Capítulo 14 parte 2
N/T: Desculpe a demora, gente! hehehe...Espero que gostem!!!!
CAPÍTULO 14 – PARTE 2
Mais tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 162
Eu fingi que os meus truques de suborno não haviam funcionado (apesar de que, sério, como poderia ter havido alguma dúvida?) e disse a Grace e Emma para irem jantar sem mim. O resultado foi ceticismo, mas felizmente, não foi sobre James e meu plano genial para tirá-lo de sua solidão. Foi uma coisa completamente diferente.
“Se você prefere ir jantar com o seu Amos querido de novo”, foi o argumento de Grace, me lançando um olhar exageradamente dramático, “você pode dizer, Lily. Emma e eu entendemos que nós estamos sendo substituídas em seu coração”.
Parece que ela ainda não superou a coisa toda de eu-estava-indo-para-biblioteca-mas-acabei-jantando-com-Amos, apesar do fato de eu ter colocado o meu relacionamento em risco a fim de ajudar o seu time de Quadribol neste mesmo jantar (o que eu ainda tenho que dizer pra ela, na verdade. Quase esqueci com esse drama todo que aconteceu hoje). E, francamente, era Amos. Como eu iria deixar essa oportunidade escapar? Dane-se tarefas e dane-se o meu estômago!
Hunf.
Amigas.
“Vocês não estão sendo substituídas”, eu lhe disse, revirando os olhos. “Eu realmente não estou com fome dessa vez. É sério”.
O que nem era tecnicamente uma mentira – a parte de eu não estar com fome, quero dizer. Eu comi o ‘prêmio’ de James durante toda a tarde, e bombons tendem a lhe encher bem rapidamente. Eu nem mesmo pensei em Amos quando eu tinha um James muito deprimido nas minhas mãos.
Bem, quero dizer...não muito, de qualquer forma.
O que eu estava pensando muito, no entanto, era o fato de que eu sabia que a última coisa que James ia querer era uma grande festa de piedade sendo realizada em sua homenagem com todo mundo o assediando sobre sua mão. Foi por isso que eu estava dispensando Grace e Emma. Porque, apesar de suas boas intenções, eu sabia que Grace – e talvez Emma – não conseguiria se conter. Ela interrogaria James de uma maneira feroz. Além disso, ela provavelmente diria aos Marotos, e eles iriam chegar e assediá-lo.
Eu estava tentando fazer o garoto se sentir melhor, pelo amor de Merlin, não pior.
“Tudo bem”, Grace continuou, ainda tagarelando besteiras, apesar de eu já ter parado de escutar naquele momento. “Nós entendemos. Diggory chega e no que nós, melhores amigas, viramos?”, Ela suspirou de forma bem dramática. “ Lixo!”, ela exclamou com angústia. “Um lixo completo!”. Ela continuou aborrecida, enquanto Emma e eu revirávamos os olhos. “O que aconteceu com o fato de nós garotas ficarmos unidas?”, ela exigiu.
“É, é, nós sabemos”, Emma murmurou, empurrando as costas de Grace para tirá-la do dormitório. Ela olhou pra mim por sobre o seu ombro, ignorando os murmúrios de Grace, lá fora, nas escadas. “Tente descobrir a última resposta do dever de História, ok? Está me deixando louca. Te vejo mais tarde”.
Depois elas foram mesmo embora.
E, sério, eu nunca fiquei tão grata por Emma ser sã.
É por isso que eu a mantenho perto de mim.
Eu esperei um pouquinho antes de descer até a sala comunal, descobrindo que, maior o tempo que passasse para as pessoas descerem para o jantar, seria menos provável que o lugar ficaria cheio de massas desnecessárias. James e eu não marcamos uma hora específica para nos encontrarmos, mas eu sabia que ele não estava pulando de felicidade para descer – quero dizer, o garoto tinha se trancado no dormitório. Se não tivesse sido por minha tentativa de suborno com bombons, quem sabe por quanto tempo ele ficaria no jogo de Boo Radley ? (N/T: Personagem do livro “To kill a mockingbird”. No livro ele é um recluso que vive trancado dentro de casa...para mais informações, leiam o livro! Hehehe) – portanto, ele não iria se apressar para descer. Mas eu estava determinada a ser a segunda a chegar. Eu queria deixá-lo esperando um pouquinho, achando que talvez fosse melhor deixá-lo se acostumar por algum tempo, para que ele não descesse, pegasse os bombons e depois voltasse imediatamente para o dormitório. Isso não ajudaria em nada a minha causa. Se isso acontecesse, eu teria um James deprimido e gordo, ao invés de ter apenas um James deprimido.
Não seria nada bom.
Um dos lados negativos dos bombons.
Hum.
Me preparando para sejá-lá-qual personalidade bipolar James decidiria lançar em mim dessa vez, eu peguei a caixa de bombons (um pouquinho mais leve que antes, eu admito. Mas, francamente, é minha mãe. Minha mãe, meus bombons. E eu estava com fome. Ele não é o único com desejos, sabe) e saí do dormitório. Eu não sabia exatamente o que esperar, mas eu não estava desencorajada. Eu podia lidar com James – James nervoso, James feliz, James irritante... a lista é grande – eu já havia feito isso antes. O James depressivo não deveria ser diferente. Mesmo o James depressivo e gordo, se chegasse a esse ponto.
Já eram dezessete anos que eu lidava com minha irmã, afinal de contas.
Depois disso, mesmo o James depressivo e gordo parecia uma caminhada no parque.
Triste, mas era a verdade.
Como eu esperava, a sala comunal estava quase vazia na hora que eu cheguei lá, exceto por alguns estudantes perdidos, que estavam absorvidos demais em seus livros para prestar atenção quem estava a sua volta. Dando uma olhadinha ao redor, eu achei James quase imediatamente. Ele estava sentado em uma das cadeiras perto do canto da sala, olhando estupidamente para sua mão esquerda, que estava envolvida por um tipo de gaze. E mesmo que eu odeie admitir isso – porque, apesar de eu estar inteiramente certa em minha devoção para com o meu futuro marido, é natural que uma garota tenha dúvidas, eu acho – ver James sentado ali, parecendo tão triste me incomodava...me incomodava mesmo. Mais do que deveria, na verdade. E talvez eu devesse ficar preocupada com isso, eu não sei, mas naquele momento, a única coisa que eu conseguia pensar era chegar até lá o mais rápido possível com o maior número de bombons possível.
Porque é isso que os amigos fazem.
Sério.
