O Mestre, Afinal
“O homem ocasionalmente tropeça na verdade, mas normalmente consegue levantar, passar sobre ou ao lado dela e continuar.”
Winston Churchill
Alguns segundos se passaram em silêncio, nos quais Hermione roia as unhas descontroladamente.
- Tudo bem, Hermione? – perguntou o ruivo.
- Bem, na verdade – ela hesitou. – Eu não sei.
- Por quê?
- Eu preciso falar com você. Eu preciso lhe dizer algumas coisas.
Ele abriu mais a porta e fechou-a logo após a moça passar. Conduziu-a até a já tão conhecida sala de estar e indicou o sofá para que se sentasse. Rony sentou-se exatamente em frente a ela.
- Muito bem, pode dizer.
- Veja, eu sei que é tarde. Sei que é muito tarde, mas isso para mim é caso de vida ou morte.
- Eu tenho tempo para você. Sempre vou ter – ele disse.
Hermione sorriu por dentro. Tinha que falar tudo rápido, pois sabia que não conseguiria se controlar por muito tempo diante daquele homem.
- Está bem, Hermione? Vou buscar algo para você beber.
Ela o observou ir à direção da cozinha. Olhava para seus pés como se aquele gesto fosse resolver alguma coisa. Todo seu corpo tremia e, diante de tudo aquilo não conseguiu recusar o copo de uísque que lhe fora posto a frente.
- Eu nem sei por onde começar.
- Que tal do começo? – perguntou Ron com um sorriso.
Ela riu, apesar daquilo já ser bem manjado.
- Sabe, é estranho pensar que você sabe mais da minha vida do que eu própria. É estranho pensar que você me conhece mais do que eu mesma me conheço.
- Tenho certeza que vai lembrar de tudo, é só uma questão de tempo.
- Bem, vou começar do começo, como você me sugeriu tão sabiamente – mais risos nervosos. - Vim morar em Londres por que ouvi meus pais e minha irmã dizendo que eu tinha mudado muito. Disseram que era para melhor, mas também que parecia realmente que eu não era Haylla Hellarien. Foi triste demais e eu resolvi deixar aquela cidadezinha por um tempo, para esfriar minha cabeça.
- Conseguiu?
- Não – ela riu novamente. – Não consegui, mas descobri várias coisas ótimas.
- Como o que?
- Como... minha verdadeira identidade. E ganhei vários amigos novos, e também um... um amor.
- Amor? – ele indagou um tanto sobressaltado, baixando a cabeça instantaneamente.
- Sim – ela tornou a afirmar, ficando ainda mais feliz com o gesto realizado por ele.
Ele ficou em silêncio.
- Um homem maravilhoso, realmente tudo que uma mulher quer. Bonito, inteligente, carinhoso, atencioso, sensível, gentil, educado, romântico e capaz de amar alguém de verdade. Tanto que não consegue esquecer seu último amor, sendo que este continua muito vivo em seu peito – disse Hermione, fitando o rapaz.
Ronald levantou os olhos, como se sentisse algo conhecido no ar.
- Um rapaz fantástico, de palavras doces, de gestos sutis – continuou Hermione, fitando-o nos olhos. – Ele tem cabelos ruivos, um olhar profundo...
Hermione aproxima-se lentamente de Rony enquanto falava.
- Eu... bem, poderia saber de quem se trata? – indagou o rapaz temeroso.
- Para que a pergunta, se você sabe muito bem a resposta?
A proximidade entre os dois era muita, impossível de se precisar. Rony pareceu entender o que Hermione dissera e também inclinou-se para frente, unindo-se os lábios. No início ele apenas brincou com o toque de ambos, mudando levemente de posição, de forma suave e provocante, o que fez os lábios de Hermione contorcerem-se em um pequeno sorriso. Logo após, beijou-a docemente, provocando na moça sensações nunca antes experimentadas por ela. Tudo estava em sintonia, os braços de Rony na cintura de Hermione e as mãos ágeis dela bagunçando seus cabelos ruivos. Tudo pareceu durar mais tempo do que durou, mas ao mesmo tempo foi rápido demais. Sem abrir os olhos, Hermione colocou o rosto sobre o ombro de Rony e sussurrou:
- Simplesmente amo-te, Mestre dos Desejos.
Rony baixou a cabeça e a colocou em meio as mãos, soltando um longo suspiro.
