Capítulo 11 - parte 5

Capítulo 11 - parte 5



CAPÍTULO 11 – PARTE 5


Mais tarde, ainda na biblioteca


Lily Observadora: Décimo sétimo dia


Observações Totais: 118


Eu ainda estava na biblioteca, procurando por um livro que pudesse me ajudar com a minha tarefa de Poções nas estantes do fundo, quando ele me encontrou.


“O que exatamente você está tentando fazer, Lily Evans?”.


Eu quase morri de susto quando eu ouvi aquela voz familiar e baixinha no meu ouvido, e recuei quando eu percebi a quem ela pertencia. Ele estava tão perto de mim, que podia sentir a sua respiração no meu ouvido, mas eu não me atrevi a olhá-lo. Eu não suportaria olhar pra ele naquela hora. Meu rosto estava tão vermelho que eu praticamente podia ver a cor refletida na minha frente. Como ele conseguiu descobrir assim tão rápido? Quem diabos havia contado a ele? E, o mais importante, quanto tempo eu teria antes que


Eu estava ferrada.


“Olha, James...”.


“Velhos hábitos são difíceis de se acabar? Velhos hábitos são difíceis de se acabar, Lily?”.


Quando eu ouvi essas palavras familiares, meu cabeça se virou, meus olhos arregalados com choque e confusão. Não por causa do que ele disse, mas por causa do jeito que ele disse...


Ele estava rindo.


Rindo!


“Eu...é...espera, o quê?”.


James continuou rindo, ignorando completamente a minha expressão impressionada, enquanto ele simplesmente sacudia a cabeça, fingindo uma grande decepção. “Não vai me dizer que você já esqueceu?”.


“Não, não, eu lembro disso”, eu disse rapidamente. “Mas por que você está rindo? Como você pode estar rindo? Você ainda não entendeu o que eu fiz?”.


James sorriu abertamente. “Eu entendi perfeitamente o que você fez, sua grande mentirosa”.


Ele estava tentando transformar isso tudo em piada, mas eu não sabia porque. Ele devia estar com raiva – eu esperava que ele ficasse nervoso. Ele teria todo o direito de vir aqui, dar uma pancada na minha cabeça e colocar o meu corpo em algum lugar onde ninguém encontraria. E, com o humor que ele estava o dia inteiro...mas ele estava rindo.


Rindo!


Eu não estou entendendo nada. O que eu perdi?


“Hum, eu acho que não, James”, eu disse lentamente, olhando cautelosamente para seu grande sorriso. “Quero dizer, não que eu não esteja extremamente feliz que voce esteja olhando tudo isso com humor – para mim está ótimo. Sério. Por favor – mas eu não sei se você realmente entendeu – “.


“Entendi o quê?”, ele perguntou. “Que você contou à Elisabeth e suas amigas que nós estamos namorando?”.


“Eu não contei pra elas”, eu protestei automaticamente. “Meio que...escapou”.


“Escapou?”, James bufou. “Não é exatamente o que eu ouvi falar, Evans”.


“Ah, e como foi que você ouviu?”.


James ergueu suas sobrancelhas, e ergueu a voz naquele tom muito familiar e berrante que eu suponho que deveria parecer com o meu. “Ah, o James Potter, ele é inteligente e engraçado e – bem, tenho certeza que eu não sou a primeira a dizer que ele faz o meu coração acelerar – Ei! Ou! Não me bata!”.


Eu o olhei furiosamente. “O quê? Elas gravaram a minha conversa ou algo assim?”.


James sorriu, esfregando o seu braço, onde eu tinha acabado de atingi-lo. E eu espero que tenha doido. “É, bem, eu me encontrei por acaso com Laurie Shacklebolt e com algumas de suas amigas”, ele explicou. Eu gemi bem alto.


“O que você disse?”, eu perguntei.


“O que eu deveria dizer?”.


“Bem, você...”.


Eu parei.


Espera um segundo.


O que ele devia dizer?


O que eu deveria dizer pra ele?


