O Misterioso Fundador
Capítulo 3: O Misterioso Fundador
- Bom dia, bela adormecida! – ouço uma voz conhecida sussurrando em meu ouvido.
Abro os olhos lentamente, sentindo a luz do sol ofuscar minhas pálpebras e me espreguiço. Olhos verde-vivos me fitam divertidos. Harry abre um sorriso e me dá um leve beijo. Sinto-me tonta, minha cabeça está latejando e eu tento me lembrar dos últimos acontecimentos.
Será que esqueci alguma coisa?
- Preparei seu café com tudo que você gosta. – Harry me estende uma bandeja repleta de frutas frescas, um copo de leite, biscoito integral e cream cracker.
Olho surpresa para tudo aquilo. Mas não é bem uma surpresa boa. Não gosto de leite puro e muito menos de cream cracker. Na verdade esse é o café que tomava obrigada pela minha querida cunhada Fleur antes de eu sair de casa. Para mim o melhor café da manhã é suco de abóbora com muffin ou brownie de chocolate. Mas isso poucas pessoas sabem...
Consigo fingir uma enorme felicidade por ver aquela bandeja e lhe dou um enorme sorriso. Harry se levanta e se senta ao meu lado, dando-me espaço para me sentar e comer algumas frutas. Percebo que ele está com um roupão branco felpudo e com os cabelos mais bagunçados que nunca.
Mas, pensando bem, que outro cara traria café da manhã na cama para a namorada sem motivo aparente?
Claro, só o Harry.
Sinto uma pontada de orgulho e me estico para beija-lo.
Eu tenho muita sorte de tê-lo. Essa é a pura verdade.
- Como você está se sentindo hoje, futura Sra. Potter?
Ah, meu Merlin.
Eu sabia que tinha alguma coisa...
Casamento... Casar com Harry... Ser Sra. Gina Potter.
Por um momento senti que nunca havia ido a França, que nunca tinha entrado naquele avião louco e muito menos que Harry me pediu em casamento na noite anterior. E então tudo volta a tona, minha cabeça dói mais ainda e me sinto zonza.
Combinamos na noite anterior que contaríamos aos poucos para os parentes, amigos e colegas de trabalho sobre o casamento e daremos uma festa de noivado quando estivermos preparados. Enquanto isso, nós vamos começar a pesquisar com calma um lugar para morarmos, o vestido, buffet, salão de festas, essas coisas.
Uma onda de orgulho me invade. Sinto-me como se tivesse ficado adulta e madura da noite para o dia. Estou noiva! Vou me casar com o Harry!
- Estou bem, só me sentindo um pouco tonta. – respondo, tomando um gole de leite. Ele afaga carinhosamente meus cabelos.
- Tem outra coisa que eu queria te perguntar... – ele desvia os olhos do meu. Parece nervoso. – Talvez você não goste, é só uma idéia. – ver o “Menino que Sobreviveu” e que liquidou Você-Sabe-Quem nervoso perto de mim chega a ser engraçado. Eu sou mais maléfica que o próprio Aquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado! – Eu estava pensando que...
Ele parece realmente sem graça. Olho-o começando a ficar perplexa.
Ah, meu Merlin! Será que ele vai começar a mostrar alguma tara? Será que ele quer que eu realize alguma fantasia sexual sacana?
Bem, eu não me importaria em usar alguma fantasia, bancar uma enfermeira ou a Mulher-Gato. Na verdade sempre tive uma vontade de fazer isso. Seria maneiro. Posso arranjar botas pretas brilhantes e uma roupa realmente...
- Eu estava pensando se a gente poderia... Começar a se chamar de “Querido” e “Querida”.
- Hã?! – olho para ele de um jeito débil, sem realmente compreender.
- É só que... Nós namoramos há três anos, sem contar o tempo que te conheço e aqueles meses de namoro de quando éramos adolescentes. E eu percebi que nunca nos chamamos por nomes carinhosos ou apelidos.
Isso não é verdade. Como em três anos de namoro sério nós nunca nos chamamos de “querido” ou “amor”?
Claro que já.
Eu sei que já. É praticamente impossível isso não acontecer com os casais.
E na verdade, por que eu vou chamar o Harry por apelidos? O nome dele, assim como o meu, já é pequeno, para que apelidos?! Com certeza chamá-lo de Há ou Ry é ridículo.