“Ei”, eu disse com um sorriso, sentando no lugar vazio ao seu lado. O ar simplesmente irradiou com uma melancolia silenciosa, e isso eu sabia que não faria. Mesmo percebendo o meu cumprimento amigável, James Boo Radley simplesmente me olhou. Ele parecia um pouquinho mais confuso do que o normal, como se ele tivesse acabado de sair da cama, o que, nessas circunstâncias, provavelmente não estava longe da verdade. Silenciosamente, seus olhos cansados cuidadosamente observaram meu rosto, depois a caixa em minha mão, depois meu rosto de novo, parecendo esperançoso. Revirando meus olhos discretamente, eu ergui minha caixa pra ele, que ele pegou sem nem um sorriso. Retirando a tampa, ele ainda não disse nada.
James calado.
Esse era novo.
Eu fiquei com medo de que, se eu abrisse a boca e falasse cedo demais, o garoto simplesmente iria sair correndo dali, como um cervo assustado, então eu não tentei dizer mais nada. Era um sentimento estranho, ver James Potter, entre todas as pessoas, parecendo um pouquinho tímido, mas era assim que ele estava. Eu simplesmente observei, quieta, enquanto ele pegava um dos bombons da caixa e o colocava em sua boca, parecendo bastante satisfeito ao comer seu bombom e me ignorar completamente. Eu não me importei em ficar ali sentada, calada, enquanto ele comia como se isso fosse torná-lo um humano de novo. Eu deixaria os bombons fazerem sua mágica.
….ou, sabe, eu teria ficado contente em permanecer calada, se ele não tivesse começado a comer como um louco desvairado e faminto.
“Merlin, James, coma como um humano!”, eu exclamei, o observando enquanto ele colocava outro bombom em sua boca já bem cheia, O garoto idiota parecia determinado em comer metade da caixa em apenas alguns minutos. “Os bombons não vão a lugar nenhum. Eu prometo”.
“Hum-hum”, foi sua resposta que quase não era uma resposta. Parecia com um consentimento, mas obviamente não era, porque ele ainda assim continuou enfiando bombom atrás de bombom em sua boca em um ritmo inacreditavelmente rápido.
Hum, eca.
“Eu vou levar embora se você não parar com isso”, eu o alertei, completamente séria. Quero dizer, francamente, eu me sentia horrível pelo garoto e tudo mais, mas por quanto tempo uma garota tem que aturar esse tipo de coisa nojenta? “Você está nauseando as crianças”.
“Que crianças?”, ele perguntou, finalmente falando, mas com sua boca tão cheia que eu estava começando a pedir que ele talvez não falasse mais.
“As que estão tentando estudar”, eu expliquei com um olhar penetrante, indicando a sala comunal e mostrando os arredores, “mas que não estão conseguindo fazer isso no momento porque estão distraídas demais com seus hábitos alimentares nojentos!”.
Eu escolhi ignorar o fato de que duas ou três crianças na sala comunal ainda estavam bem absorvidas por seus livros.
Não pareceu relevante.
James pareceu pensativo por um instante, olhando em volta para as crianças na sala, e depois se virou para mim com uma sobrancelha levantada, como se para mostrar o óbvio. Meu coração escapou do meu peito ao ver aquela sobrancelha. Finalmente, um pequeno sinal do James que eu conheço! “Eu acho que você deveria ser legal comigo”, ele finalmente respondeu, olhos levamente estreitados. “Eu estou ferido. As pessoas não devem ser legais com os feridos?”.
“Hum, não”.
“Devem sim”.
“Hum. Não”.
“Chata”.
Eu sorri. “Bobo”.
Ai, meu James.
Ele voltou pra mim.
Eu não consegui evitar – eu comecei a rir como uma bêbada louca bem ali, naquela hora. Por um segundo eu pensei que talvez essa não fosse a coisa mais inteligente para se fazer – será que se eu ficasse feliz só serviria como um lembrete para James de que ele não estava feliz e, portanto, acabaria o jogando ainda mais nas profundezas do desespero? – mas eu percebi que ao agir normalmente com ele, como a mulher louca que eu sou, foi o certo, quando James conseguiu engolir toda aquela quantidade de bombons e se juntou a mim. Eu estava tão feliz que o Plano Suborno tinha funcionado que eu comecei a rir ainda mais.
Nós devemos ter parecido muito insanos, sentados ali como um par de fugitivos do St. Mungos.
Mas, de novo, desde quando isso era novidade?
“Obrigada Merlin!”, eu quase gritei, erguendo minhas mãos, enquanto nós dois continuávamos a causar um escândalo com as nossas risadas. “Por um momento, eu pensei que havia te perdido”.
James deu de ombros e sorriu. “Não”, ele riu. “Estou aqui”.
“Bem, que bom”, eu disse feliz, finalmente parando com as minhas risadas um pouquinho. Eu fiz uma boa imitação do Garoto Pomposo e estufei o meu peito de forma arrogante. “Eu sabia que eu poderia tirá-lo das profundezas do desespero”.
“Eu não estava nas profundezas do desespero”.
“Hum, James”, eu comecei, sem rodeios. “Você se trancou no seu dormitório”.
“E daí? Eu gosto do meu dormitório”.
Eu bufei. “Ah, sim. E eu acho que essa sua paixão cega pelo seu dormitório não teve nada a ver com o pedaço de gaze que está enrolada em sua mão, não é?”.
As palavras escaparam da minha boca, antes que eu realmente tivesse uma chance de pensar no que eu estava falando. Eu quase me xinguei umas dez vezes quando eu percebi que o único assunto que eu não deveria trazer à tona assim tão cedo, havia escapado. Isso ficou ainda mais aparente quando todas as risadas pareceram desaparecer do rosto de James e ele olhou com tristeza para sua mão. Uma quantidade de desculpas gaguejantes apareceu na minha língua, mas eu as engoli quando eu tive uma idéia.
Talvez dizer algo tão errado...bem, fosse certo.
Quero dizer, eu sabia que estava cruzando um território perigoso e tudo mais – e o que diabos eu sabia sobre os efeitos devastadores dos machucados de quadribol, de qualquer forma? – mas eu também sabia que quando a vida aparece e te dá uma rasteira...bem, você tem que dar o troco. Mesmo que você esteja sofrendo. Mesmo que doa muito. Você simplesmente tem que botar tudo pra fora.
James já havia tido horas para pensar em seu dormitório.
Era hora de colocar tudo pra fora agora.
E se eu tivesse que arrancar isso dele, gritando e o contrariando, era isso que eu faria.
Engolindo as desculpas hesitantes, eu encostei minhas costas na cadeira, olhando pra James com uma determinação firme. “Você quer falar sobre isso?”, eu finalmente perguntei.
