Capítulo 14 - parte 1
Capítulo 14 – parte 1
As conseqüências do álcool e de quadribol
Terça-feira, 9 de outubro, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações Totais: 153
Sonhos são uma besteira total e completa.
Sério, são sim. E apesar do que o Professor Freeman insiste na aula de Adivinhação, eles também não significam nada. Não mesmo. Eles não tem nenhum significado, aqui no mundo real. Quero dizer, uma vez eu tive um sonho onde eu tinha entrado para um circo, mas ao invés de ser um circo normal, era um circo de formigas. Mas eu não era uma formiga. Então eu acabei pisando nelas e matando todos os meus colegas de trabalho e os espectadores. E se lembra do sonho do chá e o da dança-da-cordinha? Todo mundo se lembra desse? Ele teve alguma relevância em alguma coisa?
Não.
Não, não teve.
A não ser o fato de que minha coluna pode ser bastante flexível, se você for pensar no assunto.
Mas isso é tudo.
Eu nunca levei a sério nenhum sonho que eu já tive, então por que eu deveria começar agora? Não deveria. Eu não deveria mesmo. Porque não importa o quanto eu estive…relutantemente considerando – mas mesmo assim, claro, não estou pronta para falar nisso – nestes últimos dias, eu não quero fazer o que eu fiz no sonho. Não quero. Pelo menos, não com a pessoa com quem eu estava fazendo. Eu faria com Amos, certamente, e com mais ninguém.
Não, não, não.
Com mais ninguém.
Apesar de que eu devo admitir que eu sou um tanto criativa nos meus sonhos indecentes. Às vezes eu me surpreendo.
Merlin, talvez eu seja uma Piranha da Torre.
Mais tarde, café da manhã no Salão Comunal
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações Totais: 153
Sozinha no café da manhã, aparentemente. Um estado bem triste de fato, apesar de que talvez seja melhor desse jeito, com o meu subconsciente criando imagens mentais indecentes e loucas, como as que eu experimentei ontem à noite e tudo mais. Manter distância de uma certa pessoa provavelmente não seria a pior idéia que eu já tive. E apesar de todas as aparências, eu não estou realmente sozinha agora. Quero dizer, se eu estivesse, eu acho que eu poderia simplesmente chamar o meu amigo jovem e bonito Thomas Dunn, lá na mesa da Lufa-Lufa para me fazer companhia...mas, de qualquer forma, ele parece estar se divertindo lá, com seus amigos, derrubando suco de abóbora de sua boca como uma fonte, mirando um grupo de garotas sentadas um pouquinho mais no final da mesa.
Ah, amor juvenil.
É assim tão simples?
Sim.
E teria permanecido assim tão simples, se uma certa pessoa tivesse guardado suas piadas idiotassobre suas cartas idiotas para si mesmo.
Essa pessoa idiota não merece nenhum tipo de afeição dos outros. Exceto talvez uma amizade. Mas só isso. Só isso mesmo.
Porque, francamente, ele não é nem um pouquinho atraente. Fisicamente ou de qualquer outra forma. Ele não é.
Bem, exceto –
Não.
Não vou falar sobre isso. Não vou falar sobre isso mesmo.
Mais tarde, herbologia
Lily Observadora: Vigésimo Quarto dia
Observações Totais: 153
Encurralei Emma antes de Herbologia e perguntei se Mac já havia escrito alguma carta pra ela no verão e o que ela pensava sobre esse assunto. Eu não tinha nenhum motivo secreto para fazer tais perguntas, era simplesmente a minha natureza curiosa.
E onde eu estava esperando algum tipo de olhar curioso ou algum revirar de olhos, talvez acompanhado de “Hum, talvez. Mas era besteira, e não teve nenhum significado para mim ou pra ele”, eu fiquei desesperadamente decepcionada e irritada quando, ao invés de indiferença, Emma ficou toda sonhadora e concordou com melancolia.
“Ah, sim”, ela disse com um suspiro, praticamente perdendo o seu sentido de direção, enquanto nós andávamos na direção das estufas. Se eu não estivesse ali para guiá-la, ela provavelmente teria esbarrado em uma árvore ou algo assim. “Quando eu estive em Roma. Elas eram maravilhosas…bem, eu sempre ficava ansiosa para recebê-las”.
“Eu lhe escrevi cartas quando você estava em Roma”, foi minha resposta. “Você também ficava ansiosa para recebê-las?”.
Emma revirou os olhos e me olhou de forma desaprovadora. “Não é a mesma coisa, Lily”, ela disse, depois saiu andando na direção do seu lugar de forma muito raivosa.
Eu só posso concluir que Emma está obviamente maluca e não tem a mínima idéia do pequeno valor das cartas no mundo. Eu teria dito a ele, mas eu não queria ser responsável por quebrar o seu pobre e iludido coração.
Ei, espera um segundo...
Cartas.
CARTAS.
É tão maluco que pode até funcionar!
Mais tarde, ainda em Herbologia
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações Totais: 153
Você tem que escrever uma carta pra ela. – LE
O quê? Quem é?
Lily. Você tem que escrever uma carta pra ela, Mac. Como aquelas que você escreveu enquanto ela estava em Roma. O que você escreveu nelas, escreva de novo. Entendeu?
Eu…você não deveria estar prestando atenção?
Eu estou. Atenção rápida. Raízes de rigsbee e tudo mais. Eu consigo fazer várias coisas ao mesmo tempo. Agora, escreva a carta.
Lily, eu não posso.
Escreva agora.
Agora?
Foi o que eu disse, não foi?
Mas nós estamos no meio da aula de Herbologia!
Bem, é. E daí?
Eu não consigo fazer várias coisas ao mesmo tempo.
Bem, não há tempo melhor que o presente para aprender, não é mesmo?
Eu pensei que você iria deixar isso em paz.
Dá onde você tirou essa idéia louca? Se você for namorar minha melhor amiga, Mac, vamos deixar uma coisa bem clara agora – eu nunca deixo nada em paz.
Eu não estou namorando sua melhor amiga.
Você não vai se você não COMEÇAR A ESCREVER AQUELA CARTA IDIOTA.
Eu não posso escrever a carta.
Sim, você pode.
Não é assim tão simples.
Por que todo mundo vive dizendo isso? Sim, é assim tão simples!
Lily...
Olha, apenas pense sobre o assunto, ok? Eu estou lhe entregando o coração a garota em uma bandeja de prata e se você é covarde demais para pegá-la, então, tudo bem, viva sua vida sozinho e triste. Mas deixa eu te dizer uma coisa, Fulton McGonough...Eu vou me assegurar que Emma não fique desse jeito...com ou sem sua ajuda.
