Acidente
Capítulo 7:
Acidente
Na manhã seguinte, Kihisha e Lily seguiram juntas para o Salão Principal. A morena falava alegremente das inúmeras virtudes do seu amado Remus. A ruiva apenas assentia com a cabeça, mas sem se pronunciar.
- ... e eu acho que tu deves falar com ele, Lily. – a morena murmurou, mexendo nos cabelos. Uma mania que lembrou à ruiva o jovem Potter, coisa que a fez estremecer - Tu es bien, Lily?
- Sim, Kihi. – Lily sussurrou, sentando-se na mesa dos Gryffindor. Remus estava na sua frente. – Olá, Remus.
- Bom dia. – o rapaz murmurou, olhando-a calmamente.
- Eu... depois posso falar contigo? – a ruiva continuou no mesmo tom de antes, sem o olhar.
- Claro, Lily. O que se passa?
- A sós. – a jovem olhou nos olhos dele e ele assentiu, com a cabeça. Nesse momento, chegaram James e Peter.
- ... juro-te, Prongs! – Pettigrew explicava algo ao moreno, gesticulando imenso, o que arrancava gargalhadas do mesmo. Sentaram-se na mesa, cumprimentando os presentes.
A ruiva evitava a todo o custo cruzar o seu olhar com o de James. Tentava pegar nas coisas falando o menos possível. Mas, em um momento, os seus olhos acabaram por cruzar-se com os do moreno. E ela viu divertimento nos mesmos.
- Algum problema, ruiva? – ele murmurou, antes de levar o copo de sumo à boca.
- Não, nenhum. – ela sussurrou, baixando o olhar.
- Estás bem, Lils? – murmurou Kihisha, colocando a sua mão em cima do braço da ruiva.
- Claro, claro. – continuou Lily, no mesmo tom de antes.
- Ora, Lily. Sê uma boa menina e conta-nos o que se passa. – falou James, com um tom divertido na voz. A jovem ruiva olhou para ele, assustada. Levantou-se de repente.
- Eu... eu preciso ir. Remus, depois... depois, ok? – ela falava, parecendo não saber o que fazer.
- Claro, Lily, claro. – o loiro respondeu.
Quando ela saiu do Salão, James não aguentou e explodiu em gargalhadas efusivas. Toda a mesa dos leões o olhou, intrigados. As outras mesas acabaram por olhá-lo também, até que Remus falou.
- James, o que se passa?
Isso ainda fez o moreno rir-se mais. Pegou nas coisas dele e saiu do Salão, a rir-se como um demente, deixando os amigos com um ar preocupado para trás.
Abriu os olhos pesadamente ainda com as memórias dos acontecimentos da noite anterior na cabeça. Sentia as dores dos Crucciatus enrijecerem-lhe os músculos, provocando-lhe expressões de mal estar e gemidos surdos.
Rolou na cama. Ao seu lado, Sirius ainda dormia profundamente. A Sala Precisa tinha-se transformado no dormitório masulino septanista e eles estavam na cama dele. Ac ficou a observá-lo por uns momentos. Tinha um ar sereno, bem diferente do que apresentava havia algum tempo. Suspirou e passou os dedos pelas mechas de cabelo negro de Sirius que teimavam em cair sobre o rosto do rapaz. Aproximou-se devagar e deu-lhe um leve beijo do rosto, perto dos lábios, enquanto murmurava um imperceptível “Obrigada...”. Estava a acontecer algo dentro de si que ela não queria aceitar... algo que ela sabia não controlar, mas iria fazer de tudo para o deter.
Voltou a rolar para o outro lado. Com um novo suspiro, levantou-se e começou a vestir-se.
- Ac?
Levantou o olhar. O moreno coçava a cabeça, gesto característico seu ao acordar. Ela sorriu.
- Sim?
- Onde vais? – a voz dele saiu baixa e ligeiramente rouca.
- Embora. – respondeu ela num fio de voz, rindo da expressão que ele fez em seguida, e abrindo a porta da Sala – Temos aulas, esqueceste-te? – e fechou a porta atrás de si, encostando-se nela e suspirando mais uma vez – Em que merda te estás a meter novamente, Acire? – sussurrou, enquanto passava a mão pelos cabelos, caminhando pelos corredores ainda escuros de Hogwarts.
