O conto doss 3 surfistas
O conto doss 3 surfistas
O que nós vamos fazer hoje? – perguntou Mandy muito animada, enquanto todos seus amigos estavam na sala assentando-se nos sofás azuis e amarelos.
Não era bem as palavras “estavam na sala”. Na verdade o que estavam fazendo era olhar um para a cara do outro, desde a hora que todos tomaram o café (e Lílian fez questão de jogar a gororoba verde de Mandy disfarçadamente fora para não magoar a amiga), sem falar nada. E o dia ainda estava ensolarado, e o sol parecia que não iria ceder seu espaço para nenhuma chuva ou nuvem. O mar também brilhava como o sol, jogando ondas monstruosas em direção da casa. E também estava muito quente, e a água muito fria (não tão fria assim). Ninguém não tinha nenhuma obrigação para fazer o dia inteiro...
E eles continuavam a olhar um apara a cara do outro.
Isso pelo menos até que Mandy decidisse quebrar o silencio que pairava o ar. Mesmo assim recebeu olhares assassinos. Como se ninguém quisesse que alguém falasse alguma coisa.
Nada.
Olhares assassinos em direção de Tiago. Mas era muito mais leves do que os que todos lançaram em Mandy, mostrando claramente que sem nenhuma dúvida haverá em poucos intentes uma conversa. Ou briga.
Sei lá, a gente podia sair, para... para um piquenique na paria? Ou alguma coisa assim? Quem sabe ir à Honolulu de novo.
Não acho uma boa idéia.
Pois eu acho.
Parecia que uma outra briga Tiago versus Lílian iria começar. E isso seria muito mais interessante que olhar um olhando civilizadamente para a cara do outro, ou seja, não trocarem nenhuma palavra. Mas essa não foi a opinião que se situava na cabeça de Remo.
Não acho que seria muito legal a gente ir para a cidade hoje. Nós estivemos lá ontem mesmo. Nada vai mudar lá durante uma noite, não terá nenhuma novidade. Talvez amanhã... ficar em casa de vez em quando é bom...
Só que hoje tem sol, essa é a grande novidade, Aluado. Ou será que existe o sol da meia noite aqui e não percebi.
Concordo com o Pontas, Aluado.
Mandy trocou um olhar com Lílian. Dizem que as mulheres tem o sexto sentido, e as duas podem simplesmente comprovar a teoria, já que logo descobriram o que significava para os garotos ir à Honolulu num dia de sol. Qualquer garota sabe.
Vocês querem ir à praia para ver as meninas de biquíni? – perguntou Mandy sem constrangimento de dizer isso.
Mandy é uma pessoa um bocado entranha no sentido de ser tímida e não ser tímida. De vez em quando ela é a pessoa mais envergonhada do mundo, e no outro parece que a extroversão é o dom que Deus deu em mais quantidade para ela.
Mas voltando à história, foi a vez de Tiago e Sirius se entreolharem. No subconsciente deles, era isso mesmo que eles queriam fazer, e no fundo apesar de se esmurrar figuradamente por isso, Tiago queria mesmo era ver uma certa ruiva de biquíni.
Mandy... – começou Sirius, ele sim muito constrangido de falar do assunto para uma garota – não é bem isso que a gente iria fazer lá na cidade. Nós, eu e o Pontas, queríamos só pegar umas ondas, esses negócios. E não foi idéia sua ir para lá?
E desde quando vocês sabem surfarem?
Os dois deram uma olhada mortífera em Remo.
Desde ontem. O Pontas e eu sabemos surfar muito bem.
Não acho que é uma boa idéia aprender a surfar no Havaí. – Lílian finalmente se manifestou depois de dizer que não quer ir à cidade. Estava quietinha afundada no sofá ouvindo as munições que seus amigos tinham para soltar uns nos outros. Também queria participar da guerra. Parecia que depois daquela briga encontrou sua verdadeira vocação: guerrear.
Por quê? – perguntaram todos menos Remo.
Bem, é que as ondas do Havaí são umas das mais gigantes do mundo. São muito perigosas. E um pouco impossíveis de pular no ano novo. São umas verdadeiras ameaças para quem quer se aventurar a aprender a surfar, as ondas. Vocês podem ter alguns ossos quebrados com o impacto da quebra da onda.
Isso é verdade - concluiu Remo.
Apesar de que eles vão ir lá só para ver as garotas de...