Isso é uma ameaça?
È, é sim.
Ainda mais tarde, Salão Comunal da Grifinória
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações Totais: 153
Mac se mandou da estufa rápido demais para que eu pudesse o encurralar a fim de ameaçá-lo mais um pouquinho, mas tudo bem, porque eu acho que ele entendeu o que eu quis dizer já da primeira vez. E eu realmente acho que não seja errado fazer esse ultimato. Afinal de contas, uma intrometida tem que fazer o que uma intrometida faz. Não é minha culpa que Mac seja um idiota e não concorde com o meu maravilhoso plano de escrever cartas. Talvez se ele não fosse assim tão idiota, eu não teria que recorrer a essas medidas drásticas.
Quero dizer, eu estou tentando ajudá-lo, pelo amor de Merlin. Por que ele simplesmente não pode cooperar?
E eu não acho que –
Ai, droga.
O que ele quer? Será que ele não percebe que eu não posso ficar perto dele agora?
Mil vezes droga.
Amos.
Amos, Amos, AMOS.
Ainda mais tarde, Salão Comunal da Grifinória
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações Totais: 154
“O que você está aprontando agora, Infalível?”.
Eu ia ignorá-lo – sério, eu ia, mas ele estava com aquela cara que me dizia que, apesar de qualquer tentativa minha de tentar provar o contrário, fingir que ele não existia não iria ser uma opção (sem levar em consideração qualquer idéia maluca sobre ele que está atualmente passando pela minha cabeça sem nenhuma explicação razoável). E, enquanto que isso normalmente não teria me impedido de forma alguma, ele então decidiu que seria uma boa idéia se sentar do meu lado no sofá. Depois disso, meu cérebro parou de funcionar apropriadamente. O que, sabe, não é nada bom.
E ele realmente não é assim tão bonito, ok?
Merlin.
“Eu não tenho a mínima idéia do que você está falando”, eu respondi inocentemente, dando de ombros de um jeito meio descolado que eu certamente não estava sentindo por dentro. James me olhou.
“Não tente esconder agora”, ele zombou, parecendo um pouquinho irritado, com o que eu pudesse ter me importado se eu mesmo não estivesse um pouquinho irritada com ele naquele momento por pensar que era ótimo e agradável ele se sentar do meu lado...perto de mim...até mesmo falar comigo, quando eu estou, no momento, emocionalmente e mentalmente abalada. “Emma pode não ter percebido, mas eu não era o único te observando se revirar a fim de passar os seus bilhetes para Mac”. Ele parou e me lançou aquele seu olhar penetrante. “Eu pensei que você tivesse aprendido sua lição da última vez, Lily. Não se meta”.
Ah, blá, blá, blá.
Sério, será que ele não percebe que é como se ele estivesse falando com as paredes? Eu sou uma intrometida. Isso é o que eu faço.
“Eu não tenho a mínima idéia do que você está falando”, eu repeti teimosamente, e depois afundei meu rosto em dos livros de Feitiços que estavam espalhados ali. Parecia uma boa resposta. James deixou escapar um suspiro exasperado.
“Eu não te entendo”, ele murmurou, ficando um pouquinho impaciente agora.
Eu o olhei de forma questionadora por trás do meu livro. “Eu nunca esperei que você entendesse”.
“Eu esperava que sim”.
“Não seja tão duro consigo mesmo”, eu lhe disse com uma batidinha consoladora em seu braço, antes de me lembrar que talvez não fosse uma das idéias mais geniais tocá-lo naquele momento, então, eu me afastei de novo. “Eu, muitas vezes, não me entendo. Agora, você vai me repreender? Porque, se você for, é melhor eu te avisar, quando você terminar, vai ser como se você nem tivesse começado, e eu acho que nós dois sabemos disso”.
Isso, talvez, tenha sido uma ameaça sem base da minha parte, porque James consegue ser extremamente persuasivo quando ele quer ser, mas ele pareceu não aceitá-la.
“Isso é porque você não ouve”, ele murmurou.
“Hum? O que você disse, James? Eu não estava te escutando”.
Isso fez com que ele risse, mesmo que ele parecesse um pouquinho nervoso por ter rido. Ás vezes, eu acho que é melhor se alegrar com a minha esperteza e palhaçadas. Ás vezes, eu sou engraçada demais para meu próprio bem.
“Você vai me matar um dia desses, Infalível”, ele me disse com um suspiro.
“Bem, eu tenho uns jeitos bem piores de fazer isso”, eu respondi com um sorriso.
Então, nós dois rimos como um par de malucos, porque às vezes, quando as coisas estão extremamente desconfortáveis e você não está completamente certa do porquê seu corpo está reagindo a outro corpo de uma maneira bem diferente e tão repentinamente – apesar de não ser completamente desagradável – o que mais há pra se fazer além de rir?
Nada. É isso.
Porque a opção alternativa é realmente pensar sobre o porquê disto estar acontecendo, e eu com certeza não vou fazer isso.
Com certeza não.
Hunf.
Ainda mais tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações totais: 155
Eu perguntei pra Grace o que ela pensava sobre sentimentos repentinos e levemente inquietantes, apesar de não serem, surpreendentemente desagradáveis, em relação a outros seres humanos. Ela parou de olhar para a porcaria de seu livro e sorriu com maldade.
“Sentindo algum tipo de tensão sexual não resolvida, Piranha da Torre?”, ela ergueu suas sobrancelhas de forma sugestiva.
“Hum, não”, eu não acho. “Essa é uma pergunta hipotética, Gracie. Eu estou simplesmente procurando por opções variadas”.
“Bem, a minha opinião é de que você deveria agarrá-lo”, ela respondeu.
“Não é...quer saber de uma coisa?”, eu exclamei lançando Grace, que estava sorrindo, um olhar irritado. “Esquece. Esquece. A partir deste momento, você oficialmente não tem importância na minha vida”.
Então, eu bufei de raiva e bafejei e fui deitar na minha cama até que Grace decidiu piorar as coisas ao perguntar, “Eu pensei que Amos Diggory fosse a luz da sua vida e do seu mundo?”.
“Ele é”.
“Não está parecendo, Lil”.
É disso que eu estou com medo.
Ainda mais tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo quarto dia
Observações Totais: 155
Ás vezes eu acho que tudo o que eu preciso é um empurrãozinho na direção certa.
Ficar com as minhas próprias estratégias realmente nunca funciona muito bem, funciona?
