Como um mau hábito
Capítulo 5 - Como um mau hábito
O nosso coração percebe imediatamente.”
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No presente, outra vez.
“Depois de semanas agindo como os mais castos amigos” Mordeu o lábio inferior.
“Há dois dias ele havia estado aqui. Harry” Ela suspirou pesadamente. “Ele nunca havia feito isso antes... Mas antes que eu pudesse chamá-lo para entrar, ele havia me tomado em seus braços e havia me beijado. Era todo quente e sensual, não me atrevi a impedi-lo de o fazer. Então eu o estava correspondendo e nossos corpos já não estavam juntos: parecíamos um - ainda que ele realmente não estivesse em mim...” Fechou os olhos lentamente, havia algo errado.
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Hermione sorriu, num movimento mais mecânico que de um real sentimento de prazer ou alegria. O sorriso surgiu por pura consciência da pessoa a sua frente, era assim que o recebia. E ela aceitou o beijo dispensado em seus lábios, mas não o retribuiu.
-Aconteceu alguma coisa? Não me parece bem...
A morena negou com a cabeça – Estou bem – retrucou e lhe ofereceu um pequeno sorriso, para tratar de convencê-lo. O homem se deu por satisfeito e passou a lhe acariciar o cabelo.
-Estava com saudades...
E foi como se ela tivesse sentido algo se quebrando dentro de si. “Harry nunca teria se dado por satisfeito com tanta facilidade depois de um sorriso tão forçado como fora aquele...”. Sorriu sem vontade, deixando-se ficar entre seus braços.
Como pode ser tão tola?, a morena expirou. Nada de comparações, querida, podia ouvir, desta vez e distintamente, a voz de sua mãe. Como nos diversos conselhos que lhe dera. Infelizmente, alguns destes conselhos ela não seguira, outros... bem, os outros eram mais difíceis de cumprir do que imaginava.
Ela queria ter dito que não... Que nada estava bem. E queria perguntar o porquê daquele homem estar ali, quando realmente não queria a companhia dele. Queria indagá-lo sobre qual era a real razão de ainda continuar ao seu lado, já que ela não lhe oferecia seu amor por completo (talvez nem uma pequena porção), nem carinho suficiente ou, ao menos, seus cuidados e atenções que não fossem forçados... Era frígida e, por incontáveis vezes, indolente. Queria perguntar o porquê da insistência dele de estar em sua companhia, quando ela nunca seria inteiramente entregue. Quando nada naquela relação a apetecia. Realmente não lhe oferecia nada...
Hermione queria ter dito que tudo estava errado...
A morena suspirou, sentindo-se estúpida. Harry estava longe, provavelmente longe o suficiente e em tal companhia que sequer deveria se lembrar dela... Mordeu o lábio inferior e flagrou-se encarando mais uma vez o telefone.
Ainda que tentasse disfarçar ou fingir que nem se importava o mais mínimo, era com a esperança de ter recebido qualquer ligação que, vai saber, tenha passado despercebida que o observava.
Pois ela... ah, ela não conseguia perdê-lo na memória.
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Com Harry tudo era tão diferente...
Ela o olhava. Ela o protegia.
E estava sempre que possível ao lado dele.
Como um mau hábito, ela deixava-se ser beijada. E o beijava. Desejava muito o fazer todo tempo que o tinha entre seus braços. E quando não desejava beijá-lo, o queria em sua cama. Quando isso não acontecia, queria estar aninhada em seu colo. Protegida de seu próprio desejo.
Como num mau hábito, ela somente não conseguia perceber que ele estava tornando-se seu tudo. Tornando-se mais freqüente do que seria aceitável apenas para uma brincadeira. E que seu modo de “proteção”, era apenas uma desculpa para estar com e tocar Harry como quisesse, bem entendesse e sempre e quando desejasse.
Como um mau hábito, costumava o fazer e querê-lo sem ao menos se dar conta.
O hábito de tocá-lo, de desejá-lo sob suas cobertas mais tempo que qualquer amiga o fazia – ela desconhecia que uma amiga não desejava, ou melhor, não ficava debaixo das cobertas com um amigo, retirando seu ar.
Divertia-se e até mesmo estava a burlar algumas regras.
Gostava de estar com ele, nunca o negara. Sentia-se feminina, sensual, quente e principalmente, desejada.
