Sabado
Sábado à noite
James, já a caminho da porta, parou ao passar pelo espelho que havia entre a escada e a sala de estar para ajeitar, uma última vez, o cabelo. Sirius, impaciente, já o chamava da porta. James respirou fundo, olhou para a rosa em sua mão, sacodiu os ombros para aliviar a tensão e seguiu em frente. Iriam convidar as garotas para a segunda noite do festival, totalmente em cima da hora, sem saber se elas já tinham par para sair ou sequer se elas queriam ir ao festival depois de toda a confusão ocorrida naquela tarde. Mas estavam confiantes. Na verdade, esperançosos. E temerários. Os dois saíram, atravessaram a estreita rua e bateram à porta dos Nawell. Bernard atendeu.
- Oi! – disse apenas sorrindo, ou talvez rindo dos dois.
- Oi, as meninas estão aí? – perguntou James, ansioso.
- Marianne está se arrumando. – disse uma voz feminina por trás de Bernard. – Posso ajudá-lo?
Ele mal podia acreditar, havia esperado por muito, muito tempo, para ver Lily Evans sorrir para ele daquele jeito sincero, bem diferente daquelas reviradas de olhos de antigamente, de quem não suporta a presença do outro e quer apenas livrar-se dele. O que será que tinha acontecido durante o efeito da poção que tinha causado tal reação sorridente? Ou talvez não fosse só isso, talvez ele finalmente tivesse conseguido conquistá-la, depois dessa longa semana tão perto um do outro, depois de tantas conversas, amistosas ou não.
- James? – chamou ela, já que ele ainda não tinha dito uma só palavra.
E continuou sem dizer nada, pois ela havia, pela primeira vez, chamado-o pelo nome. Mal sabia ele que era na verdade a segunda vez, posto que não se recordava daquela tarde.
Acordou quando recebeu um delicado empurrão de Sirius, ao seu lado, então percebeu que devia estar com uma cara de idiota apaixonado realmente idiota.
- Olá, Lily. – respondeu, com seu sorriso, entregando-lhe a rosa – Nós gostaríamos de saber se vocês vão ao festival hoje, e se gostariam de ir conosco. Daqui a dois dias voltamos a Hogwarts e, depois de toda essa confusão, aliás, de todas as confusões, queríamos fechar as férias em paz com vocês.
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Lily viu aquele brilho nos olhos dele. O brilho que antes vira apenas causado pelas partidas de quadribol, mas que aquela tarde vira nos olhos dele enquanto estava sob o efeito da poção, enquanto achava que era apaixonado por Sirius e que era correspondido. Vira ainda aquela reação, misto de ansiedade, animação e confiança. Começava a achar que ele realmente gostava dela. Embora não pudesse deixar de lado sua opinião de que era apenas um garoto mimado que tinha nela um desafio, pois não suportava ser rejeitado. Talvez toda aquela animação e ansiedade fossem causadas pela possibilidade de finalmente realizar seu desejo.
Ela não admitia, mas sabia, bem dentro dela, lá no fundo, que já não era mais imune àquele sorriso. Não que agora ela conseguisse entender o motivo daquele simples sorriso fazer Marianne e outras milhares de garotas se derreterem, mas definitivamente não era mais imune. E não sabia o porquê. Nem procurou saber. Concentrou seus pensamentos, como uma estrategista de guerra, em se deveria aceitar o convite ou não. Agora que já não o odiava, depois desse convívio forçado por quase uma semana, pensou se não seria a hora de acabar logo com isso. Uma vez que saísse com ele, terminaria o interesse dele pela garota que lhe diz ‘não’ e ela teria finalmente paz. Sim, iria por um fim naquele desafio de sair com a única que lhe recusa.
- Certo. – notou os olhos do garoto se arregalarem instantaneamente, bem como seu sorriso se alargar. Pensou se ele não sairia dando pulinhos e gritando para todos os cantos que ela havia aceitado sair com ele. Então antes que ele reagisse como uma criança que viu o papel Noel, anunciou sua condição. – Não posso responder por Marianne, mas eu saio com você se me prometer que depois dessa noite nunca mais vai me convidar pra sair.
Observou o semblante pensativo de James com surpresa, não esperava que ele fosse ponderar sobre as opções, achava que aceitaria o ‘acordo’ prontamente como se fosse a coisa que ele mais quisesse. Ele então a encarou, com um meio sorriso, antes de responder.
