Um futuro pra nós
Faz meses (Quase um ano) que não apareço aqui e acho que nem mereço pedir desculpas...
Imagino que o capítulo não está como imaginavam, acredito que ele está esdrúxulo, de verdade.
Bem, essa era uma das razões por não ter postado antes: estivesse escrevendo e reescrevendo esse capítulo dezenas de vezes e não saia nada de bom.
E eu também parei de escrever por um tempo. Principalmente esse fic e “De repente Assim” (que continua parada), que estavam me - nem sei como dizer - acho que não estavam saindo como eu queria. Apesar de me esforçar, sempre me parece que falta algo. E pode parecer tolo para todos, mas isso me frustra de sobre-maneira.
Apesar disto, não costumo desistir facilmente. Não deixarei de postar capítulos, até que a fic esteja terminada. Não a abandonei. Primeiro porque, como leitora, detesto quando isto acontece (esse é um dos meus motivos de escrever, ser uma leitora fanática...) e principalmente, porque acho falta de respeito com quem vem acompanhando o fic.
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A gente sofre sempre
Por querer...
(Leoni – Sempre por Querer)
Capítulo 5 – Um futuro pra nós
-Então baseado em todos esses anos de “estudo” quanto a eles, cheguei a algo parecido às “leis” que lhes guiam nessa... – franziu o cenho. - Brincadeira esdrúxula.
-O que quer dizer? Você descobriu as regras da... bem, “não-relação” deles? – Gina o fitava com total descrédito.
-Recite-os para mim – Luna pediu calmamente, afagando o braço do marido; sorrindo-lhe de modo que o homem ignorou completamente o comentário mordaz da irmã.
Ron parecia orgulhoso de si mesmo ao retirar do bolso um pergaminho de tamanho mediano, relativamente amassado.
–Acho que eles as denominam de “O Código” – Neville comentou arquejando as sobrancelhas. – Mas eu não sabia que eles haviam se prestado a passar realmente para o papel um.
Ron fuzilou o homem com o olhar. – Não anotaram nada. É algo subentendido entre eles. Eu a pus num papel, depois de observá-los por muito tempo, está bem?
-Não quis lhe ofender, Ron – o outro bruxo encolheu os ombros.
O ruivo soltou um muxoxo, mas deu de ombros. - “O Código” , hm? – Neville assentiu, Ron voltou-se para a folha entre suas mãos, analisando-a novamente e riu. - Como puderam quebrar tantas regras?
-Mostre-nos a maldita lista, Ron!
Nunca esquecer a real natureza desta lista: preservar, acima de tudo, sua amizade.
O não-relacionamento-amoroso-ocasional é apenas um estágio. É intermediário. Um modo de não estar só. Não significando, entretanto, que estivessem envolvendo-se por conta do “estar junto” .
Todos os benefícios serão abolidos quando encontrarem um “parceiro real”. Aqueles com quem se envolverão de verdade.
Nunca trair os outros parceiros (aqueles que não eram Harry ou Hermione). – Por maior que seja a tentação (emenda acrescida a pouco).
Ignorar qualquer comentário dos amigos relacionados àquela situação - Ignorar toda e qualquer insinuação maldosa por parte destes mesmos amigos - não importando o quão certos lhes pareçam estar (emenda nº dois).
Sob hipótese alguma comentar com qualquer pessoa a real extensão da “não-relação”. De preferência, fingir que nada acontece, mesmo se a outra pessoa em questão estiver ciente da relação – ou da falta dela... Se possível, nunca lhes deixar descobrir.
Ciúmes não existem. Nada de possessividade, sem ressentimentos. A situação é um Passa-tempo , não é sério.
São irrelevantes atos ou ataques de ciúmes dos intermediários.
Jamais desrespeitar “O Código”.
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Observação: com o fim do “joguete” tudo voltará ao normal, e então, Harry e Hermione serão os mesmos melhores amigos de sempre.
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Desde que Harry e Hermione passaram a manter aquela estranha “relação”, tudo tem tendido ao limite.
Ao limite da razão, da auto-preservação, da consciência, da negação... Eles eram exaustivos. Para eles próprios e para os amigos; estes que ainda não compreendiam bem a situação de Harry e Hermione.
Essa “não-relação” a qual eles “não-se-envolviam-envolvendo-se”. Um consolo, como algumas vezes tratavam. Aquela indefinição. Eram eles, não-compromissados, compartilhando momentos, toques, sussurros, desejos, tonalidade... Um sem-número de palavras e regras que não valiam muito quando tinham seus lábios unidos.
