Suas palavras foram jogadas fo

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Correspondências & Acordos

Capítulo 4 – Suas palavras foram jogadas fora assim como o vento levou a chuva embora

Ron corria o mais rápido que podia, e parecia até idiota continuar acelerando tanto seus passos sendo que ele só estava fugindo de Hermione. As suas razões pareciam cada vez mais insignificantes e pela velocidade que estava, ao pensar em enfrentá-la bateu de frente com Cedric, lançando os dois ao chão. Hermione chegou alguns segundos depois, quando ele se levantava, e ao abrir a boca para falar, viu que Harry havia se juntado ao grupo.
Os quatro questionaram o fato de verem todos ali.
Ron e Cedric se levantaram e então Harry perguntou:
“O que vocês dois estão fazendo?”
Ron então perguntou, depois de pedir desculpas por esbarrar em Cedric:
“Eu pergunto o mesmo!”

“Eu só estava conversando com ele.” – Harry apontou para Cedric. – E vocês?

“Só estava...fugindo da Hermione.” – foi só Ron dizer as palavras para finalmente perceber o quão idiota a situação era.

Cedric então se virou, abriu o portão que dava para o gramado e saiu andando. Harry foi atrás. Ron e Hermione seguiram.

“Cedric! Você me escreveu as cartas!” – gritou Harry. O gramado estava repleto de neve e mais neve caia. O céu coberto de nuvens e a temperatura era gritantemente fria, quase insuportável.

“O QUÊ?” – Hermione gritou, ouvindo a revelação de Harry. Ela respirou pensativa e então se lembrou de Ron. Virou-se e gritou:

“RON! Não. Não foge.”

“Eu não desejo mais falar com você. Me desculpa. Eu tenho vergonha daquelas cartas.” – disse Ron, seco.

“Aquelas cartas eram lindas. Ainda são. Eu...me sinto feliz de saber que você sente isso por mim. De verdade, fico lisonjeada. Obrigada, Ron. Porquê isso mudaria alguma coisa entre nós? De verdade.”

“Oh, por favor.” – resmungou Ron e então deu meia-volta e saiu andando, de volta ao castelo. A neve já cobria os ombros de todos.

“RON! Qual é o seu problema?” – Hermione perguntou, colocando a mão em seu ombro gelado e virando-o.

“Você se sente FELIZ sabendo que eu sinto isso por você? Eu posso ser burro e não perceber as coisas rápido, mas tenho certeza que feliz não era a palavra que eu estava esperando!” – Ele fechava os olhos quase que completamente enquanto falava, jogando a mão de Hermione longe. Mais uma vez, ele se virou e voltou a andar para o castelo.

“NÃO VAI! Se você realmente gosta de mim ou se você ainda sente alguma coisa, não vai embora! Isso foi uma discussão rápida e ainda há muito a ser falado! Só NÃO VÁ EMBORA!” – Ela apertava os dedos nas mãos, olhando para o chão e berrando o mais alto que podia. Podia ter funcionado. Ron então parou e, como se estivesse sendo obrigado a não ir embora, se virou, andou alguns passos, até ficar um pouco à frente de Hermione, e então, calmamente, sentou.
Ela se juntou a ele em questão de segundos. Seria forçar a barra tentar estabelecer uma conversa naquele momento: alguns minutos iriam passar e algum deles ia arriscar e lançar uma frase. No meio tempo, eles olharam para a frente, e viram Harry e Cedric conversando.

“Posso te mandar mais cartas?” – pediu Cedric.
“Cedric, você é um menino. Mais velho que eu...eu...não sou o que você está pensando, me desculpa.”
“Não pode tentar?” – os olhos cinza de Cedric simplesmente haviam o perfurado.
“Hum...só...só vai embora. Por favor.”
“Eu não te conheço e eu não posso te julgar, mas eu diria que se há uma parte de você que pensa em ceder essa possibilidade, que a aceite e não a reprima, porquê eu aproveitarei qualquer pedaço de afeto recebido de você, seja grande ou pequeno, importante ou insignificante, Harry Potter.”
Harry saiu andando, porém devagar, podendo ouvir Cedric gritar alguns segundos depois:
“Você está aceitando meu pedido, não está?”

Harry passou cerca de vinte minutos tentando convencer Ron que não havia nada de errado naquela situação. Hermione o apoiou. Quando pensou que Ron estava totalmente convencido, e de que na verdade havia sido só uma conversa ocasional, ele subiu para o dormitório. Hermione então pediu para conversar com ele depois, a sós. Harry aceitou e subiu as escadas. Hermione virou as costas e viu Ron, sentado perto da lareira. Ele começava a escrever em um pedaço de pergaminho.