Quero dizer, se nós disséssemos para todo mundo a verdade – que James e eu, de fato, somos apenas amigos, Elisabeth iria ficar pegando no meu pé pra sempre. Ela ia empertigar-se e iria falar insultos perspicazes, e lembretes do tempo que eu havia tentado enganar a todos dizendo que James Potter iria, na verdade, prestar atenção em mim. Eu nunca seria capaz de esquecer essa história. E, então, Hogwarts inteira iria saber que a monitora-chefe deles era, nada mais, nada menos, que uma boba idiota. E, talvez eu até mereça isso, talvez eu não devesse ter mentido em primeiro lugar mas, francamente, isso seria como uma punição eterna. E isso não seria justo, seria?


E, não tinha jeito de eu continuar com essa história também. Isso significaria que, de alguma maneira, eu iria ter que namorar James – o que eu não estou e nem vou – porque, se não, Amos –


Ai, Merlin! Amos!


Será que já contaram pra ele? Será que ele já está sabendo? Ah, claro que sim! Eu aposto que aquela boba idiota da Laurie contou pro James e foi direto contar pro Amos, sua maldita língua mexendo-se como louca. Ai, Merlin, o que ele vai pensar? Quero dizer, você simplesmente não pode aceitar o convite de um cara em um dia e no outro anunciar para quem quiser ouvir que você está namorando outra pessoa! No entanto, eu fiz isso. Eu fiz e provavelmente Amos vai me odiar pra sempre.


Não. Ele não vai me odiar. Ele não pode me odiar. Eu simplesmente vou explicar a situação pra ele calmamente...


Ah, que situação? Aquela em que eu, livremente e abertamente, confessei para Elisabeth Saunders e suas amigas que eu estava namorando James Potter? Essa situação? Ah, claro, ele ia adorar essa. “Me desculpe por tudo isso, Amos. Eu realmente não tive a intenção de dizer aquilo – bem, quero dizer, eu tive, mas não tive intenção, intenção. Não é verdade. Eu só estava mentindo. Eu tenho uma tendência de fazer isso...muito”.


Ai, meu Deus...o que eu vou fazer...justo agora que ele estava começando a gostar de mim, eu tinha que arruinar tudo, não tinha? Eu não podia ter deixado tudo maravilhoso e legal nem por algum tempo? Eu não podia nem deixar durar um dia! Um maldito dia!


Isso é horrível. Isso é terrível. É muito pior do que eu pensei que seria –


“Lily? Lily, você está bem?”.


“Não, eu não estou bem!”, eu respondi com raiva, descontando a minha raiva em James. Ele pareceu assustado com o meu ataque mas, ainda bem, também não me respondeu com raiva. Seu olhar cheio de pena me fez sentir ainda pior. “Eu não sei o que fazer”, eu gemi, enterrando meu rosto em minhas mãos.


“Olha, não é nada demais, só – “.


É sim”, eu disse, minha voz não mais com raiva, mas desesperada. “Voce não faz idéia de quanto tempo eu esperei para que Amos Diggory me chamasse para sair, James. É quase patético, na verdade. E agora que ele, finalmente, me convidou, eu tinha que arruinar tudo porque Elisabeth Saunders disse algumas coisinhas asquerosas sobre mim – “.


“Você não arruinou nada”, James suspirou, sacudindo sua cabeça. “Diggory não vai desistir de sair com você por causa de alguns boatos idiotas”.


“E como você sabe disso?”.


“Porque...porque sim, ok?”, James suspirou de novo, desviando o olhar. “Vamos...apenas sair daqui”.


Eu o encarei curiosamente. “Por quê?”.


“Porque eu estou cansado de ficar murmurando. Agora, vamos”.


James agarrou a minha mão e eu o deixei me puxar, sem ter forças para lutar contra o seu pedido depois de ter ficado tão chateada. Ele me puxou pelas fileiras das estantes silenciosamente. Foi só quando a gente tinha quase alcançado a porta foi que eu falei, já que eu me lembrei que eu tinha abandonado as minhas coisas perto da mesa da Madame Pince.


“Minhas coisas”, eu disse a ele de forma cansada, apontando na direção onde os meus livros e mochila estavam abandonados. “Está lá na mesa. Eu não posso deixar aqui. Eu tenho que ir lá pegar”.