Para meu espanto, James não brigou comigo ao ouvir a mera menção de tal coisa. Ele era uma pessoa bem mais forte que eu, por controlar sua frustração – e ele estava frustrado, eu sabia. Eu conseguia ver isso em sua mandíbula imóvel e na dureza de seus olhos – mas ele estava se mantendo firme em seu controle. Só Merlin sabe como eu já teria estourado se eu estivesse em seu lugar. Mas não James. Ao invés disso, ele simplesmente deixou escapar um suspiro doloroso, erguendo sua mão enfaixada e rodando ela em frente ao seu rosto. Por alguns segundos ele permaneceu em silêncio, observando sua mão através de seus olhos um pouco estreitados, antes de abaixá-la novamente.
Ele olhou pra mim novamente, cansado.
“Nem está doendo”, ele murmurou baixinho, expirando. Ele olhou para sua mão, e depois para mim de novo. ”Isso é mentira”, ele confessou com outro suspiro. “Dói muito”.
Ai, minha nossa.
Ele pegou a minha mania de mentir.
“Bem, claro que dói”, eu respondi de forma consoladora, meu coração quase parando de bater pelo pobre garoto. Por seu ferimento e por pegar minhas maneiras horríveis, claro. “Você não pode esperar milagres, James. Pelo que Grace e Sirius me contaram, o acidente foi bem feio”.
“Eu fui um idiota”, ele murmurou em resposta. “Eu não estava prestando atenção”.
“Foi um acidente, James. Acidentes acontecem”.
Ele me olhou de cara feia e sombria. “Não um dia antes de partidas de Quadribol. Eles não acontecem”.
Ele parecia com tanta raiva agora por causa de toda essa situação que eu considerei por um momento abandonar o plano de “colocar tudo pra fora” e simplesmente tentar fazê-lo rir novamente. Mas no geral, eu sabia que essa mini-sessão de terapia seria melhor pra ele do que algumas risadinhas. Pode não ser engraçado ou legal, mas no final do dia, seria melhor do que deixar a sua amargura consumi-lo por dentro, não seria? Quero dizer, como uma garota que coloca tudo pra fora quando fica com raiva do mundo, confie em mim, eu sei que isso me faz me sentir bem melhor... apesar de ser, sabe, um pouquinho pior pra quem recebe a minha frustração. Mas eu estava me voluntariando a ser o saco de pancadas de James. O garoto tem que descontar sua raiva em alguém, afinal de contas.
Eu acho que posso ser um excelente saco de pancadas.
“O que vai acontecer se você não puder jogar amanhã?”, eu perguntei gentilmente, aceitando minha missão de volta. James deu de ombros de forma derrotada.
“Eu não sei”, ele respondeu tristemente, e do jeito que sua voz continuava saindo em um tom alto, eu sabia que ele já duvidava de sua habilidade de jogar. “Eu...eu não quero soar arrogante”, ele começou rapidamente, seus olhos se fixando nos meus, “mas...Merlin, Lily, eu simplesmente não sei se eles conseguem jogar sem mim! São tantas jogadas – e o reserva não é nada demais...”. Ele deixou escapar um gemido suave, recostando sua cabeça no sofá, enquanto considerava as possibilidades. “Se nós perdermos esse jogo”, ele continuou lentamente, a irritação aparente em sua voz agora, “vai matar nossas chances de voltarmos ao topo. Eu não sei se nós podemos fazer isso. Vai ser…vai ser…”, ele parou, terminando com um suspiro gigantesco, enquanto ele fixava seus olhos em algum ponto fixo em cima do meu ombro. Ele olhava, quase sem piscar. “Isso é uma merda”, ele murmurou. “Uma bosta”.
Errado.
Isso era bom.
Muito bom.
“Coloque tudo pra for a”, eu o incentivei imediatamente, feliz por finalmente ter recebido algum tipo de resposta. “Xingue o quanto você quiser. Me diga como a vida é uma merda”.
James sorriu, seus olhos saindo daquele ponto fixo pela primeira vez, enquanto ele me olhava, sacudindo sua cabeça. “Ah, não sei não, viu?”, ele suspirou. “Se eu começar, talvez não seja capaz de parar”.
“Não tem problema”, eu lhe disse. “Continue. Me impressione com o seu vasto e sujo vocabulário de xingamentos. Dê o seu melhor”.
Ele riu ao invés de xingar, o que eu não tinha certeza se era exatamente uma boa coisa, mas eu também não iria reclamar disso. “Quer saber de uma coisa?”, ele perguntou, ainda rindo, enquanto ele me olhava de uma maneira peculiar.
“O quê?”, eu perguntei.
“Você é boa”.
Er...boa?
O quê?
Eu olhei pra ele, confusa. “Er, boa em quê exatamente?”.
James sorriu, esfregando seus olhos por baixo dos óculos com sua mão direita. “Você aparece”, ele começou, ainda rindo. “ com seus bilhetes de resgate e bombons potentes e eu digo pra mim mesmo, ‘James, não lhe dê ouvidos. Não ceda a ela’. Eu digo isso várias vezes e continuo me dizendo que você é cheia de bobagens e que nada disso importa. E, mesmo assim...e mesmo assim, onde eu me encontro meio hora mais tarde?”. Ela sacudiu sua cabeça, como se ele mesmo não pudesse acreditar. “Aqui embaixo, na sala comunal”, ele terminou sem acreditar. “Aqui na sala comunal rindo até não poder mais”. E então, como se pra provar seus argumentos, ele começou a rir que nem um maluco de novo. “Você é boa”, ele conseguiu repetir em meio a suas risadas. “Você é boa”.
O que, sabe, ele não precisava me dizer, porque eu já sabia disso.
Mas mesmo assim é bom ouvir isso de vez em quando.
“Bem”, eu disse, rindo junto com ele, um pouquinho desconfortável, porque James ainda continuava a rir muito alto. “Eu fico feliz que minhas bobagens tenham...er...melhorado o seu humor um pouquinho”.
Ou, o tenha transformado em um completo maluco.
O que, pelo seu estado atual, eu não estava rejeitando como uma possibilidade.
Levou um pouquinho de tempo para que ele pudesse controlar suas risadas, apesar de eu não fazer idéia do porquê que ele parecia achar isso tudo tão engraçado assim. Eu pensei que, talvez, junto com a minha mania de mentir, ele pode ter pegado a minha insanidade também, mas depois eu descobri que ele já era um pouquinho maluco, então ninguém poderia jogar a culpa em mim. Era bom vê-lo rir, eu acho, se não um pouquinho estranho. Eu simplesmente não entendia porque era tão engraçado.
Mas eu nunca disse que eu entendia James Potter, afinal de contas.
“Você já acabou?”, eu perguntei, entediada, algum tempo depois, quando as risadas de James pareciam praticamente intermináveis. Tinham parado um pouco, mas não haviam cessado. “Sério, James, você está atrapalhando as crianças de novo”.
