Interlúdio
Capítulo 16
Interlúdio
Ela era dele? A mulher maravilhosa que havia dormido nos seus braços era sua? Os dois tinham feito amor, alucinados e insaciáveis e depois com uma lentidão suprema até a exaustão os subjugar? Já tinham se levantado há muito tempo e ainda era assaltado pelos mesmos pensamentos.
Fazia sete meses desde sua primeira noite no Largo Grimmauld. E embora não pudessem se ver com a freqüência desejada, tinha que admitir que o estado em que Celina se despedia fazia crer que ele a mataria se passasse mais tempo a seu lado.
Ela aprendera feitiços que disfarçavam os hematomas roxos, e por mais que ele tentasse se controlar, eram muitos. Quando ela se deitava sobre ele, a coxa deslizando entre suas pernas, os quadris se encaixando por cima das roupas, “Eu ofereceria um galeão por seus pensamentos, Potter, mas tenho a impressão que seria fácil demais...”, era impossível se conter.
Fora assim desde que se entregaram. Nas primeiras semanas pareciam dois fios desencapados, não podiam ficar a sós por um minuto, não conseguiam esperar até a noite cair, mesmo com a Sede cheia... com o almoço acontecendo no andar de baixo. Ele ainda recordava na pele a sensação de ver a moça passando para a refeição e saber que não dominava mais o próprio corpo. Tinha puxado-a instintivamente para dentro do seu quarto. Sua intenção fora apenas beijá-la, mas as mãos logo começaram a trabalhar, a pedir por mais e antes que o primeiro prato fosse servido, já tinha arrancado todas as roupas essenciais e se fundia a ela junto à própria porta, em meio a gemidos abafados por beijos, calor e urgência, muita urgência.
Podia dizer que agora andavam mais cuidadosos, mas não seria inteiramente verdadeiro.
Harry estava em seu vigésimo esconderijo, ou era o que parecia. Um apartamento sobre uma loja de caldeirões usados, no próprio Beco Diagonal. Quando precisava ir à rua, usava um disfarce de Poção Polissuco ou a capa da invisibilidade, mas mesmo com todo o esquema de sigilo ainda era muita ousadia de sua parte se esconder num lugar tão público. Uma ousadia infelizmente necessária. Havia um pedaço da alma de Voldemort bem próximo, era só descobrir como chegar até ela.
A partir do momento em que resolveu sua vida com Celina, a caçada aos Horcruxes tomou novo fôlego. Com a ajuda à distância de Ron e Hermione, em Hogwarts, e da própria namorada, conseguira o impensável. Faltavam apenas duas. Apenas duas. Nagini e a taça de Hufflepuff e então poderia enfrentar Voldemort. E era a taça que vinha buscando.
Quando acordava de manhã, Harry afastava os maus pensamentos e sorria entre a felicidade e o medo. Ele nunca se sentira tão confiante e aquilo era quase aterrorizante. O sucesso em destruir as Horcruxes e a presença de Celina tinham o dom de lhe trazer fé. Entretanto ele sabia que ainda precisava ser muito cauteloso, havia perigo demais para se sentir tão feliz como estava. Estava tudo tão perfeito que era como se fosse acontecer alguma coisa muito ruim.
Mais tarde, quando a noite chegasse, estaria recebendo Ron e Hermione, que por métodos excusos, conseguiram convencer a diretora a liberá-los extraordinariamente. McGonagall podia não saber o que estava acontecendo, mas era esperta demais para não desconfiar de algo grande.
Tinham uma missão a cumprir. E embora Harry tivesse certeza de que devia fazer sozinho, não podia dizer que estava aborrecido com a chegada dos outros companheiros. Afinal era um mero reconhecimento de território.
- Você viu onde deixei minha varinha?
Ele despertou dos devaneios vendo a maior culpada por sua alegria inquirir enquanto andava pelo quarto com uma camiseta dele.
- Quando você chegou estava em sua mão. – ele sorriu para o pequeno vestido improvisado.
Harry estava recostado sobre a cama usando apenas a toalha que enrolara na cintura após o banho.
- Sim, estava, - ela segurou os cabelos úmidos para olhar debaixo da cama - mas então alguém não pôde esperar nem mesmo que eu a guardasse antes de me atacar.
- Foi assim tão ruim? – ele gracejou. - Droga... e eu achando que os gemidos com meu nome durante toda a noite não fossem de reclamação...
Ela ergueu uma sobrancelha fazendo um olharzinho mau.
- É claro que, se quiser, - ele a fitou com ar maroto. – posso começar a ficar mais... apático. Fazer você sofrer menos...
Celina sentou-se na borda da cama aceitando a provocação.
- Como se você conseguisse... – ela se inclinou para ele, apoiando-se sobre as mãos, ficando com a cabeça de lado como se o convidasse a fazer algo.
- Posso te surpreender. – ele fingiu descaso e piscou, puxando o Profeta Diário de cima da mesa de cabeceira e o abrindo interessado.
- Ok, se você diz... eu até acredito. Acho que já estava na hora mesmo de me vestir. – ela se levantou ficando de frente para ele. – Daqui a algumas horas vamos ter companhia e Deus sabe que suas roupas não me caem muito bem.
Pelo canto do olho, Harry a viu despir sua camiseta, ficando apenas de calcinha. Era estranho, ou até o amuleto conseguia parecer pornográfico quando ela o usava naquele estado?
- Toma sua camiseta. – ela a jogou sobre ele, usando um tom corriqueiro. – Eu até podia levá-la pra Sede, mas ia demorar pra te devolver. Sabe-se lá quando a gente vai se ver de novo...
O jornal já estava abaixado, com o calor que subia por seu corpo, ele não conseguiria mesmo ler nenhuma linha. Ela sabia, fazia de propósito. Sempre tentando dar a última palavra. Mas agora ele conhecia um jeito muito bom, na verdade um jeito fantástico, de dominá-la.
Celina deu as costas com um sorriso no rosto, consciente do seu poder sobre ele, e foi em direção às suas roupas jogadas pelo chão.
Ao sentir um puxão na cintura, ela deu um gritinho surpreso.
- Aonde pensa que vai? – ele tinha avançado como um gato, a segurado com agilidade e a jogado de volta à cama. – Ainda não me cansei de você.
Ele se deitou sobre ela segurando seus seios nas mãos.
- Na verdade, posso apostar que nunca vou me cansar.
- Ãh, achei que tinha resolvido ser mais apático. – ela fez uma expressão levemente intrigada, como se não estivesse sentindo de fato, aonde aquelas carícias a podiam levar.
- Achou, é? – ele roçou os lábios quentes pela orelha dela.
