O “outro”



O “outro”

Mais um dia nascia, com um sol forte nascendo no horizonte como se nascesse nas águas azul profundo (ou serão verdes?), como se o oceano fosse a mãe do astro. Não havia nenhum vestígio da forte chuva que só parou um pouco depois da meia noite, só talvez algumas poças d’água em algum lugar, ou o fato das ondas avançarem um pouco mais que o normal. Esse novo dia talvez no Havaí fosse algum sinal de ótimas ondas para uns, mas em uma casa à mais ou menos um quilômetro de Honolulu, algumas pessoas tinham certeza que o dia seria algo muito parecido com a tempestade de outro dia.

Pelo menos no ponto de vista de seus mundinhos aos quais se prendem... aos quais todos sempre se prendem destemperadamente.

Nessa casa que agora se passa essa história, apenas duas pessoas já acordaram (eram apenas seis horas da manhã), mais detalhadamente, duas garotas. Mas por motivos bem diferentes, tenham certeza, já que esquecer de fechar a janela por completo, não somente os vidros, e encontrar uma forte luz no rosto de manhã não é de fato uma coincidência tão pequena que pode acontecer com elas. De fato só aconteceu com Mandy.

Já a outra...

... não conseguiu dormir quase nada, apesar de ter sido a primeira a ir para a cama. Tudo por causa da discussão da noite de ontem e na noite de anteontem. E pensando na discussão que talvez se resulte hoje. Todas as conclusões que ela conseguiu tirar foi um belo ‘Por quê?’, um ‘por que’ separado, no sentido de pergunta. Todas suas conclusões para suas perguntas eram na verdade perguntas. Que resultavam em perguntas e mais perguntas... e perguntas... perguntas...

Muito mais perguntas...

Todas sem uma resposta ao certo.

Perguntas.

Com algo em comum: todas talvez sempre chagavam a um fato. Para sua tristeza todas as perguntas chagavam sempre ao seu passado, no qual em sua nova vida fez questão de esconder de tudo e de todos. Era fato sabido para ela que nem Mandy sabia do passado de Lílian Evans antes de ir à escola de magia.

Uma coisa no meia dessas perguntas, ao menos (mesmo que esse ao menos seja muito negativo) uma coisa era sua conclusão. Sim, Tiago sabia muito bem do temido passado. Daqui a pouco com certeza faria uma pequena chantagem com a moça. Já podia até imaginar as suas palavras: ve

“Lilly, Lilly, Lilly... ou você saí comigo por, digamos, o tempo que eu quiser ou então, queridinha, serei obrigada a infelizmente contar para todo mundo algumas coisinhas.”

Que bela enrascada foi-se meter. Não bem ela foi-se meter, mas fora obrigada.

Por fim, com os olhos abertos, sem nem perceber que eles doíam por causa da luz do sol (num ímpeto de se levantar da cama e descer para preparar o café, se controlou e apenas abriu as janelas e voltou para a cama, se esquecendo que a janela ficava em frente à cama) de tão pensativa que estava, resolveu parar de pensar um pouco e descer para fazer algumas torradas, já que pelo que conhece de Mandy, já tinha acordado com o sol na cara e se tentasse fazer alguma coisa sozinha para comer, em alguns minutos a casa de Dumbledore estaria em chamas.

Riu-se com a imagem da casa queimando. Pelo menos alguns pensamentos eram a felizes.

Depois de trocar de roupa, quase entrando na cozinha

- Bom dia, Mandy! – Lílian entra na cozinha e vê sua amiga com alguns pedaços de pão na mão, os quais parecia que pretendia transformar em torradas. Só não tinha muita certeza se colocar aquela coisinha verde de aspecto pegajoso nelas seria muito legal.

- Bom dia, Lils. Dormiu bem?

- Bem... é... –olhou profundamente nos olhos terracota de Mandy, e sentiu que não poderia mentir por uma coisa tão banal, não para ela. Ela não era sua fiel melhor amiga desde quando pisou no tem da escola? – mal consegui fechar os olhos hoje.

A garota se virou. Mas não a tempo de esconder um riso reprimido nos lábios. Lílian se lembrou que estava com Mandy Langlie. Sua melhor amiga, mas não deixava nem por um segundo de ser Mandy. Esqueceu que ela tinha presenciado a pequena discussão da noite anterior.

