não é tão obtuso quanto pensei Harry. -falou Snape ironicamente. -Não eu não estava fugindo, estava caçando, eles são traidores, quando fugiram eu me ofereci a trazê-los de volta ao Lord das Trevas pessoalmente, e queria fazer isso sozinho, não é difícil duelar, e ganhar, de bruxos tão fracos quanto esses, mas eu não esperava que fossem para a casa de Moody, e ainda sim eu conseguiria, afinal ele se encarregaria dos dois, e eu dele, como de fato aconteceu.
-Mas eu não esperava encontrar você na casa Harry. -continuou Snape. -Mas agora se me permitem, eu preciso voltar para o meu mestre. Harry, você acha mesmo que eu ficaria preso no mesmo feitiço duas vezes? Ahahahahahaha -gargalhou.
Após a gargalhada Snape levantou-se do chão e foi em direção à Harry tão rápido que nem deu tempo do garoto se defender, esquivar.
Pegou sua varinha, que estava na mão esquerda de Harry, e aparatou em seguida. Foi tão rápido que nenhum dos presentes conseguiu reagir.
Malfoy trocou um olhar significativo com sua mãe enquanto todos entreolhavam-se, buscando uma resposta coerente ao que acontecera. Snape escapara. Harry sentiu-se culpado, pois ele tinha feito o feitiço que provavelmente foi mal feito, ou pelo menos foi o que ele pensou, e por não tê-los levado à Azkaban, lá as chances de fuga seriam bem menores.
Lupin ao perceber o desânimo de Harry disse-lhe:
-Não se preocupe Harry, não foi sua culpa. Acho que Severo é mais esperto que imaginamos, ele deve ter feito alguma coisa depois que usamos esse feitiço nele na casa dos gritos, lembra? De fato muito esperto.
-Ok, preciso ficar à sós com Malfoy, for favor. -disse Harry.
Mesmo sem compreender, todos saíram, inclusive Narcisa, ainda amarrada, flutuando.
-Você usou legilimens comigo não foi? -perguntou Malfoy já sabendo a resposta.
-É, usei. -confessou Harry.
-Tudo bem, me poupou um trabalhão, não gosto de lembrar o que aconteceu. Fico feliz que tenha aprendido.
-Malfoy, por que procurou o Moody?
-Bem, na verdade não procurei, minha mãe que aparatou, estava desesperada, acho que foi coincidência pararmos lá perto.
-Mas como o Snape sabia pra onde vocês iam?
-Ah, Harry eu não sei, qual é eu também não sei tudo. Mas eu queria te dizer uma coisa...
-Quê? -perguntou Harry sem emoção.
-É que eu quero ajudar você a derrubar Voldemort.
-Me ajudar, Draco Malfoy me ajudando! -espantou -se Harry.
-Não deboche de mim Harry, só eu sei o que foi passar uma temporada com ele, vendo suas crueldades, e quase tendo sido morto.
-Ele não tem piedade Harry, -continuou Malfoy -não ama ninguém.
-É eu sei disso, esqueceu que ele tentou me matar cinco vezes, pessoalmente, e ainda matou meus pais.
-Ah, verdade, ninguém melhor que você para me entender, não sabia que éramos tão parecidos.
-Não Malfoy, não somos parecidos, eu jamais concordaria em ajudar Voldemort.
-Ah, é. Você iria preferir ver ele matando seu pais, se eles ainda fossem vivos, ou matando Rony, ou Hermione, ou ainda, Gina?
Foi como se Harry levasse um soco no estômago, esquecera por um tempo do perigo que Gina corria em estar ao seu lado, e se Malfoy sabia, provavelmente Voldemort também sabia.
-Eu lutaria até o fim, você fez o que ele quis não fez? E olha onde está agora, fugindo dele porque ele quer matar você e sua mãe, exatamente como no começo.
Malfoy pensou um pouco e concluiu:
-Você tem razão, eu deveria ter lutado, procurado Dumbledore, mas agora é tarde demais. Sei que fiz muito mal a você, e a muita gente também, mas estou aqui tentando me redimir, quero ajudá-lo, quero ver Voldemort derrotado.
Harry percebeu que Malfoy estava sendo sincero, mas não sabia o que fazer, se Voldemort queria vê-lo morto, não tinha volta, Harry não poderia deixá-lo à própria sorte, mas também não poderia levá-lo para a sede, poderia ser perigoso. Ele pensou mais um pouco e disse:
-Já sei!
-Já sabe o que?
-O que fazer com você e com sua mãe é lógico.
-O que você vai fazer? -perguntou Malfoy.
#FIM DO DÉCIMO CAPÍTULO#
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