Foi acidental...
Oi pessoas...
Desculpem a nossa demora, realmente a faculdade tira o tempo de qualquer um... mas aqui vai o novo capítulo...
Esperemos que gostem...
Aldara & Just
P.S.: nós realmente n temos jeito para nomes de capítulos...
P.S.2: obrigado a todos pelos comentários!
Capitulo 8:
Foi acidental...
A sua consciência voltava aos poucos. Sentia uma dor lancinante, no lado direito da cabeça, que se alastrava por ela toda. A dor provocava-lhe zunidos nos ouvidos, que não lhe permitiam ouvir claramente o que se passava.
- Merda... onde raio é que eu estou?
A voz saiu-lhe num sussurro, mas foi o suficiente para alguém que se encontrava ao seu lado lhe apertar a mão.
- James?
- Pads... - um riso suave, semelhante a um latido baixo, ecoou pela divisão – Estás na enfermaria, veado marado! Pensávamos que não ias acordar tão cedo. Eu e a Ac estávamos já a tratar do teu testamento, mas o Remus e o Peter não quiseram...
O jovem Potter riu a custo.
- Que cortes. – depois, um ar sério – Hei... há quanto tempo estou aqui?
- Dois dias...
- E há quanto tempo estás aqui??
- Umas horas!! – exclamou Sirius, com ar de descaso.
- Mentira!! – uma voz feminina ecoou pela enfermaria – Estás aqui desde que ele chegou e ainda não largaste a cama dele por um segundo!!
- Ac! – exclamou James, efusivamente, tentando se levantar, o que não conseguiu. Voltou a deitar-se, praguejando baixo.
- Calma, campeão. – ela murmurou, com voz suave, dando-lhe pancadinhas no ombro.
Nesse preciso instante, Mdme.Pomfrey entrou na divisoria, caminhando calmamente. Chegou perto de James e verificou-lhe o pulso, a temperatura e aconchegou-lhe a roupa da cama.
- Como te sentes, meu querido? – a sua voz soou doce, até maternal.
- Bem. Apenas há um problema. – James coçou a cabeça e o nariz – Não consigo abrir os olhos.
Ac e Sirius olharam um para o outro e depois para James.
- Prongs... – o jovem Black murmurou – Tu já tens os olhos abertos...
Alguns minutos depois...
- O que eu posso adiantar é que o Mr. Potter sofre de cegueira temporária. – Mdme.Pomfrey falava calmamente com a professora Mcgonagall. O resto dos Marauders, bem como Kihisha, Martha e Lily, ouviam-nas atentamente – Foi devido à pancada da quaffle, obviamente. Ele recuperou todas as suas faculdades. Vai ser capaz de andar, falar, pensar, raciocinar correctamente. Os seus sentidos não foram alterados. Apenas... vai estar incapaz de ver...
- Por quanto tempo? – murmurou a mulher-gato, olhando exasperada para o jovem moreno.
- Não sei ao certo. Pode ser apenas por uns dias... umas semanas... anos... – a enfermeira gesticulava devagar – ou até pode nunca recuperar. Os efeitos são imprevistos.
Lily abafou um grito com a mão. Olhou para a cama onde estava James. O moreno apresentava uma expressão calma, mas ela sabia, pelo tamborilar dos seus dedos, que ele estava nervoso. Voltou de novo a sua atenção para as duas mulheres.
- ...ele vai precisar de uma companhia. Alguém que o leve de sala para sala, pelos corredores. Uma espécie de guia.
- Eu. – exclamou Lily, repentinamente. Olhou novamente para o jovem Potter, que tinha agora uma expressao de espanto – Eu não me importo de guiar o Ja... o Potter.
A sua voz saia calma e suave. Todos a olharam. Ac sorriu ladina.
- Ms. Evans. Sempre prestável. Mesmo com aqueles com quem menos tem compatibilidades. Vê-se logo que é uma autentica Gryffindor. – Lily sorria amarelo a cada palavra da professora – Está decidido. A menina ajudará o seu colega, até mesmo a subir para o dormitório.
- Mas professora... – James começou a protestar, sendo cortado pela mulher-gato.
- Mr. Potter! – ela aproximou-se o mais que pode do rapaz e começou a falar num tom que só Ac e Remus, que estavam mais perto do jovem, ouviram – James... sê razoável. Eu sei que vocês têm as vossas divergências... mas ela prontificou-se a ajudar-te. Sê razoável, meu querido.
- Sim, professora. – James sussurrou, amuando e cruzando os braços.
- Óptimo. Mdme.Pomfrey, quando é que o Mr. Potter recebe alta? – falou a mulher, ajeitando os óculos no nariz.
- Só mais alguns exames e depois estará pronto a regressar à normalidade. – a enfermeira declarou, olhando a mulher-gato.
- Óptimo. Até depois.
E ambas saíram. Os rapazes e as raparigas olhavam da ruiva para o moreno, tentando decifrar o que cada um pensava. Mas ela estava voltada para a janela, olhando o nada. E ele... bem, com ele era meio difícil.
- Não se importavam de sair, por favor. – murmurou James, um pouco baixo, mas alto o suficiente para ouvirem – Menos a Evans.
Lily, que se preparava para sair com os outros, estacou e ficou a fitar o moreno deitado. Martha e Kihisha, ao passarem por ela, apertaram-lhe a mão. Ac apenas lhe deitou um olhar significativo. Quando apenas se encontravam os dois no quarto, a ruiva principiou a falar.
- James, eu...
- Escuta, Evans. – ele cortou-a, numa voz impessoal, chegando quase até a ser fria. Lily estacou, ficando parada, como uma estátua. – Lá por te teres oferecido, num gesto de boa vontade, que eu apenas vejo como sendo uma maneira de ficares bem vista aos olhos da McGonagall, eu não aceitei de boa-vontade. Apenas aceitei para não arranjar discussões. Portanto, vamos esclarecer certas coisas. – Lily fitava o olhar sem expressão do moreno – Primeiro, podemos ir para todo o lado juntos, mas isso não implica falarmos um com o outro. Apenas o essencial. Segundo, nada de me levares para o dormitório. Há-de sempre haver um dos rapazes, ou até a Ac, para me ajudarem. Terceiro, quando eu quiser sair com alguém, espero que não venhas atrás de mim. Estamos claros?
- Como água, Potter.
A voz dela saiu magoada, até com uma ponta de raiva. Encaminhou-se para a porta, deitando um olhar de tristeza para a cama do Marauder. E em seguida, bateu a porta com um pouco de força.
- Se isto não dá certo, vais morrer, Redwhisker... - murmurou James, irritado.
- EU TENHO DE ME ACALMAR? - interrogou Sirius, completamente irritado, naquela noite, na sala comum dos Gryffindor. - NÃO FUI EU QUE LANÇOU AQUELA QUAFFLE CONTRA O PRONGS!