“Eu vou ter vergonha demais para dizer o que eu tenho a dizer em voz alta, então sempre que formos falar sobre o nosso melhor assunto, será por escrito.”

“Combinado, Ron.” – respondeu Hermione com uma pequena risada. Por alguma razão, havia chá quente em cima da mesa, então eles se serviram e sentaram no sofá. Hermione esperava sua carta em um canto e Ron a escrevia em outra. Ela olhava fixamente para a lareira e ele, de vez em quando, olhava também, para descansar os olhos e pensar nas próximas palavras.

Quando ele finalmente terminou, ele entregou a carta para Hermione, com os olhos quase fechados de sono.

“Hermione, aqui...leia com calma...eu vou fechar os olhos um pouquinho.”

Fechar os olhos na linguagem de Ron pelo visto significava sono profundo. Ele encostou a cabeça no sofá e adormeceu instantaneamente. Hermione começou então a ler.

“Aqueles momentos com você na neve foram inimagináveis. Eu peço desculpas por sair correndo com medo, mas eu já estou acostumado a parecer um completo bobo. Estou acostumado, porém, a amar você, e eu espero que para isso eu sirva. Existe alguma chance de você sentir o mesmo? Algum vestígio de vontade ou tentação? Creio que não, mas eu sempre fui uma pessoa sem esperança nesses assuntos, não me culpe.
Posso lhe dizer, no entanto, que você possui meu corpo e minha alma, de alguma maneira meu nervosismo só aumenta quando falo com você. Saiba que em todos os momentos em que estamos simplesmente conversando, ou os comuns momentos em que você simplesmente olha nos meus olhos, eu luto comigo mesmo para formar palavras que façam sentido ou manter meu comportamento perto de ti. Evito me tornar um bobo ainda maior. Evito e espero que um dia esse bobo possa ter você em meus braços, para sempre. Com todo o meu coração.”

Quando uma calma lágrima caiu de seu olho assim que ela terminou de ler a carta, Hermione sabia que Ron iria acordar com um presente que ele havia esperado durante muito tempo.

A madrugada demorava a passar e Hermione não queria e nem conseguia dormir naquela situação. As palavras de Ron ainda estavam tocando no fundo de seu coração, e, quando o relógio bateu quatro da manhã, ela viu Harry descendo as escadas.

“Harry? Não devia dormir?”

“Aquela conversa que você queria ter comigo? Se puder ser agora, seria bom.”

“Oh.” Hermione não estaria necessariamente preparada pra falar de um assunto tão delicado naquele momento, mas okay. Ela suportaria. E Harry precisava de ajuda. Aliás, o que estava realmente acontecendo com ele? “Claro, sente, Harry. Eu realmente tenho muitas perguntas a lhe fazer.”

Harry sentou-se ao lado de Hermione e Ron, se revirando no sofá, acabou colocando a mão no pote de tinta para a pena.

“Aquilo vai fazer sujeira.” Disse Harry, ainda se recuperando do sono.

“É o Ron. Já nos acostumamos com isso.” Respondeu Hermione com uma pequena risada.
Hermione deu uma breve respirada e em seguida continuou:
”Harry, é o Cedric que vem lhe escrito cartas?”

Harry hesitou por um momento e então, quebrando o contato de olhares com Hermione e olhando para o chão, afirmou.
“Sim. E, de verdade, eu não sei o que fazer.”

“Você sabe que eu vou te apoiar em qualquer decisão, né?”

“Pra que dizer isso, Hermione?”

”Bem...o que você falou pra ele?”

”Que não, claro! Por favor, né.”

“Harry”. Hermione chamou seu nome e fixou seu olhar em Harry por alguns segundos, levantando uma sobrancelha, como se o estivesse obrigando a dizer algo.

“Okay.” Harry respirou fundo e então continuou. “Ele me pediu pra poder escrever mais, e, talvez, eu deixe. Tem algo errado nisso?”

“Claro que não. Na verdade...é, depois eu falo.”

“Nem pense que você vai deixar de falar.” Disse Harry.

“Eu vou falar. Mas, antes, não, não tem nada de errado e, Harry. Olhe para mim.” Harry havia olhado para o chão de novo e Hermione reprovou sua ação, antes de continuar: “Você tem idéia do número de meninas que querem ficar com o Cedric em Hogwarts, certo? Estou farta de ouvir a Padma e a Angelina falando dele. Isso é delicado, então...” Harry a interrompeu.