- O que você tinha dito mesmo? “Olha, se você não consegue nem mesmo ter um bocado de bom senso nessa cara, não me venha falar dos meus problemas!”?

Ainda permanecia de costas para Lílian, mas qualquer um podia perceber que estava rindo um pouco, se segurando com certeza para não dar uma gargalhada.

- Não, foi “Olha, se você nem tem um pingo de decência nessa sua cara, não será você quem terá o direito de se meter nos meus problemas!”.

- Achei minha versão muito mais legal – se virou, ficando frente a frente com a amiga, já parecendo controlar um pouco seu humor, e tirou uma longa madeixa escura e espessa da cara.

Mandy olhou bem no fundo dos olhos de Lílian. Lílian olhou bem no fundo dos olhos de Mandy. E riram de um jeito nada reprimido.

- Deixe-me fazer essas torradas, Mandy –disse Lílian finalmente, ainda com um vestígio de risada na voz.

- Não precisa, Lils! – Mandy também tinha um vestígio de riso, mas seu tom também tinha desapontamento. – Eu faço as torradas! Fiz até uma coisinha para colocar nelas que minha mãe fez. Mas os que ela faz não fica verde...

Mais uma risada gostosa antes de colocar manteiga nos pedaços de pão que Mandy havia cortado.

- O sol hoje está muito legal... acho que vai dar para irmos para a praia aqui em frente. Quem sabe até Honolulu de novo? Lá parece ser tão legal! Deve ter ondas de verdade! Já imaginou aqueles mostrengos de quatro metros, heim, Lils?

- Eu desmaiaria antes de chegar na areia.

- Bom dia, senhoritas!

Uma voz ressonante e bastante animada chamou a atenção das duas. Remo já acordou e estava decentemente vestido, o que significa que ele não estava de pijama, e sim de roupas de dia. Um sorriso estampava seu rosto.

- Acordou mais cedo que o de costume hoje...

- Lílian, como alguém conseguiria dormir com vocês rindo daquele jeito? Não se procurem – riu – não foi por suas risadas nada escandalosas que acordei. Nem sei por que fiz isso na verdade.

- Mas os outros devem ter acordado!

- Não se preocupe, Lílian. O outro – trocou uma olhada significativa com Mandy, que segurava riso – tem um sono muito pesado, não acordou, com toda certeza!

A moça deu um sorisinho besta, o qual nem sabia o porquê dele ter brotado em seus lábios. Só pode agradecer muito ao pão que Mandy havia fatiado, pois sem eles, ela mostraria a risada boba para os amigos. Lílian tinha a desculpa de colocar ele não forno para se transformarem em torradas, assim virando as costas para os amigos.

- Foi “Eu nunca na minha vida pude imaginar que você seria tão, tão imatura a esse ponto, Evans. Pensava que você era outra pessoa. Mas com certeza essa Lílian Evans com quem sempre sonhei nem existe!” o que o “outro” te disse ontem.

Lílian só pode pensar uma coisa: como eles adoram ver os outros em situações embaraçosas por causa do “outro”. Em que mundo vivemos. E Remo já tinha acordado e estava me espionando! Eu! Sua melhor amiga!

- Acho que foi isso mesmo.

Coincidência ou não, os três amigos se sentaram à mesa ao mesmo tempo. Se algum deles percebeu o fato, ocultou. Era obvio que achava que houve risos por demais naquela hora. Ou então talvez tivessem medo que fosse mentira o que Remo disse, e que o “outro” tinha sono muito fraco, e teriam uma nova discussão em menos de doze horas.

- O dia parece estar muito bonito, não?

Remo tentou iniciar uma conversa depois de um ou dois minutos de silêncio, o tempo nos quais todos olhavam um para a cara dos outros.

- Bonitinho – murmurou Lílian, desinteressada.

- Esse dia está muito bonito, não? Nossa! E olha só as ondas lá fora! Já imaginou como vai ficar mais tarde? Enormes! Já imaginou como estará as ondas em Honolulu? Cheias de surfistas louros, bronzeados e burros!

