O Retorno
Capítulo 20
O Retorno
“E o meu coração embora
finja fazer mil viagens,
fica batendo parado
naquela estação”
(Adriana Calcanhoto)
1 ANO DEPOIS
Tinha acordado aos gritos de novo naquela manhã. Novamente pulado de sua cama e tremido incontrolavelmente. Coisa chata, bem quando achava que já tinha superado um pouco dos sustos. Já estava meio conformada com os pesadelos freqüentes, mesmo porque não podia fazer nada a respeito. Nenhuma poção, chazinho calmante, nada adiantava. Quando tinham que vir, vinham. Mas gritar assustada era outra história. Vergonhoso. Se ainda morasse com a mãe, era certeza de tê-la alarmado de morte. Outro beneficio em ter seu próprio canto.
Celina continuou nesta espiral de pensamentos, coisa comum depois de uma noite mal dormida, quando você acaba não controlando bem o que se permite lembrar e o que não. A diferença é que não estava enfurnada em seu pequeno apartamento, mas sim fazendo o que seria uma prazerosa visita. Resultado: não estava só. Fazia algum tempo que dois pares de olhos curiosos a fitavam de um jeito preocupado.
- Tudo bem contigo, prima? – Phelícia Jones, esparramada sobre o tapete, lançou um daqueles olhares reticentes para a moça. E olhares reticentes não eram costumeiros quando se tratava de Phillys.
- Tudo ótimo. – Celina ergueu a taça de hidromel da mesinha ao lado. – Por que a pergunta?
- Estava viajando de novo.
- Outro pesadelo? – Hermione, na ponta do outro sofá e muito confortável em seu papel de anfitriã, despejou mais um pouco do líquido âmbar na taça de Phillys.
- Mione, você é um talento desperdiçado. – Celina mofou – Devia estar ensinando Adivinhação e não trabalhando no Ministério. Ok, tive um sonho ruim noite passada, mas não foi nada demais – e ao ver as expressões incertas, reforçou – Sério.
- Nada daquilo com as mãos? – Hermione falou baixinho, como se o assunto fosse meio proibido, o que de fato era.
Aquilo com as mãos... Aquilo que acontecia quando tinha aquele pesadelo horrível. Melhor esquecer.
- Nada. Um pesadelo comum, desses que todo mundo tem. – e para evitar novas perguntas, se concentrou na bebida.
As garotas estavam no apartamento de Ron e Hermione, que estavam morando juntos a cerca de um ano, desde a época em que o rapaz se preparava para se formar como auror. Estavam de casamento marcado para breve, as coisas tendo se dirigido naturalmente para este caminho.
- Bom, eu sim tenho um pesadelo, e ele se chama Benjamin Travis. – Phillys fez uma careta de desagrado.
- Brigaram de novo? – Celina aproveitou a deixa, mudando de assunto.
- De novo? Como de novo, se nunca paramos? Acho que esse relacionamento se resume a isto, um eterno arranca-rabo. Não sei por que ainda não desisti.
Hermione tinha desviado a atenção de Celina, com resistência, logo fitando a outra amiga. A morena soprava uma mecha dos cabelos lisos e negros por sobre os olhos, o gesto, meio infantil, meio relaxado, acobertando a evidente contrariedade de suas feições. Mione teve vontade de rir, as agruras amorosas de Phelícia com Benjamin a lembravam muito a sua história com Ron.
- Bom, Phillys – Mione interveio, - na minha vasta experiência, discussões exageradas não querem dizer que não se amam, mas o contrário. É só admitir as coisas que tudo melhora.
Phelícia deixou de soprar os cabelos para fazer uma careta levemente horrorizada:
- Que estória é essa de amor? Pirou? O Ben e eu temos um lance, amor é coisa bem diferente disso.
Mione não resistiu e deu um sorrisinho de lado, sendo logo acompanhada por Celina.
- Que foi? Do que as duas paspalhas estão rindo?
- Nada, você é que anda estressada ultimamente. – Hermione aproveitou a deixa para se inteirar das novidades. – Problemas com a posse do novo Ministro?
- A correria de sempre, mas tudo sob controle. – Phillys fez um gesto de desdém. Há algum tempo a garota dirigia o setor de eventos do Ministério, fazendo as amigas se surpreenderem por sua competência e aparente falta de cansaço. Phelícia era uma fonte de energia constante.
- Vai ser o maior evento da década – Phillys se gabou, lançando os cabelos para as costas, num gesto ao mesmo tempo cômico e metido. - Tia Florência foi ótima em emprestar a casa de vocês.
- Não é tanto nossa casa. Não mais - Celina refletiu, pensativa. – Mamãe nunca vai sair de lá, mas agora a casa é quase que pública. Não tem um momento em que não esteja cheia de gente e movimento. O que é muito bom para gastar toda a energia que ela tem, e melhor ainda para a Fundação.
Era verdade, depois da guerra terminada, Florência havia se engajado na proteção aos trouxas e vítimas das atrocidades da guerra. Tinha iniciado a Fundação McGregor, homenageando o falecido esposo e disseminando a semente da tolerância entre as comunidades bruxa e trouxa. Havia recebido a inestimável ajuda de Lilith, agora professora de Transfiguração em Hogwarts, e de um antigo amigo da família, Alexander Magnus, o mesmo que participara ativamente da extinta Ordem da Fênix e, no entender de Celina, o mesmo que se mostrava interessado até demais no bem estar da bela Florência. Embora não demonstrasse interesse no sexo oposto, a bruxa loira continuava atraindo admiradores. Consultando seus botões, Celina tinha a impressão de não se chocar se algum dia a mãe resolvesse sair de sua imensa solidão. Mas isso eram apenas conjecturas, Florência se recusava sequer a tocar no assunto, dizendo que já bastara uma vida inteira perdendo pessoas que amava. E isto, Celina sabia bem como era.
Escutando por alto as vozes das amigas, um assunto sobre ataduras e poções reconstrutoras, a moça voltou para o presente. Como o assunto sugeria, havia alguém recebendo cuidados médicos. Ronald.
- Onde está o Ron? – Celina interrompeu a conversa.
- Dormindo. – Mione informou com segurança.
- E o ombro?
- Melhor, mas a medibruxa pediu mais uns dias de repouso. Pelo menos mais uma semana de muito sossego.
- Então ele deve estar irado. – Celina conhecia bem o amigo e imaginava o tédio que tal situação impunha. Ela mesma tinha passado por um longo período de tratamento quando a guerra terminara, a diferença é que, na época, ela não se importara tanto, tinha estado apática demais para se incomodar.
Mas com Ronald a coisa mudava inteiramente de figura. Ele havia sido ferido durante um treinamento, coisa corriqueira se não fosse por um novato que cruzara, sem querer, um feitiço com o que estava sendo atirado ao ruivo naquele momento. O resultado: uns bons hematomas dolorosos, uma feia luxação no ombro esquerdo e muitas piadas em cima de seu infortúnio. O tal novato não sabia se tremia de emoção pelo feito - atingir, mesmo sem querer, um dos heróis da última guerra - ou se tremia por medo mesmo. A reação do ruivo não seria muito amistosa quando retornasse ao trabalho.
- Nem me fale... Irado é apelido. – Mione suspirou - Está parecendo um vulcão prestes a explodir.
- Tem certeza que a nossa reuniãozinha não vai atrapalhar? – Phillys abaixou a voz, preocupada. – Vai que ele acorda...
- Por favor, - Mione disse em voz alta – quando o Ron dorme, morre pro mundo. Podíamos tocar corneta bem aqui e ele não ia nem se mover.
- Então o que estamos esperando? – com um toque da varinha, Phelícia fez o gramofone vibrar com uma música antiga d’As Esquisitonas. – Ah, isso sim é um clássico.