Para eles – Harry e Hermione -, aquilo não passava de um jogo. Para seus amigos... Alguma espécie de auto-flagelação-conjunta, a qual se utilizavam de maneira negligente e desenfreada enquanto não queriam encarar o fato deveras conhecidos por qualquer outro ser com um senso de negação razoável (ou normal, como preferir): os idiotas estavam apaixonados!
Para seus parceiros “intercalados” – esses que eles utilizavam para não desgastar sua não-relação - a “Coisa”, era denominada como “O estorvo”. O que quer que fosse, lhes impedia de seguir em frente - se planejassem uma relação séria e duradoura - seja com Harry ou Hermione.
As horas que eles detinham eram consumidas pelos amigos. Hermione precisava estar ao lado de Harry – atrelada ao seu braço - numa festa em homenagem a ele, repleta de pessoas que odiava a um jantar romântico a dois. Harry preferia ajudá-la em alguma pesquisa, estar na companhia dela enquanto esta estudava, testando-a, a qualquer programa (certamente mais) prazeroso com a namorada... E isto não acontecia um ou duas vezes no mês.
Os outros, aqueles fora do circulo de amizades do “casal”, acreditavam apenas que Harry Potter e Hermione Granger eram passado. Bom, obviamente, estes estavam enganados.
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Acontece que até mesmo o mais excêntrico dos jogos tem suas regras... E as regras daquele jogo era simples e a cada momento tornavam-se, no entanto, mas difíceis de se cumprir.
Impuseram a eles próprios um conjunto de normas a serem cumpridas. Alguns pré-requisitos para estarem juntos – quase como amantes – ou afastados – o “apenas amigos” de fato.
Criaram subterfúgios para mostrar – convencer a si – que o que faziam era certo. Porque, a principio, até mesmo eles não estavam convencidos da validade e da adequação do contato. “Como poderia ser certo?”, pensavam entre cada encontro, no começo.
Então, em algum momento - entre a necessidade de tocá-la e a de ser tocada - chegaram à conclusão que não existia um razão para não estarem juntos. Não estavam ferindo ninguém, como poderia ser errado?
“(a amizade) Nada de corrompê-la. Nunca”.
Era a amizade mais forte, a cumplicidade mais fiel, as confidências mais marcantes. Também a amizade menos platônica e mais... apaixonante. Repleta de desejo mútuo e da sensação de que não se pode viver daquela forma pra sempre, mas que até o momento que durasse, tudo estava bem. E seguiria bem, ao chegar no fim.
A situação mais inusitada e mais deliciosa. Acolhedora, entorpecente, desvairada, abrasadora... Tornara-se um vicio.
Um que ia destruindo aos poucos o pudor deles, que ia corrompendo as regras, que lhes faria duvidar do “não-relacionamente”.
Não estamos nos envolvendo? (..) E agora? (...) Estamos envolvidos? (...) E agora?
“Ela está sentindo isso?”
“Ele quer estar aqui, ao meu lado, realmente?”
E machucava. Silenciosamente, mas já não era a mesma coisa. Eles já não poderiam fingir não enxergar. Eles já não conseguiam ignorar a dor, o ciúme e a possessão. Era tudo tão errado... Estavam cientes, só não podiam deter-se.
Feriam-se sem querer. Nunca dispensavam um toque, um olhar, uma insinuação, não importava mais se estavam ou não na presença de alguém que de nada sabia do “caos” entre eles. Era irrelevante o estar com outrem. Era irrelevante ignorar as piadinhas dos amigos, assim como era irrelevante se ainda estavam num “não-relacionamento-amoroso-ocasional”.
Antes, tão mais fácil, o ignorar não feria. Apenas os protegia das possíveis quedas, naquela redoma meio-amarga que era a negação.
Porque cair de amores pelo melhor amigo era bem fácil, lidar com isto, entretanto, doía. Ou melhor, podia doer.
Visto que, como eles se recusavam a enxergar, não conseguiam sentir verdadeiramente dor. O mais perto que chegavam desta possível dor, talvez, fosse quando se encontravam indecisos; neste momento, sentiam medo.
Covarde. Sim, aquela era uma relação covarde. Apesar das mostras diversas de afeto e de não temerem (muito) o “ser descoberto”.
Havia criado uma forma de proteção inusitada, uma em que permaneciam um ao lado do outro, onde exploravam a amizade e o que não se pode chamar assim. Uma forma, diziam eles, de estar perto. Provavelmente – pensavam os amigos - imersa no medo de se afastar, no medo da perda e na falta de atenção para admitir que tinham necessidade de estarem juntos. Atenção? Não, aquilo ia muito além. Para além do muito, em verdade. Era... potente negação.
Talvez não fosse de todo culpa deles – ou, vai saber, sim o era -; Harry e Hermione detinham tantos anos de convívio próximo, dispensando atenção, conselhos e broncas, que era difícil para eles distinguir uma bronca de um assalto de super-proteção. Sequer podiam distinguir desejo de necessidade...
