Capítulo 11 - parte 3
CAPÍTULO 11 – PARTE III
Extremamente tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Décimo sexto dia
Observações Totais: 115
Meu coração estava batendo forte dentro do meu peito, quando eu vi James entrar na biblioteca, meia-hora de preocupação depois do Amos ter ido embora. Casualmente, ele andou em minha direção, com livros de Transfiguração na mão e com um pequeno sorriso em seu rosto. Eu ainda estava em pânico por causa do resultado desse teste, mas eu sabia o que eu tinha que fazer, e não era exatamente difícil abrir um sorriso interminável que o teste exigia. Apesar dos problemas com o James, eu ainda vou à Hogsmeade com o Amos.
“Oi”, James me cumprimentou, se sentando do meu lado. Ele me olhou de forma preocupada por causa do meu sorriso. “Você não quer, sinceramente, que eu acredite que você está animada com Transfiguração, Lily Evans. Não sem ter tomado alguns copos de Firewhiskey, de qualquer forma”.
“Ah, há, há, há”, eu respondi secamente, apesar do meu sorriso só ter diminuído um pouquinho. “Você precisa saber que eu agüento Transfiguração com apenas um copo de álcool, James Potter. Eu melhorei bastante nas últimas semanas”.
James riu e ergueu as sobrancelhas. “Sem dúvida alguma foi por causa das minhas excelentes aulas particulares, certo?”.
“Ah, claro”.
James riu de novo, sacudindo sua cabeça, ao mesmo tempo que começava a folhear um dos seus livros, procurando pela desejada lição de hoje. “Mas de qualquer forma”, ele continuou, com as sobrancelhas erguidas, “ já que você – pelo menos, eu acho – ainda não consumiu nenhum tipo de bebida forte, o que te fez ficar com um humor assim tão bom?”.
“Eu estou de bom humor?”.
Sim, eu estava retardada. Eu não consegui evitar. Meu estômago estava se revirando tanto que até doía.
James ergueu de novo as sobrancelhas. “Com esse sorriso enorme, Evans? Eu gostaria de saber como você fica em um dia realmente bom, se esse é um dia normal”. Finalmente encontrando a página correta, ele parou de folhear as páginas do livro e focou sua atenção toda em mim. “Então?”.
“Bem...tem certeza que você quer saber?”.
Sim, eu ainda estava retardada. Eu teria começado a cantar uma música e sapatear bem ali, se achasse que isso me daria mais alguns segundos.
“Eu não sei”, James respondeu com um sorriso. “Você não matou ninguém, matou?”.
Eu bufei. “Desde quando matar uma pessoa deixa alguém de bom humor?”.
“Ah, sabe, é como o extinto natural do serial killer”, James respondeu casualmente. “Por quê você acha que tantos assassinos lunáticos conseguem ficar tranqüilos e sorrir?”.
Eu revirei os olhos. “E você sabe disso tudo por experiência própria?”.
“Naturalmente”, James concordou. “Meus melhores dias são sempre os dias seguintes a uma noite de assassinato”.
Eu ri, o nó no meu estômago se afroxou um pouquinho, enquanto eu caía na zona confortável de novo. Era o James Potter – meu novo amigo que brincava sobre matar pessoas. Ele vai reprovar neste teste. Definitivamente, ele vai.
“Então, você acreditaria que uma morte é responsável pelo meu bom humor?”.
“Depende”, James respondeu simplesmente.
“De quê?”
“Se você fez isso de forma apropriada ou não, claro. Como o seu novo e experiente amigo nesses assuntos, eu tenho que te ensinar as maneiras de se matar alguém”.
“Existe uma maneira errada?”, eu ri, sacudindo a minha cabeça por causa do sorriso travesso de James.
“Como você é ingênua”, James disse, sacudindo sua cabeça, fingindo que estava desapontado. “Eu realmente espero que você tenha conseguido se livrar do corpo de maneira apropriada, Lily. Se não, com certeza vão te pegar”.