Maldita música!! pensava Lily enquanto ensaiava uma parte do musical que McGonagall se tinha lembrado de lhes dar como detenção. Não admira que o Sirius e a Ac não tenham achado piada nenhuma a isto! É complicadíssimo!!! A ruiva bufou pela quarta vez desde que se encontrava ali, desde a hora de almoço. Voltou a pegar na varinha, rodou-a entre os dedos e iniciou, novamente, a coreografia e a canção.
When the rumba rhythms start to play
Dance with me, make me sway
Like a lazy ocean hugs the shore
Hold me close, sway me more
Afastar os braços, alongar os dedos, saltar da perna esquerda para a direita. Bater as mãos, cruzar os braços no peito, balançar os ombros ao juntar os joelhos. Até aqui tudo bem. Calma e sem problemas. Giro, passo, giro. Mãos pelo cabelo, mais balançar de ombros, dobrar as costas e inclinar atrás. Respirar, nunca esquecer de respirar nos tempos da música. E agora... como saltar, arquear as costas, esticar os braços e cantar ao mesmo tempo?
Like a flower bending in the breeze
Bend with me, sway with ease
- When we dance you have a wayyyyyyaaaaaaaaaaaah!!!!! - o grito de Lily ao escorregar depois do passo de dança pareceu ser ouvido em todo castelo. - MERDA PARA ESTA MERDA TODA!!!! ONDE RAIOS ME FUI EU METER??
- Hey, ruiva, tem calma. - a voz de Sirius soou à entrada da sala onde Lily ensaiava - Todo esse stress por causa da dança a pares no musical?
- Se tu fosses dançar com o idiota do James, cantar e não saberes fazer nenhuma destas coisas, também estarias assim!!! - rosnou ela levantando-se do chão e cruzando os braços, amuada - Eu sei que ainda não escolhemos os pares, mas é mais que óbvio que tu e a Ac ficam juntos. Aliás, como é que não estás preocupado com a parte da dança?
- Eu tive aulas de dança quando ainda fazia parte daquela família horrenda... - confessou Sirius com um leve sorriso - Eu só suportava aquilo porque a Ac era obrigada pela mãe dela e eu estava lá mais para lhe fazer companhia do que para aprender, mas enfim... O que não consegues fazer?
- Na parte do “When we dance you have a way with me” em que temos de saltar, arquear as costas e esticar os braços, sabes? - indagou ela e continuou ao ver que o Black acenava afirmativamente com a cabeça - Eu não consigo manter a voz no tom pedido e fazer a recepção do salto sem parecer uma idiota ou cair de rabo no chão!
- Porque não afastas mais as pernas? - sugeriu Padfoot girando a varinha e fazendo surgir a musica na parte onde Lily havia parado - Assim, olha...
Sirius pegou na mão da amiga e ajudou-a a fazer o passo correctamente. Lily sorriu e continuou a cantar o resto da música enquanto os dois dançavam divertidos. Muitos giros, piruetas e saltos depois, Lily terminou a música com um “ Sway me nooooooow” ao mesmo tempo que Sirius a inclinava num movimento gracioso e inesperado. Ele curvou-a e deitou-a sobre o seu braço, sorrindo para ela. Ameaçou um beijo, mas acabou por desviar os lábios para o pescoço alvo da rapariga e provocar barulhos estranhos ao pressionar a boca na pele dela e forçar a saída do ar. Lily riu-se levemente e percebeu que o moreno também sorria naquele acto de diversão. O que eles não contavam era ouvirem alguém bater palmas à entrada da sala.
- Eu quero-vos todos a fazer isso no musical! - ordenou a professora McGonagall que os encarava com um leve sorriso no rosto.
Tanto Sirius como Lily não se mexeram. Continuavam na mesma posição inclinada, com o Black a segurar a cintura da ruiva e esta com os braços em volta do seu pescoço. Os dois olharam um para o outro, ainda a tentarem absorver o que a professora lhes tinha acabado de dizer, e começaram a rir escandalosamente.