James suspirou longamente, olhando para mim profundamente, e depois olhou para onde as minhas coisas estavam. “Então, nós vamos ter que passar pelo meio”, ele disse.


“O meio de quê?”, eu perguntei.


“Pelo meio da biblioteca”.


Demorou alguns segundos para entender o que ele estava dizendo. Até aquele momento, nós tínhamos andado na direção da porta no meio das estantes, escondidos. No entanto, atravessar pelo meio significaria ficar a vista de todos. Atravessar pelo meio significaria tornar a história toda de ‘vamos fingir que ninguém está cochichando sobre nós’ inútil, porque uma vez que nós atravessássemos, não haveria jeito deles não comentarem sobre nós. Atravessar pelo meio significaria dar mais uma história para o grupo de fofoqueiros comentar.


Nós andaríamos bem no meio do campo de batalha, de mãos dadas.


Literalmente.


Eu respirei fundo, e dei para James um pequeno sorriso, enquanto eu puxava a minha mão da dele, mas acenava para ele me seguir. “Vamos”.


E assim nós fizemos. Atravessar a biblioteca não foi assim tão ruim, eu acho, já que Madame Pince, felizmente, escolheu aquele exato momento para repreender um grupo do segundo ano por – pelo que eu pude perceber por causa de seus gritos – ‘conversar e perder tempo na biblioteca’. A distração que a bibliotecária causou divergiu a atenção da maioria dos estudantes do lugar. Só alguns perceberam a minha ida e a de James até a mesa onde nós começamos a recolher rapidamente as minhas coisas. Esses, claro, começaram a cochichar bem alto uns com os outros, já que suas vozes quase não podiam ser ouvidas por causa dos gritos de Madame Pince. James e eu os ignoramos, pegamos meus livros e saímos dali, antes mesmo de Madame Pince ter terminado de dar a sua bronca.


Uma vez no corredor, eu deixei escapar um alto suspiro de alívio.


“Bem, não foi assim tão ruim”, eu disse, colocando alguns dos meus livros que eu tive que carregar por causa da pressa dentro da minha mochila. James concordou.


“Eu nunca pensei que eu iria gostar de ouvir aquela velha gritar”.


Eu ri um pouquinho e concordei com a cabeça. Nós andamos pelo corredor em silêncio. Eu estava perdida em meus próprios pensamentos: Amos, Saunders e o possível estrangulamento de Laurei Shacklebolt, que talvez tenha uma boca ainda pior que a minha; e, James estava perdido em seus próprios pensamentos sobre...eu não sei. Sei lá o que James Potter fica pensando.


Até que, de repente, do nada, James começa a rir.


De novo.


Isso estava começando a me cansar.


“O quê?”, eu perguntei, obviamente achando que eu tinha perdido alguma coisa.


James sacudiu sua cabeça, incapaz de falar de tanto que ele estava rindo. “Eu...é só que...”. Ele começou a rir de novo, possivelmente ainda mais do que antes. Eu o olhei de maneira estranha, esperando que ele parasse de rir para poder me contar o que era tão engraçado assim. “É que...”.


“Sim?”, eu exigi.


“Você...você é tão mentirosa!”.


E, então, começou a rir de novo.


Eu gemi alto, revirando os meus olhos e depois dei um empurrão nele, enquanto ele me ignorava completamente e continuava a rir. “Não é engraçado!”, eu murmurei, o olhando com raiva.


James não respondeu por algum tempo, de alguma forma, ainda achando a situação ainda mais hilária do que alguns segundos atrás e, portanto, não conseguia falar. Quando finalmente parecia que ele tinha se acalmado, ele olhava pra mim, seu rosto permanecia sério por um segundo e depois ele começava tudo de novo. Eu me segurei para não bater nele de novo.


“Desculpa”, ele finalmente conseguiu pronunciar. “Mas, vamos lá, Lily, você tem que admitir que essa história toda é um pouquinho engraçada”.


Engraçada? Engraçada? Ele estava louco? É claro que não era engraçado! Estava tão longe de ser engraçado que eu nem mesmo podia compreender como ele estava rindo. Quero dizer, eu sei que ele disse que entendia o que estava acontecendo, mas ele obviamente não sabia não. Ele não podia. Se ele entendesse, ele, definitivamente, não estaria rindo.


