Madrugada de sexta-feira



Madrugada de sexta-feira
- Lily? – ela ouviu uma voz lhe chamar, tirando-a do aconchego do sonho.
Ao abrir os olhos, não pôde acreditar em tamanha ousadia. Ele estava na rua, porém bem próximo dela, apoiando-se na cerca da varanda. A rua estava tranqüila, deserta e silenciosa. Devia ser bem tarde e a primeira noite do festival havia terminado há tempos.
- O que você está fazendo aqui, Potter? – perguntou em um tom baixo de voz, e até mesmo cansado, de modo a não acordar ninguém na casa de Marianne.
- Ela ficou com raiva de você? – James perguntou, ignorando o questionamento dela.
- É claro que ficou! Eu teria ficado com raiva de mim se estivesse no lugar dela! – Lily fez uma pausa – Mas ainda não conversamos... Nem brigamos. Ela foi direto pro quarto e eu fiquei aqui, dando um tempo, para evitar um confronto hoje. Será melhor conversamos amanhã.
- E você está com raiva de mim? – perguntou ele, sinceramente preocupado, o que mexeu com Lily por alguns segundos.
- É claro que estou! Creio que você tem plena noção do que fez! Me colocou em maus lençóis com Marianne!
- Eu sei! Ela não deveria saber do acordo, mas na hora eu não pensei nisso, eu apenas fiquei furioso ao te ver com aquele cara!
Lily mais uma vez notou sinceridade nas palavras e nos olhos dele.
- Potter, você não é meu namorado! E muito menos meu dono!
- Ora minha ruiva, isso nós podemos resolver agora mesmo! Basta você admitir que ficou com ciúmes ao me ver com Marianne, admitir que gosta de mim e aceitar sair comigo. Depois a gente vê se é o caso de namorar ou não, mas eu tenho certeza de que se você sair comigo uma vez, não vai desgrudar de mim nunca mais.
A garota não sabia se ria ou se mantinha a expressão de raiva. Acabou não agüentando conter o riso. Sempre se impressionava com a capacidade daquele garoto de ser pretensioso. Só então percebeu que deveria ter negado certa afirmação dele.
- Não! – gritou ela, no tom mais baixo que conseguiu – Não foi ciúmes!
- Então o que foi? – perguntou ele.
- Foi revolta pela injustiça do acordo! – disse para ele e para si mesma.
- Certo. – ele disse sorrindo, aquele sorriso que derretia todas as garotas. Exceto Lily. Mas que já provocara um sorriso nela em retorno – Se você quer continuar mentindo para você mesma, eu vou deixar, mas só porque eu já fiquei feliz por hoje.
- Feliz? – perguntou ela. – Mesmo com toda aquela confusão? Mesmo com Marianne te odiando?
- Sim, feliz, porque vi que está cada vez mais perto de você perceber.
- De perceber o quê? – perguntou Lily.
Ele apenas manteve o sorriso, piscou o olho para ela, passou a mão por entre os cabelos e se afastou da varanda de Marianne. Abriu a porta de sua casa e, com um último sorriso para Lily, entrou.
A garota apenas respirou fundo. Resolveu levantar-se e ir dormir. Entrou no quarto de Marianne, pegou suas coisas e foi para o quarto de hóspedes, naquele mesmo andar.
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Na manhã do dia seguinte, Lily acordou se sentindo extremamente bem, apesar de tudo que havia ocorrido naquela noite. Levantou-se, trocou de roupa e foi ao quarto de Marianne para tentar conversar.
Notou uma rosa amarela com as pontas avermelhadas sobre a cama da outra. As cortinas estavam totalmente abertas. O barulho do chuveiro denunciava que Marianne tomava um banho. Mas sua camisola estava sobre a cama. Lily só pôde chegar a uma conclusão.
- Você faz de propósito! – ela disse quando Marianne saiu do banheiro, apenas vestindo a toalha.
- Do que você está falando, sua amiga traidora? – perguntou, sem esconder sua raiva.