- Eu devo ter me enganado. O que te parece?
- Que alguém aqui está vestido em excesso. – ele brincou com a lateral da calcinha.
- Fala da toalha molhada que está usando?
- Não é a única coisa molhada aqui, é? – ele começou a lhe beijar o pescoço.
- Não, você também molhou o lençol com ela. – a moça se desviou habilmente da provocação. –Toalha molhada na cama é crime. Você precisa ser mais cuidadoso.
- Você não imagina como eu tento... – ele chupou seu pescoço – e tento...
Ela percebeu que se quisesse sair vitoriosa daquela brincadeira, coisa que estava cada vez mais impossível, precisaria recorrer a uma pequena maldade.
- Não tem sido cuidadoso conosco, tem? Preventivamente falando.
Ele ergueu a cabeça depressa e lhe fitou assustado.
- Você... Nós não... Não temos tomado cuidado. – ele falou baixo, se espantando ao se dar conta do fato.
- Sete meses depois e só agora te ocorreu isso? – ela segurou a gargalhada pela a cara espantada dele. – Céus, e ainda pensa que não é afoito. Ainda bem que tenho uma mãe precavida.
- O que quer dizer?
- Acha mesmo que depois do que viu no casamento de Fleur e Bill, mamãe não teria uma conversa muito séria comigo? Daquelas conversas de mãe e filha?
- Aaah...
- Ééé... Essa mesma que você está pensando. - Celina riu do rosto abismado. - Desde aquele dia tenho tomado a poção que ela me ensinou a fazer. Nunca me viu tomando?
- Achei que era outra coisa...
- O quê?
- Fluido Energizante. – ele sorriu abertamente.
- Se enxerga, Potter. – ela fez uma nota mental de nunca lhe contar que, quando partia, passava um dia inteiro na cama, dessa vez apenas dormindo de exaustão.
- Não seria má idéia. – ele voltou a rir maliciosamente. – Mas não. Pensei que fosse para os ãah... – os dedos dele circularam uma visível mancha arroxeada em seu pescoço. – Desculpa por isso.
- Os ãah... eu disfarço com outra coisa. E pode parecer estranho, mas eu meio que gosto deles. Me lembram você quando não estamos juntos.
Ele sorriu e ficou fazendo desenhos imaginários sobre a pele dela, pensando se era tão estranho quanto achava, uma mãe conversando sobre aquele assunto com a filha. Sabendo que os dois...
- O que sua mãe tem dito sobre nossos encontros? – inquiriu pensando que talvez fosse comum. Ele não tinha nenhuma experiência familiar para comparar.
- Que não gosta.
- Apenas isso?
Ela deu um longo suspiro.
- Muito mais que isso... Ela gosta de você, não tem restrição alguma neste ponto. Só acha perigoso.
- E é. – ele afirmou rolando para o lado dela. – Não sei como Florência não tem te impedido. – ele sabia que seu “sogro”, Gabriel, andava envolvido em conchavos com os Duendes para a Ordem, portanto ficando longe da Sede constantemente. “Graças a Merlin!”
- Sou maior de idade, Harry. Na medida do possível, dona do meu nariz. Acontece que ela não pode fazer grande coisa.
- Poderia se quisesse.
- Me estuporando? Nada me afasta de você.
- Eu devia ficar muito bravo e concordar com sua mãe. – ele meneou a cabeça, mas curvou os lábios a contragosto, acariciando a face dela.
- Isso quando conseguir tirar esse sorriso bobo do rosto. – ela o imitou traçando o contorno da boca sorridente.
- Você tem um poder um pouquinho maligno sobre mim, bruxinha.
Ela franziu o cenho como se não pudesse entender.
- Tem horas que vejo uma auréola sobre sua cabeça e outras... um chifrinho maléfico. O caso é que ainda não descobri qual dos dois é falso.
- Qual preferia que fosse? – ela sentiu a textura meio áspera do queixo dele, pensando que se não ficasse tão bonito pediria para se barbear. Sua pele marcada com certeza agradeceria.
- Por que quer saber? Tentaria mudar por mim? – disse esfregando o rosto pensativo na palma dela.
Aquilo pedia uma travessura.
- Não. – a moça fitou-o muito séria, então sorriu. - Mas ia fingir melhor... pra te animar um pouquinho. – ela o empurrou depressa começando a ser perseguida pelo quarto pequeno.
Celina ria sem parar, jogando peças de roupas e travesseiros no seu captor, tentando se esquivar e chegar a salvo até o banheiro.
- Coitadinha de você quando eu te pegar... – ele ameaçou quase alcançando sua cintura.
- Aah... um cordeirinho... como você? – ela ofegava de rir e correr em volta da mesa redonda. – Tão doce...
- Celina... – ameaçou.
- Harry... – ela imitou a entonação perigosa.
- É melhor retirar o que disse enquanto é tempo...
- Acha que é brincadeira?
- Você e eu sabemos que é. – ele piscou com um sorriso maroto e muito metido.
- Será? – ela mordeu o lábio inferior em meio a uma risada. – Olha que sou bem convincente...
- Ninguém é tão convincente – ele contestou.
- Harry... – ela começou a gemer, provocando, jogando a cabeça para trás e fingindo estar em alfa de estado de excitação. – Harry... Harry...
Ele parou de um lado da mesa apertando os punhos com força. Só o fato de escutar Celina gemendo o nome dele de brincadeira já tinha acordado todas as suas terminações nervosas.
- Viu? Nada é impossível. - ela parou de uma vez e suspirou satisfeita. Seus olhos o fitando do outro lado, sua boca ainda risonha.
Harry relaxou os músculos como se tivesse desistido e com um último olhar escaldante e um sorrisinho mínimo com o canto da boca, apenas tombou a mesa, a jogando de lado ruidosamente. Sua abismada presa deu dois passos para trás.
Não havia para onde ir. Estava totalmente acuada.
Seu cérebro deu o alarme. Pena que tarde demais. Interessante como de repente ele pareceu tão grande. Tão ameaçador. “Um tigre atrás da presa?”
- É brincadeira! Eu juro! Juro! – ela gritou quando ele a levantou do chão pela cintura. – Harry! O que está fazendo?!
- Tem alguém aqui precisando aprender algumas coisas. – ele a prendeu com o corpo contra a parede e abaixou as laterais da calcinha. – Sobre fingir e brincar com falsos cordeirinhos.
- O que quer dizer? – ela arregalou os olhos pela adrenalina e por algo mais. A toalha azul marinho dele deslizando junto com sua lingerie para o chão.
- Que por trás de todo cordeirinho existe um lobo mau. – ele passou as mãos pelo corpo dela.– Bem faminto... e muito, muito perverso. E você acabou de despertá-lo, sua bruxinha ingênua, indefesa e linda.