Não era inocência – tolice, quem sabe -, jamais inocência. Estava mais pra uma forma de “precaução”... Porque, por Merlin! Era tão fácil gostar dele (dela). Tão fácil, chegava a assustar.
E, por mais que procurasse um modo de dizer a si: “Não, francamente, amigos é o suficiente. Sempre foi, porque agora não o seria?”, ainda que fizesse apenas como tentativa (cada vez mais) inútil para convencer-se.
Havia ultrapassado limites, quebrado paradigmas, partiram corações no percurso, ignoraram avisos que não deveriam, aproximaram-se cada vez mais da fronteira conhecida por “paixão”, destruíram-na, suplanta-na, atingiram o amor por pura distração, depois por brincadeira. Zombaram dele... agora pagavam.
Foram consumidos, por mais que sua teimosia quisesse negar.
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--Em algum momento, no futuro--
Hermione expirou com força. Foi obtuso aceitar a opinião (mas bem uma aposta) de Gina.
“Obviamente eu posso ficar longe por qualquer período de tempo do Harry, sem querer ser nada mais que sua amiga”
Como pôde ser tão estúpida?
Ela não podia - o pior? Sabia disto.
Seria isso que Gina queria que admitisse? Bem, ela admitiria – admitiria até mesmo que amava loucamente Draco Malfoy (o barão sangrento, Nagini, Voldemort... Bellatriz lestrange, todos os comensais da morte, Aragougue, Grope)... -, perderia seu moral e seu orgulho, contanto que pudesse se atirar nos braços de Harry novamente. Mérlin, como era fraca!
Não! Resistiria, eram apenas algumas horas. Apenas Harry e ela, sozinhos na casa dela... Sendo vigiados de alguma maneira pelos amigos.
-Urgh.
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(Há quilômetros de distância)
Gina riu sob o comentário de Luna, tomando mais um gole de seu chá; seus olhos dirigindo-se para o lado, onde encontrou Neville e seu irmão, numa partida de xadrez bruxo, que, pelo que via, estava sendo ridiculamente fácil para seu irmão.
-Hm, quanto tempo você acha que levarão para descobrir que não estão sendo “vigiados”? – Luna indagou.
-Meu amor, você ainda está preocupada?
A loira suspirou. – Só acredito que não é lhes forçando a admitir que finalmente aceitarão a verdade.
Gina virou os olhos. – Confie em mim, sei o que estou fazendo.
-Ah, é mesmo? – Luna redargüiu com ironia, erguendo a sobrancelha. – Preciso lhe lembrar que nem mesmo sua vida amorosa você consegue estabelecer?
A ruiva corou, observando Luna apontar levemente com a cabeça um Neville entretido com uma de suas torres aniquilada por pelo bispo de Ron.
-Uh, inferno! Xeque mate – Ron exclamou contente, fazendo a irmã virar os olhos bebericando um pouco mais de seu chá. – Mais uma, Neville - disse organizando novamente o tabuleiro com um movimento de varinha.
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Eles se entreolharam. Encontravam-se em um silêncio constrangedor, sentados um ao lado do outro no sofá dele.
Harry estendeu a mão sobre o sofá, encontrando a de Hermione, quase como se o gesto houvesse sido feito de maneira distraída. A morena riu levemente, jogando os pés sobre o sofá e encostando a cabeça no ombro do amigo, Harry depositou um beijo sobre a cabeça dela.
“Inocente. É um gesto inocente”
Suspiraram. Para quem provavam que o era, isto é, um gesto inocente? Ou melhor: Bem, quem acreditava?
A morena fechou os olhos por um momento, expirou novamente e, se acomodando-se de melhor forma no corpo de Harry, Hermione dispensou um curto beijo no pescoço do amigo. Ela fingiu não senti-lo arrepiar-se e Harry fingiu ignorar a sensação...
Talvez ajudasse se falassem de alguma coisa. Qualquer que fosse.
-Escuta... – ela se moveu de modo que seu rosto ficou no peito dele, enquanto o fitava por baixo. – Quanto tempo faz que – a morena ponderou quanto o que iria falar, se não tinha nada de comprometedor. – Nós não – e o rosto dele estava sobre o seu, assim como seus lábios.
Talvez não.
E quando Hermione o beijou de volta, ela não sentia culpa – nadinha mesmo -
Harry não se importou de quebrar o trato, não era como se pudesse evitar. Além disso, ela adorou a desculpa de que fora ele quem não resistira...
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(continua)
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Muito obrigada pelos comentários.
Os de incentivo e os puxões de orelhas... Vocês não têm noção do quanto fazem efeito. xD
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