Tão Distante e Tão Perto



Capítulo 19
Tão Distante e Tão Perto


“Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama:
Como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?”
Zaratustra


4 ANOS DEPOIS

Declaração em forma de manuscrito
- copiada em panfletos distribuídos em todos os pontos de encontro bruxos da cidade de Londres e adjacências –

Aos bruxos que possam se interessar:

Há quatro anos nos livramos da maior ameaça à bruxidade moderna. Sim, vocês sabem do que estamos falando: Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Alguns se perguntam por que chamá-lo deste modo quando está mais que destruído, e a resposta é simples: Hábitos antigos são difíceis de esquecer.

Quantos não perderam alguém amado?Quantos não viram as sombras sem olhos dos que devoravam a morte? Ainda acordamos em terror durante a noite, ainda olhamos para o céu temendo ver a marca da escuridão. O medo sobrevive à destruição.

Parece familiar?

O fato é que, da noite para o dia, nos vimos livres da ameaça e do terror. Um jovem de então dezoito anos fez o trabalho onde tantos bruxos adultos e poderosos falharam.O que lhe deu este poder? Uma simples profecia? A proteção dos pais que morreram para lhe salvar? A tutelagem do inesquecível Albvs Dumbledore?Ou algum sortilégio mágico de uma família que julgávamos extinta? Todos que já viram suas belas herdeiras sabem que os Gryffindor ainda existem e caminham sobre a terra. E como as descendentes, nosso herói também respira. Em outro continente, numa outra vida, talvez escondido devido ao nosso excessivo interesse. Ou talvez por motivos mais negros do que julgamos. Não podemos culpá-lo, não é mesmo?

E mesmo assim somos devorados pela curiosidade. Onde está Harry Potter? Que tipo de bruxo se tornou? E, principalmente, como cresceu e viveu até se tornar quem é?São as perguntas mais freqüentes em qualquer círculo, em qualquer classe social. Quatro anos depois e continuamos sem entender.

Neste dia 31 de outubro suas perguntas talvez sejam respondidas. À meia noite, hora das bruxas, procure as respostas em qualquer livraria mágica do Reino Unido. Talvez possam conhecê-lo melhor, talvez se surpreendam com os mistérios que rondam sua vida e, talvez, encontrem ainda mais enigmas. Uma coisa é certa: não há como ser indiferente a esta história.

Harry Potter – Uma Biografia Não Autorizada.

Feliz Dia das Bruxas, bruxinhas e bruxinhos, vamos cuidar para que seja uma noite inesquecível.


XXXXXXX


New York, numa noite amena.

Harry desligou o chuveiro e sacudiu a cabeça dentro do box de vidro do banheiro. Era o início de uma noite atipicamente fresca e ele não se enxugou, apenas enrolou uma toalha na cintura e saiu, desembaçando o espelho e se olhando rapidamente.

Quatro anos haviam contribuído para algumas mudanças. Ele não era nem de longe o rapaz descuidado de antigamente. Era um homem feito. “Bonito até os ossos”, como dizia Hilda Mann, a velha secretária do seu departamento de aurores. Coisa repetitiva, mas dita com tanto espírito, que ainda o fazia dar boas risadas.

Passou a mão pela cabeça, penteando os cabelos com os dedos. Nem adiantava tentar, sempre teria cabelos desordenados, pontas negras para todos os lados. A cicatriz também continuava a mesma, imutável, cortada fina em sua testa, mas uma barba de três dias dava o tom de novidade e fazia o seu rosto coçar. Calculou que já era mais que tempo de se barbear e perder aquela cara de procurado pela justiça. “Amanhã”, afastou a idéia com um muxoxo. Tinha uma preguiça enorme de fazer qualquer coisa que cuidasse da aparência. Não que precisasse, com 22 anos de idade as atenções femininas só pareciam aumentar. Ele apenas não tinha nenhum motivo para se incomodar com vaidade e sabia muito bem que as mulheres não tinham queixas. Pelo contrário, quanto mais sarcástico e indiferente, mais se jogavam em cima dele. Devia ter algo errado com as pessoas. Quanto mais uma coisa se mostrava inatingível, mais queriam ter. E ele sabia disso por experiência própria. Já estivera dos dois lados.

Harry estava trabalhando para o governo bruxo americano há umas duas semanas. Tendo concluído com louvor sua educação e o curso de auror naquele mesmo país.

Diferentemente de alguns anos atrás, as coisas andavam tediosamente quietas. Não só por ali. As cartas que Ron e Hermione mandavam do velho mundo, também se referiam a isso. “Bem menos ação do que eu esperava, cara”. Ron também trabalhava como auror no ministério inglês.

A maioria maciça dos antigos comensais estava morta ou detrás das grades de Azkaban. O mundo bruxo num momento de pacífica coexistência. Isso deveria tranqüilizá-lo, mas apenas o incomodava. Um pensamento sinuoso invadia sua mente, sem permissão, constatando que os tempos eram outros, mais seguros. Quem sabe ele poderia voltar para casa, quem sabe apenas uma visita... Se não fosse o lançamento daquele livro ridículo... Ele relanceou os olhos perigosamente para o panfleto destroçado no cesto de lixo. Mione o havia enviado há algumas semanas, dizendo que não tinha mesmo jeito de esconder, o livro já estava lançado e era questão de horas até chegar à Big Apple. O que se provou verdadeiro. Harry tinha relido sistematicamente aquele joguete de palavras, e naquela mesma noite, num total acesso de mau humor, o embolara, furioso, e jogara no lixo.

“Nem pense nisso”, ele disse muito sério para sua imagem no espelho. “Nem pense em voltar.”

O rumo de suas idéias mudou quando abriu a porta para o seu quarto.

- Oi, meu bem. – uma voz feminina o fez se retesar num átimo, se voltando rapidamente para a própria cama.

Ele cruzou os braços a observando ceticamente.

- Como entrou aqui, Wilhelmina?

A jovem mulher não fez caso do olhar contrariado.

- Dobbert, Dobbin, ou seja qual for o nome. Acho que ele me adora. – a morena estonteante cruzou as pernas, apreciando demoradamente as gotas d’água que desciam pelo corpo do bruxo. – E me chame de Billie, meu bem, você só diz meu nome quando fica aborrecido.

- Você não o ameaçou... – ele apertou os olhos, desconfiado.

- O Elfo? Claro que não, que idéia! – Billie sorriu maliciosamente. – É claro que se sua namorada tivesse permissão para aparatar em sua casa, não seria necessário um Elfo para abrir a porta.

- Essa é uma discussão antiga. Faz parte do meu trabalho, Billie. E de quem eu sou. – ele lhe deu as costas, abrindo uma gaveta na cômoda. – Quando você se relaciona com gente complicada, compra todo o pacote.

- Falando assim, até parece que eu sou algum bruxo das trevas. – ela fez uma careta gozadora.

- Acredite, se você fosse, não teria permanecido ilesa por um segundo quando entrou aqui.

Achava um pouco irritante essa insistência da moça em se forçar como sua namorada. Como se o possuísse. Certo, não estava saindo com mais ninguém, e como o rótulo parecia importante para ela, por que não? Mas isso não queria dizer que estivesse amarrado, nem que ela tivesse o direito de invadir seu apartamento ou se impor como sua dona.

- Sempre com essa mania de segurança...

- Só porque é divertido. – ele devolveu, sarcástico.

- Você não vai se vestir, vai? – ela perguntou se levantando e chegando de mansinho até ele. – Não sou bruxo das trevas, mas tenho que confessar que minhas intenções não são das melhores. Não me deu nem um beijo de boas vindas... – fez um bico emburrado, arranhando de leve suas costas. – Não está feliz em me ver?