Mas James não pareceu dar a mínima para quem ele estava incomodando. Ele simplesmente continuou olhando pra mim e rindo como se houvesse alguma piada particularmente engraçada pregada na minha testa. Eu bufei em frustração, revirando meus olhos antes de uma inspiração aparecer de repente.
Ah, essa ia ser boa.
“Sabe”, eu comecei lentamente, ignorando as risadas incansáveis na minha frente. “Mesmo se você não jogar amanhã, vocês podem ter uma chance de ganhar de qualquer jeito, sabe”.
Ainda sem se calar, James meramente ergueu uma sobrancelha e perguntou, “Ah, é? E como você sabe disso?”, com um sorriso de auto-satisfação, ele se inclinou em sua cadeira e sacudiu sua cabeça. “Odeio ter que lhe dizer isso, amor, mas você nem sabe diferenciar uma goles de um banquinho”.
Hum, que grosso.
Quero dizer, verdadeiro, mas grosseiro.
“Não importa”, eu respondi com um olhar um pouquinho furioso, ignorando o olhar convencido que James finalmente havia substituído, ao invés de suas risadas sem fim, “Eu sei de algo que você não sabe”. Eu cruzei os meus braços e encontrei seu olhar arrogante. “Sobre a Lufa-Lufa”.
Isso lhe chamou atenção, assim como eu pensei que iria, mesmo parecendo um pouquinho cético com a coisa toda. Não lhe dando mais nenhum segundo para continuar com sua presunção, eu assumi o meu próprio ar arrogante e continuei a falar – bem animada, pra falar a verdade – minha infame (ou, você sabe, seria infame, se mais pessoas soubessem sobre isso) e genial mentira para o Garoto Pomposo, que havia ofendido o capitão da grifinória.
E se minha interação era fazer com que ele parasse de rir, meu plano falhou miseravelmente.
O garoto simplesmente ficou louco de alegria.
“Você ooo queeê??”, ele exclamou, rindo tanto que tinha até lágrimas saindo de seus olhos. “Vo-você...vo-você...”.
Então, ele começou a rir de novo.
Eu teria ficado irritada, mas, sabe, ele estava rindo da minha pura genialidade, então eu não poderia realmente ter coragem de ficar irritada com isso.
“Ah, isso é valioso”, James disse, ainda rindo que nem um lunático. “E eles acreditaram em você?”, ele perguntou de novo, todo sorrisos e alegria. Eu meneei a cabeça, também com um sorriso.
“Eles aparentemente não sabem do dilema goles/banquinho”, eu respondi dando de ombros, algumas risadinhas minhas escapando. “Eu me senti mal por mentir para o Amos, mas sério, James, você devia ter ouvido! Só bobagens o jantar inteiro! Eu tinha que defender a honra da grifinória de alguma maneira”.
“Então você trapaceou”.
“Não foi trapaça. Eu simplesmente forneci uma informação – tudo bem, uma informação falsa – para algumas pessoas”.
“Deliberadamente falsa”, James corrigiu, sorrindo abertamente.
Eu o olhei de cara feia. “Bem, é, talvez – “.
“E para o Diggory, entre todas as pessoas!”, ele estava se divertindo demais com tudo isso. “Eu não sei, Infalível”, ele murmurou, exprimindo desaprovação. “Isso não pode ser bom para a vida de casados, pode? Talvez existam algumas falhas na sua união feliz?”.
Falhas?
FALHAS?
Hunf.
Hunf. Hunf. Hunf.
“Devo lhe informar que Amos e eu estamos perfeitamente contentes com o nosso estado atual”, eu disse, bufando de raiva, olhando furiosamente para o rosto feliz de James, “e só porque eu contei uma mentirinha sobre uma partida idiota de quadribol, certamente não significa que existam falhas em nosso relacionamento, ok, Potter?”.
Ou não haveria se nós realmente tivéssemos um relacionamento. No momento, nós só estamos quase lá. Mas se eu não parar de sonhar com... outros garotos (o que nós não vamos discutir agora). Mas eu não diria isso a ele. Mas apesar do meu tom hostil e minha defesa poderosa, James continuou sorrindo intencionalmente.
“Tudo bem”, ele disse.
Eu queria estrangulá-lo.
E eu assim o teria feito, se ele não tivesse escolhido aquele momento para levantar-se.
“Onde você pensa que está indo?”, eu disse, me levantando também. Se ele pensava que ele simplesmente podia ir embora depois de fazer comentários como aquele, ele estava muito enganado. Geralmente eu posso ser uma pacifista, mas isso não significa que eu não saiba algumas azarações perigosas.
“De volta para o meu dormitório”, James respondeu com um sorriso. “Eu tenho muito no que pensar”.
“No que você tem que pensar?”.
Ele deu de ombros, mas seu sorrisinho travesso indicava outra coisa. “Na vida”, ele insistiu. “Em bombons”, ele disse, erguendo a caixa. Então, o sorriso se espalhou por seu rosto. “Minhas amigas pequeninas e ruivas que parecem ter prazer em mentir para seus potenciais maridos, talvez?”.
“James Potter, eu vou te matar – “.
“É, é, eu sei”, ele murmurou, ainda sorrindo. “Me matar e exterminar e pendurar meu maldito corpo no Salão Principal para que o mundo veja. Eu sei “. Ele não deveria parecer tão contente com a idéia. Eu bufei de raiva, enquanto ele voltava a andar na direção das escadas que dão para o dormitório masculino, aparentemente contente com suas últimas palavras. Quando ele alcançou os primeiros degraus, eu logo atrás, ele repentinamente pareceu lembrar-se de alguma coisa, enquanto ele se virava e me encarava. “Você vai acordar cedo amanhã?”.
“Por que eu não acordaria?”, eu respondi, ainda um pouquinho nervosa, mas também perplexa.
“Eu tenho que ir ver Pomfrey antes do café da manhã”, James respondeu, sua voz perdendo um pouquinho de sua alegria, mas não completamente desencorajada. “Só queria ter certeza de que você estaria acordada para me animar quando eu descer para o Salão Principal chorando que nem uma criança porque ela se recusou a me liberar”.
A simples imagem disso me fez sorrir.
Francamente, chorando que nem uma criança. James?
Esse era o meu papel.
“Ah, isso não vai acontecer”, eu insisti, acenando minha mão casualmente. “Ela vai te liberar – pelo menos para que ela não tenha que ouvir as reclamações exasperadas de McGonagall”.