- Minha nossa. – Celina riu com a memória. – Eu dancei esta música com o Joshua Parker no baile de inverno do Torneio Tribruxo.
- Eu me lembro. – Mione, com outra sacudidela de varinha, fez o volume baixar alguns decibéis, só por garantia. – Por acaso, fui eu quem tentou juntar vocês dois naquela noite.
- Então foi você que se livrou do pobre Marc Norton... Eu devia ter suspeitado. Ele só apareceu bem depois, bufando a respeito de um candelabro, ou coisa parecida.
- Culpada. – Hermione levantou a mão, se entregando.
As duas amigas riram e Phillys torceu o nariz imediatamente:
- Se tem uma coisa particularmente grosseira é quando vocês duas começam a conversar sobre coisas das quais eu não fiz parte. Isso é muito irritante.
- Você faz o mesmo! – Hermione acusou. – Se deixar, monopoliza a conversa sobre as mil coisas que aprontava junto da Celina.
Na sua poltrona, Celina fez uma cara satisfeita:
- Se há alguns anos alguém me dissesse que um dia eu seria disputada por duas mulheres, e que ainda iria me divertir com a situação, eu juro que azarava o coitado.
- Ah, cala essa boca, Gryffindor. – Phillys mofou.
- Hey, não gosto que me chamem assim.
- Mas você é, priminha. Gryffindor de casa e sangue, da cabeça aos pés.
- Sou uma porção de outras coisas também. Coisas menos perturbadoras e irritantes.
- Um sobrenome não devia chatear tanto uma pessoa.
- Mas chateia, Phillys. Na verdade mata. Podem me chamar de Celina, McGregor, Lux... o escambau, mas sempre essa insistência sufocante nesse assunto.
- Você age como se o parentesco com Godric Gryffindor fosse crime – mas vendo a expressão da prima, Phyllis se apressou em despistar. - Ok, podemos mudar para um assunto melhor, não é, Mione? – ela trocou um olhar significativo com a amiga.
- Claro. Se ela não quer aceitar o honrado sobrenome que tem, não somos nós que vamos obrigar.
- Eu ouvi alguma coisa sobre mudar de assunto? – Celina girou os olhos para o teto, controlando a vontade de bufar.
- Ah, sim, podemos mudar de assunto, tem uma coisa mesmo que eu queria averiguar - aproveitando a deixa, Hermione deu o bote. – E então Celina, te mandei uma coruja ontem à noite e você não estava em casa, mais tarde telefonei e nada...
A outra deu de ombros:
- E daí?
- E daí que eu fiquei pensando: onde a Celina estaria num dia de semana? Que eu saiba não tinha aula de dança ou outra coisa. E daí que eu comecei a supor que estava com alguém. – e vendo que a amiga não dava o mínimo sinal de que responderia, resolveu ser mais direta. – Você estava? Tipo... com a Doninha Malfoy?
A jovem desta vez bufou, enquanto as garotas a fitavam sem perder o menor movimento.
- Por favor, uma mulher não pode ter vida social sem um homem ao lado?
- Mas você saiu com ele? – Phillys inquiriu, também curiosíssima sobre aquele aspecto da vida particular da prima, coisa que a mesma não costumava discutir.
- Merlin... Não – Celina suspirou vendo as amigas a observarem, desconfiadas. – Ah, por favor, vocês sabem que eu contaria.
- Como contou sobre quando você e a doninha começaram com... sei lá o quê? – Mione retrucou azeda.
- Ora, vamos... eu acabei contando não foi?
- Depois de meses. – Mione atalhou.
- Quase um ano. – Phillys fechou a cara. Podia aceitar o segredo, mas nunca tinha engolido Hermione ter sabido antes de si.
- Drama, drama, drama – Celina saiu pela tangente. – Que diferença teria feito na época? Phelícia, você ainda não morava em Londres, daria muito trabalho explicar. E você, Mione, eu sempre soube como se sentia quanto ao Draco. Acha que foi fácil te dizer?
- Bom, se pra você não foi fácil contar, imagina como foi escutar... – Hermione fez cara de desgosto.
- Você suportou bravamente.
- Humpf! – Mione bufou, não achando que já houvesse superado. Não de todo. - Aquele seu... Não sei o nome daquilo. Aquilo com Draco Malfoy, então continua?
- Não pergunte o que não quer saber.
- E se eu quiser?
- OK. Sabe como dizem... Antes mal acompanhada do que só. – ela deu uma risadinha mordaz. – Estou sendo maldosa. Ele mudou muito, não é a metade do problema que já foi.
- É assim que o vê? – Mione pegou no ato. - Um problema?
- Eu disse isso? – Celina se surpreendeu com o ato falho.
- Em alto e bom som.
- Bom, se existe um problema, seria um querendo o que o outro não pode dar. – Celina ficou pensativa por um momento. – Ainda assim... não dá pra explicar. Funciona.
- Quer dizer que o luto permanece. – Hermione falou como que para si mesma.
- O quê?
- Uma relação vazia, baseada em... coisas físicas. – evitou certas palavras - Você ainda não se recuperou depois de cinco anos. – falou como se tivesse aquele pensamento há muito tempo.
- Eu estou bem, Mione. Apenas não espere que eu saia saltitando por aí. Aquela... menina inconseqüente não existe mais.
- Que pena, eu gostava dela.
- Eu também. Mas ela se foi – Celina disse, sem passar saudade.
- Presumo que sei como se sente.
- Você tem a sensação de ter assistido a enterros durante toda sua vida? Ter perdido uma pessoa querida atrás da outra? Se tiver, então realmente sabe o que eu sinto.
- Não estou querendo banalizar. Você passou por coisas terríveis e por isso merece refazer sua vida.
- Com refazer você quer dizer me relacionar com alguém. Outro alguém.
- É claro! Um relacionamento de verdade, saudável.
Celina viu a confiança estampada no rosto da amiga. Hermione tinha Ron, jamais entenderia como era.
- O que eu tenho me basta, Mione.
- Draco Malfoy te basta?
- Ele me entende. – estava custando a manter a paciência. - Não procure compreender. Talvez seja complicado ou até simples demais pra você assimilar.
- Tente. Não sou exatamente burra. – uma ruga de contrariedade marcou a testa da ex monitora.
- Eu transo com ele. – Celina falou sem tentar chocar a amiga, mas fazendo isso assim mesmo. - É muito bom e me satisfaz. E depois vou embora. Quando tenho vontade de conversar, conversamos, quando sou fria, ele também é. Não há grandes cobranças. Apenas duas pessoas juntas de vez em quando. Simples assim.
Celina arqueou as sobrancelhas em desafio, e, como previsto, a amiga ruborizou.
- Mas... e quanto ao seus sentimentos? E o amor? – Hermione se recuperou depressa, não podendo aceitar as coisas de um modo tão simplista.
- Amor machuca. – ela disse como se sentisse. - Ainda tenho as cicatrizes pra me lembrar. – então sorriu. – E elas ainda sangram. Não, obrigada, estou muito bem longe disso.
- Você não vai dizer nada? – Hermione apelou para Phillys, que se mantivera na poltrona, totalmente muda quanto à contenda.
- Ela sabe o que eu penso. – as primas se olharam em inteiro entendimento.
- Você concorda com isso? – Mione tornou, inconformada. – Phelícia!
- Hey, eu acho que Celina foi machucada além da minha compreensão. Além da sua, se quer saber a verdade. Se esse Draco consegue trazer qualquer alívio, então que seja. Só gostaria que ela também saísse com outros caras – e se voltando para Celina, concluiu. - Não me leve a mal, prima, mas precisa variar.
- É uma possibilidade. – Celina mentiu, querendo encerrar o assunto. Na verdade, não querendo mais problemas do que os que já tinha.