Lembro-me de vários momentos bons que passamos juntos, em que normalmente os namorados inventam apelidinhos fofos ou falam duzentas vezes “meu amor” e “querido”. Me vem na cabeça uma noite que passamos em um hotel chiquíssimo, que chamei-o de Harryzitiozinho e ele me chamou de Ginnytchutchuqinha. Mas estávamos bêbados, então não conta.
Pensando bem, ele tem razão. A gente nunca se chamou por palavras carinhosas. Por que?
- Só se você quiser... – ele me lança um olhar apreensivo.
- Claro. – respondo e abro um sorriso. – Você está certo. – pigarreio. – Querido.
- Sim, querida. – ele ri e me beija.
Eu sorrio, ignorando os chamados na minha mente.
Isso não está certo.
Não devia ser assim.
Eu não me sinto uma querida, não como minha mãe se sente todo o dia que vê meu pai.
- Hem, hem. – ouvimos um resmungo vindo da porta aberta. Meu irmão passa pela gente, e nos lança um olhar mal-humorado.
Harry pula assustado da cama e eu me cubro até o pescoço com as cobertas.
Harry e Rony, meu irmão, dividem um apartamento na Londres bruxa. E não é por falta de dinheiro ou coisa assim, se quisessem, eles podiam ter uma mansão feita de ouro e diamantes.
Meu irmão é goleiro do melhor time de quadribol da Grã-Bretanha, e, atualmente, é considerado o melhor goleiro do mundo. Desde que ele virou jogador profissional, depois da II Guerra, começou a ficar muito famoso, a ser agarrado por fãs e a viver sendo perseguido por repórteres. E ele adora isso, totalmente ao contrário de Harry, que praticamente vive como um camaleão, se camuflando em todo lugar que chega.
O bom de se namorar o colega de apartamento do irmão é que minha colega de apartamento, a Mione, namora o Rony também. Sempre combinamos de quem vai passar no apartamento de quem, para não acontecer momentos sem graça como esse, e haver o perigo de meu irmão me encontrar nua na cama de seu melhor amigo. Mas pelo jeito hoje isso não deu muito certo.
- O que o Rony esta fazendo aqui? Ele não devia estar com a Mione? – sussurro para Harry depois que meu irmão desaparece.
- Você sabe, aquelas briguinhas de sempre. Não entendi muito bem qual foi o motivo. – Harry dá de ombros.
Solto um suspiro. Apesar de estarem namorando há praticamente o mesmo tempo que eu e Harry, Mione e Rony vivem brigando.
- É melhor eu ir trabalhar antes que seu irmão arranque minhas tripas. – ele se levanta e paga suas vestes bruxas dentro do armário (muito bagunçado, por sinal). – Te vejo mais tarde, querida?
- Claro... Querido. – completo.
Viu, é fácil.
Ah, meu Merlin.
Devidamente vestida, aparato do prédio bruxo onde Harry e Rony moram e chego no fundo de um beco ao lado do prédio em que moro com Hermione e Charlotte, na Londres trouxa.
Mione comprou o apartamento para que seus pais pudessem visitá-la assim que se formou. Isso foi na mesma época em que eu estava farta com o excesso de proteção que recebia de meus irmãos e com a chatice da Fleuma. Mandei uma carta para Hermione na mesma hora em que ela fez a compra, perguntando se eu podia morar com ela. Ela adorou a idéia e eu pago aluguel muito mais baixo que o normal (o que é muito bom para o salário lá não muito bom que ganho do Ministério).
Subo as escadas (tem elevador no prédio, mas desde o episódio do avião decidi cortar os transportes trouxas da minha vida. E pelo menos assim eu faço algum exercício físico) e entro em nosso apartamento. Quem vê, pensa que realmente somos trouxas. A cozinha é cheia de aparelhos eletrodomésticos, como fogão, microondas, lavadora de roupas, de louça, e todos aqueles outros aparelhos que ainda não gravei o nome. A sala tem uma televisão, aparelho de som, telefone, e todas as outras coisas que os trouxas adoram (e eu até hoje não sei mexer muito bem). Mas por dentro de nossos armários e em outros cantos escondidos, está repleto de coisas mágicas. Só espero que nenhum visinho trouxa nosso descubra...