Harry sorriu de lado, abanando a cabeça, então se voltou para ela e a envolveu de leve, dando um beijo que a morena se apressou em aprofundar.

Wilhelmina se colou ao corpo molhado, mas logo sentiu que algo atrapalhava seu contato com Harry. Ela e se afastou um pouco, fitando o colar que o bruxo usava.

- O que é na verdade esse colar, meu bem? Não combina muito com você.

- Aah, é um tipo de talismã. – respondeu um tanto sem jeito. – Serve pra me proteger. Mas não tem real importância. – ele já não acreditava que tivesse algo mais a ser protegido.

- Você não acredita nisso, não é? – ela sorriu de lado. – Parece mais as bugigangas que vendem para os trouxas.

Ele deu de ombros.

- Não faz diferença. E eu já me acostumei a usar.

- Você não o tira nem pra tomar banho... – ela constatou, percebendo algo estranho no ar. Não era a primeira dúvida que tinha sobre o estranho ornamento.

- O propósito de um talismã é proteger, Billie, e pra isso tem que ficar sempre junto ao corpo da pessoa. – explicou como se fosse um hábito apenas excêntrico. – Se eu tenho que usar, melhor usar do jeito certo.

Mas Wilhelmina andava desconfiada e era esperta. Esperta demais.

- Então por que você o tira quando vamos para a cama?

- Eu tiro? – ele se surpreendeu genuinamente com o ato que era instintivo.

- Toda vez. – ela apertou bem os olhos. – Como você o conseguiu?

- Ganhei. – disse evasivo, tirando uma calça de pijama da gaveta.

- Sei, e quem te deu? – ela insistiu.

- Um colega de Hogwarts. – Harry se virou com uma cara que pretendia ser conclusiva e convincente.

- Um colega... – ela desceu os olhos para seu peito. – Um colega do sexo feminino, Harry? Uma mulher?

Ela tentou tocar a pedra, mas um instinto desconhecido o fez desviar o corpo e segurar o Amuleto protetoramente dentro da mão.

- Que diferença faz isso, Billie? É só uma pedra.

- Pra quem não dá importância, você parece muito preocupado com esse pedaço de vidro. – ele viu as narinas dela dilatando, o que sempre anunciava tempestades. – Uma namorada?

- Não começa...

- Uma namoradinha da Inglaterra? Dos tempos de escola? Provavelmente o presentinho de alguma vagabunda com quem você transava e não quer esquecer?

Harry deu as costas irritado, atirando a toalha com força sobre a poltrona e enfiando as calças do pijama sobre o corpo ainda molhado. Sabia que seria inútil, mas não estava disposto a discutir. Principalmente sobre aquele assunto.

A moça cravou os olhos nos dele quando o bruxo se virou. Uma repentina compreensão surgiu em seu cérebro.

- É dela? – a voz tremia de indignação. – Responda! Foi aquela garota que te deu? A tal Gryffindor do livro?

Ele se voltou, estupefato.

- Não acredito que você andou lendo aquela porcaria.

- Eu preciso, não é? – ela parecia uma grande tigresa furiosa. – Onde mais eu posso conhecer a sua vida? Onde mais, quando você me esconde qualquer tipo de informação? No segundo em que foi lançado no seu país... já estava nas minhas mãos. – e voltando ao motivo principal de sua raiva, continuou. - Você vai responder quem te deu ou eu devo ir atrás dessa mulher e perguntar? Merlin o ajude se for isto. Já tenho motivos demais para odiá-la.

Ele crispou os punhos, tendo experiência com Billie o suficiente para saber que não era uma simples advertência. E sabia muito bem qual era o motivo do tal ódio. Ele mesmo tinha sido o culpado.

- Foi um dia muito cheio e eu estou muito cansado. Acho que é melhor ir para sua casa, Wilhelmina. – sua voz saiu baixa, decisiva. - Você está começando a passar dos limites e eu não estou muito inclinado a ser gentil.

Mesmo se quisesse, Harry não poderia responder. Não sem trair o segredo do Amuleto, não sem trair Celina. Já bastava todo o mundo mágico saber sobre seu namoro com a herdeira de Gryffindor, na época do colégio.

Mas a morena não pensava desta forma e ele precisou contê-la usando toda sua força, antes que ela destruísse todo o quarto jogando coisas em cima dele. Não seria a primeira vez.

- Cafajeste! Seu inglês ordinário! – ela avançou contra ele, usando suas unhas compridas. – Transa comigo enquanto essa coisa espreita da gaveta do criado-mudo. Pensa que eu nunca reparei? – ela ofegava, fora de si. – Quero essa porcaria fora do seu pescoço! Tira agora! – Billie conseguiu agarrar o cristal, mas no mesmo instante sentindo um choque tão forte que foi atirada violentamente para trás.

- Billie! – Harry correu para a garota atordoada. – Billie, você está bem?

- Não me toque. – ela falou num tom agourento.

- Eu lamento... não devia ter me descontrolado.

- Não foi você, foi essa coisa. – ela apontou com desprezo para o Amuleto. – Não quer te largar. Você está usando um objeto maligno, capaz de ferir a sua namorada. Por que sua namorada sou eu, Harry! Não quem te deu isso aí! – ela o encarou esperando uma reação que não veio. – E então? Depois disso ainda vai continuar com esse lixo no pescoço?

- Só pode ser tirado com meu consentimento. – Harry levantou-se, se afastando dela. – E eu acho que não posso... e nem quero. Lamento, Billie.

Lágrimas de raiva inundaram as feições feiticeiras da moça, que se levantou de qualquer jeito, tropeçando e rumando para a saída.

- Eu te odeio, Potter! Odeio! Odeio! Odeio! – ela gritou, fazendo outros tantos objetos se estilhaçarem à sua passagem. – Odeio esse seu passado infeliz! Esse seu país de merda! E odeio essa puta que te assombra feito um fantasma! Odeio!

O barulho continuou até a porta da sala estrondar com violência. Ela finalmente o deixando abençoadamente a sós.

Harry sabia que Billie estivera se referindo a vez em que ele acordara de madrugada gritando o nome de Celina. Pesadelos e outros sonhos com a garota eram comuns e já faziam parte de sua vida, mas para a enorme dor de cabeça do bruxo, naquela noite Wilhelmina estava dormindo a seu lado. Sim, Billie tinha bons motivos para odiá-la, e isso porque não sabia da metade.

Harry suspirou cansado. Teria que esperar até o outro dia para falar com ela. Talvez dois dias. Tentar agora só traria mais problemas.

- Merda! Como se... – ele nem mesmo gostava assim dela. Nem sabia pra que se dava ao trabalho de continuar a passar por essas situações.

Não sabia? A voz de sua consciência o cutucou, impiedosa. Quanto mais laços fizesse, menor seria a tentação de voltar para casa. Para a Inglaterra onde estavam seus melhores amigos, suas melhores e piores lembranças. E é claro, onde estava o seu fantasma particular. Era uma teoria furada, por que até aquele dia, em vez de laços, os colegas de trabalho e Wilhelmina só haviam contribuído para que sentisse ainda mais falta de tudo que perdera.