James riu. Um barulho muito legal e gostoso no meio de um assunto tão horrível. “É, bem, eu espero”. Ele suspirou, dando de ombros. Ele começou a subir as escadas para o seu dormitório e eu o deixei ir, descobrindo que o meu objetivo de animar o garoto havia sido cumprido, mesmo que ele ainda insistisse em esconder-se no dormitório e mesmo que ele merecesse um bom murro por insinuar que Amos e eu não somos perfeitos um para o outro. Eu meneei minha cabeça ao pensar na loucura disso tudo e comecei a andar na direção da escada das garotas. De repente, eu ouço ele gritar, “Lily!”.
Eu me virei para ver sua cabeça aparecer na escada dos garotos.
“Obrigado”, ele disse, sua voz estranhamente profunda. “Eu tenho a tendência de dizer isso muito pra você, não é?”.
“Não se preocupe”, eu respondi, sorrindo. “Não foi nada”.
Então, ele desapareceu.
E esse foi o final de outra missão bem sucedida por minha parte.
Sábado, 11 de outubro, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo sexto dia
Observações Totais: 163
Ai, droga.
Está aqui. Finalmente está aqui.
O dia da partida.
Por que eu me importei em levantar essa manhã?
Eu odeio quadribol.
Mais tarde, café da manhã no Salão Principal
Lily Observadora: vigésimo sexto dia
Observações Totais: 163
Eu fiquei bastante surpresa – apesar de que eu nem deveria estar. Eu acho que ela acorda assim sempre que tem partida de quadribol, só que eu nunca acordava para poder perceber isso – em ver Grace de pé quando eu estava me arrumando para descer para o café da manhã mais cedo hoje. Ela estava me deixando completamente maluca, olhando ao redor do quarto com os olhos arregalados, apertando com bastante força algo em suas mãos, andando de um lado para o outro em frente a minha cama, enquanto ela observava nervosamente eu colocar os meus tênis. Eu queria meter um tranquilizante nela pra acabar logo com isso, mas me disseram que isso não é o tipo de coisa que melhores amigas fazem.
Hunf.
“Ele vai ser liberado”, ela ficava murmurando, para mim ou pra si mesma, eu não sei dizer. “Quero dizer, você viu ele ontem, certo? Você disse que ele parecia bem. Completamente recuperado”.
Eu retorci a verdade um pouquinho e disse a Grace e Emma que eu havia me encontrado com James acidentalmente na sala comunal, enquanto elas estavam no jantar. Eu não achei necessário lhes contar toda a verdade, ou o fato de que James disse que sua mão ainda estava o incomodando. Grace já estava nervosa o bastante.
“Aham, super em forma”, eu concordei imediatamente, pegando minha capa e meu cachecol da Grifinória, só caso eu não consiga voltar para a sala comunal antes de ir até o campo, o que provavelmente seria o caso. “Pare de se preocupar, Gracie. Vai ficar tudo bem”.
Grace pareceu se consolar com essas palavras, apesar de serem mentira. Mas eu estava feliz em espalhar uma mentira de apoio moral, caso isso significasse que ela não entraria em pânico. Eu não sabia se ela estava ciente de que James provavelmente estava neste mesmo momento no Ala Hospitalar, decidindo o destino de toda a partida, mas se ela não sabia, não seria eu quem iria lhe dizer.
“Vamos”, eu disse, pegando meu casaco com uma mão e a mão de Grace com a outra. “Vamos tomar café, ok? Você não vai conseguir derrotar meu marido com estômago vazio, ou vai?”.
Parecendo um pouquinho menos ansiosa, Grace concordou com a cabeça e me seguiu.
Eu acho que eu não deveria ter ficado surpresa em ver o Salão Principal um pouquinho mais cheio essa manhã, mas eu ainda assim dei uns passos para trás quando Grace e eu chegamos no salão e havia bem mais gente conversando animadamente do que eu havia visto até agora. E não eram simplesmente os grifinórios e lufa-lufas. Havia um monte de sonserinos e corvinais no salão também. Eu não fiquei surpresa foi em ver, no entanto, (ou não estava surpresa após ter visto Grace “não se atreva a me acordar um minuto antes do absolutamente necessário” acordada, de qualquer forma), juntamente com Marley, o time de quadribol inteiro da grifinória – menos o James, claro - sentado confortavelmente no nosso lugar habitual.
Nenhum deles estava sorrindo.
“Tem certeza que ele está lá em cima?”, Chris Lynch perguntou agora, falando comigo, claro, já que aparentemente, eu sou a fonte de informação sobre James essa manhã.
“Sim, ele está lá em cima”, eu respondi. E, francamente, eu estou cansada de todas essas perguntas. James vai descer em apenas alguns minutos. Será que eles não podem esperar e simplesmente perguntarem a ele?
Agora, Sirius está dizendo que ele não agüenta mais e que ele vai subir para ver o que está acontecendo. Eu tento lhe mostrar que não há muito o que ver – Pomfrey está simplesmente examinando sua mão para ver se ele pode jogar ou não – mas minhas palavras de sabedoria foram ignoradas e agora Sirius sumiu. Mas eu acho que não é realmente uma coisa ruim, ele subir até lá. Quero dizer, James provavelmente vai precisar do melhor amigo por perto, caso o pior aconteça. Contanto que o resto do time permaneça quieto, acho que nós ficaremos bem. Nenhum deles parecer estar indo a algum lugar. Eles parecem estar deprimidos demais para fazer algo além de comer.
Sério, eles não têm nenhuma fé?
E eu só sei –
Oh.
Oh.
Bem, olhe lá! Se não é o meu querido amor e coração, Amos Diggory! E eu acho que ele está me chamando!
Bem, é melhor nós não o deixarmos esperando, hum?
Mais, mais tarde, salão principal
Lily Observadora: Vigésimo sexto dia
Observações Totais: 165
Garotos são muito instáveis.
Quero dizer, sério, a coisa toda me confunde. Que necessidade é essa que eles têm de ver quem consegue irritar mais o outro? Que besteira é essa deles insistirem entrar em jogos mentais? Isso é realmente necessário? Será que eles não podem se dar bem?
Sério, isso tudo é extremamente imaturo.
Eu deixei a mesa da Grifinória entre murmúrios de “Traidora!” e gemidos evidentes, mas eu ignorei todos eles porque, diferente de algumas pessoas, eu não coloco quadribol na frente do amor verdadeiro. Amos estava lindo em seu uniforme da Lufa-Lufa, com um grande e perfeito sorriso em seus lábios, e sério, eu não iria desistir dessa paisagem adorável só porque alguns dos meus amigos iriam voar e acabar com alguns amigos dele em algumas horas. Não fazia diferença pra mim. Se eles quisessem se matar desse jeito, quem seria eu para impedi-los?
Mas chega de reclamações contra a Grifinória.
Se eles não jogarem sujo, não é meu problema.
