Taverna do Vampiro
Sai da Floreios e Borrões, e o pensamento da hipocrisia bateu em minha mente novamente. Senti pena pela vida dele, mas paciência haviam piores, como a minha. De lá me dirigi à Travessa do Tranco, tinha uma reunião na taverna de um velho amigo com os ex-comensais. Caminhava num passo acelerado, afinal já estava na minha hora. Minutos depois da caminhada, entrei em um pub chamado Taverna do Vampiro. O local se assemelhava, assim como o nome dizia com uma taverna, mal e porcamente cuidada, com uma iluminação baixa, algumas mesas e meia dúzia de almas espalhados pelo salão. Fui logo em direção ao bar.
- Vlad, eles já chegaram? – perguntei ao homem, dono do bar que muito se assemelhava a um vampiro.
Quem tivesse tempo e paciência para se sentar naquele bar, poderia ouvir inúmeras histórias de vampiros. Ele dizia já ter sido Vlad de um clã há muito desmembrado, porém ninguém conhecia a pura verdade.
- Já, faz uns 20 minutos, você pode subir. – disse sorrindo.
Dei uma piscadela para ele e me dirigi as escadas ao lado do bar.
Desde a queda do Lorde Voldemort, os seguidores de minha época que não foram capturados decidiram se reerguer sob uma mesma bandeira. Mas os sonhos não foram muito além do pergaminho. As reuniões ultimamente eram raras e serviam muito mais para uma filosofia negra do que um grupo que tentasse se reorganizar para exterminar os de sangue impuro. Na minha concepção assim era melhor, era preciso descer da nuvem negra e por os pés nesta terra, que abriga os impuros. Nossas filosofias eram a cada encontro mais profundas, cada vez mais negras, cada vez mais maliciosas. Até que minha alma se aliviava a presença dessas conversas, mas não era por completo, as brigas entre os componentes eram constantes, afinal éramos claramente separados entre os que queria ficar na sombra e aqueles que queriam ser tão grandes quanto nosso antigo Lorde. Sonhos não duram, sonhos não satisfazem a alma por uma eternidade, não era e nunca fui uma sonhadora sei o que posso ou não posso fazer. Tenho clareza de minhas atitudes, e a maior clareza possível das conseqüências. Essa era uma característica precisa desse lado da história, a vida é feita de realidades que brincam e machucam deixando cicatrizes. E meu objetivo era ser pior que a realidade da vida, ser pior que os mais vis pensamentos. Porém no determinado momento não queria nada além das sombras, afinal eu era procurada pelo mundo afora.
Abri a porta do cômodo ao fim do corredor e todos os presentes pousaram seus olhos sobre a minha nova pessoa.
- Boa noite! – disse entrando e fechando a porta.
- Boa noite... – alguns responderam, outros acenaram, outros levantaram as bebidas e como sempre alguns nem se deram ao trabalho de me cumprimentar, eles que se fodam com suas vidinhas de merda.
Sem demora enchi um copo de whisky e me sentei a uma cadeia que ficava em meio as pessoas que queria ficar nas sombras. Do lado oposto da sala, Zabini, sim o idiota do Zabini “comandava” o lado daqueles que sonhavam de mais, em minha opinião. Quase como um campo de batalha entre quatro paredes de concretos, que tremiam a cada nova discussão. Éramos separados apenas por aquele que eram divididos entre pensamento, ou seja os indecisos. Não gostava nem um pouco daquela meia dúzia de pessoas, e se tivesse que escolher entra o porco do Zabini ou entre todos aqueles juntos, preferia Zabini, afinal ele tinha uma opinião formada. Uma das mulheres pediu a palavra assim que houve um silencio total, disse:
- Correm boatos de que o ministério acabou por tirar metade dos aurores que estavam em nossa procura para que pudessem atuar de uma forma mais útil na sociedade bruxa.
Murmúrios. E eu quieta, refletindo, sentada naquela posição imponente esperando Zabini começar a falar de planos mirabolantes que havia arquitetado durante as semanas que se passaram. Os olhos dele e daqueles a favor dele, brilhavam de forma intensa, como se alguém lhe tivesse aberto uma arca contendo riquezas infinitas. Se entre olhavam como se pudessem conversar sobre o que acabou de ser dito.