Quando chegou à América do Norte, tentou com todo afinco se isolar, esquecer tudo o que tinha passado e juntar devagar os seus cacos. Dedicou-se totalmente ao curso de auror e tentou não fazer amizades. Depois de um ano desta vida monástica, tomou um porre homérico, por coincidência ou não, na data em que o mundo bruxo comemorava o primeiro aniversário sem Lorde Voldemort. Todos festejando o seu nome e ele escondido num bar trouxa qualquer, sua vida uma perfeita piada. Tinha acordado na manhã seguinte na cama de uma completa desconhecida e se sentido mais sozinho e perdido do que antes. Depois deste dia, por menos que quisesse, sua solidão ainda o levou a aventuras esporádicas, sempre com mulheres “trouxas”. Aquelas que jamais saberiam quem ele era. Queria se isolar do mundo bruxo.

Mas Harry nunca se dera bem com a solidão, e um dia o buraco escuro do seu peito pareceu ficar insuportável demais para ser ignorado. Aceitou que Dobby viesse morar com ele, deixando o Elfo radiante de contentamento. Acabou permitindo a aproximação dos colegas de curso, encantados por se tornarem amigos do famoso destruidor de Voldemort. Começou a freqüentar bares bruxos e trocar conversas inúteis, com o intuito de passar o tempo e, por conseqüência, conhecer os colegas um pouco melhor. Foi nesta época, o início do seu terceiro ano na América, que Wilhelmina Caldwell apareceu.

Bela e voluntariosa, a morena descendente de uma das mais antigas famílias bruxas de New York, não era nenhuma santa. Sua sensualidade, risada espontânea e modos um tanto inconseqüentes o atraíram imediatamente, e o que seria apenas sexo, acabou se tornando um relacionamento sem nome, turbulento e imprevisível, que durava há quase um ano. As atitudes dela, que ele antes achara tão atraentes, tão parecidas com as de uma certa garota travessa, agora só o irritavam. E Harry começou a se questionar se não seria melhor estar sozinho.

Billie era loucamente possessiva e ciumenta, tendo uma curiosidade obsessiva por seu passado e as pessoas que fizeram parte dele. E para azar de Harry, conseguir informações sobre sua vida era brincadeira de criança. Bastava abrir qualquer jornal mais antigo, principalmente o Profeta Diário, onde as matérias de Rita Skeeter não informavam necessariamente a verdade, mas davam uma boa dica sobre como fora a vida do antigo garoto e como era agora a vida do mesmo homem. Se isso não bastasse, sua biografia não autorizada podia ser encontrada em qualquer livraria desde o Dia das Bruxas, tendo se tornado imediatamente líder de vendas no país e agora em boa parte do mundo.

Até onde Hermione contara, era um livro absurdo que fofocava livremente sobre sua trajetória de heroizinho trágico à salvador do mundo bruxo. Mesmo não conhecendo os fatos mais importantes, Celina vinha retratada como um dos detalhes mais suculentos, alimentando a imaginação dos leitores e confundindo acontecimentos reais com as suposições mais estapafúrdias. Mione vinha tentando um processo contra o autor, Eldred Worple, mas suspeitava que o biógrafo seria apenas o testa de ferro da mesma Rita Skeeter que, tendo o rabo muito preso com Mione, preferira se manter anônima. Até agora aquele processo não tinha alcançado qualquer sucesso. Enquanto isso ele assistia, impotente, sua fama torná-lo uma lenda viva, o afastando ainda mais do mundo real, onde estava tudo o que queria.

Harry tinha tentado se iludir criando uma vida que fosse parecida com o melhor da antiga, com amigos, diversão, a garota amada. Não podia simplesmente culpar Billie por não ser quem esperava. Entretanto, por mais que se esforçasse, jamais seria possível se apaixonar por ela, dar o que a americana esperava. Billie, no final das contas, não era Celina.

Harry tentava ser o mais honesto possível com a moça, mas a jovem mimada não estava acostumada a não ter o que queria. E o bruxo mais famoso do mundo não lhe escaparia entre os dedos quando já o julgava bem preso em suas mãos.

Ele sabia que, por mais que suas intenções fossem transparentes, estava longe de ser um homem perfeito. Fazer amor com Billie, às vezes era a mais pura tortura. Isso por que outra pessoa estava em sua cabeça e ele não conseguia controlar sua mente o tempo todo, não cem por cento. Algumas vezes, quando ele se movia sôfrego dentro dela, era Celina quem possuía, era a boca de Celina que beijava, era o nome de Celina que queria gritar, precisando mesmo morder os lábios com força para não permitir àquele nome se libertar. Era Celina quem escutava gemer e era dentro dela que terminava por gozar.

Harry se apoiou na janela e olhou para o céu noturno. Não importava a distância, aquele mesmo céu os cobria. Onde ela estaria agora? Ele aprendera a ser disciplinado, a fugir de tentações. Por isso evitava fazer perguntas aos amigos sobre ela, por mais que se roesse de vontade. Bastava saber que estava bem. Ele não estava seguro em como reagiria se contassem que ela tinha alguém, que ia se casar. Era um desfile de possibilidades desanimadoras. Mas um dia ia acontecer, um dia uma notícia dessas ia chegar. Por isso se recusava a pensar no assunto, melhor deixar para sofrer quando o momento chegasse.

Celina com outro. “Droga, por que ele tinha que ter começado a pensar sobre isso?” Enquanto desviasse o raciocínio dela, tudo ia bem, mas a partir do momento em que deixava uma brecha passar... As idéias tinham essa mania de correr vertiginosas. Quatro anos se passaram e aqueles pensamentos ainda eram tão dolorosos quanto no primeiro dia. Harry se esforçava por banir Celina do consciente. Tentava superá-la. Tentava e fracassava.

“Tomara que esteja feliz, que esteja bem, E tomara que pense um pouquinho em mim. Queria muito saber o que está fazendo agora.”

Diabos, ele precisava de um drink!



Amor mio
(Meu amor)
Si estoy debajo del vaivén de tus piernas
(Se estou debaixo do vai-e-vem das tuas pernas)
Si estoy hundido en un vaivén de caderas
(Se estou fundido num vai-e-vem de quadris)
Esto es el cielo, es mi cielo
(Isto é o céu, é meu céu)

Amor fugado
(Amor fugitivo)
Me tomas, me dejas, me exprimes y me tiras a un lado
(Me tomas, me deixas, me espremes e me atiras a um lado)
Te vas a otro cielo y regresas como los colibris
(Vai para outro céu e volta como os beija-flores)
Me tienes como un perro a tus pies
(Me tem como um cão a teus pés)

Otra ves mi boca insensata
(Outra vez minha boca insensata)
Vuelve a caer en tu piel
(Volta a cair em tua pele)
Vuelve a mi tu boca y provoca
(Volta a mim tua boca e provoca)
Vuelvo a caer de tus pechos a tu par de pies
(Volto a cair dos teus seios aos teus pés)

Labios compartidos
(Lábios compartilhados)
Labios divididos mi amor
(Lábios divididos, meu amor)
Yo no puedo compartir tus lábios
(Eu não posso compartilhar teus lábios)
Y comparto el engano
(E compartilho a traição)
Y comparto mis dias y el dolor
(E compartilho meus dias e a dor)
Yo no puedo compartir tus lábios
(Eu não posso compartilhar seus lábios)
Oh amor oh amor compartido
(Oh amor, oh amor compartilhado)

Amor mutante
(Amor mutante)
Amigos con derecho y sin derecho de tenerte siempre
(Amigos com direito e sem direito de ter-te sempre)
Y siempre tengo que esperar paciente
(E sempre tenho que esperar paciente)
El pedazo que me toca de ti
(O pedaço que me compete de ti)