Eu não estava planejando descer para jantar, achando a possibilidade de sentar em tamanha proximidade com algumas pessoas...polêmicas....por um longo período de tempo não parecia muito apetitoso agora que eu estou com tanta coisa na cabeça. Eu tinha, então, planejado permanecer no meu dormitório, me afundando na minha cama confortável, terminar as montanhas e montanhas de tarefas que eu não tive vontade de fazer nos últimos dias. Eu teria ficado perfeitamente contente com tal plano, mas como sempre, isso não parecia estar acontecendo. Infelizmente para mim (e talvez para a humanidade) Carrie Lloyd e Elisabeth Saunders pareciam que tinham montado guarda lá, fazendo Merlin sabe o quê. E considerando que eu ainda estava me esforçando para ficar fora do caminho da Saunders e sua pessoa indubitavelmente orgulhosa, por causa daquela coisa toda de eu não estar realmente namorando James, eu consegui sair furtivamente do quarto, enquanto as duas estavam no banheiro. Eu guardaria esse confronto para outro dia.
No entanto, para não ficar deprimida, eu descobri que eu poderia evitar facilmente as massas em minha casa longe da minha casa, a biblioteca. Pode até parecer meio maluco isso, mas eu preferiria muito mais passar uma grande quantidade de tempo com Madame Pince do que eu com a Elisabeth Saunders, aquela que ainda não disse nada mas que tem que saber que eu não estou realmente namorando James Potter.
A vida é muito mais simples desse jeito. É sim.
Evitar e ignorar.
A história da minha vida.
Então, com esse plano firmemente plantado na minha cabeça, eu peguei os meus livros e materiais necessários e desci as escadas, fazendo o familiar caminho até a biblioteca. Minha mente estava relativamente em paz, com esse particular caminho familiar sendo feito sem nenhuma ameaça de morte no final, como eu já havia pensado antes.
É chocante como apenas uma coisinha pode mudar a perspectiva de uma pessoa.
Hunf.
Meio distraída, eu admito, eu estava descendo as escadas do quarto andar quando eu deparei com ele.
E eu posso dizer como eu fiquei aliviada de vê-lo?
Muito aliviada.
Um alívio esclarecedor.
Um alívio muito necessário.
Como um respiro de ar puro, lá estava o meu amor, Amos Diggory, mostrando-se bastante arrojado com um casaco vermelho e suas vestes da escola, sorrindo pra mim enquanto ele descia as escadas, provavelmente indo para o Salão Comunal jantar. Se isso é possível, eu estava ainda mais feliz de vê-lo do eu normalmente fico. Parando no degrau onde ele estava, eu sorri de volta e quase me derreti por causa de sua maravilhosa beleza.
“Lily!”, ele sorriu como um deus. “Indo jantar?”.
Eu neguei com a cabeça, ainda sorrindo como uma louca. “Biblioteca, na verdade”, eu respondi, dando de ombros, lhe mostrando a pilha de livros que eu estava carregando comigo. “Eu tenho umas tarefas que tenho que terminar. E você? Jantar?”.
Amos assentiu com a cabeça, seu cabelo castanho caindo um pouquinho em seu rosto com o movimento. “É, estou morrendo de fome”. Ele olhou para mim, olhou para os meus livros, e depois olhou para o final da escada. “Por que você não janta comigo?”, ele perguntou, mostrando-se mais adorável do que deveria ser permitido. “A biblioteca pode esperar, não pode?”.
Meu sorriso congelou em meu rosto.
Jantar com Amos?
Jantar com Amos?
Biblioteca?
Que biblioteca?
“Ah! Er, é. É, eu acho que a biblioteca pode esperar”, eu murmurei horrivelmente, apesar de estar impressionada por ter conseguido dizer alguma coisa, considerando o sorriso de proporções catastróficas que estava em meu rosto. “Jantar seria demais. Ótimo”.
Eu descobri, repentinamente, que talvez eu estivesse com um pouquinho de fome.
Quero dizer, eu sempre encontro espaço para arroz.
E Amos.
Eu nunca consigo me enjoar de Amos.
Então, eu fui com meu amor até o Salão Comunal, na mesa da Lufa-Lufa onde eu não posso dizer que eu já comi antes, mas pelo menos não foi uma experiência completamente desagradável. Quero dizer, todo mundo foi perfeitamente legal e eu sentei do lado do Amos (!!!), tocando de leve em seu ombro às vezes (!!!!!)...então, sério, arroz e Amos, o que mais uma garota poderia querer? Quero dizer, a conversa envolvia Quadribol, mas eu acho que estou começando a me ajustar com isso tudo agora. Uma habilidade adquirida, sabe, com todo o abuso que eu sofro na mesa da Grifinória.
E quem precisa de conversa quando se tem Amos Diggory pra se olhar?
Certamente, eu não.
Certamente não.
“Eu acho que nós podemos adiar”, Amos estava dizendo para um de seus companheiros de Quadribol, enquanto nós estávamos terminando nosso jantar. Ele tagarelou bastante por décadas e décadas e eu tinha parado de escutar e estava admirando suas finas sobrancelhas. “Nós estamos em ótima forma”. Então, do nada, e logo quando eu estava mentalmente sonhando em agarrá-lo bem ali naquele momento, em cima da mesa da Lufa-Lufa e no meio do Salão Principal lotado, ele se virou pra mim. “O que você acha, Lily?”, ele perguntou, sorrindo um pouco. “Nós temos chance de vencer seu time?”.
Um pouco assustada ao ser requisitada bem durante os sonhos indecentes, minha cabeça se virou para Amos e seus amigos. Todos estavam me olhando com muita atenção. “Me desculpe, o quê?”, eu perguntei, os olhando inexpressivamente.
“Primeiranistas dizem que Potter está sofrendo com a pressão”, um dos garotos sentados perto de nós disse, olhando bem pra mim. Eu não gostei dele. Ele simplesmente me dava a impressão…eu não sei…aquele ar de me odiar. “Monitor chefe e capitão de quadribol – eles andam dizendo isso freqüentemente”. Ele estufou o peito de uma forma bastante pomposa antes de declarar bem alto, “Nós vamos acabar com eles no Sábado!”.
Montes de assovios e gritos foram ouvidos ao redor da mesa, enquanto a Lufa-Lufa inteira parecia alegrar-se com a derrota de James. Eu olhei pro idiota que tinha começado a coisa toda, quem ainda estava mostrando-se superior e todo-poderoso em seu lugar bem na minha frente.
Eu pensei ser minha pessoal tarefa grifinória acabar um pouco com a onda dele.
“Sabe, isso é meio engraçado”, eu disse, batendo com meus dedos no meu queixo, já que os assovios e gritos tinham cessado um pouco.
“O que é engraçado?”, o Garoto Pomposo perguntou, seus olhos se estreitando um pouco.