No meio da sala, Mione está deitada no chão de bruço, em cima de um tapete claro, lendo com fervor um jornal que reconheço ser o Profeta Diário e ao lado dela só se vê pergaminhos, penas e relatórios de trabalho.
Para mim, Mione trabalha de mais. Ela é simplesmente fascinada por trabalho, às vezes acho que muito mais do que era por estudos antigamente. Tem um emprego ótimo no Ministério da magia, como uma das chefonas do Departamento de Leis Mágicas. Em pouco tempo, ela se tornou super importante no mundo da magia. E nada a faz pensar que ela merece umas boas férias.
- Olá. – digo, chamando sua atenção.
Mione levanta a cabeça, surpresa.
- Gina! – ela dá um pulo e me abraça apertado. – Como você está? Está tudo bem? Fiquei tão preocupada com você! – ela me solta, me fitando com seus olhos castanhos preocupados.
- Estou melhor.
- Não te esperava tão cedo... E então? Como foi a viagem? Você nos deu um baita susto!
- O pior já passou. – sorrio a ela. – O importante é que agora estou com os pés no chão.
Ela ri e me faz me sentar no sofá, enquanto entra na cozinha e trás um bule de chá e xícaras para nós.
- Ainda trabalhando naquele julgamento? Muita confusão ainda? – pergunto, lançando um olhar para os relatórios e para o jornal.
- Não. Estava lendo uma matéria do Profeta. – sua expressão sorridente se desfaz e ela morde o lábio de um jeito raivoso, me lançando com força o jornal.
Uma matéria intitulada “Os 100 Solteiros Mais Cobiçados da Grã-Bretanha – Lindos, Ricos e Famosos” ocupa toda uma página.
- Lê isso. – Hermione aponta com ferocidade para uma foto de Rony sendo abraçado por uma ruiva. Ele sorri e dá uma piscadela. Em baixo da foto há as palavras:
Nº 43: Ronald Weasley.
Idade 26 anos. Rony é conhecido como o melhor goleiro de quadribol atualmente e o garoto propaganda mais bem pago. Natural de Londres, vem de uma família bruxa humilde. Estudou em Hogwarts com seu melhor amigo, Harry Potter, antes de ingressar no mundo dos esportes. Atualmente solteiro. Sua fortuna está em volta de 10 milhões de galeões.
- Viu?! – ela exclama, com um olhar furioso para as letras “atualmente solteiro”. – Desde quando ele está solteiro?! Bem, se ele não estava, é agora mesmo que vai estar! E eu que vou dar fim nisso! – ela olha com nojo para a ruiva que se agarra em seu pescoço. – E ainda por cima fica se esfregando nas outras! Era por isso que não queria que eu fosse naquela comemoração da sua última vitória! Para poder ficar se agarrando com as fãs!
As brigas entre Mione e Rony são sempre pelo mesmo motivo: ciúme. E também por que meu irmão é o ser mais idiota do mundo.
Além disso, Rony adora o sucesso que faz e ultimamente vem trocando a Mione por noitadas em hotéis chiques com fãs o bajulando e está começando a não querer mais que ela vá com ele para as festas de comemoração. Rony adora aparecer com essa imagem de homem maravilhoso e seguro, e a única mulher que ele perde totalmente a segurança e fica parecendo um moleque inexperiente é ao lado de Mione, e sempre acaba fazendo alguma besteira.
- O que aconteceu dessa vez com vocês? - olho para Mione de um jeito consolador, esperando que ela chore, faça um estardalhaço ou qualquer coisa do tipo.
Ela solta um suspiro.
- Quer saber? – ela repentinamente muda sua expressão. – Tenho muito mais que fazer do que me importar com seu irmão! Afinal, agora ele está solteiro, não é? Então que aproveite muito bem! – Mione dá um fim na conversa, e pelo jeito ela já deu um fim no namoro também. Ao contrário do meu irmão, Mione é a pessoa mais segura de si que conheço. Pensando bem, até que eles se completam. – Me conta, você e o Harry? Está tudo bem?
- Ótimos. – ainda é cedo para falar do casamento.
- Ah, ele também foi escolhido como um dos 100 solteiros mais cobiçados! – ela folheia as páginas.
Ali está um foto de Harry com suas vestes de trabalho, em que, diferente da de Rony, ele não está olhando para a câmera. Na verdade, parece nem ao menos querer falar com os jornalistas. Como normalmente o Harry faz.
Nº 27: Harry Potter.