A julgar pelo olhar perigoso que ele lhe dera, Celina soube que a aula seria bem longa.
- Pronta pra primeira lição? - Harry falou pertinho da sua boca. – Nunca provoque quem é maior e mais forte que você. - sorriu antes de beijá-la com força.
Ele chupou a língua dela para sua boca e brincou com sua maciez, arranhando seus lábios com os dentes, esmagando seu corpo contra a parede fria.
Ela sentiu seu fogo crescer na mesma intensidade que o dele e correu as mãos pelas costas do bruxo, apertando com firmeza sua bunda.
Harry soltou um gemido curto. Estava bom, muito bom, ela sabia como provoca-lo, mas ao contrário de se entregar àquele jogo, ele simplesmente mostraria a ela quem é que mandava na situação.
Ele segurou as pernas de Celina e, num impulso, as levantou e trançou em suas costas, fazendo com que a bruxa não mais conseguisse segurá-lo. Foi a vez dele segurá-la por baixo, de comprimir sua rigidez contra ela, se esfregar num vai-e-vem lento, mas não consumando o ato.
Celina sentiu o gemido primitivo em sua garganta e se soltou do beijo. Apertou os lábios, tentando não deixar nenhum ruído escapar por eles.
Ele riu baixinho em sua orelha, rouco e ofegante.
- Não está sentindo nada, Celina? Tem certeza?
“Ah, aquele bastardo”.
Ela se limitou a morder com força o lábio inferior, tinha certeza que se tentasse dizer uma só palavra, uma sílaba que fosse, começaria a choramingar de prazer. E seu estado só fez piorar quando ele começou a dar pequenas mordidas molhadas em seu pescoço. Dolorosas sim, mas na medida certa.
- Quer que eu pare? – ele a apoiou totalmente na parede e começou um sobe e desce que fazia seu sexo friccionar mais intimamente que antes, mais torturante.
Ela sentiu o suor escorrendo entre seus corpos quentes e colados, mas ainda não tão colados quanto queria. Aquele cretino, perfeito, filho da mãe, estava chupando seu pescoço, deixando outra marca para a coleção e tudo o que ela queria fazer era dizer que sim, sim, sim...
Harry interrompeu a jornada viciante no pescoço da namorada e colocou o rosto na mesma altura do dela, a encarando fixamente.
- Está tão calada, amor... – ele encostava a boca na dela enquanto falava, imitanto, sincronizadamente, os movimentos que fazia com os quadris. - Alguma coisa... errada?
Ela cerrou os olhos meio deliciada, meio irritada e mordeu o lábio inferior dele, deixando de se segurar.
- Tem... uma coisa errada... – ela disse entrecortando palavras e pequenos gemidos, quase soluços. – Você... fora de mim. Me leva pra cama. – murmurou mordendo o lóbulo da orelha do rapaz.
- Tem certeza que não prefere aqui mesmo? – ele brincou, mal podendo suportar a tortura, mas querendo prolongar a provocação o máximo que podia.
- Na cama, aqui... não importa. – ela começou a morder e beijar a boca dele, tentando faze-lo se descontrolar, a possuir finalmente. - Só fica dentro de mim... Me faz sua. Depressa...
Ela não podia conter a avalanche de sensações que corriam sob sua pele, que ameaçavam queima-la viva. Estava perto, perto demais.
- Como... vou saber que não está fingindo? – ele sorriu com a boca, os olhos estavam escuros e intensos com a força que fazia para não se lançar dentro dela e encontrar o alívio urgente que precisava.
- Ah, se você não vê... – ela arquejou sentindo todos os seus músculos se contraírem e queimarem. – Você tira meu controle, me deixa louca. Eu sou louca por você, Harry. Louca...
Ele a enxergou a beira de gozar apenas com a estimulação que estava recebendo. E decidiu que a hora tinha chegado.
Quando Harry a beijou profundamente, quando a apertou furiosamente junto a si, quando finalmente, ah, finalmente deslizou para dentro dela, Celina não precisou de incentivo ou brincadeira alguma para gemer muito alto e de verdade o nome dele. Gemer quando ele soltou sua boca, quando seus dedos se entrelaçaram nos cabelos pretos e fartos com um perfume tão bom. Gemeu o nome dele. “Harry... Harry... Harry...” Sem parar.
O bruxo cerrou os dentes com força quando ela retesou, quando ela veio, e deixou o orgasmo o levar ao mesmo tempo em que escutava a música mais perfeita que já tinha ouvido. A sua mulher, o amor da sua vida, se desmanchando enquanto gemia seu nome.
Eles afinal deslizaram um pouco pela parede e Harry juntou suas forças a tomando nos braços.
- Fim da primeira lição. – ele ofegou audivelmente.
- Primeira... – ela disse quase sem voz, sentindo vagamente que era conduzida para algum lugar. - Onde... pra onde está me levando?
- Pra cama, amor. – ele a baixou sobre o colchão e a virou de lado, se deitando colado à sua cintura. – Pra sua próxima aula. Lição dois, toalhas não são as únicas coisas que molham uma cama.
Ela pensou que era brincadeira, mas mudou de idéia quando ele deslizou a mão pelo corpo dela, afastando suas pernas numa intenção, na falta de definição melhor, pecaminosa.
Depois de muito tempo, mais ou menos o de um período letivo extenuante, sentindo o peso suado de Harry atravessado sobre seu corpo, ela o escutou murmurar em seu ouvido:
- Adoro quando você finge assim.
- E eu adoro quando você é malvado. – Celina sorriu fracamente mantendo os olhos fechados.
- Eu te amo. – ele sussurrou enquanto a sonolência chegava.
- Humm... Boomm... – respondeu com a voz mole e satisfeita.
Ela relaxou todo o corpo embaixo dele. O sono seria bem vindo, mas por ela, se morresse agora, morreria mais que feliz.
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A taça de Hufflepuff, o objeto roubado há tantos anos e desaparecido até então. O próximo alvo.
A morte do último proprietário da Borgins e Burkles colocara em leilão todo o antigo estoque da loja. E foi por este motivo que Ron e Hermione chegaram afogueados, no cair da noite. Apesar da amiga sinalizar algumas vezes que tinha algo a conversar com Celina, não houve muito tempo para isto. O máximo que aconteceu foi a monitora dar um sorrisinho para a amiga enquanto dizia:
- Vocês andaram ocupados...
- Como?
- Tem um chupão no seu pescoço.
- Ahh. – Celina riu, falando baixinho. – Você sabe como é... Depois de quase quarenta dias sem pôr os olhos nele... Meu Deus, eu poderia devorá-lo agora mesmo. De novo.