- E por que não sai com o Jason? – Hermione falou de forma baixa, confidencial. – Você sabe que eu jamais diria isso na frente de quem quer que fosse, muito menos do Ron. Mas... se acabou mesmo entre você e o... bem... – ela evitou dizer o nome que sempre escurecia os olhos da amiga. – Então por que não o Jason? Vocês se dão tão bem, e ele sempre está do seu lado, te amparando, te apoiando em tudo como...
- Como um irmão mais velho. É assim que eu vejo o Jason, e pode apostar que com ele é a mesma coisa.
- Tem certeza?
- Tenho – Celina respondeu com absoluta confiança. - E é assim que deve ser.
- Pois eu gostaria de um irmão mais velho daquele jeito. – Mione então comentou quase sem ver.
- Hermione! – Phillys e Celina caçoaram quase ao mesmo tempo, caindo na risada logo depois.
- Amiguinha, você está precisando mesmo duma despedida de solteira. – Phelícia deu um olhar sardônico em direção a amiga.
- Foi modo de dizer. – Mione sorriu, corada. – Não que eu não seja fiel, e claro que o Ron é o homem mais atraente do mundo, mas não sou cega, sabem?
- Acabei de crer que não. – Phillys retrucou maliciosa. – Embora, pelo pedaço de mau caminho do teu noivo, eu já suspeitasse há muito tempo.
- Pedaço? – Mione continuou, falando quase que consigo mesma. – O Ronald é o caminho inteiro.
As amigas assoviaram, fazendo gracejos espirituosos, mas logo Celina atentou para a hora.
- Papo bom, meninas, mas eu tenho um compromisso. – ela se aprumou, beijando rapidamente as faces das duas.
- Compromisso ou encontro? – Phillys examinou a prima maliciosamente.
- As duas coisas.
- Com o Malfoy? – Mione franziu o nariz.
- Com o Ministro é que não é.
- Então você ainda nega que é um romance?
- Olha, vou me encontrar com ele, vamos para sua casa na cidade e o resto vocês podem imaginar. É tudo. Sem jantar à luz de velas, passeio de mãos dadas ou coisas do tipo. Sem romance.
- Hum, já comecei romances deste jeito. – Phelícia falou para Hermione.
- Sim, saiu um artigo parecido no último Semanário das Bruxas. Romances trágicos que terminam em homicídios. – Mione retrucou, sem enxergar um fim positivo para aquilo.
As duas ignoravam Celina, comentando por entrelinhas que não achavam a explicação da bruxa muito verossímil. E esta, como se apenas esperasse pela deixa, foi andando ligeira para a saída.
- Hey! De um à dez, como é o sexo? – Phillys se virou para a prima e perguntou à queima roupa, deixando Mione escandalizada.
Celina abanou a cabeça como se desistisse, e dando um meio sorriso conformado, ergueu uma sobrancelha significativamente. Logo já tinha chegado até a porta, mas ainda escutou um novo assobio de Phillys, longo seguido pela exclamação de nojo de Mione.
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Depois que Phelícia se foi, não muito depois de Celina, Hermione se preparou para organizar a sala, sendo interrompida pela sombra maciça a suas costas.
- Ai, que susto! – ela se virou para a bela visão do namorado, uma calça de pijama e nada mais. Então suas palavras de repreensão se perderam, não pelo motivo óbvio, mas por ter percebido alguma coisa muito errada nas feições do ruivo. – Ron, amor... que foi? É o ombro? – ela se inclinou em direção ao braço dele, preocupada.
- Mione... – ele falou devagar, sentando-se na primeira poltrona que encontrou. – Me diz que eu não ouvi o que eu ouvi...
- Sobre o que? – mas pela cara chocada dele, ela já adivinhava o que seria.
- A Celina... Malfoy... É alguma piada de amigas? Uma piada de muito mau gosto?
Não vendo outra alternativa, ela balançou a cabeça negativamente.
- Mione...
- Tem certeza de que quer saber? – ela perguntou com muito cuidado.
- Não – respondeu sincero. - Mas me diga assim mesmo.
Mione suspirou profundamente antes de continuar.
- É verdade, amor. O Malfoy e a Celina...
- Não – ele fez um gesto súbito para ela se calar. – Mudei de idéia. Eu não vou escutar isso. Vou voltar pro quarto e acordar, porque eu tenho certeza de que isso é um pesadelo.
A moça sorriu compreensiva, tendo passado pela mesma coisa no ano anterior.
- Bom, quando você acordar, será que pode fazer o favor de me acordar também?
Ele ficou ali, a encarando com a boca aberta, até as coisas começarem a fazer algum sentido. Um sentido bizarro, mas ainda assim, visível.
- Como ela pôde?! A doninha! Logo a doninha!
- A doninha. – Mione confirmou. – E... há cerca de um ano.
- Um ano? Você quer dizer que não aconteceu só uma vez? Como aquela demente... – ele ficou calado por um tempo, as sinapses trabalhando freneticamente – Droga. Mas que droga.
- É, eu sei. – ela o confortou, solidária.
Mas como se falasse apenas consigo mesmo, ele murmurou:
- Quer dizer, eu sabia que ela tinha alguém, mas aquele lá?
- Sabia? Você sabia? – Mione se surpreendeu.
- Uma sensação. – Ron se levantou, espantado demais para ficar parado. – As pessoas sempre mudam quando estão de rolo com alguém. É reconhecido. Ficam mais despertas, mais bonitas. Mas... a doninha... o filhote de comensal... – ele gesticulou exageradamente, como se lhe faltassem palavras para definir o horror.
- Sim, o Malfoy. Vai ser difícil, mas você vai ter que acreditar.
Até que ele se acalmasse, Mione serviu um pouco de hidromel com uma pequena dose de fire whiskey misturado, e ainda assim foi preciso muita conversa até a idéia internalizar.
- Teve um tempo que eu não acreditei que ela conseguisse – já recuperado, Ron falava sobre suas suspeitas. - Celina vivia num buraco fundo e escuro. Então do nada, mudou. De repente parecia mais... Parecia... – ele estalou os dedos até encontrar. – Viva. Parecia mulher de novo.
- Foi assim que eu também desconfiei.
- Mas que diabos! Precisava ser o Malfoy?
- Eu sei. - a morena assentiu, acariciando os cabelos ruivos do rapaz - Também não me conformo. Você sabia que ele a perseguia na escola? Eu achava que ela o odiava.
- Talvez...
- O quê? Continua.
- Talvez seja apenas sexo. – ele pareceu profundamente repugnado ao falar sobre aquilo. Celina era como uma irmãzinha, já o Malfoy... arghhh... Ah Mérlin, ele podia vomitar.
- Não. Infelizmente não acho que seja só isso. – Mione finalmente tinha com quem dividir suas dúvidas.
- Ok, Mione, só não vai me dizer que ela está gostando do cara-de-fuinha. Tudo menos isso.
Ela fez uma careta de confusão:
- Dependente. A Celina me parece dependente, de alguma forma. Mas gostando, gostando... isso eu não sei.
Foi quando Ron pareceu muito cabisbaixo:
- Isso não aconteceria se... Já imaginou como seria se o Harry tivesse continuado aqui?
- Ela sorriria mais vezes. Tenho certeza.
- E o branquelo nojento não ia ter a menor chance.
- Nenhuma.
- E nós teríamos nosso melhor amigo com a gente.
Hermione o abraçou carinhosamente.
- Você sente muita falta dele, não é?
- Sabe, tenho uma porrada de irmãos, mas o Harry é como se fosse o mais próximo deles.
- Eu sei, amor. Foi injusto pra todos nós.
- Ainda bem que nada separou a gente, Mione. Ficaria louco se te perdesse – ele acariciou os cachos bem feitos do cabelo da amada, sentindo realmente que não suportaria a vida sem a força e o amor que ela lhe trazia.