Tudo bem, a gente não vai mas ir para Honolulu, certo – Tiago quase berrava de irritação. – Vamos ficar por aqui mesmo!
Eu pelo menos vou para lá.
Todos olharam para Sirius.
Eu vou. E se vocês quiserem ir, tudo bem. Podem fazer uma cesta de piquenique ou alguma outra coisa, para me vigiar, mas eu vou!
Então eu também vou – declarou Remo. – Alguém tem que vigiar esse maluco para que não vá quebrar uma costela.
Então vai todo mundo! Mandy, vamos trocar de roupa?
Vamos.
E elas subiram as escadas correndo. Mas lá do alto, os garotos puderam ouvir a voz de Lílian.
Não é por nada não, mas não se pode levar comida para a praia, é lei aqui. Ou ao menos em centenas de praias no mundo é.
Mas tarde, depois de comprovarem que não é bem as mulheres quem demoram para trocar de roupa...
Eles já estavam na praia de Honolulu, comprovando o fato de que somente nos filmes é fácil encontrar algum lugar decente para colocar o guarda-sol na alta temporada. Já estavam andando a um bom tempo de dez minutos caçando uma brecha em meio das barracas multicoloridas.
E isso talvez em algumas condições fosse pouco tempo, mas nas condições deles era muito sacrificante. Eles já tiveram que andar um bom tempo embaixo do sol só para chegar na cidade. A única outra louca que como eles estava andando naquela estrada era uma lourinha com os óculos escuros grandes demais para sua cara e cabelos tampando o rosto, o que deve tê-la feito transpirar muito. Um típico exemplo d que quando pensamos que algo está ruim, sempre para alguém está pior. Essa lourinha entretanto estava andando em direção oposta a eles, de modo que não tiveram a oportunidade de perguntar se ela era doida ou o que para no calor do Havaí usar roupas negras e longas e um lenço na cabeça.
Quando no meio da paria Tiago perguntou se a lourinha era muçulmana (ele tinha aulas de Estudo dos Trouxas e sabia da existência desse credo) eles acharam finalmente a brecha tão sonhada. Pena que se situava justamente ao lado de uma barraca com alguns turistas que falavam algumas língua que eles não sabiam qual ser, e falavam alto.
Eles arrumaram a esteira, colocaram o guarda sol com cores chamativas que acharam em um canto da casa e o acampamento já estava pronto. E os garotos também já estavam prontos, mas para cair na água com uma prancha.
Remo, você tem certeza que não quer mesmo ir com a gente? – perguntou Sirius, já andando em direção aos guias que os ensinariam a surfar..
Não – respondeu ele sentado na esteira – prefiro ficar por aqui mesmo e poupar meus ossos de serem quebrados nas ondas.
Então está bem.
E eles se foram. Mas não antes de Tiago olhar significativamente para Lílian, que sem notar, correspondeu o olhar. E ambos sem notar, desviaram o olhar, como se culpassem os olhos de um estar no campo de vista do outro.
Depois disso, os três que por lá permaneceram, Lílian, Mandy e Remo, não trocaram nenhuma palavra.
E não tardou muito para aparecer mais alguns personagens na história naquele dia. Pessoas daquele tipo que não faziamos a mínima idéia que existiam e que foi por um acaso que aparecem em nossas vidas.
Um barulho invadiu o guarda sol que os amigos ficavam. E não era os turistas engraçados que falavam alto uma língua estranha à eles, era um grupo que eles entendiam de fato o que falavam.
Mandy foi a primeira a se virar, uma coisa que Remo fez depois e, Lílian em seguida do amigo.
Era um pequeno grupo composto por três pessoas, que encaixariam perfeitamente na definição da garota quando pisou pela primeira vez em Honolulu: um bando de surfistas com horríveis cabelos louros oxigenados com o corte mal feito e o nariz descascando por causa do sol e pele grudenta de quem fica no mar semanas e não toma banho, vivendo no nada com o lema “Paz e Amor”, e provavelmente não se importariam de viver em choupanas, desde que fosse em frente às um lugar com ondas boas.
Na verdade eram dois homens e uma garota, e todos pareciam ter a mesma idade da trupe. Eram todos muito altos, com a pela bronzeada, em algumas partes descascada (mas mal dava para perceber de longe), cabelo pintado de louro, e, apesar de já estarem molhados, seus cabelos mostravam os danos de usar água oxigenada: estavam arrepiados e estragados.