- Desculpa?! - rosnou Ac, fulminando o rapaz com os olhos. - Quem é que me tirou a bola e a arremessou loucamente para sei lá bem onde?
- Não foi isso que aconteceu! - protestou o Black.
- Foi sim, e tu sabes bem disso! - exclamou Vanzest, apontando um dedo ameaçador ao rapaz à sua frente. - Agora, por causa das tuas mania idiotas, estamos sem seeker e sem capitão de equipa por tempo indeterminado!
- E a Ac está sem par para a detenção. - comentou Remus, tranquilamente, virando a página de um livro que tinha nos braços.
- Merlin... é verdade! - declarou a morena, levando uma mão há boca e encarando Sirius furiosamente. - EU ODEIO-TE, PULGUENTO MISERÁVEL!
- NÃO FUI EU QUE ESCOLHI OS PARES! TU QUISESTE FICAR COM O JAMES! - atacou Sirius.
- Se ficasse contigo era este o resultado em todos os malditos ensaios! - bufou ela, cruzando os braços e esboçando um sorriso maldoso. - Além disso, tu e a Lily ficam tão bem agarradinhos um ao outro...
- Pim! Ac um, Sirius zero! - exclamou Remus, ainda com o mesmo ar de indiferente. - Admite, Pads, ela tem razão.
- DE QUE LADO ESTÁS, REMUS? - berrou o Black, furioso.
- Ac, Sirius... - chamou Kihisha ao entrar pelo buraco do retrato. - A vossa discussão ouve-se do corredor!
- Diz-lhe isso a ele! - protestou a morena, revirando os olhos. - Ele está a causar problemas!
- Eu estou a causar problemas? - admirou-se o Black. - Quem é que está a complicar as coisas?
- Eu não estou a complicar nada! - vociferou ela. - Tu é que estás com uma merda de uma crise de ciúmes porque eu vou fazer par com o James na detenção!
- Ciúmes, Ac? Quais ciúmes? - interrogou o Padfoot levando as mãos à cabeça. - Por Merlin, porque teria eu ciúmes teus com o James?
- Kihi, querida, senta-te aqui e aprecia o show deles. - convidou Remus, com um sorriso maroto. - Vais gostar!
- Cinco galeões em como a Ac espeta um estalo ao Sirius antes do fim da discussão. - apostou Kihi, prestando atenção aos dois amigos.
- Dez em como termina tudo com um beijo. - disse Peter, aparecendo no fundo das escadas do dormitório masculino.
- Quinze se nada disso acontecer e eles simplesmente saírem em direcções opostas e passarem a noite fora. - afirmou Remus, fechando o livro e prestando a devida atenção aos amigos.
- Porque estás totalmente irritado e descontrolado desde o momento em que eu te disse que ia fazer a detenção com ele! - proferiu a morena.
- Não estou nada! - protestou o Black.
- Deixa de ser idiota, admite que me amas e que não suportas a ideia de me veres com outra pessoa. - afirmou a morena, com os olhos semi-cerrados e um sorriso maldoso.
Sirius segurou-lhe num braço, puxou-a contra si e encarou-a. Os rostos muito próximos, os olhos num contraste pleno de emoções.
- E se eu admitir? - perguntou em voz baixa, permitindo que apenas ela ouvisse. - Se te disser que te amo e que não te quero com outro homem? O que acontece?
- Nada. - murmurou Ac, seriamente, sem desviar o olhar. - Não acontece nada, porque eu sei que isso não é verdade!
- Ac, por Merlin...
- Sou amiga, Sirius. Amiga, irmã, amante ou confidente. - inumerou, simplesmente. - Mas nunca amor. Entende isso!
- Não quero entender! - exclamou ele. - Simplesmente não quero!
- Devias. - disse simplesmente, antes de virar costas e sair pelo buraco do retrato.
Sirius sacudiu a cabeça. Rosnou algo imperceptível e, também ele, saiu pelo retrato, sem dizer mais nada. Na sala, Remus, voltou a abrir o seu livro, enquanto Peter e Kihisha se encaravam, desapontados.
- Quinze galeões - lembrou Remus, sorridente.
Alguns dias mais tarde...
- Damn! Eu apenas não consigo ver! Não estou aleijado, consigo me levantar sozinho!
A voz rouca e irritada de James ecoava por toda a enfermaria. Lily estava do lado dele, uma mão na cintura e outra por cima dos olhos, bufando.
- Potter, por estares sem ver é que precisas de ajuda para te levantares. Há coisas pelo caminho e...
- Chama um dos rapazes! – cortou-a o moreno – Não preciso da tua ajuda! Vai ser boa samaritana para outro lado.
James Potter tentou levantar-se, mas tropeçou numa cadeira e, se não fosse a ajuda de Lily, que o amparou pelo braço, ter-se-ia estatelado no chão. O moreno soltou-se da ruiva de repente e sentou-se na cama, resmungando.
- Vês, Potter? Tu precisas da minha ajuda. – sussurrou Lily, numa voz suave – Vá lá, deixa de ser teimoso e deixa-me ajudar-te...
- Chama um dos rapazes. – o jovem Potter murmurou, numa voz seca.
- O Remus está a vigiar uma detenção. O Peter está a ter aulas de Tranfiguração. O Sirius está a treinar Quidditch, logo a Ac também lá está. – James ia a dizer qualquer coisa, mas Lily cortou-o – A Kihi está a falar com o Dumbledore.
- Chama a Martha. – murmurou o moreno, cruzando os braços.
- James. – sussurrou Lily, suspirando, cansada, em seguida. Pegou-lhe na mão, mas ele ficou estático. A meio, a ruiva desistiu. Soltou-lhe a mão e, entre mais um suspiro, voltou-se para sair. Quando estava perto da porta, ouviu uma voz.
- Evans. – Lily virou-se e encarou o moreno – Leva-me para a Sala Comum.
Lily aproximou-se e voltou a pegar-lhe na mão. Caminharam pelos corredores, em silêncio. Algumas raparigas, fossem Gryffindor ou de outra casa, até mesmo Slytherin, paravam e cumprimentavam James, desejando-lhe as melhoras e, por vezes, dando-lhe um beijo no rosto. A ruiva nada dizia, apenas pegava na mão dele quando as raparigas se afastavam.
James sentia que Lily não estava bem, apenas pela maneira como ela lhe pegava na mão.
- Chegámos. – ela murmurou, dizendo-lhe em seguida para esperar. Foi ter com um sextanista dos leões e pediu-lhe para levar o moreno até ao dormitório masculino.
- Obrigada, Evans. – murmurou o moreno, das escadas.
Lily não respondeu. Subiu as escadas que davam para o dormitório feminino, fechou as cortinas da cama e enrolou-se sobre si própria.
- Já acabamos, prefeito.
Dois sextanistas dos Gryffindor, que se tinham envolvido num duelo, estavam a ser vigiados por Remus, numa detenção que consistia em limpar o chão da sala de troféus.