- Fechado. – disse firmemente.
- Volte em uma hora. – disse ela sorrindo, sem ao menos perceber, em seguida dirigiu-se a Black – Vou tentar convencer Marianne, não se preocupe. Até mais, rapazes.
E fechou a porta diante deles. Olhou para a rosa amarela com bordas avermelhadas e lembrou-se dele jogado tristemente em sua varanda, com a rosa que daria a Sirius nas mãos. Tentou não pensar nisso. Subiu as escadas correndo e foi ao quarto.
- James e Sirius estiveram aqui. – disse, fechando a porta do quarto atrás de si.
- Eu sei, e qual foi a sua resposta? – perguntou uma triste Marianne.
- Eu vou sair com ele. – disse, completando rapidamente com sua justificativa ao ver Marianne desviar o olhar para o chão – Porque assim ele vai parar de uma vez por todas de me atazanar na escola me convidando pra sair. Acho que você podia fazer o mesmo em relação ao Black. Eles não desistem fácil, sai logo com ele e pronto!
- Não sei não, Lily...
- Mari – disse, sentando-se na cama ao lado da amiga – ele fez uma poção do amor pra você, tem noção do que significa isso?
- Que ele é um lunático que não suporta ser recusado por uma garota?
- Você também fez uma poção do amor! E nem por isso é lunática! Bem, ele gostando ou não de você, a questão é que ele quer tanto sair contigo que foi capaz de fazer uma poção do amor. Você não disse que faz bem pro ego? Além do que, é melhor do que ficar em casa, ou ir sozinha ao festival, ou ir com um garoto qualquer. Se não vai com o James, o quê que custa ir com o Sirius?
- Lily, você está fazendo isso pra ajudar o Sirius, pra me ajudar a esquecer o James, ou simplesmente porque não quer ir sozinha com o James ao festival?
- Um pouco dos três? – perguntou a ruiva, então as duas caíram na gargalhada.
- Ai, o que eu não faço por uma amiga que faz tudo por mim? – disse Marianne, abraçando a outra.
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- James, será que dá pra você parar de andar um minuto?
- Sirius, me deixa em paz!
- Se está tão nervoso, por que não está na sua janela?
- Porque não. Elas vão ser arrumar, pelo amor de Merlin, não vão ficar com as cortinas abertas.
- Então sossega nessa porra desse sofá porque já está me deixando furioso!
Ele parou de andar, mas isso não significa que tenha sossegado. James sentou-se ao lado do outro no sofá.
- Anda, me conta, o que realmente aconteceu essa tarde?
- Eu já te disse! Você bebeu a poção que eu fiz pra Marianne e ficou momentaneamente apaixonado por mim! Foi horrível! Ponto final! Sem mais comentários!
- Mas eu fiquei sozinho com ela? – insistiu.
- Eu não sei, James! Eu pulei a janela e saí correndo e latindo! Depois tive de tomar aquele banho com a poção antipulgas! Tudo por sua culpa! Cara, que nojo! Não quero mais falar sobre isso! Me deixa em paz!
E Sirius foi deixado em paz. Por um breve momento, até que James voltou a circular pela sala impaciente. Sirius irritou-se e saiu para dar uma volta na rua. O outro se deixou cair no sofá, desejando que o tempo passasse mais rápido.
Não exatamente rápido, mas passou. Ao abrir a porta, encontrou Sirius na varanda. Sentiu como se fossem duas meninas ansiosas pelo baile de formatura. Sentiu-se idiota. Embora só até ver a porta da casa em frente se abrir e se sentir o cara mais sortudo do mundo.
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Sono, cansaço, animação, decepção, mas ainda assim, felicidade. James estava jogado em seu sofá-balanço da varanda, em plena madrugada. Fora uma noite e tanto. E pensar que na primeira vez em que convidara Lily Evans para sair objetivava apenas levá-la para um armário de vassouras qualquer, dar uns beijos e amassos e nunca mais olhar para ela. Já na ducentésima vez que a convidara, objetivava algo mais, pois havia visto nela mais do que uma garota comum, mais do que via nas outras garotas, e desde então não tirara tal idéia da cabeça, até que finalmente havia conseguido sair com ela.
Só sair.
E pela primeira e última vez.
Trato era trato. Pactos eram feitos para serem cumpridos. Acordo era acordo.