Ela riu mais forte observando que a amiga corara furiosamente.
- Mione? Tudo bem? Se não quiser que eu fale disso...
- Ah, não! – ela sorriu forçadamente. – Venha aqui, deixa eu te ajudar com isso.
Hermione apontou a varinha para o local.
- Episkey! Pronto! As provas foram destruídas.
Celina ainda tentou dizer alguma coisa, mas a garota deu uma desculpa qualquer indo atrás dos rapazes. Bem, depois conversariam. No momento precisavam mesmo se focar em outra coisa. O leilão devia estar para começar.
Os amigos compareceram devidamente disfarçados. Se acomodaram discretamente entre bruxos de olhar desconfiado e aspecto duvidoso, com Harry usando a onipresente capa da invisibilidade.
Assistiram a um longo arremate, infrutífero para quem não procurava nada além da Taça de Hufflepuff. Hermione teve o palpite de que a própria loja, agora vazia, teria sido um esconderijo perfeito para quem por tantos anos trabalhara com absoluta liberdade dentro dela. Então decidiram se retirar, esperando o fechamento da loja e voltando silenciosamente na calada da noite.
Vasculharam metodicamente todo o local. Entre as paredes, no vão do teto, sob o soalho de madeira. O antigo Armário Sumidouro foi o mais revistado, mas como seu gêmeo fora devidamente destruído, ele agora não oferecia qualquer propriedade mágica.
Foi Ronald que num acesso de impaciência, deu a resposta à Harry.
- Já revistamos tudo e até agora nada! Não acho que Você-Sabe-Quem colocaria algo tão precioso perto de dois bruxos tão perigosos como os ex-patrões. Podiam roubar, vender, sei lá.
- Estamos procurando errado. – Harry se ouviu dizer. – É tão simples...
- O que é simples? – Ron franziu as sobrancelhas.
- Tom Riddle não esconderia nada como um trouxa faria. – Harry girou os olhos pelo aposento. – Precisaria estar muito bem protegido.
- Sim, por meios mágicos. – Hermione encolheu os ombros. – Nenhuma novidade nisso.
- Só que eu pensava ter uma boa idéia de que meio foi. – Harry sorriu de lado. – Mas acho que foi uma grande mancada. Tinha pensado que Voldemort tinha escondido a Horcrux em Hogwarts... através do Armário Sumidouro. Quer dizer, o que estaria dentro da loja, quase ao alcance de suas mãos, mas ao mesmo tempo não podendo ser encontrado?
- Algo que estivesse, na verdade, fora de alcance. Fora dela. – Celina estreitou os olhos para o móvel quebrado fixado num canto escuro. – Foi uma boa idéia, Harry, mas infelizmente não temos como provar que Riddle o usou.
- Acham que Vol... “O das quantas”, o teria usado para chegar à Hogwarts? – Ron perguntou coçando a cabeça.
- Nah, ele não parece tão antigo... – Mione observou. – Quer dizer, se a época do sumiço da Taça estiver correta.
- Está correta – atalhou, Harry. – Eu mesmo vi na penseira.
- E se já estivesse na escola? O outro Armário? – tornou Ron. – Vocês não acham que o Riddle se infiltraria lá pra plantar uma Horcrux... Seria impossível! Quer dizer, bem debaixo das barbas do Dumbledore.
- A data não bate. – Mione explicou novamente. – Não adianta tentar ir por este lado.
Ao contrário do antigo costume, Ron assentiu com um pequeno sorriso para a garota.
- Mas acontece que ele não precisou de esforço... – Harry puxou pela memória sentindo um arrepio de excitação subir pela coluna. – Se bem me lembro, Riddle esteve na escola durante um rigoroso inverno...
- Pedindo uma vaga como professor de DCAT. – a voz de Mione soou baixa e soturna.– E depois de uns anos... Teve apenas o trabalho de plantar o outro armário...
Celina sacudiu a cabeça, estalando a língua.
- Tom Riddle entrou pela porta da frente, meninos, e muito bem convidado.
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Ron e Hermione haviam voltado à escola àquela mesma noite, tendo feito a promessa de que procurariam mais evidências da presença da Horcrux, mas sem tentar destruí-la sem a presença de Harry.
- Por que será que não estou confiando muito naqueles dois... – o bruxo questionou a si mesmo quando eles se foram.
- Por que seus instintos costumam ser bons? – Celina sentou na beirada da cama assistindo ao rapaz dar voltas e mais voltas no quarto pequeno. – Só não entendo porque não foi com eles.
- Que quer dizer? – ele parou de frente a ela.
- Porque não voltou à escola. É óbvio que é o que precisa fazer.
- Você não espera que eu bata na porta da frente... – ele tentou explicar os argumentos que tinha apresentado a si mesmo durante as últimas horas. – Imaginou a onda de boatos se eu aparecesse do nada?
- Olha, se conversar com a McGonagall ela arranja um jeito. – Celina procurou uma saída.
- Não posso falar nada sobre isso! Você sabe. – ele se impacientou.
- E quem disse que ela precisa saber de tudo? – ela girou os olhos de enfado. – Aprenda a mentir, Harry. Ou conte apenas que é relacionado ao Riddle. Ela vai te ajudar.
- Ela não vai pôr os alunos em risco, Celina.
- É exatamente isso, eles vão estar mais em risco se você não intervir.
Harry voltou a exercitar as pernas pelo quarto nervosamente, as mãos despenteando ainda mais o cabelo, a voz deliberando coisas incompreensíveis.
Ela sentou-se na cama, esperando. Sabia que agora era com ele.
- Digamos que seja possível, - ele a encarou finalmente. - o que te leva a crer que eu posso impedir todo o resto do colégio de saber que voltei? Isso arruinaria qualquer tentativa de discrição e colocaria o segredo em perigo. Não posso confiar isso a ninguém.
- Eu sei. Você não pode voltar, ao menos não em teoria. Vai precisar resolver tudo enquanto os alunos estiverem em suas camas.
- Você diz...
- Sim, no prazo de uma noite.
Harry riu sem humor para a moça.
- Certo. Levamos meses pra localizar as outras, semanas de pesquisa sobre esta e você quer que eu destrua uma Horcrux, que nem sabemos se está realmente em Hogwarts, no prazo de doze horas e sozinho...
- Prefere esperar pelas férias? – ela disse sabendo que não tinham aquele tempo.
- Seria o mais sensato. – ele cruzou os braços, mal humorado. – Mas não podemos esperar por meses. Precisa ser resolvido agora.