- Está muito mal cumprida, a detenção... – advertiu o jovem Lupin, mas ao ver a cara de culpados dos dois, riu-se e falou numa voz benevolente – Tudo bem, podem ir andando. Desta vez passa.
Os dois rapazes sorriram e viraram as costas, saindo a correr.
- Não se metam em sarilhos! – gritou o rapaz-lobo para a porta, rindo em seguida – Estes miúdos...
Virou-se e, com um agitar de varinha, deixou o chão perfeitamente limpo.
- Posso?
Uma vozinha sua conhecida fez-se ouvir da porta.
- Kihisha? Entra!
A morena entrou, silenciosamente, como era seu hábito.
- Então, já falaste com o Dumbledore? – Remus falava, arrumando as suas coisas, sem a encarar, propriamente – De certeza que ele solucionou tudo, certo? – mas não obteve resposta – Kihi?
Quando olhou a francesa, esta chorava.
- Kihisha? – ele levantou o rosto da morena – O que se passa?
- Os meus pais, Remie. Os meus pais querem que eu volte para Beauxbatons. – soltou um soluço – O Dumbledore conseguiu convencê-los a deixar-me ficar até ao Natal. Mas depois... volto para lá...
O Marauder abraçou a morena à sua frente, que soluçou um pouco mais forte.
- Shhh... está tudo bem. – afagou-lhe os cabelos. Nunca a tinha visto daquela maneira – Vai correr tudo bem. Nós vamos arranjar uma maneira. Vais ver!
Sorriu-lhe ternamente, o que a fez sorrir também. Com a ponta dos dedos, limpou-lhe as lágrimas.
- Pensa positivo! Vais ter hipótese de lançar uns quantos Feitiços aos Slytherin!
A morena riu e depois formou-se um sorriso maroto no seu rosto. E umas miudas atiradiças... , acrescentou em pensamento.
No campo de Quidditch, os membros da equipa de Gryffindor estavam dispostos nas suas posições habituais de treino. Contudo, a falta de James a dirigir toda a equipa, fazia com que os jogadores parecessem perdidos e nem mesmo as orientações de Sirius como sub-capitão ajudavam naquele momento. Os dois beaters estavam apáticos, sem notarem a presença das bludgers, assim como o keeper parecia não ver a quaffle. Também perdido, estava o jovem Elroy, o terceiro chaser da equipa, que não conseguia perceber o que se passava, alguns metros acima de si, entre Sirius e Ac. Mais uma vez, os dois amigos pareciam discutir furiosamente e a chuva que teimava em cair não ajudava em nada aquela situação.
- Isto não nos leva a lugar nenhum! - exclamou Ac - Sem a equipa completa, os restantes jogadores não se sentem bem em campo.
- O James regressa em breve e, nessa altura, voltamos aos treinos como antes! - declarou o Black - Até lá, temos de treinar assim.
- E se o James não voltar, Sirius? - perguntou a morena - E se ele não recuperar a tempo da taça? Precisamos de um seeker substituto!
- Eu não vou permitir que substituam o James! - rosnou ele, irritado - Ele adora esta equipa, nós não podemos-
- Por ele adorar esta equipa é que vai compreender que temos de ter outro seeker! - vociferou Vanzest - Aposto que o James não havia de querer que perdessemos a taça porque ele não pode jogar! Além disso, será apenas um seeker temporário até o James ficar novamente bom!
Sirius olhou para a morena. Ela tinha razão por muito que isso lhe custasse a admitir. soltou uma exclamação furiosa e virou-se para o resto da equipa, dispensando-os. Desceu em direcção ao solo e desmontou da vassoura, pousando os pés na lama e sujando parte do equipamento, mas sem sequer se importar com isso. Ac não tardou a segui-lo e, segurando-o por um braço, impediu de se dirigir aos balneários, como os restantes membros da equipa.
- Eu não quero continuar a discutir contigo por causa disto, mas também não quero que aceites as coisas contrariado. - confessou Ac, debaixo da chuva, com os cabelos negros colados ao rosto e os olhos castanhos fixos nos dele - Isto é o melhor que temos a fazer Sirius. O James faria o mesmo no nosso lugar.
- Só saberemos se lhe perguntarmos - disse o Black, ainda chateado. - Sinto-me como se estivesse a traí-lo.
- Eu gosto tanto do James como tu e sei como te sentes - afirmou ela - Mas tem de ser, pelo bem da equipa. Ele não nos perdoaria se perdessemos a taça.
- Falamos com ele ao jantar. - informou o Black - Anunciamos as provas para seeker amanhã de manhã.
Todas as casas se encontravam no Salão Nobre. O barulho ensurdecedor era característico das refeições, como o jantar que estava a decorrer. Os Marauders já se encontravam nos seus lugares habituais, bem como todos os septimanistas Gryffindor, com excepção de James e Lily. Ac e Sirius nem sequer trocavam olhares, devido à tensão que era palpável entre os dois. Peter olhava dissimuladamente para a mesa dos Hufflepuff, observando uma pequena loira que ria descontraída. Remus e Martha conversavam com Kihisha, tentando alegrá-la, tarefa que se revelava algo complicada.
No momento seguinte, um par de recém-chegados fez quase todas as cabeças rodarem. Uma cena inédita: a prefeita Lily Evans conduzindo o seu inimigo, James Potter. Pela mão!
A ruiva apercebeu-se dos olhares postos em si e no rapaz e corou ligeiramente. Voltou-se para o jovem atrás de si e murmurou:
- Importas-te que andemos um pouco mais depressa?
- Porquê? – murmurou James de volta, arqueando uma sobrancelha por cima do olhar vazio e mais desfocado que o normal.
- Hum... está tudo a olhar para nós. – sussurrou a rapariga, recomeçando a andar, um pouco apressada. Mas foi parada por um ligeiro puxão do moreno.
- Não sei porque te preocupas. – ele falou um pouco alto, mas de maneira a que só a rapariga ouvisse – É uma coisa normal, para mim. – passou a mão pelos cabelos – E se estás a pensar ficar comigo, tens de te habituar.
Lily suspirou e encaminhou o rapaz para a mesa, onde se sentaram.
- Prongs – murmurou Sirius. O jovem Potter levantou a cabeça e encarou o sítio de onde o som da sua alcunha viera.
- Sim? – o rapaz perguntou. O moreno de olhos cinza fitou o amigo na sua frente e sentiu um nó na garganta. Engoliu em seco e pigarreou.
- Eu e a Ac temos de conversar.
James soltou uma gargalhada.
- Isso já eu percebi. Mas precisas da minha autorização, é isso?
- Jay, tu às vezes és tão retardado. – murmurou a morena, passando uma mão pelos cabelos – Eu e o Sirius temos de conversar. Contigo.
O moreno olhou desta vez no sentido da voz da rapariga com uma expressão confusa.
- Algum problema?
- Na verdade, sim – a jovem engoliu um pouco de sumo – Mas jantamos primeiro. Falamos depois.