Ao redor do meu querido amor, o Garoto Pomposo e o resto do bando me cumprimentaram, enquanto eu me sentava ao lado de Amos. E, enquanto eu tenho certeza que eles não estariam assim tão ansiosos para me saudar caso eles soubessem a verdade sobre a mentira de ataque-defesa, até que eles descobrissem eu iria ficar com meu amor enquanto possível.
“Bem, vocês estão bem acordados e ansiosos essa manhã”, eu disse com um sorriso, observando o bando grosseiro continuar com seu mini café da manhã de celebração. Eu tentei não ficar tão ofendida com o fato de que eles pareciam acreditar que eles já haviam ganhado a partida antes mesmo dela começar. Música para meus ouvidos, Amos deixou escapar uma risada como a de um deus, enquanto eu meneava minha cabeça para a algazarra de seus amigos loucos.
“Que dia perfeito para o Quadribol!”, ele exclamou, respirando fundo como se ele pudesse, literalmente, aspirar o dia com suas narinas. “Dia ótimo, lindo e perfeito”
Sentada ali, suéter, cachecol e capa na mesa da Grifinória, praticamente tremendo, eu realmente não pude evitar erguer minha sobrancelha de leve na direção do meu amor ao ouvir aquela afirmação insensata.
Eu nunca disse que ele era o cérebro desse relacionamento.
“Hum, Amos”, eu comecei bem gentil, tentando não machucar seus sentimentos delicados, “você está ciente de que está praticamente congelando lá fora, sim? Quero dizer, está frio. Muito frio”.
Sem mencionar a ventania. E a alta atitude lá no campo.
Dia perfeito, uma ova!
“Quem se importa com o tempo?”, o Garoto Pomposo disse antes que Amos pudesse responder (apesar de que, eu tenho certeza que se ele pudesse responder, ele teria dito alguma coisa assim: “Bem, amor, você está certa! Vamos cancelar o jogo e depois vamos nos agarrar debaixo das arquibancadas!”). Sempre em sua postura natural, o Garoto Pomposo estava sentado em seu lugar com seu peito pomposo estufado pomposamente. O Garoto Pomposo, o pomposo pomposo. “Nós temos essa partida nas mãos!”, ele gritou.
Ai, Merlin. Essa bobagem de novo não.
Eu quase gemi bem alto.
E, quero dizer, tudo bem, eles meio que tinham o direito de pensar que eles já tinham praticamente vencido a partida – com a minha mentira sobre a Grifinória dar atenção à defesa deles, ao invés do ataque e o ferimento de James já sendo conhecimento público e tudo mais – mas, quero dizer, francamente, eles não têm nenhum respeito pela casa de uma garota? Mesmo sendo a futura esposa do capitão do time deles, até que aquele anel esteja no meu dedo, eu sou verdadeira e fiel à Grifinória. Eu não tenho que honrar e obedecer nenhum lufa-lufa até lá. E já que eu sou assim tão fiel à minha casa, vocês não acham que esses...essas...crianças deveriam ter um pouquinho de respeito por mim e pela minha casa, apesar das vantagens que eles possam ou não possam ter? Quero dizer, eles não podiam simplesmente ficar ali e me insultar dessa maneira! Não podiam! Eu posso perdoar o querido Amos, porque ele está perdido em seu próprio quadribolismo e não conseguiu evitar – além disso, ele só estava participando daquelas saudações “Pra frente Lufa-Lufa, pra trás Grifinória!’. Era o idiota com a cabeça extremamente grande que começou tudo – mas os outros...os outros eu tomei como ofensa pessoal.
O Garoto Pomposo iria pagar.
Sem ter realmente nenhum controle sob o que o meu corpo já estava planejando e tramando, eu ergui uma sobrancelha e sabia que eu iria começar a dizer um número de mentiras a qualquer momento, mas não me importei particularmente porque, às vezes, na vida, nós simplesmente temos que aceitar os nossos defeitos. E meu principal defeito...bem, é claramente mentir de maneira patológica.
E eu aceito isso.
“Nas mãos?”, eu me ouvi dizer, o ceticismo praticamente escorrendo da minha boca. “Tem mesmo?”.
“Com Potter fora da jogada?”, foi a resposta ainda presunçosa do Garoto Pomposo. “Definitivamente”.
“Quem disse que James não vai jogar?”.
A mesa inteira ficou quieta.
Sério, foi como se eu tivesse acabado de contar que o Natal foi cancelado.
Patético.
“Do que você está falando, Lily?”, Amos perguntou, sua voz baixa e séria. Seus olhos observaram meu rosto rapidamente, como se ele estivesse procurando pelas respostas bem ali no meu nariz. “Potter quebrou sua mão. Todo mundo sabe. O Robbie ali até viu ele na Ala Hospitalar. É claro que ele não vai jogar”.
Com um pequeno sorriso interno devido a minha própria genialidade, eu olhei na direção do menino mais novo – Robbie – que estava sentado mais no final da mesa. “Você foi na Ala Hospitalar esta manhã, Robbie?”, eu lhe perguntei com a minha voz mais inocente, sabendo muito bem que ele não esteve lá. Parecendo tão confuso quanto seus colegas de casa, Robbie negou com a cabeça.
“Não”, ele respondeu. “Ontem. Eu o vi lá ontem”.
Sério, eles estavam tornando isso completamente fácil demais para mim.
“Ontem”, eu repeti lentamente, franzindo os meus lábios de maneira preocupada. Na verdade, era a única coisa que estava prendendo minha risada. Quero dizer, eu poderia praticamente ver as gotas de suor se formando em suas sobrancelhas. Era clássico. “Ontem...hum...”.
Todos eles começaram a murmurar freneticamente entre eles e eu sabia que minha boca-incontrolavelmente-mentirosa havia atingido o seu objetivo. O pânico estava no ar como o cheiro desprezível de uma bomba de bosta, e apesar de eu estar um pouquinho envergonhada por dizer isso, eu a liberei.
Acho que não é surpresa eu ter um carma assim tão ruim, já que essa é a minha forma fundamental de entretenimento.
“Agora, espera um segundo”, isso veio do pobre e gentil Amos, quem, sim, eu odiava torturar (apesar das mentiras que James Potter disse sobre mim, falando que gosto de mentir para o Amos. Quero dizer, hunf. Ele é meu futuro marido), mas sério, andar com esses garotos? O garoto obviamente precisa de uma lição bem ensinada sobre o que acontece quando você deixa os seus amigos insultarem a casa de sua futura mulher. “Lily...você sabe de algo que a gente não sabe?”.
Hum, sim.