- Eu penso que vocês não tenham percebido direito. - afirmou Minerva, caminhando até mais perto deles - Informem o Mr. Potter a Miss Vanzest que eu EXIJO esta cena de coreografia e canto na peça.
- Que cena de coreografia e canto? - questionou a voz de James que havia acabado de entrar na sala, seguido de Ac.
- Pergunta antes, o que raios se passa aqui? - interrogou a morena, colocando uma mão na cintura e semi-cerrando os olhos enquanto olhava feio para Sirius que ainda tinha Evans nos braços.
- Ohoh... - murmurou Sirius de modo a que só Lily ouviu - Agora fodeu!
Mal viu Ac a revirar os olhos, Sirius esqueceu-se que tinha uma rapariga nos braços e deixou Lily cair no chão, para logo em seguida correr pela sala para se aproximar de Vanzest. Ao ouvir Evans a praguejar alto, o Black esboçou um sorriso forçado e murmurou um “Desculpa, Lils!” muito rápido.
- Ac...
- Não quero saber! - cortou a morena, tirando a mochila do ombro e abrindo-a - Só te vim trazer um caderno que te esqueceste no dormitório, há pouco.
- Mas, ouve, não é nada do que estás a pensar! - exclamou ele, no que Ac o encarou com um sorriso perverso.
- Eu não estou a pensar nada, Six... - sussurrou ela, encostando os lábios ao ouvido dele - A perita em Legillimância sou eu, amor, não tu!
- Mas...
- Aqui tens! - declarou ela, atirando-lhe contra o peito um caderno escuro e saindo em seguida - Vemo-nos em Poções!
- Ac!! - chamou Sirius, preparando-se para a seguir, mas James barrou-lhe o caminho.
- Tu conhece-la melhor que ninguém. - disse o Potter - Porque é que teimas em provocá-la?
- Eu não a estava a provocar, Prongs! - bufou Padfoot, irritado.
- Tu sabes que a Ac não é de brincadeiras, Sirius! Continuas assim e ainda a perdes! - observou James - E, acredita, a quantidade de gajos atrás dela aumenta de dia para dia!
Sirius ficou boquiaberto e nada conseguiu dizer depois do comentário do amigo. E ficou ainda pior quando o viu virar costas e sair da sala atrás da morena. Do outro lado da sala, Lily Evans – que até àquele momento conversava com a professora McGonagall por causa do dito musical - estava agora com a mesma reacção do Black. Poderia aquela atitude de James significar o que eles pensavam que significava?
James corria atrás de Ac pelos corredores da escola. Porque é que aquela miúda tinha a maldita mania de andar depressa sempre que ficava irritada? Encontrou-a, já nas masmorras, a responder torto a um pobre Slytherin que ousou meter-se no caminho dela. Definitivamente, como é que aquela rapariga estava nos Gryffindor??
- Ac!! - chamou James, correndo para alcançá-la antes dela entrar numa sala - Espera!!
- Se vens defender o idiota do Black... - rosnou ela, ameaçadoramente.
- Eu só quero falar contigo, Redwhisker! - exclamou ele, fechando a porta e sentando-se em cima de uma mesa enquanto via a morena a andar de um lado para o outro - O que é que se passa entre vocês?
- Nada!
- Quem nada não se afoga e vocês já estão quase sem ar.... - comentou o Potter, para logo receber um olhar mortal da amiga - Conta-me!!
- Ele anda a brincar comigo! - afirmou ela, mais para o ar do que propriamente para James - Estivemos quase dois anos muito bem e agora anda a ver se faz merda outra vez!!
- Então é isso... - murmurou Potter - Vocês estão juntos...?
- É claro que não, James, por favor!! - negou Vanzest, passando as mãos pelos cabelos - Como se eu tivesse uma relação séria com alguém...
- Não tens porque não queres!! - declarou Prongs, levantando-se - Mania das mulheres de complicarem tudo. Raios vos partam!! Porque é que vocês não são simples?
- Primeiro porque se fossemos simples, éramos homens! - afirmou Ac, no que James esboçou uma careta - E segundo, tu é que tens azar de não saber lidar com a ruiva problemática....
- Ensina-me.... - pediu Potter, ajoelhando-se à frente da amiga com cara de cachorro abandonado.