- Então isso nos deixa numa situação em que as coisas se decidem por si só. Tem que ser feito. Ponto. – ela fitou o semblante descrente do bruxo. – Amor, se uma noite não for o suficiente, a escola tem lugares mais que satisfatórios pra se esconder. A própria Sala Precisa é um deles.
- Mas... – ele se voltou para outro assunto que o preocupava. – Você sabe o quanto tenho tentado manter vocês todos a salvo. No momento em que souberem que pisei em Hogwarts, Mione e Ron... Eles não vão aceitar ficar de fora.
- Está todo mundo junto nisso, Harry, e não só pra pesquisar. Todos estão meio que prontos pra ação... mas só vai ser feito o que você decidir, do jeito que você quiser. Sabe disso.
Harry pensou a respeito. Nunca estivera tão ansioso para que tudo chegasse ao fim. Para sua vida começar realmente ou terminar de uma vez. O que não queria mais era essa semi-existência indefinida.
- Eu sei o que está te incomodando. – ela o fitou profundamente. - Foi tempo demais sofrendo, esperando o fim. E por mais que queira fazer perfeito, você não tem o poder de controlar tudo. – Celina captou seus pensamentos. – O fim chegou. Precisa ser feito o quanto antes e pra isso toda ajuda possível vai ser necessária. Ron, Mione... eu. Você não vai estar sozinho. – ela mordeu os lábios e esperou quietamente pela explosão.
- Não. – ele laconizou sem se alterar, mas lhe lançando um olhar que prometia seriamente a possibilidade. – Você não.
- Eu estou aqui e você precisa de ajuda. – explicou paciente. - Não é questão de me negar nada. Você não pode se dar ao luxo de recusar quando não pode sozinho.
- Você não vai, Celina, assunto encerrado.
Ela cruzou as pernas em cima da cama e disse sem aparentar emoção:
- Acho que você não está entendendo...
- Estou entendendo perfeitamente bem. – ele a interrompeu, vendo a determinação começar a surgir no rosto da bruxa. - Você volta hoje pra casa.
- Não pode me dar ordens, Harry. Ou saio daqui para Hogwarts com você ou vou sozinha.
- Diabos, Celina! Isso não é uma brincadeira de pregar peças no Filch ou tirar um quadro velho de uma moldura! Não é mais uma traquinagem sem conseqüências!
Ela fechou o cenho, assumindo um tom interessante de vermelho.
- Interessante enxergar o modo como me vê. Talvez tenha esquecido de que tudo nesta guerra já vem me afetando pelo mesmo tempo que você. No mínimo. Meu destino também depende da sua vitória. Nossa vitória. – eles se fitaram irritados. – Já dei todas as provas de que precisava, mas continua me achando uma criança mimada e incapaz, não é?
- Continuo achando você insuportavelmente teimosa, isto sim.
- É, exatamente como você. – ela se levantou juntando suas coisas apressada. – Esta caçada não é apenas sua, ninguém te nomeou o dono desta guerra. Eu vou. Agora sim, pode encerrar o assunto.
- O que pensa que está fazendo? – ele a segurou pelo braço, levando a conhecida ferroada no mesmo instante.
- Mas que inferno! – ele sacudiu a mão em brasa.
- Não me subestime, Harry. Isto não se trata só de mim e de você. É sobre a destruição do mundo que conhecemos que estamos falando. Da minha família... E vou fazer a minha parte.
Ele bufou na frente dela, fazendo um esforço enorme de não voltar a tocá-la, sacudi-la pelos braços ou lhe dar umas boas palmadas.
- Inferno! Existe algum modo de te convencer do contrário?
- Não. Embora não dê valor ao que eu possa fazer, como te disse, não estou fazendo pra conseguir simpatia.
- Celina... – mesmo com a raiva que sentia, ele teve vontade de puxá-la para os braços, reconhecendo que a despeito do seu desejo de protegê-la, a moça não falara nenhuma mentira.
- Não chegue perto de mim agora, Harry. – ela recuou percebendo a intenção do bruxo.– Não estou certa da próxima ser apenas uma ferroada.
Ela deu as costas para ele e se embrulhou em sua capa.
- Olha...
- Poupa o discurso. – ela atalhou. – Se a gente quiser que isso dê certo precisamos começar a planejar desde já.
- OK... - ele falou incerto, passando a mão no rosto. - Como vamos entrar pelos portões trancados?
- Um feitiço de Patrono deve bastar.
Harry quase sorriu. Às vezes esquecia com quem estava falando.
- Claro... E seus pais? – ele questionou num último fio de esperança.
- Mando uma coruja quando chegar ou o que seja. – a moça evitou olhar para ele deliberadamente. - Quando souberem já vai ser tarde.
Ele pareceu pesar o que ela disse e se resignar com um muxoxo.
- Pode usar Edwiges se quiser.
- Obrigada pela oferta. – ela cruzou os braços sobre o peito. – Quando vamos?
Ele a fitou por uns instantes antes de responder:
- Preciso apenas ajuntar algumas coisas. Mas tem um porém... e se disser que não, eu juro que te estuporo e te deixo trancada em casa antes de seguir.
Ela olhou para ele com o queixo erguido.
- O que é agora?
- Vai ter que fazer o que eu decidir. Se eu achar que é perigoso e te mandar sair, você vai. – disse as palavras que já tinha escutado um certo tempo atrás. - Se eu te mandar me deixar, mesmo ferido, você vai. Se eu disser que o jogo terminou e que você deve ir pra casa, você obedece. – ele falava enquanto a voz de Dumbledore fazia um eco perfeito em sua cabeça.
- Está disposta a aceitar minhas condições?
Ela o estudou cuidadosamente.
- Você fez exatamente o que Dumbledore mandou?
- Exatamente. – ele respondeu apertando os olhos.
- Interessante... Ele te lançou um Petrificus Totallus, não foi? Na Torre de Astronomia.
Os olhos de Harry se tornaram pequenas fendas chispantes. “Por que diabos, ela tinha que ser tão esperta?”
- Estou esperando sua resposta. – ele disse com a voz grave.
- Eu concordo. – ela respondeu lhe dando as costas. – Mas acho que Dumbledore sabia que você não teria feito tão exatamente o que ele mandava. Ele sabia que iria tentar salvá-lo. E se um bruxo como ele previa e aceitava sua impulsividade... Devia saber que era uma coisa positiva.
Harry fitava as costas da moça, emitindo ondas de tensão tão fortes que a fizeram se voltar.
- Quero ouvir sua resposta de novo, Celina. Quero te ouvir jurar.
Por um momento ele achou que a garota fosse azará-lo, mas num piscar de olhos ela parecia dona de si novamente.
- Muito bem, eu juro. – ela falou com os olhos indecifráveis. – Juro. Vai ser exatamente do jeito que você quiser.