Algum tempo depois, numa sala vazia...
Sirius e Ac estavam sentados em cima de duas mesas, com James e Lily na sua frente. A conversa estava a ser difícil de começar.
- Então qual era o grande drama? – começou o moreno de óculos, cruzando os braços.
- O drama é o seguinte, Prongs... er... – Sirius começou a falar – Bem... acontece que...
- Tristeza. – sussurrou Ac, revirando os olhos – O que aqui o idiota do teu amigo quer dizer é que precisamos da tua autorização.
- Bem me parecia. – riu James – Podem conversar os dois, eu deixo.
- Vais deixar é que eu acabe de falar. – rosnou a morena, fazendo Lily rir baixinho e abanar a cabeça – Nós precisamos que tu nos deixes... encontrar um novo seeker.
O silêncio instalou-se na sala.
- Percebo. – murmurou o jovem Potter, após alguns minutos – Mas não precisamos de encontrar um novo seeker.
- Não? – interrogou o outro moreno.
- Não. Já temos um. – o rapaz de óculos reafirmou o seu cruzar de braços e sorriu, triunfante.
- Não, Prongs. – Sirius cruzou os braços também. – Nem penses.
- Porque não?
- Nem sequer imagines. – continuou o moreno – Sem hipóteses.
- Sirius. Sim.
- Não, James. Tira daí a ideia. – a voz de Sirius era calma, mas a ruiva presente percebeu que estava prestes a alterar-se.
- É uma ideia válida. – murmurou Ac, colocando um dedo sobre os lábios, pensativa – Porque é que eu não me lembrei disto antes?
- Não comecem com merdas! – exclamou o jovem Black, num repente que assustou Lily um pouco, pois esta olhava de James para Ac, tentando perceber o que eles estavam a dizer.
- Quem é que é o capitão desta equipa? – sussurrou James, semi-cerrando os olhos. Sirius grunhiu qualquer coisa e saiu da sala furioso, batendo a porta com violência. O moreno e Ac começaram a rir escandalosamente.
- Eu não sei como não me lembrei dessa hipótese, Jay! – a morena exclamou, entre gargalhadas.
- Eu sei. Nem eu. – James riu ainda mais.
- O que é que se passou? – murmurou Lily para Ac, que deu conta que a ruiva ainda ali estava.
- Nada de especial. Estamos a organizar uma selecção para escolhermos um novo chaser.
- Então, mas... não era para escolherem um novo seeker?
- Não. Isso já nós temos. – James murmurou.
- Mas tu ainda não podes...
- Ai ruiva, tu às vezes, sinceramente. – Ac revirou os olhos e encarou Lily – O seeker não é o James. É o Sirius. – um brilho passou pelos olhos da morena e ela preparou-se para sair da sala – Vou-vos deixar. Preciso de tratar de uns assuntos. Divirtam-se e não façam nada que eu não fizesse! Ciao!
Sirius entrou na Sala Comum dos leões a deitar fogo pelos olhos, literalmente. Passou como um raio por Remus, Kihisha e Martha e atirou-se completamente para cima de um sofá, em frente à lareira. Ficou a observar o fogo, com uma vontade visível de destruir os braços do sofá com as próprias mãos.
- Qu’est qu-il se passe? - murmurou a morena, olhando de lado para o rapaz sentado.
- Tem dedo da Ac nesta história. – cantarolou Martha, encarando Sirius.
- Porque é que eu não me espanto? – sussurrou Remus. Levantou-se e sentou-se ao lado do amigo – Hey.
- Hey. – a voz do moreno saiu seca e ele não tirou os olhos do fogo.
- O que se passou?
- Nada.
Remus olhou seriamente para o moreno e semi-cerrou os olhos.
- Tu ias falar com o James, junto com a Ac. Saíste do Salão com uma cara de enterro e chegas aqui com vontade de destruir tudo à tua volta. – a voz do rapaz alterou-se ligeiramente – Podes estar a dizer-me que não é nada, mas eu acho que te conheço o suficiente para discordar.
Sirius olhou para o amigo e piscou os olhos vagarosamente, suspirando em seguida.
- Ele quer que eu seja o novo seeker. – murmurou o moreno. E contou o que se tinha passado ao amigo, que o escutou atentamente. Quando terminou de contar, a expressão de Sirius era a de maior fúria – Eu sei que já o substituí algumas vezes, mas isso não quer dizer que o vá substituir na equipa! Além de que... de que...
- De que o quê, Sirius?
- Parece que o que eu e a Ac lhe dissemos não quis dizer nada. Parecia até que tinha sido um alívio.
Remus fechou os olhos e sorriu ligeiramente.
- Já pensaste que talvez fosse exactamente isso que aconteceu? – o moreno na sua frente olhou-o estranhamente – De certeza que o James não está propriamente contente com tudo o que aconteceu. A equipa, o Quidditch, são tudo para ele, e não poder fazer parte disso sabe-se lá por quanto tempo deve ser a pior coisa que lhe deve estar a acontecer, não achas? – Sirius olhou novamente o fogo – E se ele te disse que devias ser o novo seeker, devias entender isso como a maior prova de confiança e amizade que ele já te deu.
O rapaz com aspecto pálido levantou-se e preparou-se para voltar para perto das duas raparigas. Mas não sem antes dizer uma última coisa:
- Mas não penses que ele vai deixar de dar ordens. O Jay tem o cargo de capitão muito entranhado nas veias.
E seguiu, deixando um moreno sorridente e pensativo atrás de si.
Ac caminhava lentamente pelos corredores do castelo. Os seus passos não traíam a sua mente, onde um milhão de perguntas se desenrolavam à velocidade da luz. O que seria que ele queria consigo? Seria possível que também a tentaria levar para o lado da prima? Ou será que nenhum dos assuntos que a tinham vindo a atormentar nos últimos tempo estava directamente relacionado com aquele suposto encontro?
Chegou perto da entrada da biblioteca e encontrou-o. Os cabelos negros, lisos e impecáveis, puxados para o lado, caindo levemente sobre os olhos cinzas e profundos que ela tão bem conhecia como pretencentes a outra pessoa. As mesmas feições e o mesmo olhar ladino. Definitivamente, ele era quase uma cópia exacta do irmão. A grande diferença era que Sirius tinha uma perfeição e elegância informal que Regulus nunca teria.
- O que se passa? – murmurou a morena, cruzando os braços e encarando o Black mais novo.
- Mandaram-me entregar-te esta carta. – Regulus estendeu-lhe um envelope pardo, com um brasão verde e vermelho, o qual foi recolhido rapidamente pela rapariga – Vê lá no que te metes, Acire.
- Já te disse que odeio que me trates por esse nome. – disse em voz baixa a morena, olhando fixamente para a pessoa na sua frente – Era tudo?
- Sim, podes ir – sussurrou ele, olhando-a fixamente e passando a mão pálida pelo rosto da morena, enquanto sorria maldosamente. - O anormal do Sirius tem tanta sorte...
