Consciência
N/A: Bonjur! Aki vai mais um capitulo... Espero que gostem... COMENTEM por favor... e votem tambem se nao tiverem votado... vou ficar um tempo sem postar pois eu irei viajar, mas logo, logo eu posto ok? Um beijao para todo mundo!!
Capitulo 20 – Consciência
Nicole entrou em seu esconderijo na enfermaria, batendo fortemente o quadro de sua avo. Ainda não acreditara na discussão que tivera com Sirius, segundos antes.
- Ele tem razão querida. – Disse um quadro, que se encontrava antes chorando.
- O que você disse mamãe? – perguntou ela, fitando com desdém a imagem.
- Eu disse, que ele tem razão querida. – repetiu a mãe.
- Como ousa falar isso para mim após ele falar tanta baboseira lá fora? – perguntou ela secamente, caindo em cima de sua cama.
- Eu ouso falar, pois eu sou sua mãe. – Respondeu o quadro. Ela tinha um certo prestigio na voz, ao falar isso.
- E esta morta. – Resmungou friamente Nicole afundando a cabeça no travesseiro. Sentia-se muito cansada, mas acima de tudo, sentia-se bastante fraca.
- Não fale assim com sua mãe, - comecou o quadro. Ele parecia ser uma pintura igual de Nicole, tirando os olhos azuis da cor do mar – Você sabe que eu só quero ajudar.
- Me desculpe, - Falou a garota tirando a cara do travesseiro – mas eu não estou em um dia bom.
- Eu entendo querida. Sua avo não ajudou muito.
Nicole não respondeu, continuou em silencio.
- Não fique assim... – tentou consolar a mãe.
- Como você quer que eu fique? Eu tenho uma vida limitada e ...
- Todas as vidas são limitadas. – Interrompeu a mãe.
- Limitadas, como?
- Ninguem vive alem da morte... Não aqui na terra... Este é nosso limite, a morte é nosso limite. – Explicou-lhe.
- Entendo.
- Todos vivem, mas existem pessoas que vivem mais que as outras. É natural isso.
- É natural possuir um veneno correndo por suas veias, que foi sua avo que deu a sua mãe, por ela querer ser feliz?
- Minha querida, eu morri por causa deste veneno. – Nicole riu secamente. – Do que você esta rindo menina?
- Ao você falar, parece que veneno é a vovó. Mas acho que era isto que ela era. Um veneno. – Respondeu Nicole tristemente mas mesmo assim, com a raiva presente dentro dela. A raiva ia crescendo e crescendo, e ia indagando varias coisas.
- Eu ouvi isso! – Gritou a avo do lado de fora da passagem.
- Foda-se! – Gritou de volta Nicole. Ela ouviu após isso, a velha resmungar, mas logo se calou.
Ela se sentou de perna de índio, em sua cama, colocando seus cotovelos apoiados em seus joelhos e suas mãos, tampando-lhe o rosto.
- Que foi menina? – perguntou a mãe.
- Não acredito. – Respondeu ela ofegante.
- Não acredita em que? – Perguntou a mãe, se preocupando com a filha. Ela chorara três dias direto ao saber que a filha continha o mesmo veneno que ela possuía quando ainda estava viva...
- No que eu ouvi... – Respondeu Nicole retirando as mãos do rosto. Em cada palavra que ela falava, seu tom ia diminuindo, diminuindo, ate sumir.
A mãe suspirou.
- Não suspire. – Falou rispidamente Nicole a mãe. Sentia-se um pouco estranha, um pouco tonta.
- Por que não garota? – Perguntou a mãe, com uma leve indagação no olhar.
- Quem suspira, mais velho fica. – Respondeu Nicole, com uma estranha indiferença na voz. Aquelas palavras, ela ouvira de seu avo, pai de seu pai, quando ainda era muito pequena. Ele falava que não gostava de relógios, chuva e de suspiros, pois eram as únicas coisas em que ele via o tempo passar. O precioso tempo.