- Eu sinto o mesmo. – ela devolveu o carinho, correndo os dedos pelas madeixas vermelhas e crescidas. – Agora me diz: você imagina como foi pra ela, Ron? Como foi para os dois se perderem?
E, como sempre, ele alcançou aonde ela queria chegar:
- Está querendo dizer que não devo ficar com raiva? Tomar as dores?
- Acho que estou sim. Harry também tentou refazer a vida, embora eu não ache que tenha conseguido realmente. Nenhum dos dois, na verdade. Aquela história dele com aquela americana... Lembra?
- E como... Garota pirada.
O casal tinha visitado Harry no último ano, por ocasião do seu aniversário. Foi uma viagem surpresa, feita com o auxílio apenas de Dobby. Por motivos de segurança ninguém mais soubera, principalmente Celina, que também não queria ouvir falar de Harry. O próprio aniversariante só ficara sabendo quando os amigos apareceram à sua porta. Lágrimas e abraços de quebrar os ossos. E foi durante aquela rápida semana que conheceram a “amiga” de Harry, Billie. A moça havia aparecido repentinamente na casa do rapaz e não tinha gostado nada de encontrar dois antigos amigos de Hogwarts. Na verdade, o desconforto fora bem ruidoso.
- Será que ainda estão juntos? – mesmo muito amigos, essa era uma coisa que Ron preferia não perguntar a Harry.
- Acho difícil. – Hermione matutou. – Se já não estavam juntos naquela época... Quer dizer, aquilo não era um relacionamento, era um acidente de vassoura.
Ronald riu, sentindo o bom humor retornar:
- Nós também tínhamos nossos momentos de desastre, lembra?
- É, mas depois que as nossas... “vassouras” foram reguladas, funcionaram que é uma beleza. – com estas palavras, Mione fez o ruivo gargalhar de vez.
Vendo que ele se tranqüilizara de vez, ela voltou para a sua arrumação.
Observando a jovem linda se mover na sua frente, sem ter a menor ciência dos pensamentos pecaminosos que surgiam por sua cabeça, Ronald estreitou os olhos sob uma certa lembrança. Sobre outra coisa que tinha entreouvido ao acordar.
- Certo – ele tinha parado de rir e foi assumindo um ar um tanto perigoso. - Agora eu gostaria de entender outra coisa.
- Hum? – ela resmungou, distraída em recolher as taças e as mandar direto para a pia, usando um feitiço de limpeza.
- Então a senhorita não é cega e adoraria ter um... “irmão” como o Jason Connor?
- Quê? – ela engasgou, corando dos pés a cabeça.
Na sua frente, Ron apenas a fitava, expressão inescrutável.
- N-não é bem, estava só querendo fazer a Celina ver... – ah, ele ia brigar com ela, já podia ouvir os gritos - Você sabe que te acho mil vezes mais atraente que qualquer auror.
Ele ergueu uma sobrancelha, o resto do rosto impassível.
- Que qualquer homem. – ela se apressou a emendar. – Ah, era só uma brincadeira entre amigas. A gente fala muita bobagem quando está junto.
Ele apertou os olhos bem miudinho:
- Bobagem é? Inclusive quando falou sobre mim?
- Como? – ela torceu as mãos, sem ter noção do que ele quis dizer.
- Quando disse que eu não era um pedaço, mas o mau caminho inteiro – ele estufou o peito e um sorrisinho malicioso bailou em seus lábios. - Estava falando bobagem também?
- Ah, você ouviu isso – ela disse com a voz sumida, corando agora por um motivo bem diverso. Ele ainda conseguia deixá-la embaraçada como uma adolescente.
- Pode apostar que ouvi. Mas depois do que disse sobre o Connor, acho que ainda preciso ser convencido sobre certas palavras. Quando disse que eu era um mau caminho inteiro, - ele foi se achegando de mansinho, enquanto ela dava pequenos passos inconscientes para trás – estava se referindo exatamente a quê?
- Não sei o que quer dizer... Ron!
Com duas largas passadas, o ruivo havia levantado a namorada do chão, usando apenas o braço bom.
- Seu ombro! – ela danou – Me ponha já no chão!
- Vai repetir o que disse pras garotas? Ou prefere apenas me mostrar?
- Nem sonhando. – ela tentava escapulir inutilmente. Merlin, ele era feito de aço, ou o quê?
- Se é assim que pretende me explicar, tenho que te dizer que vamos ter uma longa noite. – enquanto falava, ele ia carregando a moça para o quarto. – Mas pode ter certeza que eu vou escutar o que quero. Palavra por palavra.
- Ronald Weasley, você está de repouso. Repouso! – ela tentou controlar a vontade de socar o namorado, mesmo porque o arrepio que estava sentindo se tornava cada vez mais perigoso. – A curandeira Priscila disse que você devia... repouso – os argumentos se perdiam.
- Humm, achei que você não tinha simpatizado muito com a curandeira. – ele sorriu, matreiro, já esperando pelo ataque de ciúmes.
- Não é nada disso! – ela se defendeu, realmente vermelha e com cara de poucos amigos. – Só que não havia nenhuma necessidade dela te dar banhinho de toalhinha molhada, usando um uniforme que... francamente. Aquele hospital já foi mais respeitável.
- Mas você é uma noivinha muito ciumenta – hum, ele gostava de brincar com fogo. - Não vejo nada demais em ter pessoas atenciosas cuidando de mim – e se aproveitando da exclamação indignada que ela se preparava para soltar, Ron lhe roubou um beijo forte e rápido e correu os lábios pelo rosto e queixo da moça, ainda mais satisfeito que antes.
Daquela discussão, Hermione jamais sairia vitoriosa e sabia disso muito bem, mesmo porque ela também tinha praticado muito dos tais agradáveis banhos de toalha. Mas como boa gryffindor que era, ainda insistiu em seu argumento original:
- Ronald! – raiva misturada com arroubos físicos, ela já sentia a bomba relógio prestes a explodir. - Pela última vez, você precisa de descanso. Sabe o que significa a palavra?
- Arrã. – ele mordiscou o pescoço dela daquele jeito que sabia que a deixava molinha. – Significa que você vai ter que ser muito boazinha comigo, fazer tudo o que eu quiser e me mostrar direitinho esse negócio de mau caminho.
- Já vi que agora, - ela estava grogue, quase perdendo a noção de onde estava – você vai sempre usar isso contra mim.
- Ah, eu vou. Quantas vezes forem necessárias. – ele a colocou sobre a cama, ficando por cima dela. - Mas te prometo uma coisa, você não vai achar nem um pouco ruim.
- Trasgo... – ela gemeu.
- Como eu disse antes, vai ser uma longa noite.
Ela ainda não sabia, mas no dia seguinte, exausta, iria chegar à conclusão de que Ron Weasley tinha aperfeiçoado um jeito de gastar toda aquela energia acumulada. E ela, como a namorada muito dedicada e atenciosa que era, não poderia deixar de participar muito ativamente. Participar até estar tão esgotada quanto ele.
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Lukas Gordon chegou cedo ao Ministério. Gostava de já estar organizado e trabalhando quando os demais funcionários chegassem, o que lhe dava uma óbvia vantagem em saber as novidades e o colocava em boa posição ante os superiores. Muito bem informado, dizia-se que Gordon possuía olhos e ouvidos em todos os lugares. Trabalhava no Departamento de Assuntos Internos, fazendo uma atividade de cunho burocrático, sob as ordens diretas de Alexander Magnus, seu diretor geral. O Assuntos Internos era tido como um departamento controverso, que tinha por objetivo investigar o funcionamento e os funcionários dos demais setores do Ministério, inclusive o imaculado departamento de aurores, dirigido pelo chefe dos aurores, Kingsley Shacklebolt. Dentro das paredes, o Assuntos Internos costumava ser visto como coisa de dedos-duros, daí a forte antipatia que o perseguia.