- O teu irmão não é para aqui chamado, Regulus - protestou Vanzest, batendo com a mão na do Slytherin. - Fizeste o que tinhas a fazer, vai à tua vida!
- Tem cuidado contigo, por favor - pediu ele, um sorriso ladino a rasgar-lhe o rosto. - Eu ainda acredito que tu vais mandar o meu irmão à merda e aí posso ter uma hipótese.
- Vai sonhando, Reg - riu-se ela afastando-se do Black que, por sua vez, caminhava na outra direcção.
Não repararam que, na porta da biblioteca, uma ruiva os observava, na penumbra, com milhares de ideias e suposições a nascerem na cabeça.
James estava sentado num dos sofás da Sala Comum dos leões, onde a sua “guia” o havera deixado anteriormente. Milhares de coisas lhe passavam pela mente quando o som de alguém a entrar pelo quadro da Fat Lady o interrompeu.
- Hey, Prongs. – Ac cumprimentou-o, sentando-se no chão perto dele.
- Hey. – sussurrou o rapaz, de mãos colocadas debaixo da nuca.
- Estás sozinho? Onde está a tua mulher-guia? – murmurou a rapariga, com divertimento na voz.
- Isso, goza-me. – o moreno fez um ar ofendido, mas estava divertido também – Mandei-a à biblioteca.
- Mandaste-a? – admirou-se a jovem.
- Sim. Um pacto entre nós. – o rapaz abanou a mão, displicentemente – E então tu? Que andas a fazer por aí, sozinha também? Encontros secretos com o Vamp? – alfinetou o moreno.
- Não comeces tu também. Andei por aí a esfriar a cabeça.
- Problemas com o Pads? – a morena soltou um som de acordo e o rapaz murmurou – Tu sabes que ele sempre foi assim contigo, Redwhisker. Ele é um idiota, como tu disseste antes, mas porque se preocupa.
- Eu sei, mas está a ser um exagero. – a voz dos dois amigos não era mais que um sussurro – Parece que eu não sou amiga dele, mas sim um objecto da posse dele. – a rapariga bufou – E isso desregula-me os nervos!
O moreno riu baixinho.
- Já pensaste na possibilidade de...
E parou a meio da frase. Ac olhou para o amigo e viu-o a morder o lábio.
- De quê? - indagou, encarando-o.
- Esquece. É parvoíce. – o rapaz abanou a cabeça, fechando os olhos opacos.
- Não, diz. – murmurou a rapariga, fitando-o seriamente e vendo-o a abrir os olhos.
- E se o Pads estiver apaixonado por ti, Redwhisker? – sugeriu, simplesmente.
A pergunta de James caiu no vazio, deixando um clima estranho na sala por breves momentos, até que, em seguida, Ac riu escandalosamente.
- A pancada fez-te mesmo mal à cabeça, Prongs!
- É, talvez. – o rapaz sussurrou para si próprio.
- E como vão as coisas com a ruiva maluca? – perguntou a morena, mudando de assunto.
- Estranhas. – o rapaz fez uma careta – Estou preocupado com ela.
- Preocupado? Porquê?
James fez que olhava em volta, à procura de alguém, e em seguida sussurrou:
- Ela anda diferente. – uma pausa em que, se ele conseguisse ver, teria uma Ac com ar confuso na sua frente – Não grita, não discute, não me chama nomes... eu acho que ela trocou de corpo com alguém e não me avisou.
A rapariga soltou uma gargalhada efusiva.
- Se calhar percebeu que estás diferente e tomou conta do que sente.
O rapaz adquiriu uma expressão estranha.
- Por falar nisso. Tu tens consciência de que se este plano não der certo, és uma raposa morta, certo?
Ac riu mais uma vez.
- Confia em mim, Prongsie. Eu conheço a mente feminina a 100%. – a rapariga passou a mão pelos cabelos e sorriu – E por falar nisso, ainda não me explicaste qual era esse tal pacto que tinhas com a Evans.
James sorriu triunfante.
- Simples. Amanhã são as provas de Quidditch, para encontrar um novo chaser, certo?
- Certo. – murmurou a rapariga sem perceber.
- Então mandei-a numa missão de pesquisa. Se ela vai ser minha guia e eu continuo a ser o capitão da equipa, mas não posso ver... a ruivinha vai ter de me explicar todos os passos. E eu não posso trabalhar com alguém que não perceba nada do assunto, não achas?
Sabia que a torre de astronomia não era o local indicado para estar àquelas horas da noite e, especialmente, não era o melhor sítio para ler a carta que Regulus lhe entregara. Ac tinha a certeza que era outra carta de Bellatrix ou, no mínimo, de alguém próximo à prima. Lord Voldemort estava interessado em si e, ou muito ela se enganava, ou ele não ia desistir de a ter no lado negro por nada. Se ao menos Dumbledore lhe desse as respostas que precisava...
Suspirou e deixou os cabelos negros e rebeldes brilharem à fraca luz da lua, enquanto esvoaçavam com a brisa fresca. Retirou o envelope pardo do bolso das calças do uniforme, rasgou o selo e retirou o pergaminho de lá de dentro. Sentiu todo o corpo a gelar ao ver a letra fina, rápida e inclinada a marcar o papel pálido. Aquela não era uma carta de Bellatrix.
“Diz-me o que queres em troca.”
Era a única coisa escrita naquele pergaminho e foi o suficiente para deixar a morena completamente arrepiada. Ela sempre soubera que era perigoso brincar com o fogo, o risco de se queimar era alto, demasiado alto. Mas nunca pensou que, um dia, fosse o próprio Diabo a jogar com ela.
Baixou o olhar e passou as mãos pelos olhos. Estava metida numa bela de uma confusão, mas não iria desistir. Conseguiria as suas respostas sem precisar de se juntar ao lado negro, isso ela não duvidava. Porém, receava o preço que tivesse de pagar por elas. Respiou fundo e deixou a carta voar com o vento, sabia que estava encantada para se desfazer em chamas em pouco tempo e não se preocupou com isso. Contudo, a presença súbita de um corpo encostado à parede sombria da torre, chamou-lhe a atenção.
- O que estás aqui a fazer? - perguntou, sem se mover do muro onde se encontrava sentada.
- Precisamos de falar - respondeu ele, dando dois passos em frente, na direcção da morena. - O clima entre nós tem estado insuportável nos últimos dias.
- Eu sei - murmurou Vanzest, sem nunca olhar para o rapaz à sua frente.
- Eu não quero isso, Ac - afirmou, parando a escassos metros dela. - Eu não quero esta distância parva entre nós.
- Eu estou tão cansada de discutir contigo, Sirius - confessou ela, ainda encarando os campos negros que se estendiam abaixo deles. - Porque é que as coisas não podem ser como eram o ano passado? Sem problemas e sem confusões, sem superprotecções e ciúmes idiotas?