Mas como um bom Maroto que era, já havia pensado, antes mesmo de aceitá-lo, em alternativas para isso. E estava decidido. No dia seguinte, ou antes, ou durante ou depois de irem para Hogwarts, iria pôr em prática essa alternativa. Seu plano B.
Lily era uma garota e tanto. A noite fora divertidíssima. Mas não houvera um beijo sequer. Nada. E mesmo assim, havia sido maravilhoso. James tinha de admitir, realmente gostava dela. E não havia agora como voltar atrás.
Ouviu risadas ao longe e pôde avistar Sirius voltando pela rua com Marianne, ambos andavam tortos como bêbados, rindo de tudo. Despediram-se à porta dela com um beijo caliente, depois Sirius atravessou a rua e sentou-se no chão na varanda, ao lado do sofá em que James estava.
- Parece que eu aproveitei a noite muito melhor do que você! Quem diria, hein, Pontas!
- Não exatamente, almofadinha, – respondeu um confiante James – não exatamente...
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James acordou com a luz solar invadindo seu quarto. Confuso pelo estado sonolento, primeiro xingou a si mesmo por ter deixado as cortinas abertas, depois se lembrou de que sempre as fechava, como tinha feito na noite anterior. Em segundo lugar xingou as forças da natureza, afinal o vento teria aberto as cortinas. Em terceiro lugar, xingou Sirius Black, que se encontrava em seu quarto, ajoelhado em frente à janela.
Tateou sua mesa de cabeceira à procura de seus óculos, inutilmente. Esfregou os olhos em uma vã tentativa de melhorar sua visão. Até que finalmente conseguiu ajustar o foco o melhor que pôde e notou que Sirius usava óculos. Seus óculos.
De repente viu Sirius abaixar-se, provavelmente para esconder-se das garotas.
- O que você está fazendo com meus óculos, seu pulguento? – gritou James.
- Xiiiii! – pediu Sirius desesperadamente.
Em seguida Sirius jogou os óculos do outro em cima da cama e saiu deslizante e sorrateiramente do quarto, sem levantar-se. James pegou seus óculos e os colocou no rosto, tirando-os quase que instantaneamente.
- Wow! Isso aqui tá enfeitiçado!
Então entendeu o motivo de Sirius estar usando seus óculos, ele o havia enfeitiçado para aproximar bem as coisas. Deveria estar vendo as garotas bem de perto. Detalhadamente. Em todos os seus contornos.
Inevitavelmente James colocou os óculos e olhou pela janela. Felizmente, ou infelizmente, o quarto em frente estava vazio. Ele retirou seu “utensílio de aproximação de visão” e, sem poder fazer magia, limitou-se a fazer suas últimas tarefas antes de embarcar para Hogwarts sem seus óculos. Ao tomar seu café da manhã pensou em pedir para sua mãe desfazer o feitiço, mas como explicaria a ela sobre isso? Foi obrigado ainda a utilizar seu, agora muito potente, óculos para que ninguém percebesse nada de extraordinário. E Sirius permanecia inacessível durante todo esse tempo, ou acessível, porém diante de sua mãe. Logo estaria no trem e poderia desfazer isso.
Estava tudo pronto para partir, mas Sirius havia saído de casa, provavelmente para falar com Marianne. James não entendeu isso muito bem, já que em pouco tempo todos estariam no trem, mas foi atrás deles chamá-lo. Ao colocar os pés na varanda deu de cara com Lily, ou melhor, com o decote de Lily, ambos extremamente próximo a ele, o que o fez levar um susto achando que esbarraria nela, até que lembrou que era efeito dos óculos e os retirou imediatamente.
- Algum problema? – perguntou Lily, do outro lado da rua.
- Nenhum. – James teve de recolocar seus óculos. – Estou procurando o Sirius.
- Esse aqui? – perguntou ela apontando para o cara ao seu lado.
Com a visão aproximada o enfoque se tornava muito menor e James não foi capaz de visualizar Sirius na varanda com elas.
- Sirius! – gritou um já furioso James.
Mas por algum motivo foi ignorado, motivo este que não entendeu, pois o decote de Lily, ou melhor, os óculos enfeitiçados não o deixavam ver direito.
James respirou fundo e retirou seus óculos. Continuou a não enxergar nada. Se antes era o zoom que lhe atrapalhava, agora era a ausência de foco. Notou apenas um vulto ruivo atravessar a rua e se aproximar dele.
- O que houve?
- Lily, consegue desfazer um feitiço sem saber qual foi feito? – perguntou ele.