- Disso! – disse Lily apontando para a janela aberta. – Você gosta que eles te vejam! Você provoca! Fica de toalha ou de lingerie para que eles te vejam e te desejem!
- E a Stra. Certinha desaprova tal comportamento, não é mesmo? Mas fazer acordos pelas costas você aprova? Enganar amigos você aprova? Brincar com os sentimentos alheios você aprova?
- É claro que não! Mari, eu estava tentando te ajudar!
- Muito obrigado, mas não precisava! Se você quer James Potter pra você, então não finja que não quer, Lily!
- Mas eu não quero!
- Então o que foi aquela briguinha de casal no campo?
- Não foi uma briga de casal, Mari!
- Não importa. Hoje isso vai mudar. – disse uma decidida Marianne.
Lily não ousou fazer perguntas. Observou a amiga pegar algumas roupas e trancar-se no banheiro novamente. Olhou para a janela em frente e viu o quarto vazio de James, embora sentisse que de alguma forma ele estivesse lá, ouvindo e vendo tudo. Achou melhor descer.
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James retirou a capa de invisibilidade que os escondia.
- Viu? – começou Sirius com um sorriso safado – Eu disse que seria interessante você se juntar a mim para observá-las.
Não houve resposta. James correu para descer e encontrar Lily na rua. Abriu a porta da casa e lá estava ela, na varanda.
- Por favor, não me traga mais problemas. – ela se apressou em dizer – Se Marianne nos ver juntos só vai sentir mais raiva de mim.
- Eu só queria saber se você recebeu minha flor. Porque você não dormiu no quarto de Marianne e...
Naquele momento, a porta atrás da ruiva se abriu e uma feliz Marianne saiu em direção a James.
- Oh, James, um gesto tão bonito! – disse ela, deixando os outros dois confusos – Desculpa aceita! Não havia maneira melhor de pedir desculpas do que através de um pergaminho preso a uma flor tão bela.
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Lily então entendeu tudo. Olhou para James, que já olhava para ela, e sorriu discretamente.
- Fico feliz que tenha me perdoado, Marianne. – disse James, voltando-se para a morena – Não foi uma atitude legal da nossa parte, mas saiba que tanto eu quanto Lily estamos arrependidos do que fizemos. Foi uma idiotice impensada, nunca foi nossa intenção te magoar. Lily pensou apenas em você e por isso aceitou o acordo absurdo que eu impus. Mas saiba que se eu não quisesse sair com você eu simplesmente não sairia. Mas eu quis.
A ruiva estava impressionada. Sabia que apenas em parte aquilo era verdade. Tudo bem que se Marianne fosse uma baranga chata e irritante talvez ele não tivesse saído com ela mesmo, mas de fato ele só saiu porque Lily pediu. E porque assim ela estaria impedida de beijar outro cara, o que era um acordo muito interessante para James, pois ganhava das duas maneiras. De qualquer forma, sentiu-se agradecida por ele estar tentando ajudá-la com relação a sua imagem perante Marianne.
O que parecia ter dado certo, pois a morena sorriu dizendo que já havia esquecido a noite anterior e logo entrou em casa novamente. Lily foi atrás dela e a seguiu até a cozinha.
- Eu não sou idiota, Lily. – disse a morena enquanto pegava alguns ingredientes de um armário separado – Eu sei que ele disse tudo aquilo por gostar de você. Mas hoje isso vai mudar, muita coisa vai mudar.
A princípio Lily não entendeu o que a outra quis dizer, mas ao observar o que ela fazia, os ingredientes que pegava, a forma como os jogava no caldeirão situado no extremo final da cozinha a fizeram entender.
- Marianne! Você não pode fazer isso!
- Por que não, Lily? Eu vou fazê-lo gostar de mim, seja de uma maneira ou de outra.
E a morena continuou a preparar sua Poção do Amor.
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James estava sentado confortavelmente no sofá de sua sala, ou seja, totalmente jogado, com os sapatos sujos sobre as almofadas e as mãos para trás sob a cabeça, bem diferente de Sirius, apenas sentado, cotovelos apoiados sobre os joelhos, mãos juntas sob o queixo e olhar fixo no tapete persa.