- Não acredito – murmurou apenas. – Pensei tanto em Hermione Granger, que acabei esquecendo de Haylla Hellarien.
- E o mais inacreditável é que elas são a mesma pessoa.
O rapaz riu, encarando-a com adoração.
- Sabia que havia algo diferente em você. Eu tinha certeza absoluta que jamais amaria de novo e, num dia, vejo-me apaixonado por uma garota que mal vi. Meu coração reconheceu sua presença. Eu não. Minha mente não. Mas meu coração esteve sempre atento a cada passo seu. Tanto que consegui me apaixonar por você duas vezes.
A moça riu gostosamente.
- Então somos dois. Apaixonei-me profundamente pelo Mestre, mesmo meu coração sabendo que o dono dele era Ronald Weasley.
- Não vai me contar como descobriu tudo isso?
- Bem, é uma história um tanto complicada... Na verdade, Haylla Hellarien ficou extremamente enciumada quando ouvia o Mestre falar daquela tal Hermione Granger. Haylla a odiava completamente, ficava feliz com a idéia de ela estar queimando no fogo do inferno. Mesmo não sabendo se ela estava no inferno ou não...
Rony riu.
- Isso é tão incrível! Você odiando a si própria.
- Realmente! E, só para você ter uma idéia, Haylla ainda queimou todas as cartas do Mestre, inclusive a rosa que ele lhe mandou – ele fez uma expressão preocupada, não estava muito segura da reação dele.
- O quê? – ele falou, rindo ainda mais. – Isso é cômico demais!
- Ah, que bom que acha. Achei que não gostaria.
- Eu prefiro acreditar que O Mestre dos Desejos e Haylla Hellarien jamais existiram – ele falou seriamente. – Foi uma história que começou e acabou tragicamente. Eles são duas pessoas infelizes, ele pela morte de sua amada e ela por ser um tanto rejeitada pela família.
- Já eu, prefiro continuar com eles na memória. Se Haylla Hellarien não existisse, Ronald Weasley jamais ficaria com Hermione Granger. E se O Mestre dos Desejos não existisse, Hermione Granger jamais ficaria com Ronald Weasley.
- Mas é algo tão triste...
- Por favor, não vamos esquecer. Eles fazem parte de nossa vida. E eu continuo amando imensamente a família Hellarien. Eles me acolheram muito bem.
- Leve em conta que achavam que você era filha e irmã deles.
- Levo, sim. Mas entendo o lado deles. Fico triste pela situação daquelas pessoas – disse Hermione. – Amavam demais Haylla.
- Tudo bem. Não quero brigar com você. Mas, só lhe peço uma coisa. Não deixe que eles influenciem no nosso relacionamento.
- Só se você aceitar um outro pedido meu.
- Qual? – Rony arqueou uma sobrancelha, malicioso.
Ela adiantou-se para ele e beijou-o intensamente.
Dois meses depois
- Dá para você soltar o Bichento um pouco e dar atenção a mim? – indagou Rony, com expressão deprimida.
Hermione curtia o inverno em baixo das cobertas, completamente aquecida por elas e pelo corpo do namorado, sempre abraçado a ela. A lareira do apartamento estava sempre acesa naqueles dias, onde a neve caía sem controle do lado externo do edifício.
- Desce, Bichento – ordenou Rony.
- Deixe-o aqui! Está frio fora das cobertas, ele pode se resfriar!
- Mione – repreendeu-a o namorado. – Gatos não se resfriam. Mas namorados se perdem.
Ela arqueou uma sobrancelha, inquisitiva.
- Está me fazendo chantagem?
- Estou. É melhor você escolher. Ou eu, ou o gato – ele falou, sério.
- Hm... Nossa, tenho tantas dúvidas! – ela brincou. – Mas, acho que desta vez você vai ter que sair, Bichento. Só não fique bravo comigo, culpe o Ronald...
Ela não conseguiu terminar a frase, pois o namorado já a beijava e a deitava ainda mais no sofá.
- Não o incite a me odiar. Gatos podem ser bastante maléficos quando querem – ele riu.
- Olha só a carinha dele, Rony.
- Esquece o gato, Mione.
- Que gato? – ela perguntou, inocente.
Rony voltou a beijá-la, não resistindo sequer instantes à mulher que tinha em sua frente. Minutos após ambos estavam dirigindo-se à cama do rapaz, Hermione no colo do mesmo.