Idade 26 anos, Harry Potter, ou o “Menino Que Sobreviveu” é órfão desde seu primeiro ano de idade, quando seus pais foram liquidados por “Você-Sabe-Quem” e desde então convive com a fama de ter acabado com o bruxo mais temido sendo apenas um bebê. Natural de Londres e com a farta herança que seus pais deixaram a ele ao morrerem, estudou em Hogwarts, onde muitas vezes se reencontrou com “Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Com dezoito anos destruiu “Você-Sabe-Quem” na II Guerra, livrando definitivamente o mundo bruxo das trevas. Fez o curso de Aurores e atualmente trabalha como Inominável no Departamento de Mistérios no Ministério da Magia. Namora há alguns anos Gina Weasley. Sua fortuna está em volta de 18 milhões de galeões.
Por um momento fico boquiaberta. Namoro com o 27º solteiro mais cobiçado da Grã-Bretanha!
Mione volta a olhar a foto de Rony sendo abraçado pela tal ruiva. Então, com um olhar raivoso, ela joga a revista com força na lareira e pega um pergaminho com palavras cruzadas ao seu lado.
Normalmente as mulheres quando brigam com o namorado comem sorvete e chocolate feito doidas, vendo filmes de romance, ou se trancam no quarto até apodrecerem. Já Mione é diferente. Quando ela briga com o Rony (o que praticamente acontece uma vez por semana), ela afoga as mágoas em palavras cruzadas ou se trancando no escritório e trabalhando dia e noite feito louca.
- Sabe, às vezes tenho inveja de você e do Harry... – Hermione me faz voltar a realidade.
- Quê? Por que?
- Porque vocês são o casal perfeito! – ela exclama, fazendo movimentos com as mãos. – É simplesmente O Casal! Ele te ama, demonstra isso, te respeita e vocês se dão bem! O Harry é maduro, não é que nem o seu irmão que mais parece um pré-adolescente de 13 anos que fica todo animado só em ver umas revistas de umas mulheres peladas! – é, a Mione até que tem razão. – Sabe, às vezes queria que o Rony amadurecesse como aconteceu com o Harry, aí de repente pararíamos de brigar por besteiras! – ela me lança um olhar triste.
- Mas eu e o Harry brigamos, Mione. Não somos tão perfeitos assim. Somos comuns, como todo o casal.
- Claro que são perfeitos! – Mione está me olhando, incrédula. – O Harry age como homem, é romântico, te leva para jantar em restaurantes chiques, não te troca por festas, trata as fãs como simplesmente fãs, e não como mulheres que servem para agarrar, adora passar a noite em casa com você, odeia repórteres, te dá presentes, nunca discute, nunca briga...
- Claro que a gente briga e discute! – e é verdade. É impossível existir um namoro de três anos sem discussões.
- Ah, é?! Quando foi a vez que vocês tiveram uma briga feia?
- Muitas vezes! Lembra quando éramos adolescentes que tivemos uma briga feia porque ele queria ir atrás de “Você-Sabe-Quem” – ainda não consigo falar o nome. – e ele me proibiu de ir com ele ou de fazer qualquer outra coisa e queria que eu ficasse praticamente trancada no quarto sem mexer um dedo sequer que fosse? – Mione me lança um olhar impaciente.
- Gina, ele fez isso para te proteger! Se eu tivesse um cara que brigasse comigo para me proteger eu estaria dançando a conga! E estou falando do namoro de vocês agora. – Bem, pode ser mesmo que essa briga tenha sido diferente da maioria dos casais e foi há bons anos atrás. Mas eu fiquei com muita raiva. Então continua sendo uma briga.
- Mas já discutimos outras vezes. – Tudo bem, de repente não foi como as discussões entre o Rony e a Mione, mas a gente com certeza já discutiu.
Reviro o cérebro, tentando me lembrar de alguma discussão.
Quer dizer, é claro que temos discussões.
Todo casal tem. É praticamente uma lei de quando unimos um homem e uma mulher, pode esperar uma discussão. Nem que seja quando o homem está que nem um abobalhado olhando para o decote de uma boazuda e a namorada fica reclamando e dando ataques de ciúmes, e o homem reclama de sua possessividade, que nem ao menos olhar ele pode.
Essas coisas do dia-a-dia. Sempre acontece. O Harry com certeza já andou alguma vez na rua olhando para o decote de alguma mulher. Eu tenho certeza.