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Depois da urgente conversa com a diretora, a parte mais difícil da empreitada até àquele momento tinha sido McGonagall dispensar um indignado Argus Filch de sua amada ronda noturna. Uma vez que fora impossível demover Celina do propósito, Harry acabou por aceitar de bom grado o auxílio de Ron e Mione na caçada.
Tinham andado cuidadosamente pelo castelo adormecido. Como a capa nem de longe era suficiente para cobrir os quatro, Harry e Celina permaneceram encobertos, visto que se alguém os pegasse, os outros dois levantariam suspeitas menores.
Três voltas pela porta da Sala Precisa e o cômodo atravancado de objetos insólitos se abriu para os quatro.
- Cara... – Ron assoviou baixo. – Vai ser como procurar uma agulha num palheiro.
Toda sorte de objetos mágicos e trouxas se empilhava em perfeito caos pelo cômodo entulhado. Era quase como estar num labirinto.
- Puxa, você não tinha dito que isso era tão... Aah, vamos começar logo. – Hermione arregaçou as mangas pondo o desânimo de lado.
- Parece que a ajuda incômoda vai ser bem necessária, afinal. – Celina jogou a indireta e seguiu a amiga.
Ron olhou de um modo significativo para Harry, que virou as costas apressado, começando a procurar. Tinha ficado mais que óbvia a rusga entre os amigos, mas o ruivo decidiu não questionar. Provavelmente na hora certa ficaria sabendo e ele também já tinha problemas mais que suficientes para se preocupar.
Com o correr das horas a dúvida se instalou entre os amigos. Tirando algumas espadas enferrujadas, o objeto mais perigoso que encontraram foi uma Bomba de Bosta de aparência duvidosa, que sugeria que podia explodir a qualquer momento. Como não havia remédio continuaram a busca, com a crescente sensação de que a noite passava depressa demais.
- Não sei o que fez, mas ela está com aquele olhar da Hermione. – Ron finalmente não resistiu e emparelhou com o amigo, apontando com o queixo para Celina. - Mau sinal.
- Ela tinha que estar em casa. – ele levantou algumas caixas mofadas. – Nem estaria aqui se, pra começo de conversa, eu tivesse me negado a vê-la fora da Sede.
- Você não é responsável pelo mundo. – Ron meneou a cabeça, sorrindo de lado.
- Mas sou por ela. – ele observou o perfil da moça, curvada sobre uma pilha de garrafas de xerez vazias e outras quinquilharias. - Ou pelo menos é assim que eu me sinto.
- Acho que você devia mais era aproveitar a melhor coisa que te aconteceu em muito tempo. – o ruivo suspirou, olhando em direção às garotas de um jeito ansioso. - Eu sei que eu faria.
- Quê? – Harry fez uma careta tendo certeza de não ter entendido direito as palavras do rapaz.
- Hermione. – Ron tornou com a voz muito baixa e um tom avermelhado aumentando gradualmente nas orelhas. – Você sabe... Ela não, quer dizer... Nós ainda...
- Oh... – Harry tirou depressa os olhos do amigo, sem saber o que seria mais embaraçoso, o ruivo falar a respeito ou ter que escutar.
Na verdade não costumava pensar muito nos amigos daquele modo. Considerando que Hermione era quase que sua irmã e Ron seu melhor amigo, era tudo um tanto incestuoso em sua cabeça. Celina era quem entendia melhor dessas coisas, mas não achou que seria boa prova de amizade pedir a Ronald que desabafasse com ela.
Harry engoliu em seco, tentando fazer sua voz soar normal.
- Aconteceu algum... problema?
Entre as duas amigas a conversa seguia a mesma direção.
- Eu não acredito. – Celina sorriu, voltando lentamente a ficar séria conforme as bochechas de Mione queimavam. – Você e Ronald...
- Não. – a garota falou com a cabeça baixa.
- Sem sexo? – Celina insistiu incrédula. – Ainda não fizeram amor?
- Não. – Mione rosnou entredentes. – Dá pra não dizer essas palavras?
- Desculpa... – a garota fitou a colega de boca aberta. – Mas é que pelo ritmo das coisas quando saí daqui...
- Eu sei. – Hermione franziu o nariz, incomodada. – Também achava.
- Então... o que aconteceu?
- É difícil. Por favor, entenda bem, adoro ficar com o Ron. – ela explicou. - Quando ele chega perto de mim... aah, é como você me disse uma vez, eu perco o ar só com o modo dele me olhar. Mas fazer... aquilo? – Mione fez uma careta envergonhada.
- “Aquilo”...? – Celina se abismou ao descobrir que a amiga era mais conservadora do que tinha imaginado. – Mi, você está falando sobre fazer amor com o cara por quem é apaixonada desde os treze anos e chama de “aquilo”?
- Droga, Celina, - a garota soltou um gemido frustrado. – eu não consigo evitar. Sabe, não sou tão antiquada, nós... fazemos algumas coisas. Mas eu congelo quando a gente começa a avançar demais.
- Ah... será que posso perguntar até onde as coisas chegaram? Tipo... ele já te viu sem roupa?
- Não! Quer dizer... – ela se atrapalhou. - Não de todo.
- E quando vocês estão juntos nestas condições você sente... ah, aquela sensação que... – Celina se esforçou em encontrar palavras que não chocassem a amiga. – Você sente...
- Vai... pode dizer. – Mione suspirou resignada.
- Tesão? Obrigada. – falou de supetão.
- Ah, eu... – ela fitou o chão empoeirado enxergando cada mancha de sujeira até se dar por vencida. – Muito mesmo... – o ar saiu ruidoso por sua boca. – Eu quase subo pelas paredes.
Celina segurou um sorriso, mordendo os cantos da boca.
- Então por que vocês param?
- Eu paro. Sempre eu. Ele já teve outra garota. Dormiu com Lavender Brown quando namoravam. Ela parece ter alguma experiência nisso, você lembra dos comentários dela no dormitório. Só de imaginar... Eu não sou... – ela engasgou.
- Hermione Jane, - Celina a segurou pelos ombros seriamente. – não acredito que está comparando Lavender a você! Você está num patamar completamente diferente, não dá nem pra enumerar...
- Não sei...
- Você é mais bonita, sensível, mais inteligente que ela. Ok, você é mais inteligente que a escola toda. – ela sorriu animada. - E o mais importante, ele é apaixonado por você. Completamente babado. Deu o fora na garota por você. Por você, Hermione. Acredite, experiência não tem a menor importância.