Harry a fitava como se pudesse devorá-la. E como ele a tocava... a fazia atingir notas desconhecidas. A conhecia. Era seu melhor amigo. A respeitava.
Harry a fazia desejá-lo mais, ele a fazia sorrir, desejar que qualquer pessoa ao redor deles desaparecesse só para a atenção dele voltada exclusivamente para si.
E como um viciado, ela negava sua debilidade.
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Ela lhe sorriu encantada, ele somente moveu a cabeça, num gesto de assentimento. “Tudo é pra você” – ela decidiu que ele lhe dissera com aquele simples e vago sinal.
A mesa de jantar era majestosa e elegante, organizada com esmero e requinte. Stela fitava tudo a sua volta com deslumbre e quando o encarava, tinha os olhos brilhantes de alegria. Harry lhe ofereceu uma piscadela ao lhe acomodar numa cadeira, com a sensação de que gostaria de estar em outro lugar, ainda assim, ele sorriu gentilmente e, tratou de sentar-se no lugar reservado a si mesmo.
Fizeram os pedidos e, na maior parte do tempo, conversam amenidades. Quando o Jantar chegou por fim, Harry sentia como se o tempo custasse a passar. Até o momento em que Stela começara a falar do novo projeto em que se envolvera, ela estava tão entusiasmada que foi impossível para Harry não se divertir com os comentários inteligentes e mergulhados em empolgação da moça a sua frente.
Stela era apaixonada por seu trabalho e como falava... deixava Harry hipnotizado por suas histórias. Ela era doce e o moreno apreciava muitíssimo sua companhia. Também lhe mostrara o mundo bruxo com a perspectiva de uma típica filha de bruxos, como Ron ou Gina nunca tinha feito. Ela já não o olhava como Harry Potter “o salvador do mundo bruxo”, isso deixava muito mais a vontade ao seu lado. Eles conversam e até mesmo discutiam com antigos amigos. Às vezes a loira sequer escondia sua irritação com ele, fazendo-o pensar que era mesmo um “amigo” normal. E ele adorava a sensação.
Então o tempo correra e quase como se não percebesse, Harry estava no apartamento dela. Já estivera algumas vezes lá, mas nunca deixava de ficar intrigado, havia algumas antiguidades tipicamente bruxas, Stela lhe explicara o significado da maioria, comentando que era um tipo de herança familiar. E ela falava com tanto carinho e algumas vezes, ele se sentiu desejoso de participar daquilo.
Não era grande, mas muito confortável e aconchegante. Transpirava familiaridade e Harry se sentia bem.
E ela o beijou. Cortando toda sua linha de raciocínio.
Sorrindo, a loira dispensou um curto beijo nos lábios dele e, segurando sua mão, o levou escada a cima, para seu quarto.
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Há dois dias atrás fora ao encontro de Hermione. Impulsivamente.
Quando dera por si, estava já a porta dela com Hermione a sua frente, recebendo-o com um sorriso caloroso. Sequer hesitou ao encontrar seu olhar, a envolveu em seus braços, roubando um beijo. Não era gentil, ao pouco grosseiro. Apenas urgente. Exigente, como se tivesse o direito.
Bem, Hermione não protestou a ponto de fazê-lo lembrar que, em verdade, não tinha o direito. A morena o abraçou de volta com uma firmeza que, ela tinha certeza, não era sua, visto que suas pernas pareciam liquefeitas.
Ela o teria enlaçado ainda assim com as pernas se Harry não estivesse tão empenhado em empurrá-la para o chão.
Hermione riu, quando se viu sob Harry, no chão, ao tapete. Ela deslizou uma de suas mãos para seu rosto até encontrar sua nuca, enquanto procurava no olhar dele um propósito para aquele modo de agir. Harry sorriu abaixando o rosto ao encontro do cabelo dela e a beijou ali.
-Quer mesmo saber?
Hermione ponderou por um instante e meneou a cabeça negativamente. – Quero que me beije. - E ele o fez, mais calmamente que a primeira vez.
As mãos dele sobre si pareciam uma coisa tão natural, assim como ter seu corpo aferrado ao dele. Ela sentia prazer em desejá-lo, em apenas beijá-lo. Então para quê precisava de um motivo de tê-lo consigo?
-Quer apenas que eu a beije?