“Bem, é só que...bem, pelo o que eu ouvi...”, eu parei, dissimulando um olhar preocupado enquanto eu continuava, sacudindo minha cabeça, empurrando o resto de arroz no meu prato com o meu garfo. “Ah, não. Talvez eu não devesse dizer nada...”.
“O quê?”.
“O que é, Lily?”.
“Sim, vá em frente, nos diga!”, o Garoto Pomposo disse, parecendo ansioso.
Era tudo muito patético se você fosse pensar no assunto. Eu os tinha bem na palma da minha mão.
Com uma congratulação mental, eu dei de ombros sem poder fazer nada. “bem...é só que pelo o que eu ouvi – e eu tenho meus contatos, sabe. Alguns dos meus melhores amigos são do time de Quadribol da Grifinória – bem...é só que...”.
“Só o quê?”, Amos perguntou, participando juntamente com o grupo embevecido de ouvintes. Por um segundo eu parei, sem saber se seria do meu interesse continuar com essa pequena artimanha. Tudo bem eu mentir para o Garoto Pomposo e o resto do time idiota da Lufa-Lufa, mas para o Amos?
Eu não tinha certeza.
Mas, então, o Garoto Pomposo deixou escapar mais um de seus chamados de “Vitória da Lufa-Lufa!” e Amos se juntou ao barulho. E apesar de eu amá-lo desesperadamente, ninguém consegue ver o nome da sua boa casa ser massacrado por um insolente Garoto Pomposo e seus amigos. Mesmo que um de seus amigos seja o seu futuro marido.
Seria um insulto altíssimo para o bom e velho Godric se eu não tivesse feito alguma coisa. Sério, teria sido.
“Então, o que foi isso que você ouviu?”, Amos perguntou de novo, depois que as aclamações tinham cessado mais uma vez. Eu hesitei só por um segundo, e depois pensei no pobre Godric se remexendo de vergonha em seu túmulo, antes de esquecer das minhas dúvidas e deixar minha boca fazer o que ela sabe fazer de melhor.
Mentir.
Ela é tão brilhantemente boa em mentir.
“Eles estão de olho na sua defesa”, eu revelei rapidamente, mexendo a cabeça de forma que eu esperava que fosse uma maneira bem convincente. Á minha volta, olhos se arregalaram e eu aceitei isso como um incentivo pra continuar. “James disse que vocês moveram...er...Carlyle, é, é isso, Carlyle...bem, que vocês a colocaram no ataque e que ela é horrível. Grifinória não vai dar atenção a seu ataque, apenas a sua defesa. Então, eu tomaria cuidado se fosse vocês, em?”.
Eu esperava que nenhum deles pudesse ver através de mim. Eu estava mentindo horrivelmente. Quero dizer, francamente, o que eu sei sobre Quadribol? Mas, por sorte, nenhum desses garotos pareciam estar cientes da minha completa falta de aptidão para o quadribol. E eles obviamente não me conheciam bem, porque se eles conhecessem, eles com certeza não pensariam que eu daria informações para o time adversário da Grifinória. Há! Até parece! De certa forma, este era um pagamento justo por pensarem coisas horríveis de mim. Quero dizer, eu posso não saber muito sobre quadribol, mas eu realmente sei que no final da conversa que ocorreu durante o café da manhã alguns dias atrás, James e Marley ignoraram completamente o meu ótimo conselho de tomar cuidado tanto com a defesa, quanto com o ataque da Lufa-Lufa e eles decidiram manter sua atenção principalmente no ataque.
Eu não vi qual seria o problema de contar uma versão levemente alterada daquela conversa.
Quero dizer, eles não deveriam estar procurando por dicas de qualquer forma.
É.
É, de fato, eles não deviam.
Eles deveriam se envergonhar.
Eu sabia que meu plano tinha dado certo quando a mesa toda começou a rir e o Garoto Pomposo chamou mais um brinde para seu time brilhante. Com seu rosto brilhando de felicidade, Amos se virou para mim depois de brindar com alguns de seus amigos e me lançou mais um de seus maravilhosos sorrisos. Eu senti um pouquinho de remorso por ter mentido só por algum tempo, mas depois eu pensei no fato de que Amos também pensou que eu iria trair minha própria casa, e depois pensei que talvez ele merecesse uma boa lição.
Era óbvio que eu tinha que fazer alguns ajustes antes de me tornar a Sra. Amos Diggory.
O jantar ficou bem alegre depois disso, com nenhum daqueles idiotas sentados ao meu redor percebendo que eu tinha acabado de mentir pra eles cruelmente. Eu tentei não parecer orgulhosa demais de mim mesma, mas sério, como eu não poderia se eu acabei de enganar uma casa inteira de forma tão inteligente? Quero dizer, uma garota tem que lhe dar algum tipo de respeito. Não é como se eu fizesse coisas que valessem algum respeito muito frequentemente.
Ninguém pareceu estar inclinado a sair do Salão Principal depois disso, apesar do fato de que todos já haviam terminado o jantar há décadas atrás. E apesar de que eu teria ficado feliz em permanecer ao lado de Amos pelo resto da noite ( e pelo resto da minha vida), eu sabia que estava ficando tarde e que a desculpa de que ‘Eu estava me regozijando com a glória do meu amor’ não seria apropriada para eu não fazer as minhas tarefas. Então, foi com um coração extremamente pesado que eu suavemente informei Amos e o resto dos amigos idiotas que eu tinha que ir.
“Não vá”, foi o que o Garoto Pomposo exclamou, enquanto eu começava a me levantar do meu lugar. Ele parecia ter se animado bastante comigo desde que ele pensou que eu tinha entregado à Lufa-Lufa a partida de sábado em uma bandeja de prata. “Eu tenho uma piada? Você não quer ouvir a piada?”.
Hum, não.
“Talvez uma outra hora”, eu respondi diplomaticamente, porque entrarna lista negra de um dos amigos do marido – mesmo um totalmente débil mental como o Garoto Pomposo – não é nunca uma opção plausível. O Garoto Pomposo pareceu ficar bastante desapontado com a minha resposta, mas ele rapidamente se recuperou quando os gritos animados da Lufa-Lufa começaram de novo. Pegando os meus livros do chão, eu coloquei minha mochila no ombro e me virei para Amos, que tinha se levantado junto comigo.
“Então…te vejo na aula de Runas?”, eu perguntei com um sorriso. Amos concordou.
“Te vejo em Runas”, ele disse.
Mas isso não foi tudo o que ele fez.
Não.
Ele também me beijou.