- Já morri querida, isto não faz diferença a mim. – Falou a mãe, com um tom de magoa e choro na voz.
- Mas faz para mim. – Retrucou Nicole se levantando.
- Desculpe-me. – Disse o quadro quando Nicole sentara na frente dele. Nicole apenas ergueu as sobrancelhas e olhou com desdém ao retrato da mãe. Nunca sentira o que estava sentindo naquele exato momento. Alguma coisa estava gritando dentro de si.
- Não se desculpe, pois você sente que não tem motivos para desculpar. – Falou secamente ela, sem mover muitos os lábios ao falar.
- Eu não sinto nada garota, sou apenas um quadro. – Disse a mãe, com a mesma voz de magoa e chorosa.
- Que prega a realidade. – Retrucou Nicole. De onde esta vindo estas respostas? Pensava ela.
- Eu não sinto nada filha, sou apenas um quadro.
- Que prega a minha realidade.
- Eu não sentia nada filha, quando o veneno estava em minhas veias.
- Essa é a minha realidade. – Nicole teve a sensação que estava rezando em uma Igreja ao ouvir a frase de sua mãe, agora, sem emoção.
- Mas temia. Sim, eu temia.
- Outra realidade. O que você temia mamãe? – Perguntou Nicole com o objetivo de mudar o rumo da conversa.
- O sofrimento.
- Não temia a morte? – Sua voz saiu um pouco tremida. A coisa dentro dela que estava gritando se transformava mais e mais forte.
- Não. Apenas o sofrimento.
- Sofrimento de quem mamãe?
- De seu pai e você, filha.
- Você tinha medo por mim... – Disse Nicole, com a voz novamente tremida. Mas agora, ela saia tremida por causa da emoção.
- Eu não tinha medo por você, eu tinha medo do que você iria sentir.
- O que você acha que senti?
- Alem do sofrimento? Raiva, dor, angustia, medo... Sentimentos perigosos, mas sem duvida importantes...
- Importantes para que? – Nicole não entendia o que a mãe estava falando. Mas as palavras dela de tornavam cada vez mais baixo... mais baixo...
- Para firmar o amor. – A garota se levantou, ouvindo atentamente a resposta da mãe. Sentia bastante interessada no assunto.
- Você via isso em mim? – Perguntou, por enquanto sua voz falhava um pouco e tentava encontrar equilíbrio para ficar em pe.
- Eu vejo isso em você. Vejo que precisa da verdade. – Respondeu a mãe. O que ela quer disser que raiva, dor, angustia e medo, firmam o amor? O que ela quis disser quando falou da verdade? Esses sentimentos eram o que ela sentia naquele exato momento, mas ainda não entendia como eles firmavam o amor... Talvez, buscando a verdade isto iria acontecer... Talvez se buscasse a verdade, os sentimentos que sentia agora, firmariam o amor... Este raciocínio durara uns dois segundos na cabeça de Nicole.
Agora, Nicole entendia o que era a ‘coisa’ gritando dentro de si: era ela mesma, se avisando dois perigos que iriam seguir...
Olhos arregalados, coração em um ritmo desacelerado, e pele suada e fria. Nicole naquele instante hesitou, e cambaleou pelo quarto. Sentia frio, muito frio. Parecia que alguem tacara uma pedra em sua cabeça, pois estava perdendo os sentidos, lentamente. Primeiro foi a audição. Lentamente as palavras do quadro de sua mãe, se transformaram em ecos sem sentido, ouvia algumas palavras como: “Socorro”, “saia daqui” e “ajuda”, mas nada entendia. Tentou gritar mas sua voz não saia.
Um cheiro forte invadiu suas narinas, quando novamente cambaleou pelo quarto, batendo em cheio suas costas na parede. Um cheiro estranho, um cheiro de especiarias, temperos... Deslizou pela parede ate o chão, e percebeu, que em cada segundo que deslizara ate o chão, os cheiros iam se distanciando e sua visão embaçando.