“Hermione, eu não vou fazer nada! Ele só quer escrever mais, e eu...não posso impedir isso, posso? Eu receberia as cartas de qualquer jeito.” Harry levantou, parecendo um pouco bravo, e, em seguida, anunciou que iria subir de novo: “Eu vou tentar dormir de novo. Obrigado, Hermione. Boa noite.”

Ele andou um pouco e, em seguida, se virou.

“A propósito, o que você ia dizer?”

“O que você está esperando, Harry? É o Cedric. Diggory. Cedric Diggory. Monitor da Lufa-Lufa.”

Harry se virou novamente e depois, mais uma vez, virou-se para Hermione, que ainda estava sentada. Ele fez um gesto com a mão que indicasse e perguntasse ao mesmo tempo o que estava acontecendo entre Ron e Hermione.
Ela riu e em seguida escondeu o rosto nas mãos.

“Hermione...não esconda.” Disse Harry, sarcasticamente.

“Okay. Vamos só dizer que ele escreveu cartas lindas e que, TALVEZ, palavra que parece ser a sua preferida atualmente, ele mereça algo em troca.”

“Eu disse que eu ia querer ver, Hermione! Você deixou!” Disse Harry, levantando a voz.

“Shhh! Não aconteceu ainda. E Harry, eu tenho vergonha! E como você já sabe o que eu vou dar em troca?”

“É meio óbvio, já que você está às quatro da manhã esperando nosso amigo acordar depois de você me contar que ele te escreveu uma linda carta.”

“Vá dormir, Harry.” Respondeu Hermione, rindo e envergonhada.
Harry subiu, e Hermione continuou a esperar.
Ela podia até jurar que havia caído no sono em algumas partes, porém, logo em seguida, ela acordava. Quando o sol começou a raiar, Ron começou a se mexer mais, até acordar.

“Ron...”

“Ahn?” perguntou Ron, cabelo desarrumado e olhos não totalmente abertos.

“Fecha os olhos.” Hermione chegou mais perto, ficando ao lado de Ron, colocando suas duas mãos em suas bochechas.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo, até que Ron estragou tudo.

“Eu sei que eu estou com remela e mau hálito, Hermione, não precisa ficar olhando assim tão fixamente também.” Ele se levantou e, por mais que tenha dito algo convincente, era impossível negar que ele havia corado um pouco. Talvez, só talvez, ele tenha suspeitado.

“NÃO! NÃO É ISSO! AH, RON! VEM CÁ!” Gritou Hermione, frustrada e se levantando. Como diabos ele poderia estragar isso?

Não teria conserto, dessa vez. Os alunos começaram a descer, indo para o café da manhã. E ela estava morta de sono. Pelo menos, era domingo.

“Linda carta, Ron.” Falou Hermione, começando a andar e subindo as escadas em um pique cada vez mais rápido, extremamente irritada por Ron conseguir ser tão idiota às vezes. “Não me espere pro café!” – Gritou, batendo a porta do dormitório feminino.

Ron ficou sentado no sofá por algum tempo, olhou sua carta, a guardou para dar para Hermione de volta mais tarde, e, depois de alguns minutos, Harry desceu.

“Como foi o beijo?” perguntou Harry, animado.

”Beijo? Que beijo?” perguntou Ron.

Harry repensou por um tempo e, franzindo as sobrancelhas, repetiu: “Você e a Hermione. Se beijaram, certo?”

“Er, não. Do que você tá falando?” Ron soava confuso e desentendido, mas ele realmente não estava tão por fora da situação assim.

“Ela ia te beijar. Você fez alguma coisa errada, não?” Ele perguntou num tom mais devagar, tentando assegurar que Ron entendesse a gravidade da situação.

“Talvez.”

Harry mordeu seu lábio de baixo e então, botando a mão na testa para pensar, respondeu: “Corrija. É tudo o que eu tenho a dizer. Vamos pro café?”

“Eu...ok, vamos.” Disse Ron, começando a andar com Harry para fora do Salão Comunal. “Eu vou corrigir.”

Harry havia se decidido sobre seu assunto, também. Ele diria sua resposta para Cedric assim que o encontrasse.
Quando chegaram perto do Grande Salão, aonde quase todos os alunos já estavam presentes, Cedric estava sorrindo na mesa da Lufa-Lufa. Harry foi em sua direção.

Hermione, em seu quarto, forçava o sono a vir logo enquanto algumas lágrimas caiam, de decepção.
Ela não iria fazer mais nada a respeito. Talvez Ron fosse se tocar do erro e tentar consertar tudo. Ela pensou por alguns segundos e então virou para o outro lado da cama, respondendo em pensamento para si mesma:
“Não, não. Impossível.”

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