A falta de interesse de Lílian era claramente recompensada pelo excesso disso em Mandy. Só que talvez fosse, começou Lílian a pensar sem perceber, meio indelicado falar de surfistas na frente de um garoto. Mas tudo bem que estava se tratando de Mandy: ela não sabe a hora de fechar a boca de vez em quando.

Só que não foi possível Remo dizer alguma coisa ou Lílian manifestar o que seu subconsciente dizia. Uns baços fortes e rápidos eram ouvidos pêlos três que estavam na cozinha. E tivesse alguém fora da casa também ouviria. Vinha da escada. Agora se aproximava mais e mais da cozinha... já estava muito perto da porta...

Sirius mostrou-se o dono dos pés que faziam tanto barulho. Estava decentemente vestido, assim como Remo, mas sua cara estava completamente amassada, como a de alguém que fora obrigado a acordar.

- Será que não se pode mais dormir um pouco nessa casa? Ficam fazendo barulho de madrugada? Será que não tem mais respeito nesse mundo pelas pessoas adormecidas não, heim?

Mais uma série de risos, as quais ofenderam muito Sirius.

- E ainda ficam rindo!

- Me desculpe, Sirius, é que você é o que mais fica fazendo barulho de madrugada quando estávamos na casa do Tiago.

A simples menção desse nome na sala fez com que todos se voltassem para Lílian, que parecia querer encolher em sua cadeira. Ficou vermelha de um segundo para o outro. Para tentar disfarçar isso, logo rumou em direção ao fogão com a desculpa perfeita de olhar como estavam as torradas, agora quentinhas e crocantes, ligeiramente coradas. Mas como Mandy, não conseguiu se virar a tempo, todos viram seu rosto queimando.

- Estão prontas.

Nem é preciso dizer que pelo cheiro que invadiu o ar da cozinha, as palavras foram muito desnecessárias.

- E então, por que estavam rindo tanto, garotas?

- Ah! É que...

- Era sobre a pequena briga de ontem, não era? O que vocês disseram mesmo? “Se você se acha tão superiora, Evans, por que fica se escondendo como uma louca atrás de uma imagem tão certinha? Por favor! Não somos todos burros! Sabemos muito bem quem você é. ”

Como Lílian naquela hora queria desesperadamente sumir. Ou no mínimo para de ficar vermelha toda vez que alguém falava de alguma parte da grande briga de ontem.

O mundo é uma coisa estranha. As pessoas sempre querem ver as outras em situações em que elas fiquem embaraçadas. E essas pessoas talvez sejam seus próprios amigos. Todo mundo quer que todo mundo se de mal para que possa tirar um sarro da cara dessa outra pessoa. E ninguém gosta de que riam da sua própria cara. É muito constrangedor. Mesmo assim continuam a teimar!

- E o que você mesmo respondeu mesmo?

- Ela respondeu “E o que eu sou, Potter? Sou sua igual, como você pensa? Não, não sou. E não me acho sua superiora, sou superiora a você. Todos não superiores a você.”

- E o que ele respondeu mesmo?

Ninguém respondeu a pergunta de Mandy. Não por falta de interesse, mas porque outra pessoa estava descendo as escadas do mesmo jeito que Sirius havia descido. Lílian sabia bem quem era ela, pois corou mais um pouco. Na verdade, todos sabiam, já que seus olhares revezavam da porta para Lílian.

Estavam certos. Em poucos segundo Tiago apareceu na porta da cozinha, com o cabelo bagunçado de quem estava dormindo e com a cara normal de quem não estava dormindo.

Lílian pega uma torrada e morde com força.

- Bom dia – péssimo dia era o que na verdade o que Tiago queria dizer.

Sussurros de bons dia em resposta.

- Vejo que caiu da cama hoje, Pontas! – brincou Sirius.

- É, caí mesmo – todos se voltaram para ele (eu digo todos se voltaram para ele pois Lílian estava evitando olhar para o garoto). – Sabem, o “outro” aqui tem sono fraco.

Lílian, Mandy e Remo franziram a cara. Será que ele estava ouvindo a conversa? Seus risos eram escandalosos, mas quando falavam, falavam baixo.

Sirius que não entendeu o que Tiago quis dizer, apenas pegou uma torrada, mordeu e falou:

- Que coisa verde e que cheira mal é isso?

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