Sentada, com as mãos esfregando os olhos, Nicole olhou para a saída, onde ficava o retrato de sua avo. Pensou se conseguiria andar ate ali. A visão da saída comecou a se embaçar, embaçar, embaçar, embaçar e ate ficar tudo preto. Suas perolas negras estavam apagadas. O desespero tomou conta dela. Agora, a única coisa que lhe restava era a consciência e o tato.
Rastejou um pouco, mas se sentia fraca, muito fraca. Teve raiva de sua mãe, no qual ela falara que não sentia nada quando o veneno estava em suas veias. Mas era verdade, o veneno não estava em suas veias, estava em todo lugar de seu corpo.
Pensou em pegar sua varinha e fazer um feitiço. Mas era tarde de mais. Não conseguiria sair dali, poderia morrer ali mesmo. Pouparia suas forças com esperanças de alguem chegar e encontrá-la e salvá-la no ultimo instante, mas logo um pensamento sombrio comecou a reinar em sua cabeça. Um pensamento no qual estava a dominando totalmente: um pensamento de morte.
Sentia as batidas de seu coração, como se fosse a única coisa com vida na face da terra. Suava, tremia e sentia lagrimas. Respirou fundo para acalmar a si mesmo. Assustou-se quando percebeu que não estava com medo, mas sim desesperada. Desesperada por que? Perguntava-se. Uma calma transpareceu em seu corpo. Lembrara-se de sua mãe dizendo-lhe que a raiva, a angustia e a dor, firmavam o amor.
A única coisa que sentia agora, era o escorrer de lagrimas salgadas e pesadas que saiam de seus olhos. Por que estaria chorando? Por que? Estaria triste, pois estava prestes a morrer? Estaria triste por causa da briga que tivera com Sirius? Estaria apenas triste por alguma coisa? Não. Ela sabia a reposta. Era do dela mesma.
Com uma forca, quase que alienígena, Nicole esgoelou um grito. Um grito de dor, de lamuria e de consolo. Aquele grito, fez despertar uma consciência mutua dentro dela. Que ainda lhe restava tempo de vida. De repente, como se fosse uma outra pedra lhe atingindo a cabeça, ela perdeu totalmente os sentidos, incluindo a consciência.
O viajante, após analisar o estranho livro que recebera pelo correio, decidiu escrever alguma coisa nele, alguma coisa que ligasse o passado daquele livro, com o presente, e talvez com um futuro. E apenas algumas palavras com um significado forte, poderiam fazer isto, e ate mesmo mais...
Ele estava com o tinteiro em sua coxa, e segurava fortemente a pena. O livro estava aberto em uma pagina em branco, sem nada. Olhava para a coruja, fitando-lhe os olhos, procurando ali, algum sinal, alguma idéia do que escrever no livro.
- Acho que eu devo escrever sobre coisas que me incomodam, ou me emocionam. – Falou ele a coruja. – Eu fazia isto. – Completou, se lembrando do verdadeiro motivo que o fez começar este livro. Do verdadeiro motivo.
Comecou então, a escrever, sob consciência de um pensamento e um sentimento que fluíam incontrolavelmente por sua mente.
“Seu amor é como o vento. Não posso vê-lo, mas posso senti-lo.
Olhou para o que tinha escrito e releu em voz alta para a coruja ouvir – não que ela pudesse ouvi-lo realmente – e fechou os olhos abrindo-os novamente, como se fosse sentir a brisa, o vento, o amor. E de novo releu o que estava escrito no livro.
- Piegas não? – falou a coruja. A mesma, apenas deu duas piscadelas. Ele sorriu. – Mas é assim que eu me sinto. – Explicou-lhe. – Você deve estar imaginando que eu sou um sujeito muito infeliz para escrever isto aqui, mas na verdade, me sinto feliz, muito feliz. – As palavras apenas fluíam de sua boca, ele se surpreendeu um pouco ao falá-las, mas logo ignorou sua surpresa. Há muito tempo, não se sentia tão bem, a muito tempo. Curtiria este momento então.
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