- Eu acho que estou finalmente conseguindo. – disse o sorridente James – Ela finalmente está baixando a guarda e me deixando entrar e mostrar que eu não sou mais aquele idiota que a convidou pra sair no final do quarto ano.
- Eu estou cada vez mais longe... Não sei mais o que fazer – disse o triste Sirius – Agora eu te entendo, Pontas, agora eu sei como é pensar “como aquela garota pode não querer sair comigo!”. Elas deviam montar um clube de “nós rejeitamos” e explicar ao mundo como é possível rejeitar caras maravilhosos como nós!
- Pois é... Elas são incompreensíveis!
De repente James viu os olhos de Sirius se arregalarem e um sorriso estranho se instalar no rosto dele.
- Eu.tive.uma.idéia!
Então Sirius levantou-se de um pulo e desceu correndo as escadas para o porão, seguido por um preocupado James.
- Por Merlin, não vá fazer besteira! E cuidado com as coisas da minha mãe! – acrescentou ao vê-lo pegar de qualquer maneira um livro antigo e precioso.
- Deve estar por aqui em algum lugar, tem de estar. Eu sei que já estudamos sobre isso. Onde está Remus nessas horas? Ahá! Achei! Aqui está! A Poção do Amor! Ela vai gostar de mim seja por uma maneira ou por outra!
- Você não pode fazer isso! – James tentou colocar um pouco de juízo naquela mente insana.
- É claro que eu posso! Ninguém rejeita um Maroto, ninguém rejeita Sirius Black!
- Eu nunca fiz isso com a Lily porque eu acho totalmente desonroso, inteiramente contra os princípios dos Marotos! Qual o mérito de se ter uma garota que não está com você por vontade própria, mas por estar sob o efeito de magia? Ela tem de querer estar com você!
- São apenas detalhes, Pontas, mera questão de tempo. Isso é só pro choque inicial, uma vez comigo ela não vai mais desgrudar de mim! – finalizou com um sorriso de conquistador.
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O resto da manhã, o almoço e toda a tarde se passaram lentamente para Lily. Sua amiga além de não ser mais a mesma com ela, parecia uma pessoa obcecada e lunática. Olhos vidrados na poção, a qual ela checava a cada cinco minutos para ver se o preparo ia certo, sorriso desconcertado e nada a dizer. Lily estava preocupada. Por Marianne, por James e por ela mesma. Sua intuição lhe dizia que algo daria muito errado.
No final da tarde a campainha tocou. Os pais de Marianne não estavam em casa, havia apenas as duas garotas e Bernard. A morena havia mandado uma coruja para James, provavelmente o trabalho mais curto da vida do animal, já que tinha apenas de atravessar uma janela até a outra, para que ele fosse até sua casa por volta das cinco horas da tarde. E lá estava ele, constatou a garota ao abrir sorridente a porta, pontualmente. Infelizmente havia trazido seu fiel escudeiro, mas isso não importava, nada a impediria de pôr seu plano em prática.
Ela os levou até a sala de estar e voltou à cozinha. Lily, não podendo fazer mais nada, já tendo falado de tudo para tentar convencer sua amiga de não fazer aquilo, sentou-se no sofá em frente aos dois rapazes. Sua preocupação lhe impediu de ver a mesma expressão estampada no rosto de James, bem como o mesmo olhar vidrado de Sirius em Marianne.
- Trouxe suquinho para vocês! – disse Marianne, deixando uma bandeja, contendo quatro copos de suco de laranja, sobre a mesinha que separava os dois sofás.
Não agüentando ver aquilo, sabendo que se ficasse falaria algo para impedir tal absurdo e, com isso, perderia de uma ver por todas sua amizade, Lily levantou-se. Preocupada com o que a ruiva iria fazer, Marianne a seguiu.
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Sirius imediatamente retirou um pequeno frasco de seu bolso e entornou sua poção no copo em frente ao local onde Marianne iria se sentar. Copo este que estava em frente ao copo direcionado para James, o qual continha a outra poção.