- Porque eu tenho medo das merdas em que te estás a meter - sussurrou ele, passando um dedo sobre uma mecha esvoaçante dos cabelos da morena.
- Sirius, por favor-
- Eu sei o que vi no casamento da Narcissa, Ac - lembrou ele, segurando-lhe o rosto para que ela o encarasse. - E também sei que não foi a Bella que te deixou naquele estado.
- Ouve, eu-
- Não me importa - disse, apoiando-lhe um dedo sobre os lábios e olhando-a fixamente. - Eu apenas não te quero perder, Vanzest.
- E desde quando é que te importas, Black? - perguntou ela, passando por Sirius e deixando a torre.
A sala comum dos Gryffindor estava barulhenta demais para um sábado de manhã e James sabia exactamente o motivo. As provas para chaser tinham sido anunciadas no dia anterior e todos os estudantes da casa dos leões esperavam com ansiedade a hora em que toda a equipa de quidditch se dirigisse para o campo para dar início à nova selecção.
Não precisava de ver para saber o estado de nervosismo de alguns, as conversas que lhe chegavam aos ouvidos eram bastante esclarecedoras. Os alunos mais novos realmente acreditavam que conseguiriam uma vaga e os mais velhos interrogavam-se do motivo de ser uma vaga de chaser, e não seeker, que estava disponível na equipa. Remus, que lhe havia lido o anúncio no dia anterior, afirmou que Ac fez questão de escrever em letras vermelhas e garrafais que a vaga era apenas de substituição, até que James estivesse novamente recuperado.
Sentiu o perfume de Lily e esboçou um leve sorriso ao perceber que a ruiva se sentara a seu lado. Ia dizer-lhe algo quando a voz de Sirius irrompeu pela sala.
- As provas de quidditch vão começar em quinze minutos, os interessados que se dirijam de imediato ao estádio para darem os vossos nomes - informou, antes de se sentar ao lado de James e Lily - Tu ainda me vais pagar por esta, Prongs!
- A Ac está no estádio? - questionou o Potter, sorrindo para o amigo.
- Sim - confirmou Sirius. - Ela foi para lá mais cedo, organizar as coisas e tratar das inscrições.
- Alguém interessante mostrou vontade de ir às provas? - indagou Prongs.
- Uma miúda do quinto ano que até joga particularmente bem, mas a Ac não vai com a cara dela - comentou, encolhendo os ombros e afundando-se no sofá. - E tu sabes como a Redwhisker é, nem vale a pena tentar convencê-la a deixar a rapariga jogar. Muito menos quando ela é a chaser principal da equipa.
- Sim, eu sei - riu-se levemente James, levantando-se com Lily logo atrás. - Eu vou comer qualquer coisa e já apareço no estádio.
- Eu espero que tenhas aprendido bem os termos do quidditch, Lily - disse Sirius, espreguiçando-se no sofá. - Porque o dia de hoje promete e o James precisa de saber ao pormenor o que vai acontecer.
- Eu vou fazer o meu melhor - sorriu a ruiva, segurando o braço de James e saindo pelo retrato da Fat Lady.
Enquanto isso, nos balneários do campo de quidditch, Ac andava, irritada, de um lado para o outro, enquanto encarava feio a jovem Potter que se encontrava a seu lado. Por sua vez, Kihisha estava sorridente enquanto lia uma revista francesa.
- Tu és louca! - exclamou Vanzest, parando subitamente em frente à amiga.
- Eu sei - riu-se ela, folheando a revista. - Mas pensa bem, tu mesma escreveste no anúncio que é apenas uma substituição.
- O James vai-me matar - lembrou ela, apanhando os cabelos negros num rabo de cavalo, tal como fazia sempre antes dos jogos. - Toda a equipa vai-me matar!
- Não sejas dramática, Acire! - protestou Kihisha, levantando-se e sorrindo. - Vais ver que será o melhor a fazer.
- Eu espero que tenhas razão - suspirou a marauder. - Agora sai daqui antes que te vejam e nos estraguem o esquema.
- Claro - cantarolou a Potter, saindo do balneário e deixando a morena sozinha.
Ac não ficou ali por muito tempo, saiu quase em seguida, para ir receber os alunos que iam prestar provas. Logo Sirius juntou-se a ela e, apesar do clima continuar estranho entre os dois, não houve nenhuma discussão durante as inscrições.
Tinham-se inscrito cerca de 35 pessoas. Dessas, os dois jovens eliminaram 10 por serem muito novos, 10 por serem de outras casas e mais 5 por não terem sequer ideia de como se subia para uma vassoura, quanto mais de fazer as habilidades em pleno voo. Apenas 10 nomes constavam da lista, agora, mas uma enchente de pessoas povoava o estádio.
- Com licença. Podiam desviar-se, por favor? Com licença... – uma vozinha feminina soou baixa demais frente ao barulho ensurdecedor de todos os que se tinham dirigido ao estádio, junto agora de todos os outros que tinham ido ver o que se passava. A rapariga corou e apertou as mãos ao lado do corpo, antes de soltar um berro – SAIAM DA FRENTE! JÁ!
Ninguém queria contrariar a prefeita-chefe Evans, portanto o barulho baixou o tom e abriu-se um pequeno corredor entre as pessoas.
- Boa, Evans! – Elroy deu uma palmadinha no ombro da jovem ruiva, o que a fez corar, desta vez um pouco menos e soltar um risinho.
- Quanta empolgação... – murmurou entredentes James, revirando os olhos – Veremos se te sais tão bem no relato, Evans.
A rapariga suspirou. Não adiantava discutir. Caminharam até ao meio do campo, onde Ac já se encontrava, com uma mão na cintura e outra numa paleta de folhas.
- Muita gente? – perguntou Thompson, coçando os pequenos caracóis do aglomerado castanho na sua cabeça.
- Alguma. Maior parte foram putos e pessoal de outras casas. Sobraram-nos 10. – murmurou a morena, olhando de vez em quando para as folhas na sua frente.
- Posso ver quem se inscreveu? – o rapaz tentou ler os nomes na folha, mas a morena encostou-a ao corpo, tapando-a, e sorrindo de lado.
- Não. – olhou novamente e começou a chamar os inscritos, por ordem de sobrenome.
O primeiro era um rapazinho franzino e magricela, um quintanista. Por muito que tentasse, a vassoura não levantava voo. Com um enorme auto-controlo para não se rir, a morena disse para ele tentar numa próxima vez.
- Se houver próxima vez... – sussurrou James, abafando uma gargalhada com Lily, que lhe bateu ligeiramente no braço.
Os nomes foram sendo chamados. Houveram algumas raparigas que se safaram, mas que Ac declarou, no momento em que as chamou, que, decididamente:
- Não. – a voz da rapariga soou algo firme, enquanto assinalava a vermelho o nome delas, e via o desapontamento nas suas caras.