“Ah, não me olhe desse jeito”, ele disse quando eu me recusei a responder à sua observação ‘engraçada’ e simplesmente continuei a encará-lo com mau humor. “Olha”, ele continuou, um pequeno sorriso em seu rosto. “Apenas, veja da minha perspectiva, ok?”.


“Eu estou”, eu disse com impaciência. “E, com todo o respeito à sua obviamente não existente sanidade, parece ainda pior vendo do seu lado”.


James sacudiu sua cabeça. “Não pense nos detalhes”, ele me disse. “Pense na coisa como um todo”.


Eu o olhei inexpressivamente. Na coisa como um todo? Detalhes? O que diabos ele estava aprontando agora?


“Desde do quarto ano”, James começou a explicar, quando eu obviamente não consegui entender o conceito humorístico da ‘coisa toda’. “Eu sempre te coloquei em um pedestal, sabe”.


“Pedestal?”, eu perguntei.


“É”, James concordou. “Quero dizer, você...você é Lily Evans. Você é perfeita. Você é inteligente, você é legal, você é linda, você é confiante e esperta, os professores te adoram – todos te adoram – você era monitora, sempre seguiu as regras, nunca fez nada errado...”.


Eu corei intensamente, ignorando a agitação dentro do meu estômago, enquanto ele falava sobre a minha suposta perfeição. Apesar dele estar completamente e totalmente errado sobre a maioria do que ele disse, eu não vou mentir e fingir que eu não gostei de ouvir ele dizer aquelas coisas. Eu sou humana, afinal de contas.


“Você”, ele continuou enfaticamente, dando um pequeno sorriso, enquanto eu começava a parecer um tomate cada vez mais, “era a Lily Evans infalível”.


“Infalível?”, eu exclamei. “Não mesmo”.


James sorriu de novo. “É, bem, agora eu vejo o seu verdadeiro eu”.


“Meu verdadeiro eu?”, eu perguntei com as sobrancelhas erguidas.


“Ah, sim”, James disse, ainda sorrindo, enquanto ele começava a contar nos dedos. “Você suborna pessoas com chocolate quando elas estão com raiva de você, você mente – muito freqüentemente, na verdade, quase de maneira patológica. Talvez você devesse ir ao médico ou algo assim, Lil – você desafia os seus professores, dizendo que as tarefas que eles passam são uma besteira – “.


“Porque você disse pra eu fazer isso!”.


“ – você é intrigante, já que você tem um namorado de um lado e aceita convites para sair de outro garoto também- - “.


“Ei! Isso não é – “.


“ – você é muito irritante as vezes, chega a ser engraçado; você tem um enorme complexo de inferioridade, apesar de que, só Merlin sabe porque – “.


“É, é, eu sei. Você já está acabando?”.


“ – quase – e talvez, o mais importante, você não é quase nada do que eu imaginava que fosse”.


James parou de falar então, abaixando a mão que ele estava usando para fazer a contagem da sua lista. Eu o olhei inexpressivamente.


“Você terminou de me rebaixar, então?”, eu perguntei.


“Eu não estava te rebaixando”, ele insistiu. “Eu nunca disse que alguma daquelas coisas eram más qualidades”.


“Ah, você não disse?”, eu perguntei e bufei em descrença. James negou com a cabeça.


“Não mesmo. Na verdade, é bem o oposto”. Ele deu de ombros, me olhando de esguelha. “Imperfeição é, talvez, a melhor perfeição. Tudo o que eu estou dizendo é que, ao contrário do que eu pensava – a parte engraçada disso tudo – é que eu descobri que, a Lily Evans Infalível...ela...er...”.


“Também tem falhas?”, eu tentei.


James concordou. “É. Também tem falhas”.


“Muitas”, eu acrescentei sem rodeios.


James riu. “Não mais do que qualquer um”, ele respondeu.


Eu quase ri ao ouvir aquilo. Ah, se ele ao menos soubesse...


“Bem, sabe”, eu disse, acotovelando James, enquanto nós continuávamos a andar pelo corredor. “Você também não é exatamente o que eu esperava”.


“James gemeu e riu. “Ah, ótimo, lá vem...”.