Mas Lukas, que pouco se importava com o que pensavam os colegas, não madrugava apenas por dedicação ao trabalho. Além de ser positivo à sua ambição profissional, chegar cedo lhe dava a chance de ver Celina Lux passando em direção à sua sala. Ela também costumava aparecer antes dos outros, algumas vezes trocando com ele poucas palavras e, num dia muito feliz, o convidara para tomar com ela a primeira xícara de chá do dia. Ele não tinha muitas oportunidades de falar a sós com a moça, por isso se apegava a qualquer chance.
Fora assim desde a primeira vez em que a vira, quando fora chamado junto a todo ministério, para ajudar na segurança do casamento de Bill e Fleur Weasley, acontecido há quase seis anos. Tinha como função conduzir alguns convidados e cuidar do perímetro onde se realizaria a cerimônia e festa. Um trabalho muito aborrecido se não fosse um acontecimento que se tornaria, a partir deste dia, o mais importante de sua vida.
A adolescente Celina. Uma visão vestida de divindade bizantina, que tinha cativado seus olhos e desejos mais obscuros no momento em que, junto a Jason Connor, a acompanhou até a cerimônia. Gordon teve vontade de tê-la bem naquela época, não importando que ainda fosse tão jovem. A aparência polida e convencional que Lukas demonstrava, escondia um homem de desejos violentos, um caráter que não aceitava muitas restrições e negativas sociais. Se tivesse tido a menor oportunidade, teria arrebatado Celina para si, no ato, sem a menor preocupação. Mas a oportunidade se rira dele, fazendo o desejo não arrefecer, mas permanecer na salmoura por um longo tempo.
Na época do casamento de Bill e Fleur havia buchichos sobre a garota Celina e o jovem Potter, e Lukas não ficou nada satisfeito em constatar a troca de olhares e o breve sumiço dos dois. Foi um tempo turbulento, e ele não pôde fazer absolutamente nada para se aproximar da jovem como queria. Além do mais, Jason Connor era muito protetor em relação à garota, montando guarda sobre ela como um cão e lançando à Gordon eternos olhares desconfiados.
Fora assim que Celina desaparecera de sua vida. Apenas pudera olhá-la por um breve dia, o suficiente para despertar sentimentos inconfessáveis. Ele se ressentia por ter sido afastado, por não ter visto a garota desabrochar na bela mulher adulta de hoje. Ficara distante por muitos anos. Anos demais. Já era hora de fazer alguns avanços. Mas sempre se esbarrava no problema de Connor. Mesmo nos dias atuais, Jason parecia ainda considerar tarefa sua zelar pela segurança da moça. Onde estava um, estava o outro. Mais um motivo para aproveitar os raros momentos de estar a sós com ela.
Apesar de agüentar piadinhas dos colegas de serviço, e a antipatia declarada de Ron Weasley, Gordon simplesmente não podia parar de olhar para Celina. Ela lançava mais chamas que uma opala negra, com seus olhos de múltiplas cores e o cabelo reluzindo em cascata pelas costas. Tinha um ar concentrado que impunha distância, mas muitas vezes ele já surpreendera alguma risada clara e um certo brilho em seus olhos que a fazia parecer uma criança corada correndo solta pela primeira neve do inverno. Celina era o mistério que o consumia. A mulher que há muitos anos ele tinha decidido que teria para si a qualquer preço. Qualquer um.
O dia passara assim, sem escutar mais que um bom dia do seu objeto de desejo. E fora por isto mesmo que Lukas, sempre alheio aos colegas de trabalho, sempre superior, afinal decidira se aproximar de alguns, a fim de terminar o dia no pub que os aurores costumavam freqüentar. Era de seu conhecimento que o novo ministro havia selecionado alguns aurores de confiança para uma missão na Irlanda, e Celina estaria acompanhando o grupo. Naqueles tempos calmos, tinha muita gente querendo um pouco de ação, mas poucos foram apontados. Por certo os escolhidos estariam comemorando o chamado naquela noite. Hora de tentar uma aproximação fora do território profissional.
No meio da fumaça dos cachimbos, do cheiro de bebida e de um volume ensurdecedor de algo que chamavam de música, Lukas franziu o nariz para o ambiente escuro. Não era nem de longe o tipo de local que costumava freqüentar. Mas ela... Celina estava dançando com um jovem auror, o rapazinho que, para seu imenso divertimento, acertara um feitiço estuporante no insuportável Ron Weasley. E os dois se moviam muito descontraídos, muito próximos. Se o ambiente estava bom para ela, Gordon decerto precisaria se esforçar.
Suas oportunidade surgiu quando ela se afastou dos amigos para pegar uma bebida. Estando distraída, Celina só percebeu sua aproximação quando Gordon se apoiou no balcão, bem ao seu lado.
- Lukas? – ela apertou os olhos, decerto intrigada pela presença inusitada dele por ali.
Percebendo exatamente isto, Gordon deu uma leve risada:
- Eu mesmo. O que foi? Nunca imaginou que eu gostava daqui?
Ela olhou para os lados, incerta, e logo deu de ombros:
- Não sei, na verdade o Dark Room não se parece muito com seu estilo.
- Ah, este é o nome daqui? – ele sorriu ao ver a expressão confusa da moça. – Certo, não é meu estilo, mas achei legal variar.
- Ok - ela sorriu em retorno, pensando que ele afinal não era tão sisudo assim. - Boa diversão, então. – sem ter mais nada a dizer, Celina esperou que ele se afastasse, o que não aconteceu.
- Você está indo amanhã com aurores? – ele buscou um assunto em comum - Para a missão? Irlanda, não é?
Ela piscou duas vezes, surpresa.
- Informação privilegiada – Celina deu um meio sorriso não querendo melindrar o sempre atencioso colega. - Você sabe que eu não poderia dizer...
- Claro, claro – ele se apressou em sorrir de volta, todo dentes. – Mas você sabe que eu sou um homem bem informado, não é? O Ministério é minha praça.
Algo no modo dele dizer aquilo soou estranho aos ouvidos da moça, como se Gordon se metesse em coisas demais, bem fora de sua alçada. Se fosse verdade, demonstrava que o Ministério, depois de cinco anos de luta e reformulação interna, ainda tinha pontos muito vulneráveis, principalmente quanto às suas ações pretensamente sigilosas. Mas, por outro lado, bem podia ser apenas bravata do colega. Lukas tinha essa mania de se mostrar, coisa que irritava aos aurores mais que tudo.
- Lukas, Lukas... – ela riu balançando a cabeça – Se alguém te ouve pode começar a pensar em espionagem.
Se Celina não estivesse tão ocupada pegando sua bebida com o barman, teria visto o sorriso de Gordon congelar por um segundo, para logo voltar ao normal.
- Trabalho interno, Celina. Você sabe como é. A gente escuta uma coisinha aqui, outra ali.
- Escuta, é? – ela atentou, fingindo que bebericava seu copo, displicentemente. - Mesmo sobre missões fechadas ao conhecimento do restante do Ministério?
Novas regras, agora o time de aurores mantinha suas missões em maior sigilo, informando pouco até mesmo para seu próprio setor interno.
- Bom, ninguém pode me culpar por ter ouvidos atentos, mas também tenho um pouco de sangue adivinho nas veias.
Ela riu, quase cuspindo sua bebida. De repente a imagem de Lukas se confundiu com a lembrança da Professora Sibila Trelawney. “Sangue adivinho. Sei.” Gordon era um filho da mãe muito bem informado. Possivelmente muito perigoso, por extensão. Mas saber sobre o destino, Irlanda... Isso a preocupava um tanto a mais.