- A Ac tem razão. – James falava, passando a mão pelos cabelos rebeldes – Pelo que me disse aqui a menina-guia, – Lily riu baixo – elas falharam em coisas importantes. Maior parte das vezes, no controlo da quaffle.
Alguns dos membros da equipa concordaram.
Em seguida, um dos rapazes conseguiu fazer uma exibição quase brilhante. Apenas errou na aterragem, onde se enterrou, literalmente, em terra, gerando uma onda de gargalhadas efusivas. Ac colocou uma bola vermelha em volta do nome dele.
- Então? – sussurrou o rapazinho, um quartanista que olhava de baixo para cima para a rapariga. Ela riu baixinho e olhou-o seriamente.
- Preciso ver os outros inscritos.
Ele sorriu e afastou-se. Apenas sobrava um nome na lista.
- Bem, quem é o último? – murmurou Sirius, de braços cruzados e expressão entediada.
Ac clareou a garganta e a sua voz gerou o silêncio no estádio.
- Potter. – todos da equipa olharam para ela – Kihisha Potter.
A francesa passou pelo meio de todos os que esperavam pelo anúncio da equipa, caminhando até ao ponto de partida, de vassoura na mão, com passos firmes e decididos, mas não menos femininos. Trazia os cabelos apanhados num rabo de cavalo e sorria discretamente.
- Diz-me que eu estou a sonhar. – murmurou James, esperando uma resposta da ruiva na sua frente, mas esta não chegou.
- O que é que estás aqui a fazer? – perguntou Sirius, cruzando os braços novamente e encarando a morena na sua frente.
- Vim prestar provas, Sisi. – respondeu Kihisha, cruzando os braços da mesma maneira que o moreno e encarando-o fixamente - Aucune problème?
- Eu é que te dou o problème se não sais daqui imediatamente! – James rosnava entredentes, sendo incapaz de parar por Lily, que lhe puxava o braço – E quando eu digo imediatamente, quer dizer já, agora! Faço-me entender?
- Prongs, pára. – a voz de Ac fez o rapaz estacar – A tua prima tem todo o direito de prestar provas. Ela é uma aluna da nossa casa, não vejo qualquer impedimento para ela tent-
- Mas eu vejo! – exclamou o moreno de óculos, cortando a amiga – Ela não pode prestar provas! Não pode! E acabou-se! Ouviste, Kihish-
- Não adianta, James. – Lily cortou-o também – A tua prima já começou. E, devo admiti-lo... parece que voar vos está nos genes. Ela... bem... pareces tu...
Todos olhavam a rapariga no céu. Pessoa e vassoura, quase fundidas numa só. Era realmente verdade quando Lily afirmava que Kihisha parecia James, pois a graciosidade e habilidade pareciam quase as mesmas. Talvez voar estivesse mesmo nos genes da família Potter.
Quando a morena aterrou, ninguém foi capaz de dizer nada. Ela pegou na vassoura e caminhou com ela ao ombro até ao sítio onde toda a equipa se encontrava.
- Então?
Ac sorriu para a jovem.
- Palavras para quê? – um certo em frente ao nome da morena.
- Palavras para tudo. – cortou Sirius – Tu e ela tinham tudo combinado, não tinham?
- E se tivessemos? – a morena ao seu lado olhou-o fixamente – Penso que ter a ideia de termos a melhor equipa este ano ainda era válida, ou não?
- Sim, era. Mas para a Kihisha entrar na equipa logo, não precisávamos de ter montado esta palhaçada toda!
- Black, deixa de ser parvo. – Ac cruzou os braços – Eu não decidi nada. A última pessoa a ter a palavra aqui ainda é o Jay.
- Não parece, Vanzest. – rosnou o moreno. Ela semi-cerrou os olhos.
- O que é que tu queres, afinal? – a voz dela saía num sussurro quase inaudível.
- Que tu pares com toda essa atitude. – ele voltou-lhe as costas – E te comeces a aperceber que não consegues controlar tudo. E que as outras pessoas também contam.
E começou a sair do campo.
- A última palavra é tua. – murmurou Kihisha para o primo, que passava a mão pelos cabelos nervosamente.
- Eu sei. O pior é que eu sei o quanto tu és boa, entendes? – ele bufou – Damn, Kihi, tu tens sempre de tornar tudo tão difícil?
- Faz parte dos meus encantos, mon chéri. – e riu daquela maneira encantadora que fazia o primo derreter-se.
- Eu não te quero na equipa de Quidditch, Kihisha. – sussurrou o jovem de óculos, suspirando.
- Porquê? – murmurou a jovem, olhando para Ac, que ainda mantinha os olhos na direcção que Sirius tomara.
- Porque não quero que te magoes. – e, percebendo que a rapariga ia retrucar, cortou-a – Por muito que me preocupe com a minha equipa, porque são meus amigos, preocupo-me mais contigo. Tu és minha família. Desculpa.
- Jamie. – a voz da menina saiu num sussurro, mas não era menos carinhosa – Dá-me o benefício da dúvida. S’il te plaît.
- A maioria ganha. – quase todos os integrantes votaram afirmativamente para a entrada de Kihisha – Parece que tens sorte, prima.
E saiu, levando Lily pela mão, que formou um “desculpa” apenas com os lábios. A morena suspirou e olhou os outros.
- Bem vinda à equipa, miúda. – murmurou Ac – Hey! Tu aí! – o rapaz que tinha tido problemas com a aterragem olhou-a ansioso – Preciso falar contigo. – ele aproximou-se vagarosamente – Vais ser o novo e único suplente da equipa.
Nem ouviu mais nada. O rapazinho saiu aos pulos, indo comemorar com os restantes amigos.
- James! Acalma-te!
Um furioso moreno caminhava a passos largos pelos corredores, rebocando um aglomerado ruivo atrás de si. Apenas parou quando passaram pelo quadro de Violet. O rapaz afundou, literalmente, num dos sofás, enquanto a jovem ficou a olhá-lo, em pé.
- Ja-
- Ela não podia ter feito aquilo, percebes? Não podia! – o rapaz exclamou vivamente, passando a mão inúmeras vezes pelo cabelo, nervoso – Ela... simplesmente não.
- James...
- Eu devia olhar por ela, percebes? Ela... os pais dela fizeram-me jurar que a protegia. Mas como, se nem a mim mesmo posso proteger? Como posso olhar por ela, se eu nem para mim posso olhar?
A ruiva sentou-se ao seu lado e pegou-lhe numa das mãos.
- A tua prima sabe o que faz, James. – a sua voz saía num sussurro – Ela vai conseguir substituir o Sirius na perfeição. Se tu pudesses ter visto...
- Eu sei as capacidades da Kihisha. Fui eu que lhe ensinei tudo. – a frase do rapaz não soava minimamente arrogante, era mais orgulhosa.
- Então só tens de ficar feliz por ela. Deixa-a fazer o que gosta. – depois, a rapariga sorriu – Eu já cheguei à conclusão que a tua família deve ser toda doida, então porque não extravasar as vossas doidices? Pode até ser saudável...