Ela acordou, sentindo-se imensamente satisfeita. Espreguiçou-se, lembrando-se de como a noite fora maravilhosa. Custou a abrir os olhos. O mundo parecia supérfluo demais depois de tudo que passara. Nada seria emocionante o bastante. Poucos romances comparar-se-iam com aquele.
Abriu os olhos e deparou com um par de intensos azuis a observando. Sorriu ao vê-lo, um tanto encabulada. Amavelmente, ele depositou um beijo em seus lábios.
- Foi ótimo – ela falou. – Foi realmente ótimo.
- Também adorei. Foi uma noite fantástica, maravilhosa. Simplesmente inesquecível.
Hermione sorriu ainda mais, aconchegando-se aos braços nus do namorado.
- Tenho uma surpresa para você – ele disse. – Um presente de Natal.
- Nossa, havia até me esquecido que já era Natal! – disse Hermione. – Tudo passou tão rapidamente, foi tã...
Ela piscou. Diante de si havia uma pequena caixa já aberta. Entre os dedos de Rony um belo anel brilhava imensamente. Um diamante resplandecia em sua parte superior, entre o ouro.
- É... divino. Nem sei o que dizer – murmurou.
- Quer casar comigo, Hermione Granger? – ele perguntou, em tom cavalheiro.
- Não... – ela começou e quase sorriu ao ver a expressão preocupada dele - ...teria como recusar a uma proposta dessa.
- Er... Mary Ann?
“Hermione, querida. É você?”
- Sim, sou eu. Está tudo bem com você, com papai e com Mel?
“Estamos todos bem, inclusive seu pai.”
- Oh, me desculpe por chamá-lo assim. É força do hábito.
“Pode ter certeza que ele vai adorar saber que você ainda não perdeu o hábito, Hermione. Mesmo não sendo nossa filha, pode sentir-se como tal. Nós a amamos como tal.”
Ela conteve-se e não deixou cair algumas lágrimas.
- Fico muito feliz com isso, mãe. Tanto que vocês serão os primeiros a saberem de uma coisa.
“Está grávida, Mione?”
- Não – ela respondeu rindo. – Mas é algo muito parecido.
“Está pensando em ficar grávida?”
- Bem, não que eu não esteja, mas também não é isso.
“Não me diga que... Vai casar-se com o Ronald?”
- Pode chamá-lo de Rony, a partir de agora, mãe. Ele prefere que a senhora faça isso.
“Você – ela corrigiu. – Não vai começar a me tratar formalmente agora, vai? Prefiro você como antes.”
- Não, tudo bem. E, sim, vou casar-me com ele. Vocês são os primeiros a serem convidados.
“Convidados? Ah! Nem acredito, minha menininha está prestes a se casar.”
- Será dia 25 de julho. Espero a presença de todos vocês, aqui.
“Como poderíamos deixar de ir?”
- Espero-lhes, então. Bem, por acaso a Mel está por aí? Gostaria de contar a ela.
“Já a chamo.”
- Tudo bem.
Alguns instantes depois a voz de Melissa Hellarien ecoou nos ouvidos de Hermione.
“Haylla! Que bom que ligou. Estava com saudades de você.”
- Hermione – disse ela displicente, como se nem se importasse com isso.
“Desculpe, Mione! Acabo sempre me esquecendo.”
- Entendo, Mel. Não se preocupe com isso.
“Está tudo bem com você?”
- Tudo realmente ótimo. Tenho uma coisa a contar a você.
“O quê? Vou ser titia dentro de nove meses?”
Hermione riu novamente, não conseguindo conter-se.
- Por que todos imaginam isso?
“Mamãe também imaginou isso?”
- Sim. Mas, é algo diferente.
“Vai casar-se com ele, não vai?”
- Vou.
“Lembra-se? Hermione, lhe falei uma vez, quando você ainda era Haylla, que eu iria acabar recebendo um convite do seu casamento com O Mestre dos Desejos. Recorda-se? Diga que sim! Nem eu mesma acredito que previ isso.”
- Lembro-me muito bem – ela concordou, também contentando-se por isso. – Você é vidente!
“Vidente, não. Sensitiva.”
- Sei, Srta. Sensitiva. Olha só, já informei a mamãe tudo o quanto é necessário.
“Então é sério?”
- Achou que não fosse?
“Tinha absoluta certeza que era brincadeira. Espere! Você vai se casar com Ronald Weasley?Aquele que você jurou jamais rever?”