- Prongs, essa cara é do Six, não tua! - riu-se ela, obrigando-o a levantar - Já pensaste em ignorá-la?
- Ignorar a ruiva? - admirou-se ele.
- Sim, a maioria das vezes as pessoas só dão valor ao que têm quando o perdem. - observou ela, sorridente - Ignora-a e começa a sair com UMA ÚNICA rapariga. Nada de muito sério, só mesmo para fazer ciúmes.
- Achas que resulta? - perguntou ele, duvidoso.
- Resulta com cerca de 99% da população feminina! - informou Vanzest.
- Então e se ela for esse 1% deste castelo? - sugeriu o Potter.
- Impossível! - declarou Ac com uma gargalhada - Esse 1% sou eu, dear, não ela!!
A sua cama nunca lhe tinha parecido tão larga. Deitado de costas, Remus Lupin lia. O livro pousado sobre o peito, algumas almofadas debaixo da cabeça. Era uma das raras vezes em que o dormitório masculino se encontrava tão silencioso, sendo esse silêncio apenas cortado de minutos a minutos pelo virar das páginas.
O moreno estava tão compenetrado na sua leitura que não ouviu o som da porta a abrir-se e a fechar-se em seguida. Quer dizer, ouviu, mas a sua mente indicou-lhe que seria um dos rapazes. Um enorme erro.
O que aconteceu depois ele não soube explicar. Apenas deu por si a sentir um peso em cima do seu corpo.
- Pads, sai. Eu estou a ler, não vês? – um riso estranhamente familiar fez os pêlos da sua nuca arrepiarem-se completamente – Ki-Kihisha?
- Oui, c’est moi, mon chére. - a Potter sussurrou, aproximando-se perigosamente do rapaz – Contente por me ver?
- S-sim, eu... claro! – o jovem Marauder engoliu em seco quando a morena arrancou, literalmente, o livro das suas mãos e o atirou para a cama do lado – O que estás a fazer, Kihisha?
- A livrar-me dos obstáculos. – o rapaz reparou que, após ter-lhe retirado o livro das mãos, a morena conseguira aproximar-se ainda mais, se é que isso seria possível – Assim estamos bem melhor, não achas?
A penumbra do quarto não deixava ver nitidamente os traços do rosto da jovem, mas Remus sabia-os de cor. Via um brilho estranho no seu olhar e uma doçura e sensualidade no seu sorriso.
- A porta... – ele murmurou, sendo cortado em seguida por ela.
- Trancada. – o jovem Lupin ia falar novamente, mas Kihisha cortou-o mais uma vez – Não te preocupes. Um feitiço desconhecido dos rapazes. Só eu o posso desfazer e mais ninguém.
O Marauder sorriu. Um sorriso deveras tímido que Kihisha simplesmente achava adorável. A Potter aproximou-se ainda mais de Remus e enlaçou os dedos finos nos cabelos castanho claro do rapaz. Lupin estava completamente corado, mas nada fazia para impedir a morena de avançar. Kihisha sorriu levemente antes de o beijar com suavidade. Beijo esse que se tornou em algo intenso e apaixonado.
Contudo, Remus não pareceu nada admirado quando a rapariga levou as mãos à gravata vermelha e dourada e desfez o nó para, logo em seguida, começar a desapertar os botões da camisa dele. Moony segurou-a com delicadeza e inverteu posições com uma subtileza única. Beijavam-se devagar e com carinho enquanto as mãos pareciam agir sozinhas ao livrarem-se das camisas e percorrerem o corpo do outro.
(...)
Estava irritado, completamente irritado. Uma aula dupla de Poções e Ac não lhe tinha dirigido a palavra uma única vez. O que se passava com aquela miúda? Era como se ela não soubesse que nunca existiria nada entre ele e Lily. Por Merlin, eles eram apenas bons amigos! E, ainda por cima, James tinha aparecido com aquela conversa idiota. Que merda de dia aquele.