“Não precisa se preocupar com isso”. Eu assegurei com um sorriso. “Eu deixei com a Murta-que-geme. Ninguém vai descobrir nada”.
“Com quem?”, James riu.
“Com a Murta-que-geme”, eu repeti, me sentindo orgulhosa porque eu sabia de algo sobre Hogwarts que os Marotos notáveis não sabiam. Mesmo que essa coisa more no banheiro feminino do segundo andar. Além disso, eu ficaria preocupada se James realmente soubesse disso. “O fantasma que vive gemendo e se lamentando e que mora no banheiro feminino. Um fantasma bem sensível. Não exatamente amigável. As garotas evitam esse banheiro como uma praga”.
“Interessante”, James comentou. “Muito inteligente, Evans”.
“Então, isso quer dizer que eu passei no seu julgamento, Senhor Potter?”.
James fingiu pensar no assunto, segurando o seu queixo de forma muito pensativa. “Você está aprovada”, ele finalmente decidiu com aceno.
Nós dois começamos a rir muito.
Madame Pince mandou a gente calar a boca (mais ou menos).
Com as nossas risadas agora um pouco reprimidas por causa dos olhares ameaçadores de Madame Pince, eu olhei para James com os meus olhos brilhando de alegria, observando que ele também estava com um olhar divertido em seu rosto, por trás dos óculos.
“E então”.
Eu ergui uma sobrancelha. “E então o quê?”, eu perguntei.
“Ué? O que te deixou de bom humor, oras!”.
Eu abri um outro sorriso, tentando evitar o inevitável com mais uma brincadeira. “Você quer dizer que você não acredita que eu matei alguém?”.
James bufou e sacudiu sua cabeça. “Apesar de eu desejar ter sido uma influência assim tão negativa para você, Evans, eu sei que não aconteceu. Então, pode ir abrindo a boca. Qual é a verdade? Você finalmente fez as pazes com a Emma?”.
Meu coração parou de bater ao ouvir essas palavras. Não porque ele tinha mencionada Emma, mas porque eu sabia o que viria depois. James Potter iria passar por um teste, o qual ele nem estava preparado e nem sabia a respeito. Eu engoli o pânico que estava ameaçando a vir à tona e escondi as minhas preocupações com um sorriso.
“Eu...não, não é a Emma”, foi a única coisa que eu consegui dizer no momento.
“Não é a Emma?”, James perguntou, curioso. “Então, é o quê?”.
Eu sabia que se eu não abrisse a boca bem naquele momento, eu iria me acorvadar. Imagens do James com um rosto bem deprimido já assombravam a minha mente, tornando quase impossível que eu falasse. Provavelmente não ia dar em nada, eu continuava a dizer para mim mesma. James não podia ainda gostar de mim. Nada disso vai importar pra ele. Mas, mesmo assim, eu não conseguia ignorar a voz que gritava na minha cabeça, dizendo que ele ia se importar sim.
Antes que eu perdesse o controle, eu voltei a sorrir e soltei as palavras da minha boca.
“Amos Diggory me chamou para ir à Hogsmeade com ele”.
Meus olhos permaneceram focados em James, mesmo quando eu, rapidamente, falei as palavras inevitáveis. Meu coração estava batendo tão forte dentro do meu peito, que eu conseguia ouvi-lo claramente, mas eu ignorei o barulho. Com uma respiração ofegante, eu esperei a reação de James. Esperei pela nota que eu teria que dar a ele, e as conseqüências que viriam juntamente com ela.
“Espera aí, o quê?”.
Era impossível ler a sua expressão e sua voz também. E eu me vi forçada a repetir tudo.
“Faz pouco tempo”, eu expliquei melhor, com uma voz calma, apesar de eu estar longe disso. “Nós tínhamos acabado de terminar nosso projeto de Runas Antigas e aí ele me perguntou se eu queria ir com ele. E eu disse que sim”.
