Nem tudo o tempo curou
Era ainda madrugada quando a jovem chegou a Hogwarts. Todo o castelo ainda dormia, apenas os professores a receberam e foi automaticamente conduzida ao seu dormitório das masmorras, onde horas depois acabou por adormecer, dormiu apenas 10 minutos até ser acordada pelas suas companheiras de quarto que já falavam muito alto e desciam as escadas para a sala comum, Thanye, levantou-se e fez o mesmo.
Já se esquecera de como as masmorras eram frias, mas realmente em Hogwarts ela se sentia segura e bem, à hora do jantar já tinha recuperado toda a sua força, apesar do seu aspecto continuar a parecer esgotado.
Avistou ao longe, bem lá no fundo da mesa, a sua melhor amiga Martha. Ela esperava que a reacção da amiga fosse talvez ignorá-la ou indiferente. Tinha receio de se aproximar, mas lá ganhou coragem e foi.
Martha quando a avistou, levantou-se num impulso e correu até Thanye, abraçando-a muito forte.
- Fiquei tão preocupada. – Disse, apertando mais a amiga. – Nem acredito que estás aqui.
Thanye fez um leve sorriso.
- Agora sei que Hogwarts é a minha casa. – Disse a jovem. – Não vos vou abandonar mais...
- Nem devias ter saído daqui! – repreendeu a amiga. – Oh, mas agora o que importa é que estás aqui são e salva! Anda, guardei-te um lugar, sabia que virias.
Ela esboçou um sorriso e acompanhou a amiga, sentando-se ao lado desta.
Olhou em seu redor, enquanto enchia um copo com um pouco de sumo de abóbora, e reparou que alguém lhe acenava na mesa dos Gryffindor, era mesmo ele, tinha crescido tanto num ano só, era mesmo ele, estava diferente, um pouco mais alto e com um ar mais adolescente.
- Harry! – disse, retribuindo o aceno ao amigo.
Ouviu uma voz um tanto familiar por detrás de si, virou-se devagarinho para olhar. Draco estava diante dela com o seu sorriso escarninho.
- Olá Draco. – Disse, dirigindo um sorriso ao primo. Este respondeu com um breve aceno.
- Sabias que o Flint foi absolvido? – Perguntou á prima.
- O quê? – Perguntou ela, quase se levantando num impulso.
- Sim, foi isso mesmo que ouviste. Ele jurou ter sido vítima de maldição Imperius. E o melhor é que têm provas. Excelente, não?
- Não é possível! Isso é um ultraje! É um escândalo. – berrou indignada. – é tudo mentiras do Flint! Eu olhei-o nos olhos, e eles não estavam...
- Chega prima. Não podes fazer nada. Ele ganhou e agora? É a tua palavra contra a dele. – opinou ainda com o seu sorrisinho.
- E tu estás feliz? Estás feliz com a liberdade dele, Draco? Esqueceste-te de tudo que ele fez? – Perguntou Thanye, quase sacudindo o primo. – esqueceste-te da Hermione?
- Para que é que eu quero um sangue de lama? – perguntou ele cuspindo de seguida para o chão.
- Draco...Não! Tu não és assim... – disse com os olhos vidrados.
- Acorda para a realidade prima. Nós somos Slytherin, e temos de ser unidos. Todos. Percebes?
- Não... – Disse ela abanando a cabeça, não querendo acreditar no que ouvia. – Não percebo. E não acredito que isto esteja a acontecer. Por favor, diz-me que não é verdade Draco!
- Sabes prima, o Flint ainda não te esqueceu. Vocês não faziam um par nada mal... – começou, com o seu sorrindo, ignorando os comentários da prima.
- Nem penses! – Gritou, sentindo-se constrangida com tudo aquilo. – Nem voltes a falar-me dele, entendes? Não quero mais!
- Vá lá prima! Eu sei que ainda gostas dele.
- Não, não gosto! – bradou. – E se não te importas, vamos pôr um ponto final neste assunto!
- Como queiras... – Disse, encolhendo os ombros e em tom de indiferença.
Thanye levantou-se, preparando-se para sair.
- Ah! A propósito. Afasta-te do Potter, é mau para a nossa reputação. – concluiu ele, fazendo um sorriso ao canto da boca que lembrava muito Lucius.
A prima não respondeu, saiu do salão com Martha atrás de si com uma expressão indignada, pois Thanye tinha ficado toda a conversa a segurá-la para esta não armar intriga no meio do salão principal com o primo.
- Na próxima deixas-me desmontá-lo. – Pediu Martha, com os punhos fechados.
- Todo teu! – Exclamou a amiga.
- Por falar em desmontar, olha só quem está a vir. – Sussurrou Martha.
Derrick e Flint estavam a vir na direcção das jovens, mas claro que ela se referia ao Flint.
- Olá! – exclamou Derrick, dirigindo-se a Martha e cumprimentando a namorada com um beijo, Thanye cumprimentou Derrick normalmente, ignorando Flint completamente e desviando o seu olhar do dele.
- Que recepção, Crouch. – comentou Flint, com o seu sorriso sarcástico.
- Que queres? – Perguntou Martha, rispidamente. Ela odiava que magoassem a sua melhor amiga e, além disso, ela sentia um ódio de morte ao Flint.
- De ti nada. – Respondeu, ainda com o seu sorriso e examinando Thanye de cima a baixo. – Estou a ver que comeste adubo, miúda. Já pensaste em alistar-te na marinha? – Perguntou ironicamente.
- Essa foi a pergunta mais idiota que já ouvi em toda a minha vida. – respondeu Thanye, sem pestanejar. – Mas agora fiquei curiosa, Flint. Porque a pergunta?
- É que já marchavas. – respondeu, provocando risota geral na equipa que ia chegando pouco e pouco com os acessórios de Quidditch.
E sem dizer mais uma única palavra, virou costas e foi andando pelos corredores com a equipa atrás de si.
Thanye observava-os, estupefacta, enquanto Martha estava de braços cruzados, sacudindo negativamente a cabeça em sinal de discordância.
- Ainda sentes algo por ele, não sentes? – Perguntou Martha, com ar sério, quando a amiga se virou para esta.
- Achas? É claro que...
- Mana, tu não me consegues mentir. – Disse Martha. – Admite. Ainda gostas do Flint, nunca o esqueceste...
- Eu não...
- Thanye!
- Oh está bem, eu confesso... – Disse ela, a fitar o chão.
- Eu sabia! – disse a amiga, ainda de braços cruzados e virando costas em direcção da sala comum.
- Mana espera!... – Exclamou Thanye, correndo atrás da amiga. – Porque estás assim? Admiti não foi?...
Martha parou, respirou fundo e virou-se cuidadosamente para a amiga, olhando nos olhos dela e colocando a mão em cima do seu ombro.
- Tu vais sofrer. Eu sei que sim... – disse, desviando o olhar de Thanye.
- Eu sei... – concordou.- Mas não tenho culpa de gostar dele.
Martha olhou para a amiga com os olhos vidrados.
- Eu não quero que nada te aconteça. – Disse. – Outra vez não. Da última vez a culpa também foi dele e... – murmurou.
- Mas não tenho culpa de gostar dele! – insistiu.
- Desculpa... – concluiu.
Mas Martha já estava longe, correra pelas escadas que davam ás masmorras e desaparecera de vista.
- Lá por gostar dele, não significa que o queira de volta! – murmurou Thanye intrigada para si mesma. – Eu não sou masoquista...
- Acho. – disse num murmúrio surdo.
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