Relampagos de alcohol
(Relâmpagos de álcool)
Las voces solas lloran en el sol
(As vozes solitárias choram ao sol)
Mi boca en llamas torturada
(Minha boca em chamas, torturada)
Me desnudas angel hada luego te vas
(Me despes, anjo, fada, em breve te vás)

Otra ves mi boca insensata
(Outra vez minha boca insensata)
Vuelve a caer en tu piel de miel
(Volta a cair em tua pele de mel)
Vuelve a mi tu boca duele
(Volta a mim, tua boca dói)
Vuelvo a caer de tus pechos a tu par de pies
(Volto a cair dos teus seios aos teus pés)

Labios compartidos
(Lábios compartilhados)
Labios divididos mi amor
(Lábios divididos, meu amor)
Yo no puedo compartir tus lábios
(Eu não posso compartilhar teus lábios)
Que comparto el engaño y comparto mis dias y el dolor
(Como compartilho a traição e compartilho meus dias e dor)
Ya no puedo compartir tus lábios
(Já não posso compartilhar teus lábios)
Que me parta un rayo
(Que me parta um raio)
Que me entierre el olvido mi amor pero no puedo mas
(Que me enterre o esquecimento, meu amor, mas não posso mais)
Compartir tus labios compartir tus besos
(Compartilhar teus lábios, compartilhar teus beijos)
Labios compartidos
(Lábios compartilhados)

Te amo con toda mi fe, sin medida
(Te amo com toda minha fé, sem medida)
Te amo aunque estes compartida
(Te amo ainda que estejas compartilhada)
Tus labios tienen el control
(Teus lábios têm o controle)

Te amo con toda mi fe, sin medida
(Te amo com toda minha fé, sem medida)
Te amo aunque estes compartida
(Te amo ainda que estejas compartilhada)
Y sigues tu con el control
(E segues com o controle)


XXXXXXX


Londres, naquele mesmo momento.

Ela se apoiou na ponta das sapatilhas rotas, posicionou os braços em arco na frente do corpo e observou atentamente sua postura no enorme espelho antigo. Nenhum erro. Retirou o apoio de um dos pés passado um certo tempo, apenas se equilibrando numa das pontas, então se movimentou numa série de ágeis rodopios e saltos, numa dança técnica, vertiginosa e sem música, pelo soalho de madeira. O salão estava completamente vazio, e a não ser pelo barulho de seus pés e respiração ofegante, Celina podia escutar somente o silêncio a sua volta.

Madame Binnet já tinha se retirado dizendo, como de costume, que não podia ensinar mais nada àquela aluna que já lhe aparecera formada, quase perfeita. A maior tristeza de Madame. No seu entender, se tivesse conhecido aquela jovem excêntrica na infância, ela poderia ter sido uma grande bailarina, mesmo que precisasse obrigá-la a desistir de outras atividades extravagantes. Achava que havia uma explicação para a obsessão da jovem, que não apenas dançava, mas num dos andares de baixo também aprendia defesa pessoal, lutando contra homens barbados com uma ferocidade espantosa. Como uma jovem mulher tão educada e delicada se transformava de tal forma num ser agressivo e sem vaidade? E o mais importante: por quê?

Naturalmente Helène Binnet ainda sabia reconhecer um belo espécime masculino. Espécimes que não faltavam na academia vizinha. Suas alunas viviam suspirando aos risos, e muitos romances haviam começado nos sobe e desce das escadas. Mas Celina fugia à regra e, por mais insistentes que alguns fossem, o resultado era invariavelmente o mesmo: terminar estendido no tatame. Ela não precisaria erguer o dedo mínimo para conseguir quem quisesse, entretanto os meses escoavam, mudavam a paisagem e o clima, e Celina permanecia sozinha. Não, não era para conseguir atenções masculinas que ela estava naquelas aulas. Era simplesmente para se cansar até à morte. E Madame, mulher experiente da vida, sempre se sentindo um pouco mãe de suas alunas, fazia o que estava a seu alcance, frizando sempre a mesma frase: “Non se esquece de deixarr a chave com o zeladorr, ma cherrié. E non treine tante, certes problemes non se curam dançande.”

Celina se exercitava com enorme freqüência naquele prédio antigo, localizado no subúrbio de vizinhança mais “trouxa” do mundo. Mais que se exercitar, ela cansava o corpo à exaustão. “A ação é inimiga do pensamento”. Naquele lugar, magia era desconhecida, assim como nos clubes noturnos onde, sozinha, ela ia algumas vezes para dançar freneticamente até de madrugada, até voltar para casa e cair exaurida sobre a cama.

Em Londres a temperatura já começara a cair dramaticamente naquele começo de inverno, mas Celina sentia a familiar adrenalina encher seu corpo de calor. Eram aqueles momentos que a faziam se sentir realmente viva.

O tempo se encarregara de curar seu corpo, de torná-lo completamente crescido e formado. Depois dos meses de doença e debilidade na casa de Phelícia, ela havia voltado para a casa da mãe, voltado a estudar, voltado a levar os dias como se fossem normais, como se tivesse esquecido a sensação de morrer. Quatro anos era um tempo curto para a transformação que se operara nela. Tinha horas que se achava com mais de oitenta. Mas tinha sorte, não tinha? Respirava, ainda podia dançar.

Ao dar um rápido giro ela relanceou os olhos no espelho, imaginando ver alguma coisa errada. Uma figura masculina próxima à porta fechada. Ela parou de chofre. Pelo reflexo manchado, um homem pálido a fitava. Ela não se virou de imediato, antes recuperou o fôlego enquanto olhava os cabelos louros, as roupas caras, o porte elegante. Ela se virou, fazendo o cabelo se desprender e fitou os olhos cinzentos de seu observador.

Draco Malfoy tinha se tornado um belo homem.

- Como entrou? – ela disse a primeira coisa que pensou.

- Me desculpe, abri a porta com um feitiço. – a voz arrastada ainda era a mesma.

- Não use mágica aqui. – ela disse simplesmente.

Os dois se observaram por instantes. Já fazia muito tempo.

- Você tem boa técnica. – ele observou.

Ela o olhou, já refeita da surpresa.

- Veio observar? Não tem tipo de quem está procurando aulas.

- Não. Apesar de interessante, não foi pela dança que eu vim. – ele deu alguns passos pela sala. – Precisava falar com você.

- Quatro anos depois. – ela comentou.

- Quatro anos depois. – ele confirmou.

- O lugar mais fácil pra me encontrar é no Ministério. – ela estranhou a situação, o sexto sentido se aguçando.

- Ah sim, diplomata em assuntos trouxas, um trabalho do nosso Ministério em parceria com políticos “trouxas”. A especialista em magia negra que defende os oprimidos pelos bruxos das trevas.

Celina observou que ele citou o trabalho que ela fazia como se o achasse um pouco divertido. O que absolutamente não era verdade. Ele devia ter lido sobre ela na coluna daquela estúpida Rita Skeeter, “Os dois mundos de Gryffindor”e devia ter visto a foto que a mostrava saindo do Ministério dos “trouxas”. Roupas elegantes, como usaria qualquer executiva workaholic. Roupas que vestia exclusivamente para se encontrar com o Primeiro Ministro Trouxa, usando vias de acesso comuns, sempre que os casos eram mais difíceis. Draco nunca a havia visto voltando de alguma missão, exausta, por vezes machucada e acompanhada por aurores sempre em estado muito pior. Se movimentar pelo mundo dos trouxas e tentar protegê-los era uma das tarefas mais difíceis que poderia fazer. Voldemort podia estar morto, mas seu legado continuava bastante vivo. A não ser ultimamente, quando uma quietude intrigante estava deixando os colegas irritadiços e ansiosos por uma boa e saudável adrenalina.

