Marcados
O céu estava negro, a luz escondida, conseguiam-se ouvir uns ruídos no fundo, pareciam uivos.
Thanye fugia apavoradamente, de repente sentiu o suor a cobrir toda a sua testa e lhe caindo sobre a cara, uma dor aguda lhe tomava conta de todo o corpo, olhou em volta, encontrava-se num descampado, um descampado que já vira dantes, mas com uma pequena diferença, o céu não tinha aquela forma que ela tinha visto na última vez, em vez disso, encontrava-se marcada no seu braço esquerdo.
A dor cada vez era mais aguda, a marca mexia-se no seu braço como querendo saltar para fora.
Thanye não aguentando mais, gritou, pedindo ajuda, suplicando para que a dor parasse.
Foi dar por si na sua cama, com a cara banhada em suor e com a respiração acelerada.
Destapou imediatamente o braço, não se encontrava lá nada, tudo não tinha passado de um pesadelo.
Apesar de Martha dizer que tudo não passara de um pesadelo, inclusive a visita dela ao tal cemitério e a marca negra, Thanye não parou de pensar nisso durante as próximas semanas.
Não conseguia deixar de sentir medo. Como Martha era capaz de dizer que tudo aquilo tinha sido imaginação ou pesadelo? Não era ela que estava a passar por isso. Pensava Thanye.
Ou será que ela sabe de algo e não me quer preocupar?
Ela não voltou mais a tocar nesse assunto, tampouco a amiga se atrevia a tal também.
- Já pensaste no que fazer em relação ao Flint? – Perguntou Martha, na tentativa de quebrar o silêncio.
- Não. – Respondeu a amiga, num tom indiferente.
- Estás a pensar naquilo outra vez? – perguntou Martha num tom de discordância. – Sabes, preferia que pensasses antes naquele ranhoso do Flint. Ao menos era uma coisa boa para ti.
- Que piada. – disse a amiga.
- Não era uma piada. Estou a falar mesmo a sério.
- Acho que vou dar uma volta por aí. – Decidiu Thanye, levantando-se, como quem põe ponto final na conversa.
- Tem cuidado... – disse Martha. – Aconselho-te a não te afastares muito do castelo.
- E achas que eu temo alguma coisa?
- Thanye! – chamou Martha.
Mas esta já tinha atravessado o salão e saído para os terrenos.
”Faz hoje uma semana e nem sinal dela. Receio que tenha acontecido o que eu mais temia, começo a pensar que deveríamos ter-lhe contado a verdade...” ·
Martha fez uma pausa, com um ar sério e pensativo, mordiscando a parte de trás da sua pena.
”Sei que para ti parece tudo fácil demais, mas eu não sei do paradeiro dela e confesso que estou realmente transtornada com tudo isto...”.
Supirou e voltou a escrever.
”Sinto muito dizer, mas se não obtiver respostas até ao final de hoje, eu vou atrás dela”.
Acabando de escrever, selou a carta e amarrou na pata de uma coruja das neves, soltando-a para fora da janela.
Endereçada curiosamente como: Sirius Black.
Martha desceu as escadas para o salão principal.
”Como tudo parece tão vazio sem ela aqui...” Pensou, baixando a cabeça.
- Levaram-na não foi? – disse uma voz familiar atrás de si.
Martha olhou lentamente para trás e deu de caras com Draco Malfoy, mas não com o seu típico sorriso, agora aparentava um ar cansado e meio em choque.
- Temo que sim. – respondeu, com os olhos vidrados não conseguindo evitar.
Mas Draco não comentou, apenas baixou a cabeça e soltou um longo suspiro. Martha nunca o vira assim antes.
- Que aconteceu? – Perguntou, aproximando-se do rapaz.
- Vem. – disse. – Tenho de te mostrar uma coisa.
Martha seguiu-o, quando chegaram a uma sala vazia, eles entraram e Draco fechou a porta.
A jovem sentiu-se pouco à vontade fechada ali com ele, mas não disse nada.
O rapaz aproximou-se e num só gesto, puxou a manga da sua camisa, mostrando assim, a marca negra estampada na sua pele.
Martha abafou um gritinho.
- É isto que ele lhe quer fazer. – Disse ele depois de uns minutos silenciosos, agora a olhar pela janela. – E é isto... – continuou, virando-se para encarar a jovem nos olhos. – Que ele quer te fazer também.