Os conflitos fazem parte do romance. É o que torna as coisas ardentes.
Isso é saudável. A gente já teve alguma discussão...
Ah, qual é! Isso é idiota! A gente deve ter...
Isso. No último Natal, quando Harry teimou que o vinho branco só podia ser feito com uva verde e eu disse que podia ser feito com as duas uvas, vinho era só da polpa, não dependia da casca.
Eu sabia. Já discutimos. Somos normais.
- Isso é a matéria dos 100 solteiros mais cobiçados? – pergunta Charlotte, batendo os saltos finos na sala. – Ah, eu participei da montagem da matéria. – ela olha para a foto de Rony. – Essa festa foi semana passada, não? Fui convidada, Rony estava em volta de milhões de fãs.
Mione lança um olhar perigoso para Charlotte, que sorri falsamente.
Mione e Charlotte não são bem melhores amigas, elas... Se suportam. Apenas se consideram colegas de apartamento. Mas pelo menos nunca brigaram ou coisa assim.
Eu me dou mais ou menos com a Cherlotte. Quer dizer, ela é legal, mas vive falando coisas como: “Se quiser ter uma pedra no dedo”, “Se quiser ser conhecida como uma anfitriã realmente boa”, “Se quiser morar em um castelo na Escócia”...
Bem, eu não ligaria em ter uma pedra no dedo, ou em ser conhecida como uma anfitriã realmente boa, ou em morar em castelo. Mas você sabe, isso não é minha lista de prioridades.
Charlotte trabalha no Profeta Diário, em uma coluna nova que abriu de fofocas e de sempre trazer alguma coisa sobre “Os 100 Mais...” e coisas do tipo. Imagino que seu pai pediu para abrirem essa nova coluna dando uma bela grana para o diretor do jornal para ela ter seu emprego dos sonhos. Apesar disso, Charlotte parece viver se depilando, fazendo penteados, pintando os cabelos, repuxando e massageando partes do corpo, se bronzeando e verificando o salário de todo cara que se aproxima dela.
Mas na verdade ela se dá muito bem no trabalho, a maioria dos famosos (em exceção do Harry) que normalmente aparecem nessas matérias a adoram. Só não me pergunte o porque.
- Então, Gina, é verdade que você vai morar com o Harry? – ela pergunta borrifando um perfume francês em miniatura (mas que o preço não é nem um pouco em miniatura) que sempre carrega em sua bolsa no seu pescoço fino, balançando os cabelos longos e loiros suavemente.
- Como você sabe?! – olho-a, boquiaberta.
- Encontrei o Rony essa manhã e ele me disse. – Charlotte está fazendo de propósito para irritar Mione. Na verdade ela nem ao menos é amiga do Rony, só finge ser nas festas.
- Que história é essa, Gina?! – Mione vira-se bruscamente para mim. Seus lábios tremem de irritação. Isso não é um bom sinal. – Por que não me contou?!
- Eu ia contar. – me defendo. – Então, o que acha?
- Você aceitou? – Charlotte pergunta, se mirando em um espelho da maquiagem que carrega na bolsa. – Tática muito ruim.
- Tática?! – Mione olhou exasperada para Charlotte. – Eles estão namorando, não jogando xadrez!
- O namoro é um jogo de xadrez. Mamãe sempre diz que q gente tem que olhar adiante e saber como controlar o namoro. Se der o passo errado, você se ferra. Deve ser por isso que o seu namoro com o Rony está indo de mal a pior, Hermione. – Charlotte sorri. Hermione incha de forma perigosa, e vejo chamas em seu olhar. Certamente está se controlando para não transfigurar Charlotte em uma barata. Charlotte se vira para mim. – Querida, nunca aceite nada de um homem a não ser que ele te dê uma pedra para seus dedos ou um anel de brilhantes.
Bem, o Harry me deu um anel de brilhantes. Mas ainda não estou usando porque é meio um segredo que nós vamos noivar. De qualquer forma, isso não vem ao caso.
- Não, Charlotte, namoro é amor, é encontro de almas gêmeas! – Hermione fala de modo desafiador.
Charlotte dá um risinho superior e se vira para mim, ignorando Mione.