Nos segundos que eu esperei pela reação de James, foi como se o tempo tivesse parado. Era só eu, sentada ali na mesa, meu interior super confuso e minha mente tentando aceitar o fato de que talvez, eu tivesse acabado de estragar uma amizade que mal tinha começado. O jeito que James reagisse iria mudar o curso de nosso relacionamento pra sempre, porque eu sabia que, por alguma razão incompreensível, ele ainda gostasse de mim, as coisas iriam ficar tensas e estranhas, e nenhum de nós dois conseguiríamos lidar com essa situação.
E então, nesses poucos segundos entre o meu questionamento e a realidade, eu rezei. Eu rezei para todos os deuses que eu conhecia para que eu não tivesse estragado tudo. Eu pedi e esperei e rezei tanto que nada mais me importava.
E então...
James sorriu.
E, subseqüentemente, para o meu eterno alívio, reprovou no meu teste.
“Ele finalmente percebeu então, em?”, James implicou comigo com um sorriso, sem saber que ele tinha acabado de salvar a nossa amizade.
Com uma risada que continha mais alívio do que bom humor, eu concordei com a cabeça. “É, acho que sim”.
“Bem, que bom”, James disse também concordando com a cabeça. “Quero dizer, eu acho esse garoto um completo idiota, mas se você gosta dele o suficiente, então, é isso que importa, certo?”.
Eu ri e acenei com a cabeça de novo, aliviada demais para falar no momento.
Ele não gostava de mim. Ele não podia. Se ele gostasse, ele não aceitaria as novidades assim tão bem. Ele teria gritado e berrado, ou teria, pelo menos, me olhado de maneira estranha, mostrando o seu desgosto completo. Mas ele não fez isso. Ele não fez nada do tipo. Ao invés disso, ele riu e fez graça como um amigo normal faria.
Ele não gosta de mim.
JAMES POTTER NÃO GOSTA DE MIM!! EBA!!
“Só uma pergunta”, James disse, interrompendo a minha comemoração mental.
“O quê?”, eu perguntei, preparada para tudo naquele momento.
James sorriu e estreitou os olhos de forma acusadora. “Isso não significa que você vai torcer pela Lufa-Lufa na primeira partida, certo?”.
Eu ri de novo, e sacudi a minha cabeça por causa de sua expressão engraçada. “E trair a Grifinória?”, eu perguntei, me fingindo de chocada. “Eu nem sonharia nisso!”.
James riu também, e com um leve sorriso travesso pra mim, eu não pude evitar e continuar, “Além disso, agora que eu sei do que você é capaz, eu nunca arriscaria torcer contra você. Eu certamente estaria morta e bem enterrada na manhã seguinte”.
“Pode apostar”, James respondeu com um sorriso orgulhoso.
E com o fim dessa conversa um tanto estranha, nós começamos a nossa sessão, e eu mergulhei fundo em Transfiguração, com uma felicidade que eu nunca pensei que fosse possível.
Amos me convidou para sair, James não gosta de mim...
Eu posso dizer que foi um dia bastante produtivo, certo?
Eba!!
Terça-feira, 2 de Outubro, Adivinhação
Lily Observadora: Décimo sétimo dia
Observações Totais: 116
Por causa de um sonho inacreditavelmente indecente com Amos, eu e vários tipos de comida, eu acordei super atrasada e perdi o café da manhã. Grace tinha um treino de Quadribol bem cedo, por isso ela não me acordou. Ela também não estava lá quando eu voltei pro dormitório depois da minha aula particular, então, eu não tive oportunidade de lhe contar as novidades. Quando eu finalmente me encontrei com ela na aula de Adivinhação, eu descobri que, de alguma forma, ela já sabia.
“Espera aí, como você descobriu?”, eu perguntei, (bastante surpresa com essa virada nos acontecimentos), enquanto eu me sentava ao lado de Grace, depois dela ter me contado que já sabia sobre mim e Amos.
“A bola de cristal me contou”, Grace brincou, movendo suas mãos pela bola de cristal que estava em cima da mesa. Eu revirei os olhos.