ELE ME BEIJOU.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E, quero dizer, tudo bem, foi só um selinho na bochecha, não um daqueles beijos reais e dramáticos, dignos de filme que eu poderia rever e rever na minha mente, enquanto eu me preparasse para dormir, mas essa não é a questão. A questão é que seus lábios de deuses tocaram a minha pessoa. TOCARAM A MINHA PESSOA.
Eu provavelmente nunca mais vou tomar banho.
...ou, sabe, talvez eu vá, mas eu tomarei muito cuidado para não deixar minha bochecha molhar demais.
Mas, talvez, a melhor parte sobre o beijo de Amos super agradável mas um pouco casto tenha sido a percepção que trouxe junto com ele.
Porque, francamente, como eu poderia começar a considerar gostar de outra pessoa, quando um simples beijinho de Amos me deixa tão animada assim? Como eu poderia?
Eu não posso.
Eu simplesmente não posso.
E isso, meu amigo, é a razão pela qual eu preciso de um empurrãozinho na direção certa.
Porque sozinha, eu chego nas conclusão mais erradas.
Sexta-feira, 10 de outubro, café da manhã no Salão Principal
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 157
Eu acredito que não seja uma surpresa que eu esteja de bom humor essa manhã, apesar do fato de que eu estou novamente tomando meu café da manhã sozinha.
Na verdade, eu queria que James e Marley estivessem aqui. Não porque eu repentinamente tenha adquirido um interesse em conversar sobre quadribol – por favor, como se isso fosse acontecer algum dia – mas porque eu acho que eles iriam adorar por eu ter enganado a casa inteira da Lufa-Lufa por eles. Eu posso imaginar a risada deliciosa de Marley e a expressão chocada de James por Lily Evans, amiga aparentemente inocente e aparentemente sem nenhuma aptidão para o Quadribol, ser diabolicamente inteligente.
Ninguém pode dizer que eu não faço nada pela minha casa agora.
Eu queria contar a Grace sobre isso ontem à noite, mas quando eu voltei da biblioteca, ela já estava dormindo, e hoje de manhã ela foi treinar antes de eu me levantar. No entanto, eu contei pra Emma, e apesar dela ter me lançado um daqueles seus olhares de ‘mentir não é coisa boa, Lily’, eu sabia que ela tinha achado tudo muito engraçado também.
Algumas mentirinhas aqui, alguns beijinhos ali…eu diria que as possibilidades de hoje estão parecendo bem promissoras.
É.
É, estão sim.
Mais tarde, Poções
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações totais: 157
Grace não apareceu no café da manhã como ela sempre faz depois do treino – morrendo de fome e fedendo a quadribol, um cheiro que eu descobri que não pode ser eliminado, mesmo com múltiplos banhos e limpezas. Eu fiquei preocupada por meio segundo, e depois decidi que ela provavelmente estava bem e que James, o louco Capitão de Quadribol, provavelmente tinha decidido aumentar o tempo do treino, com a partida amanhã e tudo mais. Quero dizer, nenhum deles – Grace, Sirius ou James – passaram no Salão Principal como eles sempre fazem. Eles tinham que estar juntos, fazendo sei lá o que eles fazem no treino de quadribol.
Eu não estava preocupada. Não estava mesmo.
”Ela tem que vir pra aula”, Emma disse, enquanto nós estávamos indo para as masmorras para a aula de Poções. Gracie ainda estava desaparecida. Emma não parecia muito preocupada com eles, também, e isso era reconfortante. “Vamos esperá-la do lado de fora da sala”, ela continuou logicamente. “Quero dizer, ela tem que entrar pela porta, não é?”.
“É o que esperamos”, eu respondi secamente, porque se alguém poderia encontrar um outro jeito, eu sabia que seria aquele grupo louco de doidões.
Mas nós esperamos…e esperamos…e esperamos pelo que pareceu anos e anos, observando todo mundo do sétimo ano entrar na sala de Poções, mas o time de quadribol da grifinória continuava com seu paradeiro desconhecido. E eu não queria ficar preocupada com a coisa toda. Quero dizer, eu sabia que se eu começasse a entrar em pânico, pensando em todas as coisas malucas que poderiam acontecer naquele campo de quadribol, eu simplesmente me conduziria a um ataque inútil de fúria e, no final do dia, teria tudo sido em vão, porque Grace e James e até mesmo Sirius – que eu ainda não sei se perdoei pela coisa toda com o MJ – iriam entrar nas masmorras apenas alguns segundos depois da aula ter começado, com pequenos sorrisos inocentes, dando de ombros, perfeitamente saudáveis e com desculpas horríveis sobre o mau funcionamento das vassouras ou alguma coisa assim. E, então, eu teria que me bater de novo, por ter transformado nada em algo enorme e eu me prometi que eu vou parar de fazer isso assim tão freqüentemente.
Eles estavam bem.
Eu sabia que eles estavam.
“Vamos entrar”, eu disse pra Emma, no que eu esperava ser um tom de voz pelo menos semi-confiante, depois de nós termos esperado mais dez minutos em vão e os segundos que restavam para que a aula começasse. Emma me olhou de forma incerta.
“Onde eles estão?”, ela murmurou, suspirando suavemente, enquanto ela dava mais olhada no corredor. Eu tentei não notar que ela parecia preocupada. Nós não tínhamos motivo para estarmos preocupadas, afinal de contas. Nenhum motivo.
Eu dei de ombros, tentando parecer o mais tranqüila possível, apesar de Emma continuar parecendo mais do que um pouquinho aflita com a coisa toda. Eu estava prestes a deixar escapar mais uma tirada segura sobre como era inútil nos preocuparmos à toa quando, repentinamente, duas cabeças saíram da sala de Poções para o corredor.
Duas cabeças familiares.
Duas cabeças nem um pouquinho reconfortantes.
“Eles ainda não chegaram?”, Remus perguntou, indo pro corredor, Peter logo atrás. Eu neguei com a cabeça, ignorando avidamente os alarmes retumbantes que gritavam ‘Por uma que os marotos não sabem onde eles estão? Por que eles não sabem?’ e os olhares que Peter e Remus estavam trocando que estavam dizendo a mesma coisa.
Porque eles estavam bem.
Eu sabia que estavam.
“Tenho certeza que eles já estão chegando”, eu disse, movimentando minha cabeça de forma bem decisiva, apesar de não estar inteiramente certa de quem no grupo eu estava tentando convencer deste fato. Eu olhei na direção de Remus e ele também estava concordando com sua cabeça, apesar dele não parecer que acreditasse nisso também. “Eles estão bem”, eu disse, pegando a mão de Emma a puxando na direção da porta. “Vamos entrar. Eles já estão chegando. Já estão chegando”.