- Não se preocupe, Gina, duvido que o 27º solteiro mais rico não esteja planejando te dar uma linda jóia. – na verdade o Harry é o 27º mais cobiçado, mas deixa para lá. – Prepara-se para algo grande. – ela me dá uma piscadela. Ao meu lado Mione faz cara de nojo e tenho que segurar o riso.
Charlotte anda com os cabelos longos chacoalhando levemente até seu quarto.
- Saco... – Mione suspira. – Afinal, porque aceitamos que ela morasse com a gente?!
- Porque o pai dela paga o aluguel três vezes mais caro do que é cobrado. - abaixo a voz. – E podemos pegar suas roupas emprestadas e viver praticamente dez anos sem precisar entrar em uma loja.
- Ah é, tinha me esquecido...
- Alguma de vocês usaram meu sobretudo Donna Karan? – Charlotte volta trazendo um sobretudo preto.
- Não. – respondo inocentemente.
Vamos dizer que algum dia eu tenha usado, mas faz certo tempo e ela pareceu não perceber, então dessa vez não tenho culpa no cartório;
- Nem sabia que você tinha um. – Mione dá de ombros. Não posso olha-la agora, tenho certeza que foi ela que o usou semana passada.
Charlotte nos observa, desconfiadamente, com seus olhos azuis imensos, como um tipo de radar que detecta mentiras.
- Eu tenho braços finos, e não quero que as mangas fiquem frouxas. E não pensem que não perceber se alguma de vocês o usarem, porque eu vou. – ela recoloca o sobretudo no armário, pega sua bolsa e sai pela porta da frente. – Tchau.
Nós ouvimos o barulho dos saltos finos na escada em silêncio, até termos certeza que ela está longe e não ouvirá nossa conversa.
- Droga! Ela sabe que fui eu! – Mione exclama.
Certo, a verdade é que às vezes pegamos emprestado as roupas da Charlotte. Sem pedir. Mas em nossa defesa, ela tem roupas de mais, e nunca iria perceber. E dividimos um apartamento, é praticamente uma lei o intercâmbio de roupas entre colegas de apartamento.
- Ah, sua mãe me mandou uma carta ontem. Quer que você jante com ela hoje. Ainda está muito preocupada com você, quer saber se você ainda está inteira. – Mione me entrega a carta e reconheço a letra da minha mãe. Me dá a impressão que ela chorou ao ver borrões da tinta.
Dou um suspiro e sorrio. Minha mãe nunca muda, e de alguma forma, me sinto muito bem com isso. Imagino que ela deve estar um pino em casa, pensando que me arrancaram os membros, fui dividida ao meio ou que eu morri, xingando a falta de segurança dos transportes trouxas.
- Quer vir comigo? Mamãe fala que está com saudades de você. – digo, apontando para a carta.
- Melhor não. Estou cheia de casos de loucos realizando magia como bem entende. Acho que hoje passo a noite no ministério. – é mentira. Na verdade ela não quer ir para não se encontrar com o Rony. Ou ficar respondendo perguntas sobre o Rony, falando que estão muito felizes, quando, na verdade, ele está se divertindo em alguma cama com suas fãs.
E sei muito bem que o grande consolador de sua vida é passar a madrugada trabalhando no escritório. Uma vez, Mione chegou a dispensar os seus empregados durante três dias, para ela ter muito que fazer e poder ficar 24 horas no ministério.
- Quer saber? Isso tudo é uma merda! – repentinamente ela atira as palavras cruzadas na lareira, no mesmo lugar onde agora o Profeta Diário está aos poucos pegando fogo e se levanta em um pulo. – Vou para o ministério. Vem comigo? – ela vai com pressa até seu quarto, e posso praticamente ouvi-a pegar qualquer roupa do armário e se vestir, tamanha a força.
Meu Merlin, meu emprego. Olho o relógio. Bem, se eu não quiser ser demitida, é muito bom ir logo para o trabalho.
- Vou! – exclamou, entrando no meu quarto para pegar minha bolsa.
Por um momento, com toda aquela história de fracassar na reunião, de morrer no avião, de contar todos seus segredos para um estranho e de ser pedida em casamento, acabei me esquecendo completamente que eu tinha um emprego e um chefe que com certeza vai me trucidar.
Certo, não vamos ver isso com pessimismo. Posso ter falado besteira na reunião, mas ninguém do trabalho precisa saber disso. E eu nem fui tão mal assim. Ainda tenho esperanças de ser promovida para auror, finalmente. Terei o emprego que sempre quis.