“Primeiro”, eu comecei, ficando feliz por ter virado a mesa, “você é completamente incorrigível – talvez, não tanto quanto eu pensava antes, mas ainda assim, completamente insuportável às vezes. Você pode ser um dos mais idiotas que eu conheço e, por alguma razão, precisa ter respostas pra tudo. Então, tem as mudanças de humor – ai, as mudanças de humor! Eu nunca conheci ninguém, em toda a minha vida, que está tão feliz em um momento, e depois tão irritado em outro. Como hoje! Primeiro, você desconta o seu mau humor nos jogadores, depois você ri tão alto que eu preciso te dizer para parar, depoisvocê anda furioso pelo Salão Principal, como se você estivesse indo matar alguém, e agora você está rindo como nunca de novo! Qual é o seu problema, Potter? Por favor, me diga que você é bipolar ou algo assim, porque essa é a única explicação em que eu consigo pensar”.


James coçou a cabeça, e deu um pequeno sorriso. “Eu acho que as coisas ficaram um pouquinho melhores de repente”, ele me disse.


“Ah, é?”, eu perguntei. “Como assim?”.


“Bem”, ele começou, “lá estava eu, ouvindo Laurie Shacklebolt contar a conversa de vocês mais cedo, quando, de repente, eu percebi que, quer saber, James? Tudo podia ser pior”.


“Como?”.


“Bem”, James respondeu, um sorriso bobo em seus lábios. “Eu podia estar namorando você de verdade”.


“Ei”, eu exclamei e bati nele. James riu e me olhou.


“Essa é uma outra coisa”, ele disse. “Eu nunca pensei que você pudesse ser assim tão violenta”.


“E eu nunca pensei que você me fizesse assim tão violenta”, eu respondi, e depois alterei o meu comentário. “Espera, na verdade, quer saber de uma coisa? Eu pensei sim. Você sempre me fez ter vontade de arrancar os meus cabelos!”.


James não pareceu achar isso nem um pouquinho ofensivo e simplesmente começou a rir de novo, para meu desgosto. Eu lhe lancei outro olhar amargo.


“Você é realmente incorrigível”, eu disse a ele de novo com um suspiro, quando tudo o que ele continuou a fazer foi rir das minhas cara zangada.


“Mas você obviamente ainda tem algum desejo escondido de me namorar, não é mesmo, Infalível Lily Evans?”.


Eu sacudi minha cabeça e o olhei irritada. “Você é um saco”.


James sorriu. “Você diz isso bastante. Talvez seja um termo de carinho?”.


“Você quer que eu te bata de novo?”.


Assim que James colocou suas mãos em frente ao seu corpo, como uma maneira de se proteger, nós alcançamos o retrato da Mulher Gorda. Eu nem mesmo estava ciente para onde nós estávamos indo, até que nós chegamos lá. Foi um pouquinho desconcertante, eu tenho que dizer.


“Bem, é aqui que eu te deixo”, James disse, acenando na direção da Torre. Eu o olhei curiosamente.


“O que você quer dizer com isso?”, eu perguntei. “Você não vai entrar? Já está bem tarde”.


James negou com a cabeça. “Eu tenho que encontrar o Sirius. Eu, er, meio que joguei um balaço nele essa manhã”.


“Fiquei sabendo”.


“É, bem, eu acho que eu devo pedir desculpas então, certo? Ele está lá na cozinha, eu acho. Eu acho que é melhor eu encurralá-lo quando ele estiver em presença de alguma comida. Assim, a chance dele me azarar é menor”.


Eu revirei os olhos. “Vocês garotos e sua comida”.


James sorriu e deu de ombros. “Então, eu...te vejo por aí?”, ele perguntou, dando alguns passos para longe do buraco do retrato.


“Sim”, eu concordei. “Eu acho que eu vou...fingir que estou dormindo ou algo assim”.


“Fingir que está dormindo?”, James questionou. “Por quê?”.


“Emma saiu da Ala Hospitalar essa tarde”, eu comecei a explicar. “Agora ela está lá em cima e eu – “.


“Não precisa dizer mais nada”, James interrompeu, levantando as mãos. “Eu entendi. Mais uma qualidade especial da Infalível Lily Evans: quando as coisas ficam estranhas, evitar e ignorar”.