- Aquele era o Mestre. Eu nem me lembrava de Ronald naquele tempo.
“Realmente. Mas, mesmo depois de tanto tempo, continuo achando tudo muito estranho.”
- Sinceramente? Eu também.
As duas riram.
“Fico extremamente feliz por você, Mione. Ele é um cara legal.”
- Um cara legal? Ele é perfeito!
“Ah, não exagera também.”
- Exagerando? Claro que não! Ele é lindo, inteligente, sensível, romântico...
“Pára. Só você acha isso.”
- Todas acham.
“Está duvidando da minha feminilidade?”
- Só você que não acha.
“Hermione! Nem todas têm esse seu gosto estragado.”
- Amar desesperadamente um ruivo alto, bonito, gostoso, entre várias outras coisas, é ter gosto estragado?
“Você está apaixonada. Só pode.”
- Por que acha que estou me casando?
“Uma doença esquisita, talvez.”
- Ah, Mel.
E assim se passaram vários minutos até Melissa ceder e a discussão finalmente acabar.
- Mione, chegou a carta com a resposta de mamãe.
- Que bom! Posso lê-la?
- Claro.
Queridos Rony e Hermione,
Gostaria de dizer-lhes que fico extremamente feliz com o casamento de vocês. Desde que eram jovens todos nós sabíamos do grande amor que carregavam dentro de vocês, escondido de tudo e de todos. Jamais entendemos o motivo para precisarem tão urgentemente de um esconderijo para algo tão belo.
O tempo passou rapidamente e, quando todos deram por si, Hermione já não mais existia. Todos acreditávamos que você estava morta. Inconsolável, Rony resolveu ir morar sozinho. Tentaria sobreviver em companhia da dor, do sofrimento e principalmente do arrependimento por ter perdido tanto tempo. E saber que a solução para todos seus males estava numa cidadezinha no interior da Inglaterra, meu filho! E que ela tinha até nome: Haylla Hellarien. Incrível.
Eu, seu pai, seus irmãos, suas cunhadas e seu cunhado desejamos a vocês tudo do melhor. Muito amor, muita paz, muita alegria... E muitos filhos, claro, como Weasley que é.
Hermione, querida, agradeço-lhe imensamente por ter trazido novamente a alegria ao meu Roniquinho. Aquela vida de boêmio insaciável simplesmente o estragava. Dizíamos isso a ele, sutilmente é claro, mas nunca nada deu certo. Continuava igual, imerso em toda a solidão que a sua falta lhe causava. Você veio para preencher um buraco vazio, ao qual só você mesma poderia preencher.
Parabéns aos dois, muito amor na vida de vocês! Com certeza compareceremos ao casamento e com muitas felicitações e dedos cruzados para que tudo dê certo.
Beijos da grande família Weasley, ao mais novo casal.
- Nunca havia recebido uma carta de tantas pessoas! – riu Hermione.
Rony abraçou-a.
- Seremos muito felizes juntos, meu amor.
P.S.: Sim, eu sou muito má e não mereço o perdão de vocês. Não sei reconhecer a atenção que dedicam a mim e, principalmente, à minha fic. Sinto muito por ser uma pessoa tão desprezível. Mas há uma explicação para isso, e eu vou dá-la, independente da aceitação ou não de vocês. Escola. Sim, isso é tudo culpa dela. Mas o que nós não fazemos para não precisar ficar em recuperação no final do ano? Vocês sabem que, antes das minhas aulas começarem, eu ficava aqui o dia inteiro, atualizava fielmente toda semana, e até respondia comentários. Mas, entendam, não dá mais para fazer isso.
Agora, só espero que vocês sejam pessoas piedosas e continuem comentando, apesar de parecer que a autora não está nem aí para vocês. Ao menos tentem me perdoar. E, se possível, curtam o capítulo. Tem muitos erros de concordância com a história, como alguns leitores já perceberam (eu ainda não sei como é que eu não consigo ver erros tão óbvios!), mas não há tempo para eu acertá-los.
Prometo postar o último capítulo logo que puder. Daqui a três semanas começam minhas tão merecidas férias de julho e, se correr tudo bem, no máximo até lá o postarei. Comentem muito, sim? Se é que eu ainda tenho o direito de pedir algo a vocês.
Obrigado pelo apoio de muitos,
Manu Riddle.
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