Parou perto de uma armadura medieval e ouviu vozes suas conhecidas. Estranhou e escondeu-se atrás da armadura de modo a que ninguém o visse. Espreitou para a origem das vozes e pode ver, à porta de uma sala vazia, os cabelos lisos e loiros de Edna Rosier e o seu sorriso cínico. O que ele não esperava era ver o mesmo sorriso cínico nos lábios da morena que se encontrava à frente da Slytherin. Como é que Ac estava ali, com a Rosier, no que parecia ser uma conversa civilizada?
- Eu realmente não sei o que pretendes com isso, Acire. Sempre disseste que não te interessavas! - afirmou a loira, cruzando os braços - Agora, do nada, queres estragar os meus planos?
- Que planos, Edna? Por Merlin, eu nunca disse que não me interessava, simplesmente não andava por aí a espalhar isso aos quatro ventos! - exclamou Ac, colocando uma mão na cintura - Além disso, tu é que nunca devias ter metido na cabeça que eu não o ia querer, porque tu sabes que é meu por direito!
- Teu por direito?! - indagou a Rosier, indignada - Merda, Acire, eu vou consegui-lo!!!!
- Tu sabes os termos e as condições, Edna, boa sorte com isso! - declarou Ac com uma gargalhada maldosa - Eu tenho uma vantagem em relação a ti, será que consegues passar-me à frente?
- Eu odeio-te, Vanzest! - guinchou a loira ao sair disparada pelo corredor, na direcção oposta a que Ac começou a caminhar logo de seguida.
Sirius observava a cena sem perceber o que elas diziam. O que raios podia interessar tanto às duas raparigas? Afinal, o que é que elas tinham em comum? Nada! O Black saiu de trás da armadura e apressou-se a chegar até Ac. Segurou-a levemente pelo braço e obrigou-a a encará-lo.
- O que raios foi aquilo, Ac? - perguntou, no que a morena apenas sorriu - Desde quando tens assuntos com a Rosier?
- Algum problema com isso? - questionou ela - Ou agora já não posso falar com quem me interessa!
- Por favor, Ac!! Tu estás com companhias cada vez mais estranhas! - exclamou ele, olhando-a fixamente - O Vamp, a Bellatrix e agora a Rosier?? Eu não me esqueci do que vi no casamento da Narcissa e...
Sirius não chegou a terminar a frase. A morena envolveu os dedos no cabelo dele e aproximou-se devagar de modo a beijá-lo delicadamente. Um beijo diferente entre eles, sem ser explosivo, sem ser ardente, apenas um beijo suave.
- Não te preocupes comigo... - murmurou ela, quase sem afastar os lábios dos dele - Eu sei o que estou a fazer...
- Mas...
- Confia em mim. - pediu Vanzest, antes do o olhar fixamente e seguir o seu caminho deixando-o sozinho do corredor.
- Eu não consigo, Maribell!
O sussurro proferido por Pettigrew fez Maribell Beth descair os ombros e sentar-se abruptamente numa das cadeiras da cozinha.
- Pete... assim não dá. – ela colocou a cabeça a repousar em cima da mão – Se desistes antes de, pelo menos, teres tentado ao máximo, já perdeste. Onde tu dizes ‘Desisto’, há sempre alguém que dirá ‘Que óptima oportunidade!’.
- Mas Mari...
- Tenta de novo, Peter. – o loiro foi cortado pela jovem, antes de poder proferir mais algum som de desistência. Suspirou fundo e falou, com voz entrecortada:
- Avis...
Uma ténue luz azul saiu da varinha do jovem Marauder, mas teve força suficiente para andar de parede em parede, fazendo a loira enconder-se debaixo da mesa até conseguir extinguir o feitiço.
- Peter! Voz clara! – ela vociferou, braços cruzados ao nível do peito, expressão aborrecida. O rapaz coçou a cabeça, clareou a garganta, apontou a varinha e falou, com nitidez:
- Avis!
A luz azul saiu agora num jacto, de rompante, fazendo com que inúmeras avezinhas aparecessem em volta do jovem Marauder.
- Então? – ele murmurou, na sua vozinha baixa de sempre. Maribel sorriu largamente e murmurou, perto dele.
- Perfeito...
Duas semanas depois...
- BEM VINDOS AO CLÁSSICO GRYFFINDOR x RAVENCLAW! PREPAREM-SE PARA A LOUCURA!!!