Tenho que me preparar para o relatório completo da reunião que Arnold com certeza vai pedir.
O que vou dizer?
Bem, serei totalmente franca e honesta, sem realmente dizer a verdade.
Passados cinco minutos (a Mione se arruma em menos de um minuto. Na verdade quem demorou mais fui eu, e olha que só pretendia pegar minha bolsa) eu e Mione estamos saindo do prédio.
Dizem que precisamos estar com uma boa aparência no momento de ser promovida. Dessa vez a minha única aliada é a aparência. Retoquei a maquiagem e troquei minhas vestes bruxas normais de trabalho por um conjunto Chéri D'Or de blazer e saia reta, uma bota de cano alto preta e o sobretudo preto da Charlotte (espero que ela não descubra). Para ser sincera, o conjunto não é bem da Chéri D’Or, na verdade comprei-o em um brechó. Mas a etiqueta diz Chéri D’Or, dá praticamente o mesmo. A única diferença são os cinqüenta galeões que economizei fazendo isso. E é praticamente novo.
Nós duas chegamos ao beco onde sempre aparatamos. Hermione olha em volta, verificando se o caminho está livre. Não vemos ninguém, a não ser um rato moribundo. Na mesma hora desaparecemos do local, parando na entrada bruxa do Ministério.
Despeço-me de Hermione, que trabalha em um departamento diferente do meu e vou até o Departamento de Aurores. Não posso dizer que estou me sentindo a pessoa mais confiante do mundo, mas pelo menos estou tentando buscar a segurança de algum lugar inexistente. A minha mesa, logo na entrada do departamento está do mesmo modo em que a deixei, mas perto de mim não está Amélia. Na verdade, ninguém parece estar em suas mesas e em suas salas.
O que está acontecendo por aqui?!
Olho para os lados, procurando a razão do desaparecimento de todo o mundo, e vejo que o departamento inteiro resolveu se amontoar em um só lado. Percebo que há um geande tumulto e uma grande agitação pelos corredores. Vejo pessoas falando preocupadas e outras super animadas, segurando jornais e relatórios. Arnold está em um canto gritando furioso com alguém, como se a pessoa tivesse praticamente tirado sua vida. E olha que o meu trabalho é a coisa mais entediante.
Eu perdi alguma coisa, por acaso?
No meio da confusão consigo ver ao longe cabelos cor rosa berrante.
É claro, a Tonks.
Empurrando de leve uns e outros, chego até ela. Tonks está andando apressada pelo corredor que leva a seu escritório, trazendo atrapalhada uma xícara de chá numa mão, jornais e relatórios na outra. Ela sem querer deixa um relatório cair no chão, e se abaixa para pagá-lo. No mesmo momento todos os outros caem, e quase ela se molha toda com o chá. Mas, para seu bem, chego a tempo para ajuda-la.
- Obrigada. – ela agradece e consegue arrumar todos os relatórios debaixo do braço. Então me olha e abre um sorriso. – Gina! E aí, beleza? Como foi a reunião?
Eu adoro a Tonks, desde quando a conheci aos catorze anos. Ela nunca mudou, mesmo depois de ter se casado com o Remo, às vezes até esqueço que ela tem marido e é oito anos mais velha que eu. Desde quando comecei a trabalhar no ministério, ela virou uma das minhas melhores amigas e colegas de trabalho.
Após a II Guerra, Tonks se casou com Remo Lupin. Hoje eles moram em uma casa linda, distante de Londres e com um lindo campo em volta. Admiro-a muito, pois mesmo recebendo um olhar de discriminação de todo mundo por ela viver com um lobisomem, ela simplesmente ignora, ergue a cabeça, e vive divertindo a todos. E é disso que eu mais gosto nela.
- Foi...Boa. – respondo, então aproximo o rosto ao dela. – Ei, o que está acontecendo aqui? – indico a aglomeração e a grande agitação de todos.
- Você não está sabendo? – nego com a cabeça. – O fundador e atual dono da Defense Corporation vai passar alguns dias aqui em Londres para conhecer a fundo o trabalho do Departamento de Aurores e saber se vale a pena ingressar nesse acordo. – bem, me parece que aquela reunião teve algum ponto positivo. Pelo menos não destruí totalmente com o parceria entre a Defense e o Departamento de Aurores.