James, revoltado, levantou-se e saiu em direção a porta, sendo parado por Sirius, contudo, antes mesmo de alcançá-la.
- Se você for embora ela vai, no mínimo, achar estranho! – disse Sirius, segurando o braço de James para que ele não saísse – E não vai sentar-se bonitinha no sofá pra tomar o copo de suco! Muito menos vai beber o copo certo!
Ainda que inconformado, totalmente discordante da situação, James voltou e quando as meninas retornaram da cozinha, lá estavam os dois, sentados nos mesmos lugares, como se nada tivesse acontecido.
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Marianne, ansiosa e nervosa, acabou bebendo seu suco de laranja primeiro. Lily, para evitar que falasse qualquer coisa, para evitar olhar para qualquer direção, pegou o outro copo e o bebeu. Sirius deliciou seu suco sorridente. James, contrariado, engoliu seu suco de laranja.
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James observou a reação de Marianne. Não sabia muito bem o que esperar, mas achou que a garota fosse pular em cima de Sirius e dizer que o amava. Muito diferente disso, ela simplesmente fixou o olhar longe, no vazio, piscou repetidas vezes e, de repente, levantou-se. Cantarolando, ela lentamente se dirigiu às escadas, as quais subiu penteando os cabelos com os dedos, até chegar em seu quarto, de onde ainda era possível ouvir sua voz:
- Eu sou a mais bela flor desse jardim. Quem discordar sente inveja de mim! Eu sou a mais bela flor desse jardim. Quem discordar sente inveja de mim!
Então ele começou a sentir-se estranho. Seu estômago parecia ter dado um nó. Sentiu-se arrepiado, o sangue fervendo. Foi tomado por uma necessidade de fazer algo, algo que não compreendia ainda o que era, uma urgência em... Agarrar alguém... ao seu... lado!
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Lily nunca vira alguém se movimentar tão rápido em toda a sua vida. Teria gargalhado se não fosse uma situação tão desesperadora. Não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que precisava tomar uma atitude. Algo muito errado estava acontecendo.
Viu James pular para cima de Sirius, ao mesmo tempo em que viu Sirius pular do sofá para detrás deste. James agia de maneira extremamente estranha, como se estivesse caçando sua presa, como se quisesse... Beijar... Sirius?
- Pare! – gritou Lily, colocando-se entre os dois, quando Sirius já estava praticamente contra a parede – O que você está fazendo, James!
- Eu o amo. – disse James, como uma voz sonhadora – Você não pode ficar entre nós!
A Poção do Amor, pensou Lily, ele havia tomado a poção, mas como teria resultado naquilo?
- James, acorda! É só uma poção! Você não o ama! É o Sirius! Seu amigo! É um HOMEM!
- Não me importa. – continuou James em sua voz sonhadora. – Nós dois fomos feitos um para o outro.
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Sirius, desesperado, escondia-se atrás de Lily, sabendo que James bebera a poção que ele preparara à Marianne. Estava vendo a hora de ser agarrado pelo seu amigo, quase um irmão, um HOMEM, em um ato nojento do qual fugiria nem que tivesse de se transformar em cachorro ali na frente de Evans.
Mas aquilo não foi necessário. Ao menos não naquele momento, pois a ruiva, provavelmente sem saber mais o que fazer para impedir aquela insanidade, aquele ato de crueldade, simplesmente beijou James.
Boquiaberto, Sirius ficou paralisado e não conseguiu aproveitar a oportunidade para fugir. Viu James desvencilhar-se da garota, olhá-la um pouco confuso, em seguida olhar para ele e voltar a querer agarrá-lo. Nem mesmo o beijo de Lily Evans fez passar o efeito de sua poção! Precisava guardar a receita, pois vira tratar-se de uma poção muito poderosa.
Sirius notou que havia uma janela próxima a ele, aproveitou então que Lily estava completamente chocada e atordoada para pular da janela, caindo na rua já como um belo cão negro e correndo para o mais longe possível dali.