O estádio de Hogwarts foi ao rubro. Apesar do jogo de Quidditch ser apenas entre leões e águias, tanto texugos como serpentes assistiam animados. Hufflepuff torciam por Gryffindor e Slytherin não torciam por ninguém, apenas mostravam como tinham falta de fairplay , ao vaiarem todos os esforços dos adeptos vermelhos e dourados de aclamarem a sua equipa.
- E DEPOIS DA ENTRADA DA EQUIPA AZUL E BRONZE, VAMOS DAR AS BOAS VINDAS À EQUIPA VERMELHA E OURO! GRYFFINDOR!
A plateia dos leões explodiu numa aclamação fervorosa.
- ENTRAM CRUNCH, O KEEPER! THOMPSON E RUSTER, O PAR DE BEATERS ESTRONDOSOS! VANZEST E BLACK, A MELHOR DUPLA DE CHASERS DE SEMPRE, ACOMPANHADOS POR ELROY! E, POR ÚLTIMO, POTTER, O CAPITÃO, E SEEKER, A ESTRELA!
A cada entrada dos integrantes da equipa de Quidditch dos Gryffindor, uma explosão de palmas fervorosa era ouvida.
- E COMEÇOU O JOGO!
James andava em cima da vassoura, de um lado para o outro. Controlava o seeker da equipa adversária, permanecia atento ao aparecimento da snitch e, além disso, espreitava as bancadas. E o que viu fê-lo espantar-se.
No meio da violência de vermelho e dourado que era a bancada da torcida dos leões, um pontinho vermelho-fogo destacava-se pela sua calma. Lilly
- O que é que ela está aqui a fazer?
De repente, os seus olhos cruzaram-se. E ele viu tristeza naquelas orbes verdes. Virou a vassoura e esvoaçou mais um pouco. E veio à sua mente um acontecimento recente...
Flashback
- Não creio, Remus. Isto está horrível! O Slughorn vai reprovar-me...
Remus Lupin riu-se da expressão de desespero da amiga.
- Lils, calma. Tu és a melhor aluna de Poções. É improvável, praticamente impossível, que o Slughorn te reprove. Aliás, isso é impossível de acontecer seja em que matéria for.
- Excepto em Tranfiguração... – ela sussurrou, levando a mão à testa.
- Excepto em Tranfiguração... – ele sussurrou também, levado pelas palavras dela – Oh, Lils, caramba! Isso não vai acontecer.
Nesse momento, pelo quadro da Fat Lady, entrou James Potter. Mãos nos bolsos, andar descontraído, assobiando uma música qualquer.
- Remus – cumprimentou com a cabeça e sentou-se numa das poltronas, lendo um pergaminho. Lily cruzou os braços.
- Quando era rica falava aos pobres, Potter.
Mas nem uma palavra. Conforme se sentou na poltrona, a ler, assim permaneceu o moreno.
- Mal-educado! – ela rosnou – Hey! Estou a falar contigo, Potter!
Mas, mais uma vez, nem um som. James levantou-se e sussurrou algo no ouvido de Remus, saindo em seguida da mesma forma que entrou. O jovem Lupin virou-se para a ruiva e murmurou:
- O James quer que eu te avise que o par dele na detenção é a Ac.
Lily ficou com uma cara de espanto, virando a cabeça para a direcção que James tinha tomado. O que estaria a acontecer para ele se comportar assim?
Fim do Flashback
A partir desse dia, James não teria mais trocado palavra com Lily. Decidira seguir o conselho de Ac e ignorar a ruiva. Mas parecia não estar a surtir efeito nenhum. E ele agora só esperava que isso não o fizesse perder a ruiva. Ou a morena sofreria bastante.
- Eu mato a Redwhisker. A sério que mato...
Do outro lado do campo...
- Ac, escuta-me!
Sirius voava a uma distância razoável de Ac, que se situava entre os dois rapazes, chasers como ela própria.
- Eu não quero saber... – Ac rematou a quaffle pelos aros. Seguiu-se um “GRANDE PONTO PARA OS LEÕES, PELA MARAVILHOSA AC!” - ... dessa merda. – virou-se calmamente para o moreno ao seu lado – E agora chega-te pra lá, que estás a atrapalhar as minhas manobras.