Eu não sei o que foi – se foi porque eu disse, ou alguma outra força estranha da natureza – mas assim que as palavras “estão chegando” saíram da minha boca, o som milagroso de passos reverberou pelos corredores. Como se fôssemos um, o nosso grupo – Emma, Peter, Remus e eu – nos viramos na direção dos ecos. E para o nosso vasto e eterno alívio, Grace e Sirius apareceram no final do corredor.
Eles estavam bem.
...ou eles estavam, pelo menos até eu chegar perto deles, de qualquer forma.
Eu acho que eu estava mais do um pouquinho preocupada com eles, porque assim que eu os vi, eu acho que eu fiquei um pouquinho maluca.
Mas, sério, isso ainda é uma surpresa?
“Onde vocês estavam?”, eu exclamei, encontrando os dois ofegantes no meio do corredor, olhando de cara feia. Mas, sério, eles mereciam. Eles já deveriam ter percebido que eu sou uma pessimista incontrolável. “Vocês têm idéia de que horas são? Abbott vai escolher a próxima poção que nós vamos estudar a qualquer minuto e vocês decidiram escolher justo hoje para chegarem atrasados?”. Quando nenhum dos dois parecia ter uma resposta, eu reclamei ainda mais. “Então? Vocês não têm nada a dizer?”. Nenhum dos dois parecia ter. Ou talvez fosse o fato de que nenhum dos dois estavam conseguindo respirar direito ainda, eu não sei. Frustrada com o silêncio deles, eu escolhi meu próximo alvo. “E cadê o outro idiota-e-meio?”, eu exigi. “Cadê o James?”.
Ninguém parecia ter uma resposta pra essa pergunta também. Ainda com raiva, eu estava prestes a continuar repreendê-los até que eu recebesse alguma resposta, quando Grace finalmente conseguiu sair de seu estado de hiperventilação e dizer duas palavras desalentadoras.
“Ala Hospitalar”.
A reação foi instantânea.
“Onde?”, eu exclamei.
“O que aconteceu?”, Emma implorou.
“Merda”, Remus disse, parecendo como se ele quisesse muito se jogar da Torre de Astronomia. Sirius e Grace ficaram em silêncio por um tempo, Grace sacudindo sua cabeça tristemente e Sirius parecendo muito como se ele quisesse socar a parede mais próxima. Seus olhos raivosos se viraram pra nós, ansiosamente esperando para ouvir o que tinha acontecido.
”Quebrou sua mão”, ele finalmente nos disse entre dentes. “Um balaço perdido. Vocês devia ter visto. A porcaria esmagou metade dos ossos de sua mão”.
Todos se encolheram quando a informação entraram nas nossas cabeças.
James estava na Ala Hospitalar...houve um acidente...metade dos ossos de sua mão foram esmagados...
E todo o tempo eu estive tentando não me preocupar. A única vez que eu consigo semi-controlar minhas emoções extremamente zelosas, alguém se machuca. Gravemente ferido, se a reação de Sirius for algum indício.
Tinha que ser.
Tinha que ser.
Sirius começou a falar um pouquinho mais depois disso, nos contando resumidamente o acidente, mas eu não ouvi muita coisa. Tudo no que eu conseguia pensar era no pobre James e o no idiota do Garoto Pomposo ontem, dizendo a seus amigos que tudo era demais para ele – que James não conseguiria lidar com o fato de ser Capitão e Monitor chefe. Eu pensei sobre como James pareceu estressado no dia da nossa aula particular, mesmo com todas as suas brincadeiras. Eu pensei em como ele tinha trabalhado e se esforçado por essa partida, só para ver tudo ser arrancado dele no último segundo.
Não parecia ser justo.
“Foi a mão direita?”, Peter perguntou, me tirando dos meus próprios pensamentos mórbidos. Sirius negou com a cabeça.
“Esquerda”, ele murmurou, e os garotos ergueram a cabeça em surpresa por um momento, mas Sirius simplesmente sacudiu sua cabeça. “Não importa”, ele continuou, amargurado. “McGonagall está lá em cima, tendo um ataque, tentando colocar um pouco de bom senso na cabeça de Pomfrey, mas não está adiantando merda nenhuma. Prongs não está falando com ninguém – eu não ficaria surpreso se ele já tivesse se jogado da janela por agora. Pomfrey disse que ele vai ficar bom até amanhã, mas quem sabe?”. Sua voz morreu enquanto ele olhava feio. “Todo esse trabalho”, ele murmurou. “Toda essa merda de trabalho por nada”.
Primeiro, eu não sabia o que dizer. O que eu sabia sobre recuperação de ferimentos de quadribol? O que eu sabia sobre mão esquerda ou mão direita e o que elas tinham a ver com tudo isso? Mas eu senti as palavras saindo da minha boca, mesmo sabendo que elas não fariam diferença nenhuma no final.
“Ele vai ficar bem”, eu tentei com um aceno de cabeça falsamente-decidido. Alguns olhares raivosos foram lançados na minha direção, mas eu os ignorei. “Ele vai!”, eu insisti de novo. “Pomfrey sabe o que ela está fazendo. E James não deixaria um ferimento idiota impedi-lo de jogar, deixaria? Não. Não, eu não acho que ele deixaria! Ele jogaria mesmo sem nenhum membro do corpo e com pneumonia crônica se ele tivesse escolha!”.
Parecia um forte argumento pra mim, e Merlin sabia que era verdade. Não importa o que acontecesse, James nunca deixava coisas como uns ossos quebrados impedi-lo de jogar suas partidas de quadribol. O garoto preferiria se apunhalar, e disso eu tinha certeza. Mas por algum motivo – apesar do fato de que entre todas as pessoas, ela deveria entender o grau de insanidade por Quadribol de James Potter – Grace começou a sacudir a cabeça de forma arrependida.
“Ele pode não ter escolha”, ela explicou com um suspiro, dando de ombros. “Se sua mão não curar de forma apropriada, Pomfrey não deixará jogá-lo. Ela nos disse que não deixaria. Não importa que não seja a mão que ele arremessa. Não importa o quanto ele queira estar lá no jogo. A louca não dá a mínima pra isso”.
“McGonagall não vai aceitar isso”, Emma insistiu, porque é claro que todos nós sabíamos que McGonagall não aceitaria. O fato de que Sirius já havia mencionado que ela estava lá em cima causando confusão era prova suficiente disso, mas Grace simplesmente sacudiu sua cabeça de novo.
“Ela está tentando lutar contra isso”, ela admitiu. “Mas ela tem tanto controle da situação quanto nós”.
E parecia que esse controle era zero.
Ninguém pareceu querer falar mais depois disso, e nós ainda tínhamos aula. Com corações pesados, nós todos nos arrastamos para a sala de Poções, ignorando os avisos de Abbott sobre atrasos. Se ela percebeu que James não estava ali, ela não disse nada.