A morena fechou os olhos enquanto um sorriso pequeno sulcava seus lábios. – Senti sua falta, Harry. Estaria mentindo se dissesse que não o quero por inteiro.
-Mione.
Hermione abriu os olhos para fitá-lo. – Veja Harry – disse. – Realmente quero – acrescentou, segurando a barra da camisa dele e a puxando para cima. Com ajuda do homem, conseguiu retirá-la. – Você deveria me ajudar, aqui – ela comentou olhando para si. O moreno sorriu, acariciando e beijando cada ponto de seu rosto antes de lhe despir.
Voltou a beijá-la, com sede, ao terminar de despi-la. E seus corpos tornaram a entrar em contato, a pela dela o estava queimando. Era quase surreal.
A morena parecia se divertir com o ar contido dele ao senti-la, também movia-se de maneira lânguida sob Harry, ansiosa por vê-lo esquecendo o controle.
-Hermione - ela estremeceu ao ouvir o tom rouco dele ao seu ouvido. O homem deslizou os lábios e a língua pela linha sob a orelha até por seu pescoço e ombro enquanto suas mãos acariciavam seus seios até fazê-la implorar.
Hermione havia segurado com firmeza a nuca dele e o puxou para cima, fazendo-a fitá-la. Harry, nem por um momento, deixou de massageá-la e a morena, enquanto o olhava, tentava pronunciar alguma frase - qualquer frase - coerente além dos gemidos e ofegos que para Harry tinham um significado bem claro. Ainda que franzisse o cenho em concentração, ela perdia com facilidade a linha do raciocínio quando Harry apertava e acariciava-a.
Ele cravara o olhar no dela, enquanto a tocava. Talvez estivesse lendo em sua mente os seguintes movimentos que deveria executar; ela não sabia, ou não conseguia entender ou pensar ao momento. Estava tão concentrado nas reações dela! Fitando-a como se a diagnosticasse, como se fosse algo que nunca havia visto e que tinha necessidade de mexer.
Harry moveu devagar uma de suas mãos para baixo, ao encontro de seu ventre. Hermione pensou que seu coração falhara uma batida ao compreender qual era o seu novo destino. Quis dizer algo, estava tentando há vários segundos, sem resultado. Mas seu amigo estava, vai saber, em um momento clarividente e voltou a declinar a cabeça e tomou seus lábios a tempo de ela só ter chance de um protesto morrendo em sua garganta... A mão dele prosseguiu até seu destino, sem pressa, enquanto Hermione sentia que em um momento iria arrebentar de ansiedade.
-Vou - Harry sussurrou a centímetros de sua boca, ela podia ver seu olhar enevoado. - Eu vou observar, outra vez, toda e qualquer reação tua
-Não acha que está sendo um tirano controlando e gerindo todo e cada um movimento desse ato? - indagou ofegante.
Harry riu roucamente. – Irei deixá-la controlar o próximo ato, senhorita Granger. Se assim o quiser.
A morena ainda pôde erguer a sobrancelha. – P-Pode ter... - ela respirou fundo e tentou outra vez, forçando-se a utilizar um tom altivo. - Você pode ter... – ofegou - cer-teza que sim, senhor Pott-er.
-Você é tão corajosa, Hermione - disse acariciando com uma das mãos a cabeça dela, a outra perdida nela; Hermione o enlaçou pelo pescoço e o trouxe com força para si, calando-o com um beijo duro e agressivo. De alguma forma, ele pôde entender o que ela disse com ele, “Não esquecerei sua promessa, Harry. Esteja certo disto”
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Com horror, ele percebeu que estava comparando Stela a Hermione. Nos beijos, nas caricias. Em todo mais.
Harry espirou, livrando-se da sensação de culpabilidade enquanto observava Stela dormir ao seu lado.
Franziu o cenho. “O que posso fazer? Quero dizer, a Stela é uma moça doce e inteligente, é linda... E muito agradável... Mas eu sinto que falta de alguma coisa...”
“É meu bem... O problema é que ela não sou eu” uma vozinha sugeriu, muito pretensiosa, na sua mente, como se sussurrasse. Ele levou alguns segundos para reconhecer... Para perceber que aquela vozinha pertencia a Hermione.
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(continua)
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Espero que curtam!^^
Desculpem a demora. Eu deveria postar antes, mas alguns contratempos aconteceram.
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