Eu podia sentir as mentiras sendo tramadas na ponta da minha língua. Eu estava prestes a abrir a minha boca para falar como James havia se recuperado milagrosamente e que iria, de fato, jogar ainda melhor que antes, devido a possibilidade dele nunca mais jogar (porque naturamente em minha história, o ferimento de James era praticamente fatal), quando – bem repentinamente, mas ainda bem – eu percebi...bem, talvez essa não seja uma coisa muito inteligente a se fazer. Mentir, quero dizer. Porque o que aconteceria se eu dissesse a eles todas essas bobagens e depois James não ser liberado? Quero dizer, claro, eu tenho certeza que Amos vai pular de felicidade por causa de sua boa sorte, mas depois que a comemoração cessasse, seria bastante óbvio que eu havia mentido para ele descaradamente. E nesse ponto crucial de nosso relacionamento em evolução, eu realmente acho que não seria interessante, como a futura Senhora Amos Diggory, deixá-lo descobrir sobre o meu problema com a boca traidora. Quero dizer, mais tarde, tenho certeza que Amos vai conseguir entender que mentir parece ser algo natural pra mim, e será provavelmente capaz de distinguir quando ele deve levar em consideração alguma coisa que sai da minha boca, como Grace e Emma e, agora James, conseguem fazer. Mas por enquanto...é. Eu realmente acho que não é a hora de deixar isso sair do armário.
Então, apesar de minha boca traidora ter sofrido ao fazer isso – e apesar de que, no fundo do meu coração, eu ainda realmente queria acabar com o Garoto Pomposo – eu deixei escapar um suspiro mental, peguei minha boca independente nas minhas mãos e resolvi fazer a coisa que eu realmente não posso dizer que eu faço com freqüência.
Contar a verdade.
...ou, eu pretendia contar, de qualquer forma.
“Bem, a verdade é que – “.
“VITÓRIA Á GRIFINÓRIA!”.
Eu quase pulei de susto ao ouvir o barulho das portas do Salão Principal se abrirem e o grito de vitória de Sirius Black. Me virando em meu lugar como qualquer outra pessoa no salão – incluindo a turma de lufa-lufas ao meu redor, eu pude praticamente sentir o meu coração sair do meu peito e não pude esconder meu sorriso apropriadamente, enquanto um Sirius animado entrava arrogantemente no salão, seguido muito exageradamente pelo capitão do time da grifinória...sem sua mão enfaixada.
Ele havia sido liberado.
ELE HAVIA SIDO LIBERADO!
“Ai, puta merda”, Amos murmurou ao meu lado.
E, sério, eu devo ter mais orgulho da Grifinória do que eu esperava, porque, naquele momento, eu não consegui mostrar solidariedade suficiente para com o meu amado e seu time agora bem arrasado. James havia sido liberado. James havia sido liberado e ele iria jogar.
Nós vamos acabar com a Lufa-Lufa.
Não exatamente a única a par daquele sentimento, a mesa inteira da Grifinória pareceu levantar-se, dançando pelo Salão Principal de um jeito bem ridículo, gritando e berrando como se a partida estivesse terminada e nós já tivéssemos ganhado. No lugar dos professores, Dumbledore continuou a comer seu mingau como se nada em particular estivesse acontecendo e como se ¼ de seus estudantes não estivesse pulando como bêbados bobos pelo Salão Comunal.
Ignorando as comemorações e os gritos vindos da direção da Grifinória também, eu me virei para os lufa-lufas pasmos, que estavam parecendo peixes fora d’água naquele momento, e não consegui esconder o meu próprio tom pomposo, enquanto eu suspirava gentilmente e dizia, “Bem, eu acho que agora tudo está explicado”.
E eu quase ri quando eu olhei para o Garoto Pomposo e, decididamente, seu olhar estava mais obscuro do que antes.
Ah, doce vitória.
“Eu não acredito nisso!”, Amos gritou, batendo seu pulso na mesa. Eu me encolhi um pouquinho, só caso a besta-do-quadribol dentro dele assumisse o controle e atacasse a coisa mais próxima e relacionada com a Grifinória na vizinhança – ou seja, eu. “Sua mão estava quebrada! Disseram que ela estava quebrada!”.
“Acalme-se, Amos”, eu tentei suavemente, apesar de não ter me atrevido a tocá-lo. Garotos são bem irritáveis quando eles se colocam nesse estado. “A partida nem começou. Com o que você está se preocupando? Antes de ontem, James jogaria, não jogaria?”.
Mas Amos não parecia querer me responder. Ele simplesmente encarou depressivamente o seu café da manhã e murmurou coisas incoerentes para o seu prato. Eu cerrei os meus lábios e tentei não ficar irritada, mas sério, eu já não disse antes que os garotos levam o quadribol a sério demais? E eu estava certa. A partida nem havia começado ainda! Por que ele já estava se lamentando? Agora seria um jogo justo: sete contra sete. Ele não queria uma partida justa?
Eu estava prestes a perguntar isso pra ele, tentando colocar algum tipo de racionalidade em seu estado atual obviamente irracional, quando eu senti algo. Alguma coisa estava sendo colocada ao redor do meu pescoço.
Ao redor do meu pescoço.
E, naturalmente, meu primeiro pensamento ao sentir isso foi: puta merda.
Os lufa-lufas loucos decidiram linchar a grifinória mais perto.
Merda.
Porque, sério, quem não teria pensado isso?
Mas eu me forcei a não entrar em pânico. Eu me recusei a ser a mulher louca gritando e berrando, enquanto os igualmente loucos lufa-lufas me estrangulavam e penduravam meu corpo no teto. Eu me forcei a ficar calma, mesmo a beira da morte, e graças a Merlin eu consegui, porque no meu estado de racionalidade, eu percebi rapidamente, para o meu total alívio, que não era uma corda amarrada ao redor do meu pescoço.
Era um cachecol.
Um cachecol vermelho e dourado.
Graças a Merlin!
Eu me virei, pegando o cachecol da Grifinória envolto seguramente no meu pescoço, não para encontrar um grupo raivoso e com sede de sangue da lufa-lufa, pronto e espumando por uma linchação de uma grifinória boazinha, mas para encontrar um rosto bem feliz e sorridente do capitão de quadribol, causador do último drama.
O que ele iria aprontar dessa vez?
“Se você tirar”, James me disse em uma voz surpreendentemente severa para alguém que estava sorrindo tão vivamente, segurando o cachecol ao redor do meu pescoço agora que ele podia me ver de frente, “eu te prometo que eu vou te renegar”.
Eu fiquei ali, boquiaberta que nem uma idiota, tentando descobrir o que diabos o maldito babaca estava tentando fazer. Me renegar? Há! Como se ele pudesse! E eu estava prestes a repreender a sua pessoa idiota, mas no final, eu não tive que fazer isso.
Aparentemente, Amos decidiu fazer isso por mim.
Mas não da forma bem-humorada que eu iria fazer.