- Acho que nem preciso comentar não é mesmo? – Zabini disse finalmente.
- Não mesmo! Essa ladainha eu já sei de cor, afinal você parece um disco riscado que toca em todas as reuniões. – respondi.
- Cuidado como você fala dele! - a namoradinha dele se pronunciou.
Sorri descrente por ela ter dirigido a palavra a minha pessoa.
- Cuidado ao falar comigo, você me conhece o suficiente Bulstrould para saber que eu não sou piedosa com aqueles que me desrespeitam ou me desafiam.
Zabini havia, num gesto pedido para que ela se calasse. Sendo assim ela não respondeu, mas seus olhos queimavam em fúria. Depois ele disse algumas palavras em seu ouvido e voltou sua atenção a nossa discussão que estava por vir.
Foram um pouco mais de três horas discutindo até que Zabini finalmente se levantou e alegou que precisa partir, afinal tinha outro compromisso. Todos se retiraram do aposento, a não ser eu, Crabbe e Goyle. Enchi novamente meu copo de whisky e acendi um cigarro, já havia perdido as contas de quantas vezes havia feito aquele rito durante aquela reunião.
- E mais uma vez, passamos três horas discutindo em círculos e saindo daqui sem nenhuma solução ou conclusão lógica. – Crabbe comentou.
- Essas reuniões já estão me cansando... – respondi relaxando na poltrona e deixando minha cabeça cair para trás.
- Está fincando cada vez mais inútil e cansativo... – completou Goyle, acendendo um charuto. – Começo a pensar sinceramente em me desligar desse grupo.
Levantei minha cabeça e o olhei séria.
- Não me olhe assim querida, eu falo sério.
Soltei um muxoxo. E deitei a cabeça novamente.
- Eu sei que está, mas o que mais me espanta é o fato deu concordar com você...
- Você já sabe o que fazer então? – Crabbe perguntou, com um tom afirmativo.
- Sem duvidas, na próxima reunião a gente poderia se desligar totalmente dessa nuvem sonhadora! – disse entediada.
- Ossos do ofício! – concluiu Crabbe.
Ficamos em silencio durante alguns minutos, até que eu finalmente levantei a cabeça e noticiei:
- Malfoy vai até a minha mansão mais tarde!
Os dois pararam o que estavam fazendo, ou pararam de pensar aquilo que pensavam e começaram a prestar atenção em mim.
- Como assim vai a sua mansão? – Goyle perguntou.
- Bom, vocês devem saber que ele se encontrava na Floreios e Borrões durante a tarde e eu compareci para fazer uma visitinha.
- Como assim uma visitinha? – Goyle se pronunciou novamente.
- Fui pegar um autógrafo... – disse procurando um minha bolsa o livro e o jogando em cima da mesa, Crabbe o tomou. – E pelo que parece ele me reconheceu, apesar dos cabelos negros.
- Você sabe muito bem que você não mudou muito desde que tudo aconteceu entre você e ele!
Respirei fundo. Era a mais pura realidade.
- Paciência, vamos ver o que aquele traidor de merda tem a me dizer!
- Muito cuidado Pansy, nós não sabemos o que se passou e o que se passa pela cabeça dele depois de tanto tempo.
- Sim, sim eu sei, apenas quero saber como a anda a vida dele.
Os dois não fizeram uma cara de aprovação, mas me deixaria assumir o risco. Como bem eles sabem que eu devo fazer, afinal eu havia ido acordar o problema.
- Vamos sair daqui então. – Crabbe mudou de assunto. – Vamos jantar, estou morrendo de fome...
- Vão vocês, eu ainda tenho alguns problemas a tratar quanto a minha mansão. – Goyle comentou. – Deixo o convite para a próxima vez.
- Tudo bem, vamos então Pansy?
- Sem duvidas, estou faminta!
Nos despedimos de Goyle e saimos do aposento. Então descemos as escadas rapidamente e em alguns momentos estavamos novamente fora da taverna. Já eram 10 horas, nos aproximamos afinal não podiamos bobear por ai. E então descemos a rua em busca de qualquer lugar onde pudessemos nos sentar e comer.
- Mas não podemos demorar, tenho que estar em casa às 11! – alertei.
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