- Venha, senhorita Lux. Acho que estão tocando nossa música. – sentindo-se espirituoso, Gordon puxou o braço de Celina antes que esta se desse conta. Na verdade o homem tinha ficado apreensivo com o olhar desconfiado que ela lhe lançara ainda há pouco.
Não tendo vontade de dançar com Lukas, mas não vendo como sair da situação, Celina se assistiu sendo conduzida para a pista de dança. Um olhar divertido para os semblantes atônitos dos amigos aurores.
Encostados em outra parte do balcão, três aurores se cutucaram sem discrição. O novato, que forçara Ron a ficar em casa e que também já sabia muito bem sobre a má fama de Gordon, Benjamim Travis, que abriu um sorriso maldoso, e Jason Connor, que se limitou a mirar o último amigo com um sorrisinho cúmplice. Dentro de poucos segundos, Benjamim interrompia a dança que nem chegara a acontecer, usando um argumento ridículo qualquer.
Gordon não ficara satisfeito, mas soubera como disfarçar. No entender dos amigos, o homem era a mesma cobra criada de sempre. Levando Celina de volta, Ben observou o olhar velado de censura e diversão da moça. Não, ninguém ia com a cara de Lukas Gordon, principalmente quando invadia o Dark Room, reinado dos ciumentos aurores, e, de quebra tentava se apossar de sua princesa. Celina, querendo ou não, era considerada meio que propriedade do departamento dos que lutavam contra o mal.
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O dia começava a clarear quando Celina acordou repentinamente, sentando-se na cama num estalo. O sono indo embora sem chance de voltar. Ela olhou para o quarto, reconhecendo o lugar onde estava, passou a mão pelo rosto ofegante e pôs os pés para fora da cama desfeita. Estava à salvo. Num reflexo que a acompanhava sempre que passava a noite ali, puxou um cigarro de cima do criado-mudo e o acendeu. Ficou vendo a fumaça formar desenhos bizarros no ar enquanto lutava contra as batidas violentas do coração e a náusea por fumar tão cedo. Percebeu o colchão se mover às suas costas, sentindo logo em seguida braços masculinos a lhe rodearem o corpo.
- Péssimo hábito, McGregor. – Draco murmurou em seu ouvindo, tomando o cigarro e dando uma boa tragada. - Já disse que isso te faz muito mal. – devolveu o cigarro e beijou sua nuca.
- Não tanto quanto você. – ela implicou, olhando bem para o cigarro e o apagando no cinzeiro. – Sorte sua que não costumo gostar só do que me faz bem.
- Outro pesadelo?
Ela arqueou as sobrancelhas para ele.
- O que? Achou que eu nunca tinha percebido? – ele sorriu meio sonolento. – Você fica agitada, se mexe convulsivamente... e também fala dormindo.
- Eu falo? – ela se incomodou com o fato.
- É. – ele esperou pela pergunta que não veio. – Não quer saber o quê?
- Passo. – ela se absteve.
Ela se esticou, se espreguiçando demoradamente e saiu dos braços dele, indo até a enorme janela do quarto. O sol começava a despontar, trazendo uma claridade ainda azulada que iluminava pouco a pouco sua pele nua.
- Você vai acabar fazendo o dia de algum sortudo excepcionalmente bom. – ele se recostou na cama se referindo à imagem dela que podia ser vista da rua deserta.
- Minha missão sobre a terra: fazer os “trouxas” felizes. – Celina encostou o ombro no batente da janela pensando que já era hora de ir.
- E quanto a me fazer feliz?
- Achei que a noite passada já tinha cuidado disso.
- Não, nem de longe. – ele sorriu, já completamente desperto. – Estou satisfeito. Feliz... vou precisar de mais incentivo.
- Uma missão para a sua noiva.
- Não tenho mais noiva há um ano.
- Não por minha vontade.
- Mentirosa. – ele a enlaçou pela cintura. – Você podia substituir este lugar quando quisesse.
Ela enrijeceu o corpo levemente, não tinha percebido ele se esgueirando até a janela. “Cobra”.
- Entre nós não é só físico. Você está enjoada de saber disso. Só não quer admitir.
- Draco... – ela sacudiu a cabeça como se quisesse dizer que ele não tinha jeito. – Eu perdi essa habilidade.
- Qual delas? – ele arranhou sua cintura com as unhas curtas. – As da cama continuam perfeitas.
- Sentimentais. – o corpo já começava a reagir com a carícia, mas o coração estava tranqüilo. - Eu meio... Meio que não sinto quase nada.
- Nah, está tudo aí. – ele observou seu corpo como só ele podia. – É só me dar tempo.
- Iludido. – ela disse com falsa pena.
- Linda.
Ela se voltou e Draco a brindou com uma piscadela, coisa que fez a boca da moça se abrir num sorriso à contragosto. Um sorriso que se tornou maior conforme ela tentava negá-lo.
- Isso foi um sorriso? – Draco aproveitou que Celina parecia acessível e segurou o rosto dela bem perto de si. – Um sorriso de verdade? – ele ria para ela de volta, satisfeito. – Um belo presente matutino.
- Não se acostume – ela ainda tinha uma curva no lado da boca quando o viu aproximar o rosto.
- Conheço um presente que seria ainda melhor - ele a beijou devagar.
- Eu tenho que ir – antes que o beijo se aprofundasse ela o interrompeu.
Mas Draco a ignorou, começando a beijar seu pescoço e a empurrá-la de volta para a cama.
- Tenho mesmo...
- É, tem mesmo... mas não vai.
E porque era mais fácil, porque era menos solitário também, ela simplesmente parou de resistir quando ele a beijou novamente.
Mais tarde, Draco brincou com o cigarro enquanto a olhava se vestir:
- Quando você volta? – controlando um pouco seu gênio mandão, ele procurou não mostrar o quanto incomodava a distância que ela insistia em interpor entre eles. Um ano depois e ainda sabia tão pouco sobre ela.
- Dentro de duas a três semanas, se tudo der certo - a única informação que Celina lhe dera é que sairia da cidade à trabalho.
- Vai voltar a tempo da festa para o novo ministro? – ele sorriu desdenhoso, a palavra ministro saindo debochada.
- Se tudo der certo. Quer tirar esse sorrisinho condescendente da boca? – Celina sabia que Draco achava uma piada um ministro de sangue mestiço e não fingiria o contrário só porque Gavin era parente dela.
- Eu bem que tento. – ele deu uma sonora risada. - Mas nunca consigo. Uma das coisas boas que a vida faz com a gente é que com o passar dos anos achamos certas coisas mais engraçadas que trágicas. Quando nos vemos de novo?
- Isso... só Merlin sabe. – eles se olharam longamente, mas ela não voltou a se aproximar. Nem mesmo para um beijo de despedida.
Draco ficou apenas mirando o lugar por onde ela saiu, finalmente escutando seu barulho de desaparatar. Ter e não ter Celina. Algumas vezes se perguntava por quanto tempo seria o suficiente.
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Já fazia duas semanas que os amigos tinham viajado para sua missão, o que deixava Ron num humor mais oscilante que o de costume. Seu ombro não era mais problema, em todo caso, era tarde demais para acompanhar os amigos. Estava em casa, depois do expediente tranqüilo no Ministério, e não imaginava que a noite seria diferente de tudo o que pudesse imaginar. Foi por achar o dia tediosamente normal que, quando bateram à porta e Hermione a atendeu, ele pulou assustado, tanto com o grito da namorada, como pela eletricidade solta no ar, dizendo que teriam grandes novidades. Imensas.