Isso tudo não parece justo: James na Ala Hospitalar. Ele não merece isso. Ele merece entrar naquele campo, jogando com todo o seu coração e ganhar pela Grifinória. Talvez, tenha sido demais pra ele. E, talvez, seja parcialmente minha culpa, por não ser uma boa parceira o suficiente...eu não sei. Tudo o que eu sei é que ele não merece isso.
Eu só não sei o que nós poderíamos fazer sobre isso.
Ainda mais tarde, Transfiguração
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 157
McGonagall está parecendo como se alguém tivesse matado seu bichinho de estimação.
Tudo parece tão triste, e eu nem mesmo gosto de Quadribol.
Eu não pude ir ver James depois da aula de Poções porque a idiota da Abbott – que eu tenho certeza que planejou isso tudo em sua mente idiota e deformada – fez com que nós, pobres e desalentados grifinórios não pudéssemos ir consolar o nosso amigo e capitão em hora de necessidade, prendendo a mim, Grace e Sirius depois da aula para limparmos a bagunça, porque ela insistiu que nós estávamos ‘atrapalhando sua aula’ ou algo assim, apesar de nós não estarmos fazendo isso. Nós estávamos simplesmente conversando sobre o pobre James e sua condição de ferido e como nós devíamos ir visitá-lo na Ala Hospitalar imediatamente e animá-lo bastante antes que ele passasse um grande período de tempo com a Madame Pomfrey e o bando de elfos malignos dela e eles o deixassem tão louco a ponto dele querer se matar para se livrar da pura tortura disso tudo. Mas Abbott se importava com isso? Ela sabia que não era por desrespeito que nós estávamos conversando, mas por verdadeira e compreensível compaixão por um ser humano camarada?
Não.
Ela simplesmente nos deu umas escovas e sorriu com seu sorriso sádico e foi embora.
E depois ela ainda se pergunta por que ninguém gosta dela?
Hunf.
Hunf duplo.
E agora nós temos que esperar depois das aulas para ir lá vê-lo, porque Madame Pomfrey tem agora essa coisa nova de não deixar ninguém ir fazer visita na hora do almoço por causa desse caso sórdido que aconteceu com o namorado de Vicki Linton, que ia para a Ala Hospitalar dar uns amassos nela, enquanto Pomfrey estava no seu intervalo de almoço, e ela acabou entrando bem na hora e o castelo inteiro tremeu com sua força e fúria e tudo mais. Mas quando as aulas terminarem, James provavelmente já vai ter sido liberado da Ala Hospitalar, ou talvez ele já vai ter cometido suicídio.
Pobre James.
Pobre McGonagall.
Pobre Grifinória.
Ainda mais tarde, Almoço no Salão Principal
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 157
Ai, é tudo tão triste. Olha só o que chegou pra mim durante o almoço:
Querida Lily,
Oi, amor, e obrigada por seu adorável bilhete. É sempre bom saber como você está. Me desculpe por não poder lhe responder a sua carta anterior, mas seu pai está bastante ocupado naquele escritório e eu assumi mais algumas responsabilidades no Clube das Mulheres, e eu simplesmente não tive tempo de me sentar e respirar! Mas isso não significa que eu não te ame e que eu não tenha saudades tremendas de você!
Sabe, que coincidência você me pedir os bombons, porque eu tenho que lhe contar, sua Tia Mae esteve aqui um outro dia e eu disse a ela, “Mae, sabe o que nós não fazemos há um bom tempo? Bombons. Vamos fazer alguns, Mae”. E sua Tia Mae adorou a idéia e nós fizemos um montão de bombons! Isso foi outro dia, eu te juro. Então, eu tenho mais do que bombons suficientes para lhe dar, se seu amigo James está assim com tanta fome como você diz que ele está. E por falar no seu amigo James...você sabe o que dizem, não sabe, querida?
O caminho para o coração de um homem é através do estômago!
Ele é esse tipo de amigo, querida? Eu acho que você não tem esse tipo de amigo já há um bom tempo. A última vez foi...aquele Davis, não é? E monitor-chefe...bem, seu pai vai gostar, não acha? Não que eu vá falar algo sobre isso com ele, claro! O coração de uma mulher é sua própria prerrogativa! Além disso, você sabe como seu pai fica. Ninguém nunca é bom o suficiente para sua Lily. Mas eu tenho certeza que esse James é esplêndido e que eu vou gostar muito dele, mesmo que seu pai não goste.
Eu te amo e sinto sua falta. Se cuida, Lily.
Com amor,
Mamãe
Minha mãe é tão completamente louca de tão boba.
Francamente, ‘o caminho para o coração de um homem’...que besteira. Eu já mencionei Amos umas milhares de vezes, mas ela já disse alguma coisa sobre ele? Já entendeu o fato de que, ‘Ei, essa é a décima segunda vez que minha filha fala desse garoto. Será que ele tem alguma importância em sua pobre vida?’. Não, claro que não! Ela me ignora completamente. Mas é eu mencionar uma vez o monitor-chefe e, oh, de repente ela está planejando um casamento e me colocando na cama de James por trás das costas de papai.
É um programa de televisão pra passar bem tarde.
Mas eu tenho certeza que James vai ficar muito, muito feliz em receber os bombons, sem levar em consideração quem minha mãe está ou não colocando em sua cama. Tenho certeza que ele vai ficar bem feliz e bem menos suicida quando ele perceber que o mundo – inclusive a minha mãe – o ama, sem se importar se seu ferimento em sua mão-que-não-arremessa custe a partida de amanhã ou não.
Ou pelo menos, eu vou amá-lo assim mesmo. O resto do mundo pode levar um pouquinho de tempo para superar a coisa toda, mas como eu disse, isso é o que acontece quando você se envolve com quadribol. Não é bom para a saúde.
Ah, é tudo tão triste.
Ainda mais tarde, História da Magia
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 159
Eu vi o Garoto Pomposo perambulando pelos corredores gritando ‘Vitória para Lufa-Lufa’ de novo, o que me fez acreditar que talvez, apesar de nossas tentativas de manter em segredo para o mundo, eles descobriram sobre James assim mesmo.
E, sério, não é minha culpa eu tê-lo enfeitiçado.
O garoto merecia.
Ele estava sendo anormalmente barulhento. Perturbando a paz e tudo mais.
E não é como seu alguém me viu fazendo isso, de qualquer forma.
Mais, mais tarde, Ainda em História da Magia
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 159
Tudo bem, aquilo era mentira. Talvez alguém tenha me visto. Isso veio voando de trás da minha mesa:
Sabe, para uma santinha insistente, você realmente tem grande criatividade com Feitiços, Evans. Aplausos. – SB
Ahhhhh, droga.