- Talvez...
- Por favor, desfaz o que quer que tenha sido feito nesses óculos. – pediu.
- Claro. – respondeu ela, pegando o objeto que ele lhe oferecia. Logo em seguida o entregou de volta. – Pronto.
James colocou seus óculos e tudo entrou em foco novamente, como não via desde a noite anterior. Respirou aliviado. Não conseguiu deixar de reparar de que o decote da blusa que Lily usava nem era nada demais. Teve vontade de rir, mas sabia que teria de explicar se o fizesse. Olhou para a garota a sua frente e entendeu que já teria de explicar.
- Sirius. – disse somente. – Eu acordei e meus óculos estavam enfeitiçados.
- Certo. – falou ela, apesar de estar um tanto quanto desconfiada.
A conversa foi interrompida por um revoltado Sirius que passou bufando pelos dois, em caminho reto para a casa de James. Este se sentiu obrigado a segui-lo, para saber o que tinha acontecido e para reclamar sobre seus óculos. Despediu-se rapidamente da garota, dizendo que logo a veria no trem, e voltou para sua casa, deixando para trás o medo de que Lily não agisse daquela forma tão amigável com ele uma vez que voltassem ao ambiente escolar, onde tinham suas imagens a zelar.
- Cara, você ficou maluco? Azarar MEUS ÓCULOS? Você tem NOÇÃO de que eu preciso deles?
Mas Sirius não respondeu. Ele parecia arrasado. Antes mesmo que pudesse explicar algo a James, a Sra. Potter entrou na sala anunciando quer era a hora da partida. As malas já estavam todas na sala e ambos estavam prontos. Não havia motivos para adiar. Em segundos, todos estavam na plataforma 9 e ½.
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- Almofadinhas? – chamou James, quando já estavam no trem. Os quatro marotos em uma cabine. – O que aconteceu?
- Marianne. Disse que só tinha saído comigo para que eu a deixasse em paz, pra que parasse de convidá-la pra sair comigo! Que tinha sido só aquela noite e pronto!
- Uma hora isso iria acontecer com você também, não é mesmo Sirius? – comentou Remus. – Para quantas garotas você já não disse que tinha sido uma noite só e pronto?
- Mas isso não é justo! – gritou Sirius.
- Na verdade é sim. É mais do que justo. – respondeu Remus.
- Então eu devo me conformar? Só porque eu já dispensei umas garotas eu posso ser dispensado?
- Não. Qualquer um pode ser dispensado. A qualquer momento. Por qualquer motivo.
James apenas observava a discussão, pensando se aquilo se aplicaria a ele também. Com certeza aquela tinha sido a intenção de Lily ao aceitar sair com ele. Mas ele tinha esperanças de que ela não reagisse como Marianne. Tinha esperanças de já tê-la conquistado. Precisava falar com ela. E sem dizer nada para os outros três, saiu da cabine e começou a rodar o trem, para achá-la pouco mais adiante, no corredor com algumas amigas.
- Lily, eu posso falar com você um instante? – pediu delicadamente.
Fora Marianne, todos ao redor acharam aquilo muito estranho. Acharam mais estranho ainda foi o fato dela ter aceitado. Contudo, Bernard, o irmão de Marianne, passou por eles no corredor e começou a gritar para quem quisesse ouvir.
- LILY EVANS BEIJOU JAMES POTTER! LILY EVANS BEIJOU JAMES POTTER! LILY EVANS BEIJOU JAMES POTTER!
Lily tentou agarrar o menino, mas ele saiu correndo desenfreadamente pelo corredor, ainda gritando. James olhou boquiaberto para ela, sem entender aquilo, que não parecia ser invenção do menino em razão da reação da garota, que sorria envergonhada e enrubescida.
- Não foi nada demais. – disse ela rapidamente. – Não foi exatamente um beijo. Foi por causa das poções. Esquece isso.
E saiu delicadamente, afastando-se dele o mais rápido que pôde, entrando na cabine de suas amigas e fechando a porta, embora elas ainda permanecessem do lado de fora. James a princípio pensou em ir até lá falar com ela, mas achou melhor pedir explicações a uma outra pessoa.
- SIRIUS! EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU QUE LILY EVANS ME BEIJOU! – gritou ele na cabine dos Marotos.
Remus e Peter arregalaram os olhos consideravelmente. Sirius mantinha uma expressão de extremo nojo e desprezo.