- Uma coisa é raciocinar a respeito. Eu sei tudo isso sobre experiência, Celina. Ou pelo menos eu penso que sei. - Mione tinha o semblante torto e encabulado. – Mas o que eu posso fazer se meus sentimentos são burros como uma porta?
- Pode ensiná-los a ser mais espertos.
- Como?
- Fale com ele.
- De jeito nenhum!
- Não tem outro jeito. – falou vendo a cara torcida da amiga. – Tenho a impressão de que Ron pode te surpreender quanto a isso.
- O que quer dizer?
- O jeito como ele te olha. Aquele ruivo é capaz de tudo por você. Por baixo daquele jeito brincalhão e desastrado tem um cara danado de astuto.
- Eu sei disso.
- Então não o subestime.
- Não sei se vou ter coragem.
- Respire bem fundo, - Celina sorriu marotamente. – e se não adiantar, um pouco de fire whiskey pode ser interessante.
- Terrorista. – Mione riu de leve, mordendo o lábio.
- Hey, mas agora vamos, ainda temos trabalho por aqui.
- Celina. – Mione a interrompeu. – Jamais vai poder saber a sorte de ter uma amiga como você. Posso até ser... a mais inteligente, como disse, mas você é de longe a mais esperta.
- E com certeza a mais vermelha. – ela rolou os olhos, corando visivelmente. – Ah, vamos... – fitou a amiga com carinho. – Não é nada que já não tenha feito por mim muitas vezes. Só me diga uma coisa, vai dizer a ele?
Hermione observou a cabeleira ruiva à distância.
- Bem... Vou tentar.
- Droga! – a voz de Harry exaltou as garotas.
Foram para perto dos dois encontrando Harry recostado na parede com uma expressão frustrada.
- Acho que não vamos encontrar nada...
- Honestamente, parece mais um depósito de garrafas vazias que qualquer outra coisa – Ron empurrou uma garrafa com o pé. – Alguém andou mesmo bebendo...
- O que você disse? – Harry endireitou o corpo de uma vez, fitando abismado o amigo.
- Que alguém andou enchendo a cara...
- Trelawney... – o cérebro do bruxo se iluminou com uma luzinha de esperança.
As garotas se aproximaram mais, curiosas.
- Olha, se alguém tem freqüentado esta sala mais que qualquer pessoa, este alguém é Sibila Trelawney. – ele explicou.
- Bom, as garrafas são boa prova. – Ron sorriu de lado.
- O que quer dizer, Harry? – Hermione cortou o namorado. – Acha que ela encontrou...
- Garrafas que ela esvaziou, Mione. – ele abriu um sorriso vacilante. – Ela pode ter precisado de um copo...
- Ou uma taça – Celina disse baixinho. – E seria muito conveniente se tivesse encontrado uma bem aqui.
- Teria que ser muito obtusa pra não perceber que era um objeto tão mágico e famoso. – Hermione disse um tanto incrédula.
Harry se limitou a arquear uma sobrancelha para a amiga.
- Certo, se alguém poderia, seria a charlatã – Mione girou os olhos. – Agora como é que vamos fazê-la dizer onde pode estar?
- Precisaria ser alguém com um grande poder de persuasão. – Harry disse divertido.
- E muito inteligente. – Ron acompanhou o pensamento com um sorriso.
Mione apertou os olhos para os dois.
- Então acho que Celina pode ajudar.
- Na verdade, - a garota se desculpou – ninguém pode saber que estou aqui...
- Isso nos deixa apenas uma opção. – Ron segurou uma risadinha debochada. – Mi...
- Mas ela me detesta! – a garota objetou olhando de um para outro.
- Talvez seja hora de fazerem as pazes. – o ruivo fez um ruído engraçado com o nariz enquanto virava de costas rapidamente. – A professora adoraria escutar o quanto você esteve enganada a respeito dela.
Depois de acertado que Hermione, com uma tromba de dois metros, procuraria pela professora no dia seguinte, os amigos confabularam e decidiram que ao invés de irem embora e voltarem no outro dia, seria mais seguro se Harry e Celina permanecessem no castelo até o assunto ser esclarecido. Quando Hermione e Ron se retiraram, os outros dois também saíram da Sala Precisa e voltaram a andar na frente desta, pensando num local para dormir.
Quando a porta foi reaberta, Celina franziu a testa para o local. Definitivamente não tinha imaginado aquele lugar.
- Eu pensei na sala da AD. – ela olhou de viés enquanto ele fechava a porta.
- E eu pensei na sala onde a gente ficava no começo do namoro.
- E o seu pensamento foi mais forte que o meu...? – ela correu os olhos pelo sofá confortável, pelas cadeiras e o tapete perto do fogo.
- Talvez eu quisesse mais este lugar que você o outro. – ele falou com jeito de quem se desculpa. - Foram horas muito boas aqui. - Estava há algum tempo, pensando em como se aproximar dela. Detestava quando ficavam assim.
Celina colocou as mãos na cintura e imaginou um determinado objeto. Quando se virou dois sacos de dormir haviam aparecido. Em lados opostos.
- Boa noite. – ela disse sem cerimônias.
- Onde está indo? – Harry a segurou pelo braço.
- Dormir. Sozinha. – ela enfatizou a última palavra. - Você não precisa mais da minha ajuda por hoje.
- Mas continuo precisando de você. – ele pôs os olhos pidões nela sem conseguir qualquer reação favorável. – Me desculpa pelas palavras...
- Ríspidas, imbecis, grosseiras. – ela completou tentando tirar o braço. – Tem uma lista enorme pra escolher.
- Não tiro sua razão, mas estava preocupado. Pode tentar entender?
- Claro. Como sempre. Mas vou dormir sozinha do mesmo jeito. – ele a segurou pelos cotovelos trazendo-a para mais perto de si. - Me deixa, Harry.
- Celina... – ele rodeou sua cintura carinhosamente. – Preciso... beijar você agora.
Ela fez uma careta, abaixando a cabeça.
Harry beijou sua testa, seu rosto, tentando envolvê-la mais estreitamente nos braços e beija-la na boca. Mas a moça se esquivava, o empurrando pelo peito.
- Eu não quero. – ela se soltou. – Pode ser que amanhã... tenha passado, mas hoje me deixa sozinha, está bem?
Ele não disse mais nada, apenas assistiu Celina ficar descalça, ignorar a mochila com a roupa de dormir e o resto de seus pertences e se deitar do jeito que estava. Harry suspirou resignado, indo para a própria “cama”.
As horas passavam e seu sono não vinha. Ele dormia consideravelmente bem quando estava sozinho, mas uma vez que o objeto de todo seu desejo e afeição se encontrava tão próximo, Harry descobriu que os segundos podiam se tornar puro tormento.