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Foi então que Lily ouviu alguns risinhos, não muito distante dali. Após o enfeitiçado James Potter sair desconcertado porta afora, a ruiva seguiu as risadas até o outro canto da sala, atrás de uma grande poltrona.
- Bernard!
- Ops... – fez o menino.
- Você tem alguma coisa a ver com isso? – perguntou furiosa, as mãos no quadril.
- É claro! Eu não ia deixar aquele cara enfeitiçar minha irmã!
- Do que você está falando, Bernard!
- Eu vi quando ele colocou a poção no suco! Então eu troquei os copos!
- Qual deles fez isso? Quem foi que colocou a poção no copo pra sua irmã beber? Potter ou Black?
- Potter não, o outro! – respondeu Bernard.
- Então James bebeu a poção feita por Sirius, e por isso ‘se apaixonou’ pelo Sirius – disse, pensando alto.
As risadas de Bernard a deixaram revoltada e furiosa.
- Isso não é coisa com a qual se brinca! É algo muito sério! Você não pode mexer com os sentimentos dos outros dessa forma!
- Mas não fui eu quem fez a poção! – contestou o menino – Eu só impedi que minha irmã bebesse!
- Mas ela bebeu! – disse Lily, percebendo o motivo da estranha reação da outra. Ela havia tomado a poção que ela própria havia feito, ‘apaixonando-se’, portanto, por ela mesma. – Por Merlin! Que confusão!
Atordoada, levou as mãos ao rosto, fechando os olhos e tentando pensar rápido.
- Um antídoto! Preciso de um antídoto. – pensava alto – Marianne fez uma das poções. O livro dela! Deve ter um antídoto lá.
E ignorando a presença de Bernard, ela correu para as escadas, subindo aos pulos, e logo chegou ao quarto de Marianne. Uma sonhadora morena penteava os longos cabelos enquanto cantarolava e se mirava no enorme espelho que ela havia conjurado na parede. O banco em que se encontrava também havia sido conjurado pela garota. Ela parecia ter criado uma verdadeira penteadeira em seu quarto. Um altar em sua adoração. E aquele não era o único espelho que existia agora naquele ambiente.
Lily sacudiu a cabeça como que para por os pensamentos em ordem, acordar do choque e voltar à prática. O livro. Procurou pelo quarto todo, até que finalmente o encontrou. O jogou sobre a cama, ajoelhou-se no chão em frente ao livro e, com o auxílio de sua varinha, virou magicamente as páginas até achar a Poção do Amor.
- Sem antídoto! – gritou ela – Como ela pode fazer uma poção sem saber onde achar o antídoto?
Então uma idéia surgiu-lhe à mente.
- Sirius! Ele fez a outra poção, deve ter tirado de um livro! Tem de haver o antídoto lá!
Correndo como subiu, ela desceu as escadas, passou pelo risonho Bernard na sala e saiu da casa, freando de repente na varanda ao ver um cabisbaixo James sentado no sofá-balanço em sua própria varanda. A garota quase sentiu pena.
- Onde ele está? – perguntou Lily.
- Ele fugiu de mim. – respondeu ele ao mesmo tempo triste e sonhadoramente. – Eu acho que ele não gosta de mim. Eu tinha pegado essa rosa pra ele – disse mostrando a rosa amarela com as pontas avermelhadas – mas nem ao menos o encontrei...
A garota sabia que tinha de agir, mas ficou paralisada encarando a rosa, entendendo agora o significado que ele dava àquela flor.
- É claro que ele gosta de você. – disse Lily de repente, voltando a si, sentando-se ao lado dele e pensando rapidamente numa maneira de fazê-lo ajudar, então sorriu e começou a falar como que para uma criança – Olha, eu tive uma idéia. Por que não entramos e você me mostra seus livros de poções? Talvez a gente ache uma maneira de fazê-lo perceber o quanto ele gosta de você.
- Você acha mesmo? – perguntou ansioso, com os olhos brilhando de esperança – Talvez uma Poção do Amor! Não que eu preciso disso, - continuou ele, passando a mão por entre os cabelos – eu acho que no fundo ele já gosta de mim, mas ele precisa parar de fugir, você sabe, então talvez...