“Eu estou falando sério, ok? Como você descobriu?”.
Grace deu de ombros. “Tammy Turner me contou”.
“Tammy Turner?”, eu disse em um tom zombeteiro. “Como ela descobriu?”.
“Ela ficou sabendo através da Carrie Lloyd”, Grace explicou casualmente, “que, aparentemente, ficou sabendo pela Evie Patil, que ficou sabendo por uma lufa-lufa do terceiro ano que viu a coisa toda se desenrolar”.
Eu gemi, sacudindo minha cabeça. “Nós não falamos assim tão alto”, eu murmurei miseravelmente, amaldiçoando a idiota terceiranista que tinha sido bem sucedida ao espalhar a notícia por todos os seres vivos que ela podia.
“Você conhece os lufa-lufa”, Grace disse suavemente. “Eles são uns fofoqueiros. Mas que importância isso tem, Lik? Eu pensei que você ia querer que o mundo inteiro soubesse que você finalmente vai sair com o Diggory”.
“Não é que eu não queira que as pessoas saibam”, eu protestei com um suspiro. “É só que...eu não sei. Eu odeio quando as pessoas ficam se intrometendo onde elas não são chamadas. Elas não tem nada a ver com isso tudo”.
“Bem, é melhor você se acostumar com isso”, Grace disse francamente. “Amos Diggory adora a atenção do público. Ele é egocêntrico quando se trata dessas coisas, Lil. Você não se lembra de quando ele estava namorando Dorcas Meadowes? Assim que eles faziam alguma coisa, o colégio inteiro já estava sabendo. Na noite em que ela finalmente deixou ele tirar a blusa dela, metade de Hogwarts já sabia antes mesmo dela saber”.
Eu abri a minha boca para defender o Amos, mas não consegui argumentar com os fatos. O relacionamente de Amos e Dorcas era realmente um espetáculo para todo mundo, e eu sabia que Amos não se importava. Não é que eu seja uma pessoa reservada, sério, mas é que eu odeio ver os meus relacionamentos em um podium público para todo mundo ver e admirar. Quero dizer, quem quer que todo mundo saiba que seu namorado tirou a sua blusa? Algumas coisas devem ser mantidas em segredo.
“Essa escolha é simplesmente pequena demais”, eu resmunguei miseravelmente, odiando a situação. “Ninguém tem nada melhor pra fazer além de conversar sobre a vida alheia? Isso é doentio. É ridículo. É – Grace! O que você fez com a sua mão?”.
Eu parei no meio da minha fala, e olhei para a grande marca roxa que estava na mão direita de Grace. Grace olhou para o ferimento furiosamente.
“Foi o maldito do meu capitão”, ela disse.
Eu franzi a testa. “James?”.
Grace concordou com a cabeça. “Ele está completamente maluco”, ela insistiu, esfregando a ferida com a sua mão esquerda. “Ele nos fez treinar essa manhã. Só porque ele está tendo um péssimo dia, ele acha que pode descontar tudo na gente. E quem treina assim tão cedo? Nós estamos em plena forma. Nós não precisamos de mais nenhum maldito treino”. Grace sacudiu a cabeça antes de continuar, “James e McGonagall ficaram malucos”.
“Mas por que ele estava de mau humor?”, eu perguntei, tentando descobrir o que poderia ter acontecido entre ontem a noite (quando eu o vi rindo e feliz), e hoje de manhã (quando Grace, obviamente, o tinha visto em um humor terrível).
“E isso importa?”, Grace perguntou, sua voz ainda amarga. “Ainda assim, ele não tem direito de descontar tudo na gente. Nós não fizemos nada contra ele”.
“É claro que vocês não fizeram”, eu concordei. “Eu só estou pensando no que poderia tê-lo chateado tanto. Ele estava perfeitamente normal ontem à noite”.
“É, eu sei”, Grace resmungou, me olhando furiosamente por alguma razão. “Por que você não pergunta a ele o porque dele ter tentado matar todos os seus jogadores, Lily?”.