Ron correu até a sala e, para seu total espanto, bem debaixo do umbral, sua noiva estava fortemente abraçada a uma imponente figura masculina de olhos verdes faiscantes de alegria. Seu grande amigo Harry Potter, o exilado, sorria para ele, quase escondido pela massa de cabelos castanhos de Mione.
Harry sabia que o susto seria imenso, e também sabia da alegria que os amigos sentiriam, mas não imaginava que sua garganta iria se fechar, tal a emoção de se ver ali, em sua terra, no meio da morada dos amigos, quase como se estivesse de volta. E de fato, ele estava. Só precisava convencer a si mesmo de que tomara a decisão acertada. Tinha varado noites e noites durante os meses que seguiram o seu último aniversário - data em que Ron e Mione o visitaram - pensando, pesando, sofrendo. E o pedido de licença no departamento de aurores americano fora apenas o primeiro passo para o que estava por vir. Estaria ele preparado para enfrentar o que viria? Seus fantasmas, seus inimigos de carne e osso, apenas para se sentir em casa novamente? Mesmo negando, mesmo dizendo a si mesmo que seria apenas uma visita de poucas semanas, algo o avisava de que não havia retorno. Uma vez estando em Londres, suas raízes não lhe permitiriam partir mais uma vez.
Ele conversou e conversou com os amigos, contando sobre sua viagem, sobre Dobby, que se recusara a ficar na América, sobre o namoro desfeito com Wilhelmina – aqui, Mione mal conteve o entusiasmo. E os amigos, por sua vez, o bombardearam de perguntas e informações sucessivas, pressentindo que aquela poderia não ser apenas uma visita passageira, como Harry havia aludido.
Falaram e falaram, menos sobre o assunto que ele mais queria saber. Não que a vida de Celina continuasse sendo uma incógnita absoluta. Harry sabia que a moça trabalhava no Ministério Britânico, sabia de suas funções. Apenas se mantinha convenientemente distante de qualquer aspecto particular da vida dela. De certo modo, nisto sim, Celina se mantinha um mistério.
Depois de dissecarem as últimas novidades e as antigas também, a conversa foi morrendo num silêncio constrangido, um momento de tensão que sugeria que certa conversa já não poderia ser ignorada. Foi quando Harry, reunindo sua costumeira coragem, finalmente abordou o assunto que martelava em sua cabeça desde... Desde sempre.
- Me falem sobre ela – apenas uma frase, destruindo anos de escrúpulo e distância dolorosa.
Os amigos sabiam bem sobre quem ele falava. Estiveram esperando por isto a noite toda.
- Celina está muito bem, na verdade. – Mione respondeu com dificuldade, sabendo onde o assunto poderia chegar. – Sempre atarefada com o trabalho.
- Ela está numa missão de reconhecimento com alguns aurores. – Ron explicou, ainda chateado por não estar com os colegas. – Estão investigando um assassinato suspeito para o departamento. Não sei muita coisa, apenas que é sobre um trouxa que tinha ligação com o Ministério, aparentemente. É sigiloso, mas como você também é auror e tudo, achei que se interessaria.
Harry percebeu a manobra. Atiçando sua curiosidade, Ron o tentava a se interessar pelo trabalho, a permanecer em Londres como auror. Mal sabia o amigo que não precisava de mais incentivo. Havia um motivo bem maior do que este para fazê-lo ansiar por voltar para casa.
Vendo algo parecido com interesse no semblante de Harry, o rosto do ruivo se distendeu maliciosamente, e ele deu mais uma cartada em seu plano.
– E sim, cara, você não perguntou, mas ela continua até bonitinha. – Ron piscou cúmplice para o amigo. Do seu lado, Hermione murmurou algo como “garotos...”.
Harry aquiesceu, percebendo que não havia como abordar o tema pelas beiradas:
- E a... bonitinha está vendo alguém? – ele engoliu em seco, procurando não olhar diretamente para nenhum dos outros dois – Romanticamente falando? – engraçado como seu coração disparava só em perguntar.
Os amigos trocaram um olhar constrangido. A pergunta tinha chegado cedo demais.
- Ela passou muito tempo sozinha, Harry. – Mione justificou. – E não sei se posso dizer que está romanticamente envolvida com alguém. – era verdade, pensou a bruxa, não sabia se havia algo mais nessa estória com a doninha.
- Mas... – ele encorajou, vendo que a garota tinha algo mais a dizer.
- Ela também é minha amiga. – Mione deu um sorrisinho sem graça. – Não seria leal desfiar esta história.
Harry desviou sua atenção para Ron, que atingira uma coloração interessante de laranja. Em outro momento teria achado graça. Sentia falta daquelas particularidades que distinguiam os amigos. Porém, no momento, seu bom humor tinha ido dar uma volta.
- Ron...
O ruivo tirou os olhos do chão e o encarou.
- Cara... você não pode deixar uma garota como aquela e esperar que não caiam matando em cima.
- Sei disso. – ele deu um sorriso forçado. – Só fiz uma pergunta simples. Tem alguma coisa que não querem me dizer? Por acaso ela está de casamento marcado, junto com vocês?
- Ela tem um sujeito. – Ron não se importou com o olhar aflito da noiva. – Até onde eu sei, já tem um tempo.
- E... vocês o conhecem?
Antes que Ron abrisse a boca, Hermione tomou a dianteira:
- Ela nunca nos apresentou namorado nenhum. – tecnicamente era verdade, a moça se justificava, Malfoy nunca fora apresentado como um namorado ou algo do tipo. Graças a Merlin.
- Bom, isso não é importante. Não pra você, que nunca foi de ficar de braços cruzados – Ron cortou o momento perigoso, mostrando o aspecto prático e recebendo um olhar agradecido da noiva. - O que pretende fazer à respeito?
Harry se levantou do sofá e andou até a janela antes de se voltar.
- Tudo – estranho como algumas coisas só ficavam nítidas quando eram confrontadas. – Pretendo fazer tudo o que eu puder. Ela não está casada, e mesmo que estivesse... – ele suspirou – Estou sendo um bastardo egoísta?
- Não! – Mione o alcançou, agarrando suas mãos apertadamente. – Nunca! Você tem que fazer exatamente o que seu coração está mandando.
O casal tinha enormes sorrisos idênticos.
- Ah, Harry, então você não esqueceu...
- Esquecer? Dela? – ele riu sem humor - Seria mais fácil esquecer de mim.
- Então faça sim! Faça tudo! – ela o abraçou saltitante. – Não deixe ela escapar!
- Provavelmente não vai ser nada fácil. – ele disse, com a esperança renascendo ao ser incentivado pelos amigos.
- Pode apostar sua alma. – Ron chegou sem cerimônia, batendo em suas costas e sorrindo maroto. – Vai ser a maior batalha da sua vida. Ela é durona, cara. Vai chutar o seu traseiro e te dar um trabalho dos infernos. Mas para quem derrotou o Cara-de-Cobra, nada é impossível.
- Agora você me deixou muito animado. – Harry devolveu a provocação, mas ainda assim esboçou um leve sorriso em retorno.
- Não ligue para o Ron. Só você pode, Harry. – Mione o olhou com doçura e um indício de tristeza. – Se não for você, não acho que mais alguém consiga trazê-la de volta pra nós.
- Você fala como se ela tivesse morrido.
- Não morrido. Viajado pra bem longe, seria o mais correto. Você não vai encontrar a mesma pessoa.
- Tudo bem, ela também não vai encontrar o mesmo Harry.
Mione tornou, apreensiva:
- Me prometa uma coisa... Por mais que ela o machuque, não desista. E isso vai acontecer. Celina vai te testar, te magoar. Vai lutar até o fim.
- Eu também, Mione. Se ela ainda sentir um décimo do que sentia antes, vou lutar até o fim e além.
- Então... – Ron assuntou, farejando a vitória – Você vai ficar?