- Porque não queria te contar que você queria me beijar! – respondeu Sirius, tomando o cuidado de não gritar para que ninguém além dos quatro ouvissem tal absurdo.
Remus e Peter estavam de olhos arregalados, e agora boquiabertos.
- Ele tomou uma poção do amor que eu fiz pra Marianne, então ficou momentaneamente apaixonado por mim! – explicou Sirius – Então me encurralou na casa da garota e partiu pra cima de mim! Se não fosse pela Lily, meu Merlin, que NOJO! Ela se meteu no meio da gente pra tentar impedir esse ato repugnante, mas foi tão difícil te parar que ela foi obrigada a te beijar!
Agora tudo fazia sentido na mente de James. Por isso “acordara” com ela no porão de sua casa, ela tinha tido o cuidado de preparar um antídoto para ele. Não o deixara cometer aquele crime hediondo com Sirius. E depois de tudo isso, aceitara sair com ele pra última noite do Festival.
- Lily Evans finalmente beijou James Potter e ele nem consegue se lembrar disso? – disse Peter, antes de começar a gargalhar.
- Que fim de férias agitado vocês tiveram, hein – comentou Remus.
Novamente James deixou a cabine sem dizer uma palavra. Logo ao colocar os pés no corredor notou que um silêncio se instaurou. Via várias cabeças nas portas, assim como várias pessoas no corredor, todos o encaravam. Ele ajeitou seus cabelos, sorriu para todos e andou até a cabine em que Lily estava. Abriu a porta e, ao verem James, as amigas dela deixaram a cabine.
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Lily levou as mãos ao rosto. Queria desaparecer, sumir, se esconder, e tudo o que podia fazer era esconder o rosto avermelhado com as próprias mãos. Queria matar Bernard. Certamente esganaria aquele menino assim que o visse.
- Olha – começou ela – foi um ato desesperado, eu não sabia o que fazer pra te impedir de beijar o-
- Eu sei – ele interrompeu – Sirius já me contou. Só agora ele me contou. Não se preocupe, eu entendi. E agradeço. Sinceramente. Sinto muito pela confusão toda.
A garota respirou aliviada.
- Tudo bem. Eu sobrevivi.
- Sim. – disse James, sentando-se ao lado dela – Você me beijou e sobreviveu. Você saiu comigo e sobreviveu. Passou tardes inteiras comigo e sobreviveu. Talvez agora esteja na hora de você viver ao meu lado. – finalizou com seu sorriso. O sorriso.
Lily entendeu aonde ele queria chegar, mas ele tinha feito um acordo e agora ela o cobraria. Não era porque ele dava aquele sorriso que podia passar por cima de acordos.
- Você prometeu que não me convidaria mais pra sair, James. – disse simplesmente.
Ela sentiu que o fato de tê-lo chamado de James iluminou ainda mais o brilho no olhar dele e lhe deu mais forças para dizer o que ele estava prestes a dizer. Lily intuitivamente teve medo do que ele diria. Mais do que isso, teve medo de sua reação. Do que racionalmente pensava e do que começava a perceber que sentia. Parecia que estava sendo pressionada contra a parede. E estava. Contra a parede da cabine.
- Lily, você quer namorar comigo?
Pronto. Desabaria. Era mais do que esperava. E agora? Por Merlin. Depois de anos rejeitando publicamente aquele garoto iria começar a namorá-lo? Depois de inúmeros “não”s aos seus pedidos de sair? Como as coisas podiam ter mudado tanto?
Mas a resposta era inevitável. E por mais que ela quisesse negar, o “sim” saiu de sua boca sem que pudesse impedir. Então resolveu parar de lutar contra aquele novo sentimento que se instalara recentemente dentro dela e de forma alguma tentou impedir a aproximação de James para beijá-la. Apenas correspondeu o beijo.
- LILY EVANS E JAMES POTTER ESTÃO NAMORANDO! LILY EVANS E JAMES POTTER ESTÃO NAMORANDO! LILY EVANS E JAMES POTTER ESTÃO NAMORANDO! – ouviram gritar do lado de fora da cabine.
James abriu a porta bruscamente e lá estava Bernard, que parecia ter ouvido o tempo todo através da porta. O menino então saiu gritando aquilo pelo corredor afora, e dessa vez ninguém tentou agarrá-lo. O novo casal apenas riu.
OPSSS
Kbô
espero que tenham gostado e por favor comentem
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