Talvez eles nunca olhassem um para a cara do outro outra vez na vida, nem dirigir alguma palavra. Mas isso não ocorreu, já que o sol estava forte.
Por alguma razão, nem Lílian, nem Remo e nem Mandy se lembraram de trazer óculos de sol, o que foi uma idiotice, já que todas as vezes que viravam o rosto um pouco em direção do sol, seus olhos já marejavam lágrimas. Se eles não quisessem desabar em lágrimas no meio da praia, eles tinham que fiar olhando o mar todo o tempo.
Mas Mandy teve uma grande curiosidade de como seria as aulas de surfe de Tiago e Sirius, que ficava um pouco atras da esteira deles. Não sabendo o porquê, levantou-se um pouco, dando sem querer alguns paços para frente, já um pouco tonta de olhar para o sol e, quando deu por si, estava caída na areia.
Com quatro pessoas rindo.
Ai, meu Deus, me desculpa, foi sem querer! Eu não estava vendo nada por causa da luz do sol, aí eu me levantei, cambaleei e acabei esbarrando em você! – Mandy logo foi-se desculpando, para o garoto que estava também caído no chão, já que ela logo percebeu que foi por causa dela que ele havia caído. É bem desagradável para qualquer um cair em público, principalmente quando se esbarra num desconhecido.
Ah, garota, não foi nada não – ele também parecia constrangido, como se fosse ele que esbarrou em Mandy.
Legal, caras. Eles são turistas que de fato falam inglês – a menina bronzeada começou a falar em um tom de quem quer conversar. Remo entendeu o tom e também começou a conversar com eles, mas não antes de se levantar e, gentilmente ajudar Mandy a levantar-se.
Como vocês sabem que nós somos turistas?
O outro garoto, o que não estava no chão se levantando, também quis conversar com eles, já que é muito desagradável ficar somente escutando as pessoas falar.
Pela pele.
O que era verdade. Perto daqueles surfistas de pele molhada e suja de sal, mas dourada, eles eram apenas bonequinhos de neve. Lílian e seus amigos olharam ao redor: todos estavam dourados, vermelhos, eram raros as pessoas sem se bronzear, desbotados como eles, e pelo jeito estava tomando já banho de sol. Suas caras logo tomaram um tom avermelhado de vergonha.
Ah, ah! Mas não se preocupem, - garantiu a garota – ao menos vocês falam inglês de maneira decente. A maioria dessas pessoas ficam tentando falar nossa língua mas não consegue, ficar uma coisa ridícula, do tipo “Mim quer não nadar na prancha”. Onde é que vocês aprenderam inglês? Na França?
Não – intrometeu-se Lílian – somos ingleses.
A Inglaterra! Legal! Eu sempre quis conhecer a Inglaterra.
Logo deu-se para perceber que talvez Mandy nem tenha esbarrado no rapaz. Talvez ele tenha tropeçado na areia e derrubado Mandy. O garoto que havia se levantado tinha um ar um tanto idiota
Lílian, escondendo um risinho, desviou o assunto.
Ainda não nos apresentamos. Meu nome é Lílian Evans, este aqui – apontou Remo, que deu uma abanada com a mão como se desse um tchau – é Remo Lupin, e essa – Mandy sorriu – é Mandy Langlie.
Nossa, que legal se apresentar com os sobrenomes! Bom, meu nome é Cee Cee Ross – a menina apontou-se, como se estivesse falando para algum turista, já que talvez ela não tenha entendido bem que eles de fato falavam inglês – esse aqui é o Scott Harris – apontou para o garoto que não mostrou que eram um gênio nem um idiota – e esse é o Bob Chaucer – apontou para o garoto que provou ser um idiota.
Algumas vezes (sempre) que somos apresentados a alguém, ocorre um momento desagradável de “alguém fala alguma coisa”. E quase nunca as pessoas se sentem à vontade de falar. Aquela apresentação não foi uma exceção a regra. Passaram uns bons segundos sem se falarem, até que a garota chamada Cee Cee resolveu falar alguma coisa:
Acho que talvez sejamos grandes amigos. Nunca na minha vida tinha visto estrangeiros que não sejam americanos aqui que de ato falem inglês...
Também acho que sejamos amigos – falou Lílian, estendendo a mão, mas logo percebendo que não era muito comum entre os surfistas apertar a mão quando se é apresentado alguém.
Lílian sentiu-se estranhamente inglesa.
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