- Eu sou um homem limpo hoje em dia... mas creio que ainda não sou muito bem vindo em certos círculos. – Malfoy falou um tanto ressentido. – Te procurar no Ministério não seria boa idéia.

- Você nunca me pareceu uma pessoa que se importa com a opinião dos outros.

- Talvez... mas também queria falar com você a sós. – ele tinha uma expressão estranha.– E privacidade seria a última coisa que teríamos por lá.

- Então você resolveu me seguir. – ela cruzou os braços, o analisando.

- Não me orgulho, mas foi necessário.

Ela inclinou a cabeça tirando alguns prendedores do seu coque já desmanchado.

- Então não vou privar minha curiosidade de perguntar por quê.

- Pode ser um por que demorado. – ele pareceu cuidadoso. – E muito complicado.

Ela estranhou a situação, as palavras e mais ainda a presença dele, mas ainda assim apontou para uma mesinha redonda a um canto:

- Pois muito bem, talvez seja melhor nos sentarmos. – convidou.

Ele assentiu, seguindo Celina até as cadeiras. Sentaram-se e permaneceram calados até ela quebrar o gelo:

- Você esteve um bom tempo sumido. – ela olhou para a janela fechada, sem motivo algum. – De acordo com minhas fontes ministeriais.

Ele riu baixinho.

- Viajei por um longo tempo. Esperando as coisas esfriarem e pensando no que fazer com o resto da minha vida.

Ela compreendeu que ele sempre fora regido pelo pai. Devia ter sido muito estranho se ver sem aquele norte. Estranho e libertador.

- Eu vou me casar. – ele falou de repente, mas sem alegria na voz.

- Meus parabéns. – ela forçou uma nota de ânimo. – Pansy deve estar radiante.

- Acho pouco provável. – ele entreabriu os lábios num meio sorriso. – Ela não é a noiva.

Aquilo sim era uma surpresa.

- Meus parabéns! – dessa vez o ânimo foi autêntico. – Nunca pensei que você pudesse se livrar dela.

- Eu não seria tão otimista. – ele arqueou uma sobrancelha. – Pansy tem se mostrado difícil de se convencer que acabou.

Celina deu de ombros como quem diz que pouco se importava.

- Quem é a feliz nubente? Sangue puro? – ela disse, um pouquinho irônica.

- Naturalmente. – disse Draco tirando o sobretudo. – Certos hábitos são difíceis de mudar. De certa forma é engraçado, eu mudei em coisas muito mais difíceis. Acho que sangue continua sendo meu vício.

Mesmo com esta confissão, estava evidente que Draco Malfoy havia percorrido um longo caminho e mudara mais do que deixava transparecer. Celina o olhou com alguma curiosidade. Por não ter tido o hábito de observar Draco daquele modo, ela se surpreendeu ao notar a beleza quase obscena do homem que ele se tornara. Um rosto com um quê perturbador. Uma beleza fria, cínica, um homem como uma navalha. Era realmente bizarro, mas não conseguia mais se lembrar das feições dele quando eram adolescentes. Entretanto, em meio àquelas conjecturas, sua maior curiosidade seria adivinhar as mudanças que o tempo operara naquela personalidade arrogante.

- E você, não pretende se unir a algum bruxo poderoso e dar um novo herdeiro à família Gryffindor? – Draco falou numa despreocupação calculada. – Seria uma criança famosa ainda no ventre da mãe.

Celina estremeceu violentamente quando ele começou a falar. Não pelas palavras em si, mas por serem ditas por ele, que conhecia seu passado. Ele, que sabia o que tinha acontecido com ela.

- Eu sinto muito. – ele resmungou se xingando por dentro. – Eu não queria...

A verdade é que Draco nunca tinha podido assimilar a idéia de Celina com Potter, muito menos a idéia de Celina esperando um filho deste. Era um detalhe do qual ele convenientemente costumava se esquecer.

- Não há motivo pra se desculpar. – ela forçou um sorriso, se recuperando depressa.– Não, não existe bruxo poderoso, nem nenhuma intenção de arrumar algum.

- Nem mesmo...

- Não. – ela adivinhou sobre quem ele iria perguntar.

- Então vocês nunca mais se viram? – ele insistiu, mesmo sabendo que ela não queria falar a respeito.

- E por que eu o veria? – ela falou como alguém acostumada a dar esta resposta. – Não esperava que logo você também fosse obcecado por isso. Tanto tempo se passou e a insistência neste tema nunca diminui... As pessoas precisam de um assunto novo.

- Ah, vamos, uma descendente de Gryffindor e o salvador do mundo mágico... – ele tornou, com amarga ironia. – Não vai aparecer estória mais suculenta nos próximos cinqüenta anos.

Ela riu baixinho:

- Talvez eu me suicide bebendo um tonel de fire whiskey. Por puro tédio. É suculento o suficiente?

- Muito desperdício por pouca coisa. – Draco sorriu para o semblante entre sorridente e pensativo da moça.

Celina sentiu os olhos dele sobre si e percebeu que o momento chegara. Desde que o vira parado a observando sabia que tinha coisas a lhe dizer. Coisas que não podiam mais ser adiadas. Respirou fundo se preparando para falar o que precisava:

- Eu nunca te agradeci... – começou ela.

- Isso não é necessário. – ele a interrompeu abanando de leve a cabeça.

- Você tentou salvar meu pai. Você, de certo modo, salvou minha vida.

- Por favor... não. – ele insistiu num tom polido, mas endurecendo a voz.

- E eu nunca te procurei. Nunca te ajudei. – ela continuou sem escutar. – Eu era um fantasma naquela época, quase desejei que você não tivesse interferido... Mas como sobrevivi, deveria ter sido mais agradecida e te procurado.

- Em todo caso, você não teria me encontrado e nem conseguido fazer nada. Fui direto do St. Mungus para Azkaban. Muitos interrogatórios. Tive muito o que contar. – disse amargo.

- Eu sei. Você foi o motivo da prisão de muita gente que nem suspeitávamos. Se tornou um aliado valioso. – ela sorriu quase imperceptivelmente. – Eu só queria ter feito alguma coisa por você.

Um breve silêncio se instalou e Draco a fitou intensamente com seus olhos cinzentos.

- Não sou nenhum santo. O que mais eu poderia fazer? – ele disse ficando muito sério.

- Poderia fugir, poderia ter deixado Bellatrix me torturar até a morte. Mas você interferiu e com isso acabou mudando a ordem de muitas coisas. Mudando muitos destinos.

- Naquele dia mudei muito a mim mesmo, e o meu destino no final. Talvez seja eu quem precisa te agradecer.

Ela se calou sem entender.

- Você não vê o óbvio? – uma sombra de tristeza passou pelo rosto dele. – Eu fiz tudo por você. Sempre foi você.

Celina sentiu o vento frio entrar por uma fresta da janela e se infiltrar em seus cabelos como compridos dedos frios, ouviu o barulho de carros na rua distante e se perguntou se queria realmente saber o que ele queria dizer.

- Eu tinha sete anos quando vi uma garotinha numa festa qualquer. – ele explicou sem deixar de olhar para ela. - Me lembro do vestido azul que ela usava, me lembro de pedir a minha mãe que me comprasse aquela menininha. Ela riu muito e eu chorei quando soube que não ia poder levar minha boneca para casa. Era o que eu achava, que ela era uma boneca como a das lojas, porcelana enfeitiçada para andar e falar.