Eu corei. “Isso não é...ah, se manda”.


James riu e continuou a dar uns passos pra trás. Antes que ele pudesse ir embora, eu o impedi.


“James?”, eu chamei.


“Sim?”.


“Eu só queria...bem, me desculpa. Por tudo. Eu não tive a intenção de te arrastar nessa confusão – bem, quero dizer, eu tive, mas...”, eu suspirei e parei antes que a gagueira começasse de novo. “Você entendeu”.


“Sim”, James disse de novo, concordando com a cabeça. “Não se preocupe, Lily. Como eu disse, podia ser pior”.


“Você podia estar me namorando de verdade”, eu o relembrei com um sorriso amarelo.


“Ou eu podia estar morto”, ele acrescentou com um sorriso.


Eu bufei. “Eu até estou com medo de perguntar qual dos dois você preferiria”.


James riu de novo, escolhendo, inteligentemente, não responder ao meu último comentário. Algum tempo depois, ele começou a andar pelo corredor lentamente, e com um pequeno aceno para mim, sorriu enquanto dizia, “Boa noite, Infalível Lily Evans”.


Eu o olhei de forma estranha, e respondi, “Eu não sou mais infalível, se lembra? Eu tenho falhas!”.


James sacudiu a cabeça. “Não”, ele disse suavemente. “Você sempre será infalível”.


Então, ele desapareceu.




O mais tarde que se pode chegar, fingindo estar dormindo


Lily Observadora: Décimo sétimo dia


Observações Totais: 119


Infalível? Eu? Até parece. Ele tinha que estar brincando. Apenas alguém, claramente, biruta que iria me colocar em um pedestal. Como ele disse, eu tenho falhas. Eu tenho mais falhas do que qualquer pessoa normal tem o direito de ter. E eu não estou dizendo isso só por causa do suposto complexo de inferioridade que todos no mundo pensam que eu tenho, mas porque é a verdade. Quero dizer, inteligente? Eu estou indo mal em Transfiguração. Ele é o meu professor particular! Legal? Hum, dificilmente. Todo mundo me adora? Alooo, não é por causa do ódio compartilhado entre eu e a Elisabeth Saunders que nós estamos nessa situação? Linda? Não. Simplesmente...não.


Ele está louco. Ele realmente está.


Infalível...eu?


Hunf.




Sexta feira, 3 de outubro, dormitório feminino do sétimo ano


Lily Observadora: Décimo oitavo dia


Observações Totais: 120


Da mente louca da Lily Evans: Meu sonho de ontem à noite


Eu e Amos estávamos na biblioteca, pescando. Tinha um rio e tudo mais, bem ali, entre a seção restrita e a mesa de Madame Pince. Nós nos sentamos na mesa, pescando com a vara, falando sem parar com uma língua que parecia ser Alemão fluente. Eu perguntei a Amos se ele daria uns amassos em mim, e ele disse que não, que ele estava com sono demais para me dar uns beijos naquela hora. Eu comecei a chorar. Amos continuou a pescar. De repente, ele pescou algo, mas o que saiu do rio não era um peixe, mas sim James. Eu disse oi para James, enquanto Amos voltava a pescar. James também me disse oi. Eu disse a James que Amos não queria me dar uns amassos. James disse que ele faria isso, se eu quisesse. Eu disse a ele que isso era muito legal de sua parte, mas que talvez depois, já que eu tinha que terminar minha tarefa de Runas Antigas. James disse que ele também tinha que terminar a dele, então, nós saímos para terminarmos nossas tarefas juntos, apesar de James não fazer essa aula. Quando nós terminamos, James perguntou se agora eu queria que ele me desse uns amassos. Eu disse a ele que não, que eu estava com muita fome. Então, nós plantamos vegetais juntos. Amos chegou para nos ajudar algum tempo depois. Nós cantamos “Deck the Halls”, enquanto nós cavávamos a terra.


Observação #120) Se os sonhos são mesmo, como a minha professora de Adivinhação insiste em dizer, uma previsão do dia que nos aguarda, eu não tenho certeza se eu quero me levantar.

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