“O que você está fazendo aqui, Potter”, ele disse de forma ofensiva, o que não era nenhuma surpresa, considerando que ele estava em um estado completamente irracional no momento. Olhando furiosamente, Amos levantou-se e caminhou até James, tentando intimidá-lo com sua mera presença (o que, sim, apesar de amá-lo do jeito que ele é e apesar de ter sido uma boa tentativa, provavelmente teria sido um pouquinho mais efetivo se James não fosse cinco centímetros mais alto que Amos. Mas, sabe, é a tentativa que conta). Eu pensei que James iria começar encará-lo furioso e gritar para Amos e eu estava preparada para repreendê-los, mas James me surpreendeu quando ele simplesmente ignorou Amos e sua tentativa de intimidação e se inclinou um pouquinho para poder olhar dentro dos meus olhos.
“Entendeu?”, ele disse.
Foi aí que eu percebi o que ele estava fazendo. Jogos mentais. Ele estava jogando aqueles jogos idiotas dos garotos. Única coisa pior do que realmente confrontar Amos e sua tentativa de começar alguma era eficientemente ignorá-lo. James sabia disso. Eu sabia disso. E do jeito que o rosto de Amos começou a ficar bem vermelho, parecia que ele também sabia.
Ai, droga.
Isso não vai terminar bem.
Pode haver uma linchação, afinal de contas.
“Eu tenho meu próprio cachecol, James”, eu murmurei baixinho, lançando-lhe um olhar “não-se-atreva-a-pensar-nem-por-um-segundo-que-eu-não-sei-o-que-você-está-fazendo-e-é-melhor-você-parar-com-isso-agora-mesmo-ou-então-você-vai-se-ver-comigo-seu-idiota, tentando evitar os socos que iriam definitivamente ocorrer se alguém não parasse tudo aquilo naquele momento. James simplesmente riu, seus olhos brilhando.
“Está frio lá fora”, ele me disse simplesmente, ainda ignorando Amos e ainda rindo de forma ridícula. “Você pode usar os dois. Além disso, eu preciso que você mantenha o meu quentinho”. Então, como se pra provar que tinha razão, ele pegou as duas pontas do cachecol e começou a enrolá-lo em mim de novo.
E foi aí que Amos perdeu a cabeça.
O que, sabe, se tivesse sido em quaisquer outras circunstâncias, eu provavelmente teria gostado. Ciúme era um sinal excelente. Mas era bem cedo para ocorrer um assassinato, e eu nem tinha terminado de comer meus waffles ainda.
Não é bom ver um assassinato com estômago vazio e tudo mais.
“Você está brincando comigo, não é, Potter?”, seu desprezo foi o suficiente para fazer eu me encolher. Estava acontecendo. Os joguinhos mentais tinham surtido efeito nele. Agora, ele tinha algo a provar. E o idiota, idiota do James permaneceu sorrindo, piorando ainda mais as coisas. Eu queria bater no idiota, mas eu não sabia se isso iria melhorar ou piorar as coisas. “Você tem que estar brincando comigo”.
Mas James não parecia estar brincando com ninguém. Sabendo que ele estava levando a melhor, ele simplesmente se ergueu, ficando em sua altura normal, sem mal olhar para Amos e seu rosto cheio de fúria. Ele olhou à sua direita, onde Amos estava, só por um segundo e depois voltou a olhar pra mim.
“Eu estou falando sério, Infalível”, ele me avisou, parecendo sério. “Eu vou confiar que você vai continuar usando”.
“Eu não preciso usá-lo”.
“Sim, você precisa”.
“Não, ela não precisa usar merda nenhuma!”, Amos gritou, levantando suas mãos em frustração. Eu me encolhi ao perceber seu olhar cheio de ódio, enquanto ele dava mais um passo na direção de James. “Você pode pegar a merda do seu cachecol e enfiar bem no seu cu, Potter!”.
Sério, eu nunca soube que Amos tinha essa boca.
Nós somos um casal e tanto, não é mesmo?
James teve a audácia de olhar para Amos como se fosse a primeira vez que ele tivesse o notado bem ali e como se estivesse se perguntando porque o garoto estava enfurecido como um lunático louco. Assim como eu tenho certeza que era seu objetivo, isso pareceu aborrecer Amos ainda mais, principalmente quando James estupidamente lhe lançou um olhar superior e falou com uma voz bem calma, “Pelo amor de Merlin, Diggory, sente-se. Você vai acabar estourando uma artéria”.
O que, sabe, provavelmente era verdade.
Amos ficou vermelho demais, se você entende o que eu quero dizer.
Mas eu não apostaria meus dois sicles nessa.
Amos pareceu que estava prestes a bater em James e foi quando eu soube que era hora de interferir. Me levantando, eu propositalmente me coloquei entre os dois, ficando na de costas para James e encarando Amos. Colocando no rosto o meu maior e calmo sorriso, eu coloquei meus braços no ombro de Amos, tentando chamar sua atenção. Seus olhos nervosos voltaram-se para mim.
“Ele está tentando te provocar”, eu lhe disse, chutando a perna de James para que ele soubesse o que eu achava daquilo tudo. Eu o ouvi rir ao invés de gemer, “e você o está deixando fazer isso, Amos. Sente-se”. Não esperando para ver o que Amos pensava daquilo, eu me virei para James, o olhando furiosamente. James, naturalmente, estava sorrindo. “Pare”, eu disse. “Eu vou usar o seu maldito cachecol. Apenas volte para a mesa. Por favor”.
Eu esperava que James sacudisse sua cabeça e depois dissesse alguma outra observação provocadora ao Amos. Caso ele fizesse isso, eu iria me soltar e eu tinha certeza de que ninguém sairia dessa vivo, mas ele me assustou quando ele simplesmente continuou sorrindo para mim, arrumou o cachecol só um pouquinho e disse calmamente, “Era tudo o que eu queria”.
Meus olhos se estreitaram. “É?”, eu perguntei.
“É”, ele disse, e depois começou a ir embora. Eu fiquei ali, parada, desnorteada, enquanto ele voltava para a mesa da Grifinória, tocando as pontas do seu cachecol com os meus dedos. Mas, de repente, ele se virou e olhou de novo pra mim. “Ei, Infalível!”, ele chamou.
“Sim?”, eu respondi.
O sorriso de James era enorme. “Seu namorado está bem irritado. Talvez seja hora de uma piada. Aquela sobre a goles e o banquinho, eu acho. Me animou bastante ontem a noite”.
Então, ele se virou e saiu, rindo sozinho.
“Eu nunca ouvi essa”, o Garoto Pomposo disse da mesa. “Como é que é?”.
E naquele momento, eu queria muito matar James Potter.
Se Amos não fizesse isso primeiro.
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