“Eu? Por que não você?”.
“Porque eu não posso prometer que ele vai sair da conversa vivo”.
Eu suspirei e dei de ombros. “Certo, eu pergunto a ele”, eu prometi, mordendo os meus lábios de forma pensativa. Grace concordou com a cabeça e depois a aula começou.
Mais tarde, Defesa Contra as Artes das Trevas
Lily Observadora: Décimo sétimo dia
Observações Totais: 116
Eu estava mexendo na minha mochila agora a pouco, procurando pela minha tarefa de Defesa desaparecida (que estava escondida no meu livro de Herbologia que, de alguma forma, tinha voltado para a minha mochila), quando eu encontrei isso aqui no meio dos meus livros:
Emmeline sai da Ala Hospitalar hoje, as 4 horas. Eu só pensei em te contar,caso você queira aproveitar a informação – Mac.
Esse bilhete me perturbou bastante, porque:
a) Quando Mac teve tempo de colocar esse bilhete na minha mochila?
b) Como Mac conseguiu colocar esse bilhete na minha mochila?
c) Ele sempre a chama de Emmeline. Por que ele faz isso? Todo mundo a chama de Emma.
d) Para um garoto assim, supostamente, tão brilhante, ele tem uma letra horrenda. Quando ‘sai’ parece ‘cal’ e ‘contar’ parece ‘colar’, definitivamente essa pessoa tem problema.
e) Apesar de poder parecer o contrário, EU NÃO ME IMPORTO EM QUE HORAS A EMMA SAI DA ALA HOSPITALAR. Geralmente, pessoas que estão muito, muito zangadas com outras pessoas não se importam com a localização dessa citada pessoa. Mesmo que seu estômago revire, toda vez que você pensa nas 4 horas da tarde. Eu realmente não me importo. Não mesmo.
Mac é um idiota. Ele é um grande batedor de mochila idiota, com uma letra horrenda. Eu o odeio. Eu odeio ele como...como...Eu simplesmente odeio!
Hunf!
Mais tarde, Feitiços
Lily Observadora: Décimo sétimo dia
Observações Totais: 117
Nenhuma matança ontem? – LE
O quê? – JP
Bem, rumores dizem que seu humor não está muito bem hoje, então, eu imaginei que a sua última tentativa de assassinato talvez não tenha dado certo.
É, acho que se pode dizer que sim.
Então, qual o problema?
Problema nenhum.
Eu preciso discordar, meu caro amigo. A grande ferida no braço da Grace Reynolds também se opõe a essa afirmação. Ela insistiu que foi você quem ocasionou o ferimento essa manhã com o seu humor horrível, Sr. Capitão.
Grace deveria aprender a prestar mais atenção aos balaços. Isso não tem nada a ver comigo.
Tem sim, porque foi você que mandou seis balaços em sua direção para ela poder desviar!
Era um treino. Eu a estava preparando.
Pra quê? Para sua morte rápida e fora de hora? Foi maluquice. Você estava descontando a sua raiva no seu time.
Eu não estava não. Eu não estou com raiva para poder descontá-la em alguém! E você nem sabe, de qualquer forma! Você nem estava lá!
Eu não precisava estar lá. Você esteve olhando de cara feia pra todo mundo durante toda a manhã!
Eu decidi que eu não olho de cara feia para ninguém o suficiente. Eu só estou compensando agora.
Por favor, você pode me dizer qual é o problema? Talvez eu possa ajudar.
Esquece, Lily.
Por quê? O que te fez ficar assim tão bravo?
Simplesmente...tudo, ok? É só um dia ruim. O idiota do amor da minha vida não me chamou para sair, sabe.
Ei, isso não é justo!
A vida nunca é justa.
Eu só estava tentando ajudar, James! Você não precisa dar uma de idiota!
Eu não estou dando uma de idiota!
Está sim!
Eu...eu sei. Me desculpe. Olha, eu te disse, é um mal dia. Tem dado tudo errado. Amanhã eu vou estar bem. Me desculpe por descontar em você.