Depois de um resmungo, Sirius afastou a vassoura alguns metros dela e ficou à espera de mais uma jogada. A bola vermelha foi roubada por Jonathan Elroy, que a passaria a Ac, se o jovem Marauder não a interceptasse. O que se seguiu foi uma batalha campal, travada por dois jogadores da mesma equipa: Black e Vanzest.
- Devolve-me a merda da bola, Sirius Black! – rosnava a morena, vassouras lado a lado, braço esticado.
- Nem penses, Acire Vanzest... – murmurou o moreno, alfinetando, o que rendeu um encontrão violento; largou a quaffle , sendo esta apanhada por Ac, que marcou mais um espectacular ponto, como era seu costume.
- PAREM COM ESSA MERDA! – era James, que voava perto dos dois, expressão nada agradável – ISTO ESTÁ A DESABILIZAR A EQUIPA! OS VOSSOS PROBLEMAS PESSOAIS FICAM FORA DO CAMPO, OK? Merda, a snitch !
- O Prongs tem razão. – falou Sirius, olhando nos olhos da morena, que os rolou – Os nossos problemas ficam fora do campo.
- Fala por ti, Black. – Ac disse, com um sorriso ladino – O único aqui a ter problemas és tu. E bem graves, por sinal.
O jovem ia retrucar quando algo os fez olhar seriamente para o lado e arregalar completamente os olhos.
Alguns segundos antes...
James avistara a bolinha dourada. O prémio. O fim do jogo era agora e os leões iam ganhar esta disputa. Levavam uma vantagem de 50 pontos contra os Ravenclaw. Ele sorriu. Para além de poder mostrar o quão era bom capitão e jogador de Quidditch, um orgulho para a sua casa (pelo menos ali), podia sentir a liberdade que era estar em cima de uma vassoura. Só tinha pena de uma coisa. Que Lily não estivesse a sentir o mesmo que ele. Em todos os sentidos.
Tantas noites havia sonhado em levá-la na sua vassoura, mostrar-lhe como era Hogwarts vista do céu. Sobrevoarem o lago, mergulhar a alta velocidade em direcção às águas calmas e, no último segundo, rasar os dedos nas mesmas. Verem Hogsmeade, com as suas luzinhas nocturnas, sentir as folhas das árvores da Forbidden Forest a tocarem-lhe nas pernas, iludirem o Salgueiro Lutador. Verem o nascer do sol agarrados, em cima da vassoura, pairando nos céus. Sentirem-se livres. E, quando regressassem ao castelo, levá-la-ia até à janela do dormitório feminino e despedir-se-iam com um beijo simples.
Suspirou. Era apenas sonho. Sacudiu a cabeça, como se espantasse aqueles pensamentos. Olhou para trás. O seeker da equipa contrária estava a alguns metros atrás. Virou-se novamente para a frente e sorriu. Esticou a mão e apanhou a snitch
- FIM DO JOGO! GANHAM OS LEÕES! GRYFFINDOOOOORRR!!!
Levantou o braço, exibindo a bolinha que sacudia as pequeninas asas, como se se quisesse libertar. Olhou para os companheiros de equipa. Ac e Sirius nem tinham reparado que o jogo tinha acabado. Olhou para as bancadas. A sua prima estava quase histérica, abraçada a Remus, saltando. Remus e Peter sorriam-lhe, acenando-lhe euforicamente. E ao lado deles... Lily. Batia palmas, tal como o resto da bancada, e sorria. Ele atreveu-se a sorrir também.
Mas, no segundo seguinte, viu pânico no olhar dela, sem perceber porquê. A última coisa que sentiu foi uma dor forte na cabeça e tudo ficou negro.
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N.A.s:
Desculpem a demora >.<
Acontece que nós as duas estamos em época de provas da faculdade e não dei MESMO para postar mais cedo. Estamos a escrever o 8º cap e postaremos assim que estiver pronto ^^
Obrigada a todas as que comentaram, assim que tivermos um tempinho extra, respondemos a todos os comentários.
Kiss's
Aldara & Just
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