- Isso mesmo! – encorajou Lily – Você tem algum livro sobre isso?
- Vem! – disse apenas, pegando na mão dela e arrastando-a para dentro de casa, em seguida para o porão.
Havia um determinado livro aberto sobre um apoio para leitura em pé. Estava aberto justamente na página sobre Poção do Amor.
- Este! – disse um animado James. – Você vai me ajudar a fazer?
- Melhor ainda! Vou fazê-la pra você! – respondeu ela, com o mesmo entusiasmo demonstrado por ele – Por que você não se senta e aguarda um pouco?
- Mas eu quero ajudar! Quero fazer eu mesmo!
- Certo. – disse Lily, pensando rápido mais uma vez. Virou a página do livro e lá estava, graças a Merlin, o antídoto. – Então você vai pegando os ingredientes que eu vou falando e vai me entregando.
Quando já estava tudo dentro do caldeirão, a ruiva ofereceu a enorme colher a ele para que pudesse mexer a poção, todo cheio de si. Era engraçado ver essa reação em James. Animado, ansioso, confiante. Esse brilho nos olhos. Só o via assim antes das partidas de quadribol, e após, quando a Grifinória ganhava. Não que ela ficasse observando-o muito, claro que não, mas era impossível não ver essa felicidade que ele exibia em relação aos jogos.
Quantos acontecimentos inesperados e estranhos, um após o outro. Lily nunca pensou que um dia fosse ver James Potter apaixonado por Sirius Black! A garota teve de controlar seriamente o riso ao pensar nisso. Mas definitivamente não pensou que pudesse beijá-lo, e que isso não fosse causar o menor efeito nele! Ou ainda, que faria uma poção com ele no porão da casa dele. O mundo definitivamente dava voltas. Ela nem mesmo conseguia mais detestá-lo. Pelo contrário, agora simpatizava com ele. Não que por isso agora fosse aceitar seus convites para sair com ela...
Logo o líquido ganhou uma tonalidade cristalina. Agora precisava fazê-lo beber o antídoto. Retirou um pouco da poção com a colher e a colocou numa taça de vidro que encontrou por ali.
- Prove. – disse simplesmente.
- Não posso! – respondeu ele – Só o Sirius deve beber isso!
- Não tem problema, você precisa provar pra saber se não deu errado. Com você não vai acontecer nada, mas com o Sirius pode acontecer algo ruim se a poção não estiver totalmente correta. – disse firmemente – Anda, prova. Confia em mim.
A ruiva notou James olhá-la desconfiado, mas perante seu olhar impositivo, ele acabou bebendo o antídoto. Ela, então, aguardou ansiosa o resultado.
James ficou pálido, em seguida voltou a sua cor normal. Girou os olhos, parecendo tonto. Sentou-se numa poltrona próxima, levando a mão direita à cabeça. Então pareceu notar Lily ali pela primeira vez. Levantou-se bruscamente, ficando mais tonto ainda com isso e gemendo de dor.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou para a ruiva.
Ela respirou aliviada, percebendo que ele não se lembrava de nada, e agradecendo a Merlin por isso, uma vez que ele não se lembraria do beijo desesperado.
- Nada demais. Preciso levar isso para Marianne. – disse pegando mais da poção e colocando em outra taça. Após, o encarou e riu. – Até mais.
Rapidamente a garota retornou à casa de Marianne, subindo até o quarto.
- Mari! Fiz uma poção para deixá-la ainda mais linda! – disse uma animada Lily – É para os cabelos ficarem totalmente brilhantes e macios!
- Amiga, você é incrível! – respondeu a outra, pegando a taça e bebendo o antídoto.
A morena teve a mesma reação de James, também não se lembrando de absolutamente nada após ter bebido o suco de laranja. Lily então contou tudo o que havia acontecido naquela última hora, detalhe por detalhe, inclusive sobre o beijo desesperado, pois precisava contar a alguém.
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