Martha sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.
- Quem? – gaguejou.
Draco aproximou-se para a encarar mais de perto, olhando no fundo dos seus olhos.
- Não pronunciemos o seu nome... – disse. – Mas sabemos apenas que está bem perto. E já a tem com ele neste momento.
Dito isto, saiu, deixando Martha a olhar estupefacta para a porta de onde o rapaz acabara de sair.
Anoiteceu e sem sinais de Sirius ou de Thanye, Martha estava a começar a ficar desesperada, tentava seguir Draco para lhe arrancar mais informações, mas este desaparecia sempre de vista como um relâmpago.
Martha não conseguiu adormecer nessa noite ao pensar do que poderia estar a acontecer a Thanye naquele exacto momento que ela estava ali fechada no seu dormitório sem poder fazer nada, mas ela já tinha decidido, se Sirius nada ia fazer, ia ela.
Assim que o sol raiou, Martha levantou-se num salto, vestiu-se e desceu para a sala comum, decidida em ir atrás de Thanye.
Draco estava juntamente com o resto da equipa de Quidditch, mas Martha não estranhou, pois aproximava-se o último jogo do ano.
Este, porém deitou-lhe um olhar calculista como se soubesse do que a jovem estava a pensar fazer.
Martha cumprimentou-o com um aceno ignorando o olhar e saindo da sala comum.
Atravessou os terrenos do castelo.
”Não compreendo. Ninguém pode entrar nos terrenos de Hogwarts e levar estudantes... Isto está protegido por magia...” Pensou, indo na direcção da orla da floresta.
”E se...” ·
Martha olhou de relance e viu a floresta proibida como se algo a estivesse a chamar para lá.
”É isso...” Pensou. “Ela foi para a floresta proibida!” ·
Martha respirou fundo, e deu um passo em direcção da floresta.
Sentiu alguém agarrar-lhe no braço, virou-se, era Draco.
- Que fazes aqui? – Perguntou.
- O mesmo que tu. – Respondeu, estalando os dedos.
Detrás dos arbustos saíram Derrick Hunter e Marcus Flint.
- O Hunter quando soube que ias atrás da minha prima fez questão em garantir que não te magoavas. – esclareceu Draco.
- E ele? – Perguntou, deitando um olhar de desprezo a Flint.
- Quando soube que se tratava da Thanye, quis vir também. – disse, encolhendo os ombros.
- E tu, Draco? Porque vieste? – perguntou.
Antes de ele responder, alguém saiu detrás da cabana do Hagrid, o guarda-caças e dirigiu-se aos Slytherins.
- Potter? Que fazes aqui? – Perguntaram em uníssono.
- Trata-se da Thanye, ela é minha amiga e quero ajudá-la. – respondeu, a olhar para a Martha ignorando os outros três Slytherins.
- E tenho umas coisas a acertar com o Voldemort. – Respondeu, com os olhos a brilhar.
- Certo. Mas, hey... A Thanye não precisa de tantos guarda costas, nem eu! – respondeu Martha. – esse tal de Vold...
- Quantos mais melhor. – Disse Flint cortando a palavra a Martha.
- É isso mesmo. – concordou Draco. – Nunca sabemos o que podemos encontrar pelo caminho.
Flint pegou na varinha, e trocando um olhar com Derrick, foram á frente.
Martha foi andando atrás deles no meio de Draco e Harry.
- Obrigada. – sussurrou, dirigindo um sorriso a Draco.
Este fez um sorriso, mas um sorriso que Martha nunca tinha visto, era um sorriso doce.
Algo lhe dizia que ele não tinha vindo apenas pela prima, ou para encontrar Voldemort e sim também para garantir a segurança de Martha, ele se preocupava com ela e isso via-se no sorriso. Martha sentiu-se um pouco mais reconfortada, apesar de estar ainda muito preocupada com a amiga, não se sentia mais sozinha. E isso dava a esperança que tudo ia terminar bem.
- Eles os dois também estão...Ahm...Marcados, não estão? – Perguntou Martha, olhando para Derrick e Flint que iam à frente.
Draco acenou afirmativamente com a cabeça.
Martha resolveu não fazer mais perguntas e foi calada durante o resto do caminho.
”Estejas onde estiveres, mana, nós iremos encontrar-te.” Pensou.
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