Tudo bem. É só que...tem certeza de que você está bem? Não tem nada que eu possa fazer para ajudá-lo? Se você perguntar, não vai doer, sabe. Mesmo que você ache que eu vá dizer não.
Não. Não tem nada que você possa fazer.
Tem certeza?
Sim.
Bem, tudo bem, então. Eu acho. Mas se você precisar de alguma coisa, é só me falar, ok?
Ok.
E tome sorvete para te animar. Ou coma arroz. Arroz sempre me anima.
É, eu sei.
Mas não os dois juntos. O arroz e o sorvete, quero dizer. Eu não acho que essa mistura vá produzir a reação adequada de endorfina.
Reação adequada de endorfina?
É, para te fazer feliz.
Tá vendo? Só em pensar em arroz, já está te fazendo rir!
Você me faz rir.
Tá vendo? Eu posso ajudar à minha própria e maluca maneira. Lunáticos são muito bons em divertir as pessoas, sabe. Todo mundo ri da gente muito fácil.
Ninguém ri de você, Lily.
Ah, sim, riem. E diretamente. Eu sou completamente maluca.
Sem objeções quanto a isso.
Ah, que ótimo, Potter. Aqui estou eu, tentando em vão te ajudar, e você fica me insultando! Você não deveria me dizer como eu sou perfeitamente sã? Não é isso que os amigos deveriam fazer? Você não deveria dizer, “Ah, por favor, Lil, você não é maluca. Você é perfeitamente normal!”?
Você quer que eu minta pra você?
Uma mentirinha de nada para fazer sua amiga se sentir bem, não é uma coisa ruim, James. Você definitivamente não está ajudando o meu complexo de inferioridade.
Há, então agora você admite que tem um?
Não, eu só estava contando uma pequena mentirinha para que meu amigo se sentisse melhor.
Olha, eu estou super feliz porque sua alegria voltou e tudo mais, mas dá pra parar de rir assim tão alto? Flitwick está prestes a perder a cabeça.
Você só não quer se meter em confusão.
Você está certo, eu não quero, e não há nada de errado com isso. Agora, pára!
Tudo bem, tudo bem, sua fraca. Eu não vou arruinar a imagem perfeita de monitora chefe que você tem.
Obrigada.
De nada.
James?
Lily?
Eu estou feliz que você esteja se sentindo melhor.
Quem disse que eu estou?
Eu estou feliz que você esteja se sentindo melhor, James.
É, eu também.
Ainda mais tarde, História da Magia
Lily Observadora: Décimo sétimo dia
Observações Totais: 117
No almoço, eu transmiti os resultados do Projeto: James Zangado? Para Grace enquanto nós comíamos os nossos sanduíches.
“Ele insiste em dizer que não há nada errado”, eu informei-lhe silenciosamente, tomando cuidado para não falar tão alto, já que dois dos marotos – Peter e Remus, pra ser mais exata – não estavam sentados muito longe. “Ele disse que é só um dia ruim”.
“Dia ruim, o caramba!”, Grace desdenhou, mordendo um pedaço do seu sanduíche. “Você por acaso perguntou pra ele porque era um dia ruim, Lily?”.
Eu dei de ombros. “Ele só disse que tudo estava dando errado. Você sabe, todo mundo tem desses dias, Grace. Dê uma folga pro garoto”.
Grace bufou de raiva. “Ele me machucou, Lily! Você pelo menos se importa com o fato de que agora eu estou com uma dor constante só por causa dele e seu mau humor?”.
“Você disse que não doía”, eu lembrei-lhe sem rodeios.
“È, bem, mas agora dói!”.
Eu revirei os olhos por causa do drama de Grace. “Não dói não, sua bebê. Apenas, deixe-o em paz, ok? Até amanhã ele vai voltar ao normal e sua mão estará livre de sua cólera”.
Grace bufou bem alto, me olhando diretamente. “De alguma forma, eu não acho que ele vai, Lily”.