Celina percebeu aonde a conversa poderia chegar.

- Você era uma criança. – ela justificou.

- Mas agora não sou mais. – ele enfatizou. – Eu comecei a deixar de ser criança quando entendi que não podia comprar aquela garotinha, mas que podia reservá-la para mim, para o futuro. Fui eu quem pediu a meu pai para me casar com ela. Eu a imaginava sendo entregue numa caixa, entre folhas de seda e fitas azuis, um presente de Natal. E a perseguia pelas poucas festas em que ela comparecia. E percebi que minha boneca não gostava nem um pouco de mim.

Ela se viu na infância, quando um garotinho pálido a incomodava com uma atenção exagerada.

- A princípio meus pais pensaram que fosse um capricho, mas com o passar dos anos viram que não havia meio de tirar aquela idéia da cabeça do filho. Meu pai, particularmente, achava que mesmo tendo o mesmo nível social e sangue puro, vocês eram... – ele pesou as palavras. - perigosamente excêntricos.

- Traidores do Sangue. – ela sorriu com malícia.

- Exatamente. – ele sorriu de volta se lembrando duma longínqua tarde debaixo de uma cerejeira, quando descobrira o significado da rejeição. – Mas eu fui persistente... e meu pai acabou por concordar.

- Eu ouvi a conversa quando seu pai esteve em minha casa. – Celina explicou.

- Você não pode imaginar minha euforia quando pensei que tudo estava certo. Quando você foi para Hogwarts, achei que era questão de tempo até... minha boneca se apaixonar por mim.

Um traço de amargura passou pelo rosto dele, ao continuar:

- Como eu estava enganado... Agora ela podia ter um verniz social de polidez, mas gostava de mim tanto quanto na infância. Eu a vi com um namorado, com outro namorado, e o mais perto que consegui chegar de sua boca foi a um soco e uma azaração de distância. Com meu desespero, eu a fiz me odiar.

Ela o olhou sem negar, sem conseguir impedi-lo.

- Eu cresci, viajei o mundo todo, conheci todo tipo de mulheres, eu tentei te esquecer. – ele terminou a olhando simplesmente. – E eu nunca consegui.

A janela de madeira rangeu com uma lufada de vento. Celina tentou não entender o alcance daquela confissão.

- Nós éramos garotos. – ela tornou compreensiva. – É a idade da inconseqüência, das paixões impossíveis, dos sofrimentos desmedidos, do mundo parecendo que vai desmoronar... Então a gente cresce e vê que não passou de ilusão.

- Ilusão? – ele a olhou firme. – Não foi ilusão. O que você tem é um homem feito, na sua frente, dizendo que continua apaixonado por você como estava aos sete anos de idade.

Celina sentiu o pulso acelerar. Sua experiência amorosa não fora vasta, mas fora intensa o suficiente para reconhecer um homem apaixonado na sua frente. E ela estava olhando para um.

- Você formou uma idéia fantasiosa sobre mim. - ela se ouviu dizer. – Um tipo de obsessão que não tem nada a ver com amor. Você gosta de uma idéia, uma imagem, não de mim.

- Celina, eu sei o que sinto. – ele apertou os olhos de leve. – E por mais que você queira, não pode me obrigar a não gostar de você porque se sente constrangida. Aceite. Eu fui apaixonado por você. Eu sou apaixonado por você.

- Por que está me dizendo isso? – ela se forçou a ser prática, escondendo o quanto realmente havia ficado constrangida.

- Por que acho que só você pode me ajudar a superar.

- Se não te ajudei estando longe por anos, como vou fazer isso estando perto?

Ele a olhou longamente:

- Um beijo.

- O quê? – ela balançou a cabeça sem entender.

- Sempre me perguntei como seria. – seu olhar era calmo. – E percebi que não posso seguir em frente enquanto não descobrir.

- Essa é uma brincadeira estranha. – ela o observou com cuidado.

- Eu pareço estar brincando? – a expressão séria dele não havia se alterado. – Eu estou te pedindo um beijo, Celina, e não pretendo sair daqui sem conseguir.

- Mas você vai. – ela apertou mais ainda os olhos violeta.

Ele cruzou os braços de um jeito paciente.

- Eu tenho todo o tempo do mundo.

- Isso é ridículo, nonsense, fora de qualquer noção de realidade. – ela começou a rir nervosamente, batendo as mãos sobre a mesa. – Você não pode aparecer depois de anos e me pedir...

- Um beijo. Apenas um beijo. – ele atalhou com a voz tranqüila. – Por mais ridículo, nonsense, fora de qualquer noção de realidade. Ou você pensa que não está me custando nada estar nesta posição?

- Você está louco. – como veio, o riso se foi, e Celina se levantou da mesa, procurando se afastar de Draco.

- Você acha que eu teria te procurado se já não tivesse tentado tudo? Se tivesse outro meio? – ele falou sem se preocupar.

- Você tem uma noiva! – ela exclamou, verbalizando o primeiro empecilho prático em que pode pensar. – Pelo amor de Deus, você vai se casar!

- Sim, eu vou. Mas me recuso a passar o resto da vida imaginando... – ele fitou sua boca.– Se você é de carne ou porcelana.

- Eu deveria achar isso poético? – ela caçoou, tentando ter paciência. - Esta mulher, sua futura esposa, não significa nada pra você? – começara a ficar com pena da noiva que nem conhecia.

- Ela é uma linda mulher. – Draco respondeu, honesto. – Parece apreciar minha companhia, nossa mistura geraria belos herdeiros e tenho certeza de que o casamento teria momentos sensuais na cama. Mas é um contrato. Nada mais.

- E ela sabe que é só um contrato?! – ela o interrogou, pensando a contragosto que, com um homem como ele, a noiva poderia sim, estar muito apaixonada.

- Não vai ser falando dela que você vai se desviar dessa conversa. – ele se levantou andando até a janela e abrindo a veneziana. – Vim aqui por um motivo bem específico, que não tem nada a ver com meu casamento.

- Você deixou isso bem claro, então não vou te fazer perder mais do seu tempo. Eu não vou te beijar. – ela enfatizou com simplicidade. – De jeito nenhum.

Ele ficou alguns segundos parado, mãos nos bolsos, costas viradas para ela, enquanto parecia absorto no trânsito fraco lá fora. Quando se voltou parecia tranqüilo, como um homem que não tinha nada mais a perder.

- Pensei que tinha dito que “só queria ter feito alguma coisa” por mim. – ele repetiu as palavras dela olhando em sua direção. – Chegou o momento de você fazer.

Celina o olhou, pasmada.

- Isto... você está fazendo...

- Chantagem. – ele balançou a cabeça concordando. – Você acabou me dando a idéia quando insistiu sobre o assunto de me agradecer. Se tiver algum outro modo de te convencer, me deixe saber. Enquanto isso, não me incomodo em usar qualquer argumento.

Ele rodeou a mesinha e caminhou em sua direção, fazendo-a dar vários passos para trás.

- Um jeito de me agradecer por ter salvado sua vida. Por tentar salvar a vida do seu pai.– ele sabia que estava dando sua cartada mais baixa e mais perigosa. Mas realmente... não tinha mais nada a perder.

Os olhos de Celina se abriram como dois faróis acesos.

- Como você não tem vergonha de usar isto? – ela abriu a boca horrorizada. – É doentio, nojento...

- Você não me deu escolha – ele andou mais. – Apenas um beijo. Não é um preço tão alto por uma vida. Seria tão horrível assim?