- Weasley! – ouço uma voz grossa.
Oh, não.
Arnold, o minipufe.
- Weasley! – ele se aproxima de mim. Seu rosto cheio de marcas está vermelho e vejo o suor brotando de sua testa. – Quero depois ter uma conversa com você em minha sala! – seus olhos parecem irritados. Engulo em seco, ele vai me matar. – Agora fique sentada em sua mesa, e não faça nenhuma merda dessa vez! Tente ao menos trabalhar corretamente, o fundador da Defense estará aqui há qualquer momento! – é, ele está realmente furioso. – Vamos, andem! – e some para ir gritar com outras pessoas.
Eu dou um leve pulo de susto e eu e Tonks nos apressamos a irmos para nossos devidos lugares.
- Afinal, quem é esse fundador?! – exclamo impaciente. Em menos de uma semana consigo perder a cabeça por causa dessa merda de Defense Corporation.
- Você não o conhece?! – ela me olha como se eu fosse um marciano. Estou me sentindo muito pior que antes. Olho para ela como se pedisse desculpas. – Tem certeza? Eu tenho certeza que você o conhece. Até achei que estudaram em Hogwarts juntos... O Harry nunca falou nada dele? – novamente nego a cabeça.
Ela fica quieta por um tempo, parecendo pensativa.
- Ah, meu Merlin, como é mesmo o nome dele?! – ela bate na cabeça, tentando lembrar. – Puta que pariu! Não acredito que esqueci! Calam aí, tem uma matéria no Profeta falando dele. Eu tenho certeza que li. – então ela me entrega a xícara de chá, mas na sua tentativa apressada de abrir o Profeta, acaba deixando cair todos os relatórios que segurava.
A porta do departamento se abre. Arnold anda apressado até lá, e o vejo fazer uma reverência a um grupo de pessoas. Jornalistas se enchem em volta dos visitantes, fotos são tiradas, penas-de-reptição-rápida arranham no pergaminho enquanto repórteres falam. Todo mundo parou para olhar.
Meio de longe, enxergo o grande astro, e imagino que esse seja o misterioso fundador. Ele entra no departamento, enquanto Arnold faz uma grande cerimônia. Meus colegas de trabalho correm para seu lugares, fingindo-se super eficientes. Mas minha curiosidade fala mais alto e eu continuo em pé, tentando olhar o tal fundador.
Arnold o chama para seu escritório, e todo mundo dá espaço para ele passar. Consigo enxerga-lo melhor.
O fundador está impecável em um terno preto, segurando uma pasta também preta. Seu rosto é pálido e pontudo, e, apesar de todo o alvoroço por sua causa, não vejo nem a sombra de um sorriso. Os olhos são azuis claríssimos, os cabelos loiros platinados e em seu queixo há a sombra de uma barba clara.
Meus olhos encontram os seus.
Ah, meu Merlin.
É ele, o homem do avião.
- Ah-Há! Achei! – Tonks empurra uma página do jornal no meu rosto. – O nome dele é Draco Malfoy!
N/A:
Olá!
Espero que tenham gostado do capítulo! Eu amei escreve-lo!
Os próximos capítulos serão melhores... Vamos dizer que...
Bem, a única coisa que digo é: leiam!
Huahuahuahuahauahua
Tenho uma notícia para dar a vocês: estou indo viajar!
Só volto em fevereiro, mas prometo trazer muitos capítulos prontos para vocês. Para onde vou não existe computador, mas tentarei ir para alguma lan house e não sumir completamente da FeB.
Agradeço muito a todos os comentários. Esperava mais, mas fiquei muito feliz com os que recebi. Não vou responder pessoalmente a todos porque meus pais estão me matando por ainda nem ter arrumado as malas!
De qualquer forma, vocês sabem que eu os adoro, que sempre agradeço muito por lerem minhas fics e que são extremamente importantes para mim!
Estamos no Natal, e o melhor presente que ganharei de vocês são muitos comentários e votos! Eu mereço, não mereço?
Então espero a colaboração de todos!
Bem, e se alguém achar que eu sou uma autora realmente boa (existem loucos para tudo) e acharem que eu mereço algo a mais, ficarei muito feliz se me presentearem com um vídeo para a fic.
Hihihihihihihih
É isso.
Feliz Natal e um Próspero Ano Novo a todos!
Beijos,
Babi Black
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