Ele riu ligeiramente.
- Talvez. – um suspiro profundo saiu da sua garganta – Eu apenas... tenho medo.
Lily espantou-se. James Potter a admitir que estava com medo? Seria possível que ele tivesse mudado tanto assim e ela não tivesse percebido?
- Eu não quero que ela... não quero que lhe aconteça isto. – e apontou para si próprio. Lily passou a sua mão pelo rosto dele.
- Descansa, Potter. Se a tua prima for parecida contigo, eu acho que ela vai-se sair simplesmente... perfeita.
E beijou-o na bochecha, encostando a sua cabeça no ombro dele, enquanto permaneciam sentados, em silêncio.
- Thompson, saí - ordenou Ac, ao entrar no balneário masculino logo após o final das provas.
- Mas -
- Eu estou de mau humor, não me obrigues a lançar-te um feitiço para te tirar daqui! - avisou ela, mantendo a porta aberta para que o rapaz passasse por ela. - Obrigada - agradeceu assim que ele saiu do balneário.
Fechou a porta atrás de si, deixando que o silêncio, apenas cortado pelo som da água de um chuveiro a cair, tomasse conta do local. Tirou o elástico que lhe prendia os cabelos e o casaco do uniforme da equipa e caminhou na direcção do som da água. Os seus passos eram lentos e, de certa forma, levemente incertos. Não tinha bem a certeza do que estava ali a fazer, mas uma coisa ela sabia: aquilo não podia continuar.
Encostou-se à parede húmida, próxima ao chuveiro que estava a funcionar e deixou os olhos fixarem um ponto distante na parede à sua frente. Não queria olhar para ele. Não queria ver o corpo dele e muito menos olhá-lo nos olhos. Não queria ter de o enfrentar, mas sabia que, se não fosse ali, não teria outra hipótese naquele dia.
- Sirius - chamou em voz baixa, percebendo que ele se virara para ela, admirado por vê-la ali.
- O que é que-
- Eu sei perfeitamente que não consigo controlar tudo! - afirmou ela, com a cabeça baixa, mas a voz firme. - Não preciso que me atires isso à cara, muito menos quando isso nada tem a ver com a discussão!
- Ac, porque-
- Eu estou farta, Sirius! - exclamou ela, apertando as mãos sobre o tecido das calças. - Completamente farta desta merda entre nós! Farta de tu estares a desconfiar de cada movimento meu, farta de não confiares em mim, farta de te ver a olhar para mim como se eu fosse alguém como a Bellatrix! Farta de tudo e, especialmente, farta de não poder contar contigo!
- E tu achas que eu gosto das coisas assim? - indagou ele, passando a mão sobre o rosto, restirando as gotas que água que lhe turvavam a visão. - Achas que gosto de te ver a falar com gente que todos sabem estarem do lado das trevas e, ainda por cima, ver-te envolvida com a minha prima? Saber que estás a percorrer um caminho perigoso e não poder fazer rigorosamente nada?
- Eu sei onde me estou a meter e tenho motivos para isso - rosnou ela, ainda a olhar para baixo e fechando as mãos ainda mais firmemente. - Eu poder-te-ia explicar tudo, mas tu não vais perceber e vais continuar a julgar-me erradamente! O medo que tu tens do lado negro, por causa de tudo o que passaste com a tua família cega-te completamente. Nunca compreenderias.
- O que há para compreender? - cuspiu ele, olhando fixamente para ela. - Que eles são um bando de assassinos loucos e que apenas querem poder? Que tu estás a meter-te com eles e que não sairás de lá impune se não deixares esse caminho agora? Ou que, mais cedo ou mais tarde, eu vou-te perder para um bando de anormais que nunca te mereceram e tu nunca mais serás a mesma que és agora?
- E quem sou eu, Sirius? - interrogou a morena, levantando os olhos castanhos para fixá-lo, deixando que a raiva que sentia fosse quase palpável. - Tu sabes quem eu sou? Sabes as respostas às perguntas que me atormentam? Se sabes diz-me! Se sabes o que mais ninguém sabe, então conta-me! Se podes dar-me as respostas que eu procuro no lado negro, então responde e eu juro que nunca mais falarei, sequer, com nenhum deles!
- Eu não sei que respostas procuras - confessou ele, segurando-a pelos braços e mantendo-a prensada contra a parede, os olhos cinza fixos nos dela. - Mas sei quem és! - declarou, encostando a sua testa na dela. - És Acire Artémis Vanzest, a mulher mais formidável que eu alguma vez conheci. A amiga mais fiel, a companheira mais perfeita, a irmã mais dedicada. Tu és tudo o que qualquer pessoa pede a Merlin para ter ao seu lado... o que eu pediria a Merlin para ter a meu lado, se não já aqui estivesses.
- Eu não pediria a Merlin alguém como eu - murmurou, os olhos fechados, sentindo as gostas que escorriam pelos cabelos de Sirius humedecerem as suas pestanas. - Nem tu sabes realmente quem sou, ou não dirias isso.
Afastou-se dele, virando costas e querendo sair dali. Já ouvira o suficiente e, por muito que as palavras de Sirius estivessem a fazer efeito nela, não era nada aquilo que queria ouvir. Nesse aspecto, Regulus era tão simples. Ele ouvia o que tinha de ouvir, comentava ferozmente o que deveria comentar e mantinha silêncio. Silêncio de ouro onde ela ouvia perfeitamente o que ele realmente sentia. Sirius não era assim. Sirius não conseguia falar sem palavras. Sirius não mais a compreendia...
- Eu importo-me - sussurrou ele, quando ela já quase deixara a zona dos chuveiros. - Eu sempre me importei, mesmo nunca o tendo demonstrado - esboçou um sorriso triste antes de continuar. - Se tu soubesses como eu preciso de ti para me sentir bem, para me sentir completo, nunca duvidarias da importância que tens!
- Tu não compreendes, pois não? - perguntou Vanzest, virando-se de lado para encará-lo. - Eu não sou como tu, Sirius. Eu não sou a rebelde da família por um ideal puro. Eu sou muito mais como eles do que possas realmente imaginar. Fico desapontada ao perceber que, afinal, o meu melhor amigo, aquele que eu sempre pensei ser quase minha alma gémea, não me compreende... não me conhece na minha essência.
- O que raios queres tu dizer, Ac? - indagou ele, o corpo atlético apoiado na parede do chuveiro.
- Há pessoas que nascem cobras, há pessoas que nascem ovelhas... e há pessoas que parecem que nasceram ovelhas, mas na realidade são do pior tipo de cobra - disse, simplesmente, sempre com os olhos presos nos do Black. - Por muito que tu não vejas, Sirius, eu sou uma cobra. E isso estará para sempre no meu sangue, por mais ovelha que eu aparente.
Esperamos imensos vocês já sabem o quê...
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Kisse's
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