- Eu tenho uma idéia melhor! – a voz tremia - Por que você não faz uma feitiço, heim, Malfoy?! – ela finalmente gritou com ódio, puxando os cabelos para a frente do corpo. – Toma! Pode cortar! Faça um estoque de Poção Polissuco e pague a alguma mulher pra tomar. Aí você vai poder beijar à vontade ou arrumar uma transa sem precisar se rebaixar tanto!

- Não seria você. – ele disse baixo, seus olhos faiscando do desejo acumulado em longos anos.

Ela abraçou o próprio corpo lutando contra a vontade de avançar em Malfoy e socá-lo até que manchasse de sangue o chão. Ficou tremendo até conseguir articular alguma palavra sem gritar. Querendo ou não, ela ainda devia muito a ele.

- Se eu te beijar agora, também não serei eu.

- O Potter não deixou nada aí? – ele disse apontando para o coração dela, numa voz suave, num tom de carinho que ela nunca ouvira sair de sua boca. – Quando eu entrei aqui esta tarde, vi uma mulher sozinha, uma mulher que resolveu se deixar secar. Há quanto tempo você não tem alguém? – ele se aproximara o suficiente para perceber o quanto suas palavras a afetavam. - Não deixa um homem te envolver nos braços, te beijar de verdade, com vontade. Há quanto tempo você deixou de viver?

Celina tremeu como uma folha ao vento, apertando com mais força os braços na cintura. Draco vira em seus olhos, lera em sua alma. Desde que Harry se fora, nunca mais ela permitiu que qualquer homem a tocasse. Achou que ficaria segura ocupando o corpo com o trabalho, sua dança e sua luta. Que esqueceria o vazio na carne, na alma. Mas era verdade, ela estava tão morta como um dos Inferis de Voldemort.

- Apenas um beijo. – ele tocou seu braço de leve.

Draco jamais preencheria o vazio em sua alma. Ninguém o faria. Ela estava aleijada, perdida.

- Vá embora. – ela falou fracamente.

- Apenas um beijo. - ele repetia a cantiga.

- Eu não estou morta. – ela sussurrou querendo convencer a si mesma, percebendo que ele segurava gentilmente os seus braços os afastando devagar de seu corpo.

- Não, você não está. É a coisa mais viva e mais linda do mundo.

Ele afastou seu cabelo correndo os dedos por seu rosto.

- E eu só estou esperando por você. – e ele esperou por uma resposta.

Celina o olhou, enfrentando seu medo, sua raiva, sua solidão. Estranhamente o vazio ficou mais longe com ele a olhando daquele jeito. Com fogo no olhar. O fogo era quente e ela estava com tanto frio...

Não o queria realmente, mas parte dela morrera e ela sabia que, ainda assim, sua juventude lutaria até o fim, se recusando a deixá-la se enterrar viva. Talvez ele pudesse apenas emprestar um pouco de calor a seu corpo. Fazer com que ela se lembrasse de como era não sentir dor.

- Apenas um beijo. – ela disse finalmente. Tão baixo que parecia não querer dizer, tão baixo que só alguém próximo demais poderia ouvir.

E Draco Malfoy estava.

Draco deslizou as mãos pela coluna dela, a trazendo com calma para si. Apertou levemente seu pescoço e, como se não quisesse assustá-la, puxou sua boca em câmera lenta para a sua.

Celina sentiu o toque suave dos lábios dele sobre os seus e viu que podia fazer aquilo. Sentiu a língua dele deslizar para dentro de sua boca. Era como voar de vassoura, uma vez aprendido não havia como esquecer, somente precisava se deixar levar. No momento seguinte estava retribuindo o beijo, sem querer pensar em mais nada.

Draco sentiu um calor insuportável tomar conta de si. Anos de tortura recompensados. Ela tinha cedido. Cedido de livre vontade. Cedido como ele sempre dissera que faria, como ele sempre se forçara a acreditar. E ela era humana, carne quente humana, boca molhada, mãos que o apertavam. Estrela inatingível agora humana, em seus braços. Ele não conseguiria mais ser suave e paciente. Todo seu corpo gritava que sim e ele desistiu de ser gentil, a pressionando com violência contra o espelho da sala de dança, a boca grudada na dela com brutalidade, abrindo espaço, devorando, invadindo todos os recantos possíveis. E ela se abria, deixava, retribuía.

Suas mãos apertavam todo o corpo de Celina, sem controle, sem razão. Ele socou o espelho em sua ânsia de trazê-la para dentro de si.

Ela sentiu o espelho trincar à suas costas. Mas aquilo não podia parar. Beijo, volúpia, seus gemidos abafados pela boca possessiva que, agora ela sabia, se fosse preciso a beijaria à força, mas não a soltaria.

Celina sentiu a alça do collant ser abaixada, sua perna ser puxada e seus quadris serem espremidos de encontro aos dele. Seu corpo respondia com urgência, com vontade de ser tocado. Falta de sexo. Falta de um homem. Falta de tudo. Alguém precisava pôr um ponto final naquilo.

- Chega. – ela desviou a boca com dificuldade e ele afundou o rosto em seu pescoço trazendo uma nova gama de sensações.

Precisava parar, antes que fosse tarde demais.

- Chega! – ela o empurrou pelo peito, ficando ainda presa em seus braços. – Acabou.

- Não! – ele respondeu ofegante, os cabelos caindo em desalinho. – Nem começou. – ele pegou seus pulsos e pressionou contra o espelho colando a boca na dela outra vez.

Celina sentiu seus pulsos espremerem o vidro rachado e se lembrou de ter passado por algo semelhante. Num outro lugar, numa outra existência. Num corredor escuro de sua longínqua Hogwarts. Sua mente foi inundada pela imagem de Harry.

- Eu disse que chega!! – ela o empurrou com força, fazendo-o cambalear com a surpresa. – Você conseguiu seu beijo, agora acabou. Volte para a sua noiva.

- Não existe mais noiva. Só existe você. – ele falou com o rosto transtornado de certeza.– Acha que pode existir mais alguém agora?

- Isso é problema seu. – ela se assustou com o comentário e resolveu agir rápido. – Vá embora daqui.

Mas Draco a alcançou iniciando uma nova sessão de beijos impetuosos.

- Pára! – ela forçou a cabeça para o lado. – Era apenas um beijo. – por que não conseguia simplesmente socá-lo? Poderia fazer de olhos fechados.

- Não foi apenas um beijo. – ele ofegou apertando o corpo dela, mordendo seu pescoço.- Você também está sentindo, você sabe que é muito mais que um beijo.

- Você prometeu... – sua voz soou infantil até para ela mesma.

- Eu não prometi nada, minha linda. – ele a beijou novamente, profundamente, por muito tempo, então a soltou devagar. – Se fosse apenas um beijo, eu iria embora e nunca mais voltaria a te perturbar. Mas não foi o que aconteceu. Os céus tremeram.

- Eu não vou ficar com você, Malfoy. – ela tentava recompor a roupa. – Não se iluda com uma coisa que foi puramente física.

- Vou esperar você me procurar. – ele não lhe deu ouvidos.

- Eu não vou fazer isso. – disse ainda tonta com as sensações que percorriam sua pele.

- Se não fizer, eu mesmo venho até você. – ele pegou o sobretudo sobre a cadeira e se dirigiu à porta. – Não há meio de fugir. Só acaba quando termina.

Celina escutou a porta ser fechada e lentamente se confrontou no espelho. Uma longa rachadura cortava seu reflexo suado em duas metades. Cristo... Ela tinha beijado Draco Malfoy. Tinha feito uma grande besteira e agora era tarde. Estava dividida... como as duas metades daquele cristal.