Mais tarde, dormitório feminine do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo Quinto dia
Observações Totais: 161
James se trancou em seu dormitório.
E parece que ele não vai sair de lá tão cedo.
Eu fui para a sala comunal com Grace e Emma depois da aula de Feitiços, para nos encontrarmos com o time de Quadribol da Grifinória, que estava planejando ir conosco lá para a Ala Hospitalar para animarmos James. Eu ia levar os bombons da minha mãe, achando que se tudo ficasse na pior e a mão não-lançadora de James não conseguisse se recuperar adequadamente e ele ficasse super deprimido porque ele não pode jogar e, portanto, o deixando muito triste, seu time triste e sua casa inteira triste...bem, sabe, cairia bem um pouquinho de bombom. Não que vá consertar as coisas, claro, mas provavelmente vai fazê-lo se sentir um pouquinho melhor. Pelo menos pelos poucos minutos que ele gasta para devorá-los.
Talvez eu devesse escrever para mamãe e pedir mais bombons de reserva...
Mas quando Grace, Emma e eu entramos na sala comunal, nós ficamos bastante perplexas ao descobrirmos que as únicas pessoas nos esperando eram os marotos, que estavam agrupados nos sofás perto da lareira. Confusa com isso, mas não exatamente chateada porque eu não estava exatamente adorando o fato de que eu teria que passar tempo com o louco time de quadribol e todas as suas insanidades quadribolísticas por um grande tempo, eu olhei em direção a Grace e Emma, para ver se elas sabiam o porquê da falta de insanidade, mas elas pareciam estar tão confusas quanto eu.
“Cadê todo mundo?”, Emma perguntou, também olhando para os solitários marotos.
“Será que eles já foram?”, eu sugeri, esperando que fosse isso. Mas pelo jeito que os marotos estavam tão agrupados, parecendo não muito satisfeitos com alguma coisa, eu estava pensando que esse provavelmente não seria o caso. Seguindo Grace, nós fomos até lá para ver o que estava acontecendo.
“Ei”, Grace disse quando nos aproximamos dos garotos. “O que está acontecendo? Cadê – “.
Mas ela nem conseguiu terminar sua pergunta. Não era necessário. Parecendo bastante aflito, Peter interrompeu Grace antes que ela pudesse perguntar onde todo mundo estava e disse, “Ele se trancou no dormitório”.
“Quem se trancou no dormitório?”, eu perguntei, naquele momento ainda pensando nos vários “eles” que existiam no teme de quadribol da grifinória. Então – bastante atrasada na percepção, eu receio – eu percebi que apenas um único “ele” trancado no dormitório teria algum significado nos nossos planos. “James?”, eu perguntei, me encolhendo.
Ninguém respondeu, mas eu acho que nem era necessário.
“É assim tão ruim?”, Grace perguntou, parecendo muito desencorajada.
“Quem sabe?”, Sirius disse ironicamente, olhando furioso para nada em particular. “Nós fomos lá antes da aula de Feitiços e Pomfrey disse que o tinha liberado. Ele está lá desde então”.
“Vocês tentaram tirá-lo de lá?”.
“Nós fizemos de tudo, menos arrombar a porta”, Remus respondeu, parecendo bem cansado.
“Vocês já tentaram suborná-lo?”, eu perguntei, porque eu realmente não conseguia imaginar James – mesmo em seu estado desesperado – sendo insubornável.
“Suborná-lo com o quê?”, Grace perguntou.
Ah, meus amiguinhos ingênuos.
Eles obviamente não conhecem o poder dos bombons.
Mais tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Vigésimo quinto dia
Observações Totais: 161
James –
Esse é um BILHETE DE RESGATE.
Eu estou atualmente com a posse de algo que você QUER/PRECISA/NÃO CONSEGUE VIVER SEM. Se você quiser vê-la de novo, você irá entrar em contato ASSIM QUE FOR FISICAMENTE POSSÍVEL e eu marcarei umlocal para negociarmos.
Assinado
Uma amiga
_________________________________
Eu realmente não estou com humor para os seus joguinhos agora, Lily. Me desculpe.
James –
Seu primeiro erro foi pensar que isso é um jogo. O segundo foi me chamar por esse nome, porque eu não tenho a menor idéia de quem seja essa ‘Lily’. Porque se eu fosse uma garota como ela, você não reconheceria a letra dela, letra que claramente não é a dela aqui neste bilhete? Ou você não reconheceria sua coruja, sendo que a coruja que está entregando essas mensagens claramente não é dela também?
Se você quiser ver o seu prêmio de novo, você não vai mais usar essas desculpas falsas. Eu ainda estou esperando para negociarmos.
Ainda assinado,
Ainda uma amiga
_______________________________
Agora realmente não é momento. Eu não estou brincando.
Eu também não.
Primeiro, eu conheço um Feitiço Falsificador quando vejo um. O seu, apesar de ser um pouquinho melhor que os outros, ainda é em essência um Feitiço falsificador. Se eu retirar esse feitiço Falsificador, eu com certeza encontraria uma letra muito familiar. Segundo, você não pode colocar alguns lenços na Winnie e chamar isso de um bom disfarce. Esse foi provavelmente o pior disfarce que eu já vi em toda a minha existência. Primeiranistas poderiam fazer melhor.
Tudo bem? Ok? Nós acabamos com os joguinhos agora?
E, de qualquer forma, o que exatamente você tem?
J.
----------------------
James –
Você tenta me ridicularizar, mas eu não vou permitir tais coisas. Você está claramente delirando e, portanto, não entende que não há nenhum Feitiço Falsificador e que não há, certamente, uma coruja chamada Winnie coberta de lenços verdes e amarelos e entregando estas mensagens. Esta é minha letra verdadeira e esta coruja é simplesmente de uma raça muito rara. Entendeu?
Te mandei um pedacinho do já mencionado prêmio para convencê-lo de que essa questão é MUITO SÉRIA. Se eu não ouvir notícias do senhor rapidamente, vou presumir que você não tem mais interesse em obter o prêmio e vou, portanto, jogar as partes remanescentes pela janela do meu dormitório. ]
pense na sua decisão com cuidado.
Ainda ainda assinado,
Ainda ainda uma amiga
Aquilo era um bombom?
Aham.
Ah, não, vai. Isso é completamente injusto.
Te encontro na Torre Norte durante o jantar, então?
Longe demais. Te encontro no Salão Comunal.
Foi um prazer fazer negócio com você, Sr. Potter.
Sorte sua que eu goste de bombons, Evans.
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