Pela luz do fogo ele podia notar a silhueta da moça. Ela tinha as costas viradas para si, parecia mergulhada num sono profundo e quieto, longe das inquietações e necessidades do namorado. Se ao menos ele conseguisse fechar os olhos e ignorar sua presença, o modo como seus cabelos caíam soltos pelo travesseiro, absorvendo a luz dourada das chamas...
Queria sentir seu perfume, apertar o corpo esguio de encontro ao seu. Mesmo que não pudesse fazer mais nada. Tinha necessidade do seu conforto. “Merlin! Precisava disso”.
Harry se levantou de brusco e em poucos passos alcançou a garota, afastando suas cobertas e se enfiando sem permissão dentro do seu restrito saco de dormir. Ele sentiu Celina enrijecer as costas quando a puxou pela cintura e afundou o rosto em seus cabelos. Não, ela não estava dormindo e mesmo tendo evidentemente se incomodado, não ofereceu nenhuma resistência.
- Desculpa. – ele disse baixo, perto do ouvido dela. – Não consigo. Não me peça pra sair. Só me deixa ficar assim com você.
Ela não disse palavra alguma, mas cerrou os olhos com força quando sentiu os braços dele a estreitarem mais apertado, as pernas se enlaçarem nas dela e a respiração quente se colar em seu pescoço.
“Ah.. Por quê? Por quê ele tinha que cheirar tão bem? Por que tinha que lhe passar tanto calor, mesmo através de tanta roupa? Por que ela era tão completamente apaixonada?”
Celina soltou uma longa respiração se deixando acomodar nos braços fortes, contra o peito largo do namorado. Mesmo com toda raiva não podia se negar a ele. Não quando ele precisava tanto dela.
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AÊEEEEEEEEEEEEEEEEEE, ALELUIA IRMÃO!
SIM! Eu sempre quis dizer isso. (Obrigada, Arinha1)
Sim, ela voltou. Viva, linda e loira, embora um pouquinho temerosa da recepção agressiva. Vamos, baixem as varinhas... isso...
Após as festas (FELIZ ANO NOVO!) engatei um projeto delicioso com umas autoras deliciosas e me enrolei legal. Mas estou aqui.
Vamos logo ao que interessa?
“Querido leitor, venho por meio desta, fazer uma propaganda descarada da mais nova sensação do ff.net e Floreios e Borrões. Uma loucura criada por fic-writters maníacas e mal intencionadas. Portanto, pegue seu baldinho de gelo e faça boa viagem.
*Voz de narrador de cinema*:
AS ESCRITORAS... APRESENTAM...
“CONQUISTANDO SEU AMOR”
The Fic. No seu SITE fan-ático ponto net mais próximo. Censura 18 anos.”
Cês não tem noção do quanto foi engraçado escrever.
Lívia: Ai! Desta vez sou eu a suspirar. Que beta-gama incrível! Foi uma ajuda mais que mais que espetacular. Nenhum prêmio é melhor do que o reconhecimento de vocês. O seu então... Não sou novela, mas brigada por me acompanhar. Te vejo naquela loucuuuuura.
Luana: Meus fofuxos ficaram lindos juntos (o Harry é da tia Jô, mas faz de conta que é nosso). Aproveita o casal enquanto é tempo... Tem águas e águas pra rolar e nem todas são tranqüilas. Abafa o caso.
Sally Owens: Putz! Ce não imagina a delícia de ler um review seu, miga! E ainda elogiando! Mil beijos. Te vejo na comû. E continue se esforçando com o shipper... Rssssssssss.
Macah: O QUÊ? Treze anos? Tampa o olho, menina! Ai... Autora corrompendo menores... Faz assim, v lê as partes gerais e as outras de-le-ta. Posso confiar?(Cruza os seus dedinhos e diz que jura, pliss). Fazendo de conta que sou surda-muda (e analfabeta). Um beijo, linda.
Remaria: Viva a comû, miguxa! Amei a força!(dedinhos duros de cansaço, mas um sorrizão no rosto) Se foi difícil começar? Pra uma virgem em NC... foi, mas só no princípio, depois curti pra caramba. E quanto à sua NC (ou NCs, ri batendo palmas), pelo que ando lendo não precisa se preocupar. Você vai longe...
Ninguém: Estou começando a ficar assustada. O.o De acordo com a tia Jô, nos dias de hoje o Harry teria mais ou menos 26 anos, é isso? Ok, vou pedir a ele (de auror) pra me proteger. Imagina o favor q c vai me fazer... hihihi
Stra Karol: Tô bege! Solta fogos de artifício... Mais uma conquista para o mundo PO. Ler sempre o mesmo shipper cansa. Sério, diversificar pode ser muito legal, até a maioria das minhas “culegas” mais H/G dão seus passeiozinhos por outros universos. Que bom que gostou minina! Super beijo. (flutuando com os elogios)
Bebel Potter: Fico muito, muito contente qdo alguém diz que está gostando em termos de qualidade. Ainda estou construindo meu estilo de escrita e quando releio a fic vejo o quanto já melhorou. Georgea feliz! (Pra sua sorte Ron e Mione andam meio apagadinhos, né?).
Emerson: V ama a Celina? EU TAMBÉM! Fofo, sua miguxa aqui tem corrido pra escrever e ler os recados deliciosos de vocês e acompanhar umas poucas fics, mas vai fazer o possível pra atualizar logo. Percalços da vida adulta. Aaaahhhhhhh, quero voltar a ser Teen. Bobagens, pq se tivesse um pc com net no trabalho ia dar o maior preju. Ahuahuahua. Deus sabe o que faz. Brigada pelo carinho.
Micky: Êita, que são nos menores frascos q estão os melhores perfumes. Precisa dizer o qto me tocou seu review? Beijãozão.
Gabbx Potter: Então você era virgem em reviews aqui no FeB? Pôxa, fiquei realmente lisonjeada... Qdo não é do feitio da pessoa comentar e ela o faz, então quer dizer que a estória está agradando mesmo. Pessoalmente tbém ñ era muito de mandar antes de ser autora, mas depois de começar vi a importância p quem recebe. Muito obrigada mesmo, linda.
Priscila: Pri! Adorei seu review, sua sinceridade e seu apoio, e estou adorando poder te chamar de amiga. Super beijo e força com a fic.
Azarameth: Estou aqui, não muito depressa, mas de corpo e alma(ou seria de fic e alma?). Beijão.
Gina Potter: E viva o pc dando pau! Viu como Deus escreve certo por pcs tortos? Que bom que ficou emocionada, a intenção foi mesmo trazer sentimentos pra Nc. Um super beijo, querida.
Hasta luego, galerinha!
Georgea
;)
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