Harry enfiou as mãos nos bolsos, finalmente admitindo para si mesmo o que sempre soubera. Os tempos estavam mais calmos, nem queria pensar no contrário, mas os ventos sugeriam que seria seguro tentar. Ele sorriu de volta para o amigo, uma velha confiança se estampando nos olhos verdes.
- Seria meio difícil conseguir ela de volta estando do outro lado do oceano, não acha?
- Ron... – Mione chamou baixinho – aquela garrafa de champagne que os meus pais nos deram...
- Sim? Está planejando se embebedar? – ele implicou com um sorriso rasgado, entendendo perfeitamente bem o pensamento da noiva.
- Diabos! – ela atirou as mãos para cima, sentindo-se bem rebelde – Por que não? Acho que não existe hora melhor para uma boa comemoração.
Ron tascou um longo beijo na noiva, pura celebração, e escutou o hum-hum divertido do amigo. Foi com um sorriso satisfeito que o ruivo deixou Hermione e foi procurar por aquela bebida suave e engraçada. Coisa de “trouxas”. Só por via das dúvidas, também trouxe uma meia garrafa do fire whiskey de Phelícia Jones, o tipo que era encantado contra ressacas. Se a memória não falhava, Mione ficava muito romântica sobre certos efeitos.
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Nota informativa: Para os que entraram em contato comigo, querendo saber todos os locais onde posto minhas fics (vai por extenso, ok?): www ponto fanfiction ponto net ; www ponto floreios e borrões ponto net ; www ponto aliança 3 vassouras ponto com
O trecho no começo é da maravilhosa música “Na Estação”, da não menos maravilhosa Adriana Calcanhoto.
Você entrou no trem
E eu na estação
Vendo um céu fugir
Também não dava mais
Para tentar
Lhe convencer
A não partir...
E agora, tudo bem
Você partiu
Para ver outras paisagens
E o meu coração embora
Finja fazer mil viagens
Fica batendo parado
Naquela estação....
E o meu coração embora
Finja fazer mil viagens
Fica batendo parado
Naquela estação...
Dá pra entender o sentido? T.T
X
NB: Certo, mal-feito feito! Posso dizer que esse capítulo esclareceu muito minhas dúvidas de leitora e que, como beta, o privilégio me deixou roendo de nervoso mais ainda. Mas não vou ficar atiçando a inveja de vocês..hihihi.. Digo então que estou feliz por ter todos os nossos queridos de volta e no mesmo lugar, mas também estou apreensiva... por eles estarem de volta.. É, coisa estranha! Mas acho que porque sabemos que o inevitável encontro promete demais! E me xinguem, moçada, mas eu A-DO-REI Draco x Celina! Ah, qual é, eles precisavam! (E isso não é propaganda descarada..hihihi) Porém, como disse a Mione, a garota precisa voltar à vida, e parar de apenas sobreviver! Que bom que “Amuleto” está de volta, Ge! Você sabe o quanto amo essa fic e, principalmente, a Celina! E você também, of course! Devagar e sempre irmã, é o que digo! Beijo enorme! Livinha.
X
N/A: Oi, queridos!!! Ei-la de volta. As coisas prometem voltar a ferver, perceberam? E vão literalmente fritar no próximo cap.
Um alô especial para a Priscila, minha mana. Não dava pra resistir. Hihihi. Aos outros amigos, a curandeira Priscila já apareceu na sensacional fic: “Harry Potter e o Retorno das Trevas”. Dá-lhe Pri!
Aviso aos navegantes: garantam seus convites para o baile de posse do novo Ministro da Magia. Será realizado na mansão McGregor, agora Fundação McGregor, e garanto fortíssimas emoções. E claro, como os convites estão disputadíssimos, se alguém ficar de fora, não se preocupe, arrumo um jeito da gente pular o muro facinho, facinho. Rsrsrsrs. Tenho um amigo no Ministério que é meio míope e vai estar na segurança da portaria. Eba, eba. XD
Agradecimentos especiais:
Livinha: Ai, irmã, o que seria de mim sem seu apoio? Rsrsrsrsrs. Obrigada por todos os toques, todas as dicas, e pela paciência. Aff... Dá-lhe batata quente!! E deixa comigo, o Dave é seu e ninguém tasca! Beijo enorme, querida.
Mary: Querida, você foi uma das únicas que ficou feliz com Draco/Celina. Nussa, até ameaça de morte recebi (e a Livinha também!). E o Harry frouxo, é? Hihihi Cê vai ver... Ele esteve muito confuso e bem sofrido (tbém, era só um adolescente, né?) Mas agora... seguuuura. Ahuahuahuahua! Beijo imeeeenso.
Remaria: Mana postiça, é como eu disse pra Mary, o Harry vai voltar beeem mais decidido, e já deu pra ter o gostinho neste capítulo. Humm... o garoto cresceu. Yhami. Beijos, querida.
Florência Snape: Oi querida, fico p* lisonjeada por saber que se interessou por algo tão diferente do que costuma ler. Valeu mesmo o carinho. Fui meio má, sim, mas é a vida e suas atribulações. Por mim, eu só escrevia e lia na vida, de forma remunerada, claro. Rsrsrsrsrs. Beijos.
Ninguém: Mas está cada vez mais saidinho... ^^ Quase chorei de rir da sua personalidade Dumbie. No começo fiquei pensando: Mas... quem é esse aí, e o que ele fez com o Nin? O.O Ahuahuahuahuahua! E só pra você saber, eu e a Livinha temos o corpo fechado pra maldições. Azara que eu gosto! Ah, que bom que me achou no FeB também. XD Beijão.
Priscila Louredo: Curandeira! Conta como foi mais este banho. ‘Tá ficando craque, heim mana? Rsrsrsrsrsrsrsr. Que bom que você achou real, é como eu tentei me explicar, não dá pra viver de lembranças, chega uma hora em que “aquilo” explode. Um beijãozão, querida. Grata pelo carinho.
Lúh: Te entendi bem, querida. Seu desapontamento com o Harry, sua relutância com o Malfoy. Mas vamos ser compreensivos com a Celina, ficar solitária e depressiva por quatro anos? Ui. Sem chamego, sem um único beijinho na boca? Ui, ui. Ninguém merece. Daí com Draquinho sempre à espera, todo cheio de paixão, pouca gente resistiria. Hihihi Mas a questão de terem arrumado novos parceiros não foi apenas por sexo, foi por carência, foi para tentar superar um antigo amor. Agora a pergunta: será que eles vão conseguir? O Harry está de volta, só resta ver o que ele pretende fazer. Beijo imenso.
Paty Black: Mariaaaaaa!! E o ódio ao Potter está à solta. Ahuahuahuahua! Eu já imaginava que isso aconteceria e que abriria uma porta para o Draco entrar. E agora com nosso herói de volta, mais maduro, mais homem, te prometo que o circo vai pegar fogo. E o tanto que a gente gosta? Rsrsrsrsrs Beijo enorme, Florzinha.
Melissa Craft: Querida, a Celina não apenas deixou que o Draco a beijasse como também gostou muito. Ahuahuahuahua! Como já disse, entendo a indignação de quem torce para Harry e a Celina se entenderem, mas na vida real as coisas são assim, não deu assistência, abriu concorrência. Obrigada por todos os elogios e pelo carinho, viu? Mas se prepare para a volta do nosso herói, ele vem com força para reconquistar o espaço perdido. Beijos mil.
Daniela Potter: Aqui está o cap., linda. Demorado, mas espero que tenha valido a pena. Bejim. XD
Luíza: Que legal, querida! *Geo comemorando “o achado”. Rsrsrsrsrsrs Fique à vontade com o vício, posso deixar vocês assim, meio em crise de abstinência, mas sempre voltarei. Mega beijo.
Beijos enormes e sempre.
Geo.
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