- Tenho que consertar isso. – mas ela falava da rachadura, não de Draco.


Shame, such a shame
(Vergonha, tanta vergonha)
I think I kind of lost myself again
(Acho que estou meio que me perdendo de novo)
Day, yesterday
(Dia, ontem)
Really should be leaving but I stay
(Realmente devia ter partido, mas fiquei)


Say, say my name
(Diga, diga meu nome)
I need a little love to ease the pain
(Preciso de um pouco de amor para aliviar a dor)
I need a little love to ease the pain
(Preciso de um pouco de amor para aliviar a dor)
It's easy to remember when it came
(É fácil lembrar quando aconteceu)

'Cause it feels like I've been
(Porque sinto como se eu estivesse)
I've been here before
(Eu estivesse aqui antes)
You are not my savior
(Você não é meu salvador)
But I still don't go
(Mas eu ainda não me vou)

Feels like something
(Sinto como se fosse algo)
That I've done before
(Que eu já fiz antes)
I could fake it
(Eu podia fingir)
But I still want more
(Mas eu ainda quero mais)

Fade, made to fade
(Desaparecer, feita para desaparecer)
Passion's overrated anyway
(A paixão é superestimada, em todo caso)
Say, say my name
(Diga, diga meu nome)
I need a little love to ease the pain
(Eu preciso de um pouco de amor para aliviar a dor)
I need a little love to ease the pain
(Eu preciso de um pouco de amor para aliviar a dor)
It's easy to remember when it came
(É fácil lembrar quando aconteceu)


'Cause it feels like I've been
(Porque sinto como se eu estivesse)
I've been here before
(Eu estivesse aqui antes)
You are not my savior
(Você não é meu salvador)
But I still don't go
(Mas eu ainda não me vou)

Feels like something
(Sinto como algo)
That I've done before
(Que eu já fiz antes)
I could fake it
(Eu podia fingir)
But I still want more, oh.
(Mas eu ainda quero mais, oh.)


XXXXXXXXXX


N/B: É incrível como algumas autoras têm o dom de traduzir, com perfeição, os sentimentos de suas personagens no papel. Harry, Celina, Draco... Tudo ali para nós, explícito, como uma placa anunciando “alta tensão”. Sentimentos tão angustiantes que nos fazem pensar em tudo o que eles passaram, enfrentaram... Cada qual com seus fantasmas e suas dores. A certeza inicial de que estavam fazendo o certo, mesmo não sendo fácil e não querendo, e, depois de tanto tempo enfrentando a morte de suas almas, a dúvida acompanhando a dor sem piedade alguma. As músicas caíram como uma luva. Harry com seus receios em saber como Celina está vivendo. Celina não acreditando, não querendo fazê-lo, ao pensar que foi com Draco que ela sentiu uma fagulha se acender no frio de sua alma. Bem, a única coisa que me resta agora, pra concluir minha nota, é dizer que estou mais que preparada para enfrentar os fantasmas desses meninos junto deles, mas que, tenho certeza, todo nosso escudo não será o bastante.
Parabéns pelo capítulo, Geo. Super beijo da Beta Livinha. E um abraço apertado e beijo estalado na amiga Lili.

E Pri: obrigada, mana, mas o mérito é todo da Geo! A mim só resta opinar como amante desta fic e uma adoradora da Língua Portuguesa-Brasileira, né Geo?!rs ;-D

XXX

N/A: E ela volta rapidinho, como prometido. E então, gostaram da nova faze? Se assustaram com as transformações? Acredito que as coisas possam estar mais sombrias, mas também acho que é natural. Ninguém passa impunemente por tantas tragédias. Agora é só tratar de ver onde as escolhas de nossos meninos vão levá-los.
Tão distante... e tão perto.

As músicas usadas no cap: “Lábios Compartidos” do Maná ( coloquei como se fosse no que o Harry estava pensando. Ai, ai, ai ). “Dissolved Girl” do Massive Attack (sou louca pelo álbum Mezzanine). Esta última música ficou bem a cara dos sentimentos conflitantes da Celina.
Querem ouvir? Passem na minha página do Multiply (no Fanfiction é só procurar no meu perfil).
http://georgearod.multiply.com/

Agradecimentos especiais:

Livinha: Irmãzinha, valeu por tudo mesmo. Pela N/B lindíssima, pelos pontos, vírgulas, porquês e N/As tortos (Hahaha), mas, principalmente, obrigada pela primeira impressão. Sua opinião é meu Norte, querida. Dá um nervoso danado essas reviravoltas, só espero conseguir segurar os violinos (Hihi). Obrigada demais. Bjo

Remaria: E eu, mana, fiquei tão fodidamente feliz com o que escreveu, que dá vontade de ficar relendo até agora (santa insegurança sem misericórdia). Mas é o preço que a gente paga por se expor. E eu pago de bom grado, principalmente por saber que tem pessoas como vc pra me apoiar. Mega beijo, sis.

Priscila Louredo: Brigada, mana! Foi bom demais ler seu coment, e pode apostar como foi angustiante pra escrever. Nossa, fiquei um caco. Rsrsrsrs Mas aguarde coisas interessantes para “Celinny” (aguarde mesmo!). Montes de beijos.

Mary: Oi, querida! Quem é vivo... Rsrsrsrsrsrsrs E sobre Voldie a la Harry... confesso que não entendi (*coça a cabeça e grita pros neurônios: alôou...). Mas a raiva que sentiu do Harry é compreensível. Celina também sentiu algo parecido. Embora ele quisesse protegê-la, o resultado foi cataclísmico. BUM! Beijo imenso, querida (acho que gostou de ver o Draquinho de volta, né?)

Ninguém: Depois de muito raciocinar. Hum... não é que ele tem razão? Mas posso colocar a culpa toda na Bellatrix (mesmo tendo sido meio que a mandante do crime. Hehe). Depois de muito rir do seu coment, estou esperando pelo próximo, querendo saber sua opinião sobre as transformações. Bjão.

Lúh: Eu compreendo as reações viscerais dessa decisão do Harry. E foram todas intensas, de amor e ódio. Mas com o Harry não podia ser diferente, ele jamais aceitaria que alguém que ama fosse ferido por sua causa, e naquela circunstância, ao menos na visão dele, é o que iria acontecer. Mais uma vez. Adorei que tenha vivenciado tantas emoções no último cap. (imagina o meu estado depois de escrever...), e imagino sua carinha de susto com esta interação Draco/Celina (Hihi). Mas... vamos caminhando que tem muita estrada por vir. Um beijo grande, e muito obrigada pelas palavras de apoio que sempre recebi de vc. Não imagina o quanto foram e são importantes. :-*

Bebel Potter: Puxa, querida... nem sei o que dizer. Fico roxa de vergonha que tenha tido este impacto em vc (mas também fico dançando uma conga por dentro \o/ Háháhá). E depois de um capítulo muito pesado, um outro com algumas surpresas. Espero que tenha gostado ou ao menos se surpreendido. Obrigada pelo carinho. Bjossssss

Potter: Conforme prometido, uma att rápida. A próxima vai demorar mais, mas espero que continue por aqui. Plix... Beijo estalado, e valeu o carinho. XD

Gabbx Potter: É, eles sofreram muito mesmo, e agora estão juntando seus caquinhos, só que com outras pessoas. O que será que vai virar? Mas seja o que for, prometo muitas emoções. Muito obrigada pelo review, querida, e aí está, att rapidinha. Beijos.

Abraços para todos,
Geo.







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