Eu revirei os olhos de novo, ignorando o olhar significativo de Grace. Eu não sabia o porquê dela achar que o mau humor de James iria durar pra sempre. Não vai. Não pode. Quero dizer, ele já estava se sentindo melhor – ele disse que estava. Já que os meus argumentos não serviram de nada, eu pensei que a declaração de James seria convincente, então, eu peguei o bilhete da aula de feitiços da minha mochila e mostrei para Grace.
“Viu?”, eu disse, apontando para as últimas frases. “Ele mesmo disse que já está se sentindo melhor, Gracie”.
Grace gemeu, me ignorando, enquanto seus olhos liam o resto do bilhete. Eu ia pegar o bilhete de volta, mas ela se mexeu para a esquerda, tirando o pergaminho do meu alcance, enquanto seus olhos continuavam a percorrer o papel.
“Espera um segundo”, ela disse, me lançando um olhar curioso por sob o seu ombro, enquanto eu a olhava furiosamente e tentava pegar o pergaminho de volta. “O que é tudo isso?”.
Quando Grace se moveu de novo para que eu pudesse ver o que ela estava apontando, eu aproveitei a oportunidade e peguei o bilhete dela, e li o que ela estava apontando.
“Ah, isso”, eu respondi com impaciência, dando de ombros. “Não é nada. James insiste que eu tenho algum tipo de ‘complexo de inferioridade’ ou algo assim”.
“Complexo de inferioridade?”, Grace bufou. “É mais como um estilo de vida de inferioridade”.
“Eu sei, ele está completamente maluco – espera, o quê?”.
Imediatamente, Grace começou a rir ao ver a minha cara chocada e apavorada. Eu a olhei furiosamente. O que ela quis dizer com estilo de vida? Não era um estilo de vida! Não era nem mesmo um complexo! Não era nada. Eu sou perfeitamente confiante em tudo o que eu faço!
...Bem, na maioria da vezes, de qualquer forma.
No entanto, EU NÃO TENHO UM COMPLEXO DE INFERIORIDADE!
“Eu não tenho nenhum tipo de complexo de inferioridade, Grace Reynolds!”.
Sem prestar atenção para a minha negação furiosa e em tom alto e para os meus olhares furiosos, Grace começou a rir ainda mais.
“Não é engraçado!”, eu exclamei, cruzando os meus braços, e ainda olhando furiosamente para a forma risonha de Grace. “Pare de rir!”.
No meio de suas risadas completamente inapropriadas, Grace ignorou eficientemente o meu pedido para que ela fechasse a matraca, mas conseguiu dizer algumas frases. “Não...não é nada engraçado”, ela murmurou, sua cabeça ergueu de tanto que ela ria. Algum tempo depois, parecia que ela finalmente tinha voltado ao normal. Ela olhou para mim e meu rosto nervoso...e depois, começou a rir de novo.
“Grace!”, eu gemi, desistindo de olhá-la furiosamente, apenas fiquei emburrada. “Dá pra parar, sua idiota?”.
“Desculpe”, Grace disse, um pequeno sorriso ainda em seus lábios. Mas, vamos lá, Lily, vamos falar sério agora. Sua inferioridade é como se fosse o seu emprego, pelo amor de Merlin”.
Como se fosse meu emprego? COMO SE FOSSE MEU EMPREGO? Ela estava brincando? Ela tinha que estar brincando. Eu não sou inferior. Não sou! Eu não sei o que há de errado com todas essas pessoas. Quero dizer, sim, eu posso ser um pouco exigente comigo mesma às vezes sobre algumas coisas, mas todo mundo é assim! Você mesmo é sempre o seu pior crítico! É da natureza humana! Eu não sou diferente! Eu bufei de raiva indignada e reiniciei os meus olhares furiosos, enquanto Grace ria mais um pouquinho.
“Não é meu emprego, não é um complexo”, eu argumentei. “Eu não sou inferior a ninguém!”.
“Isso é o que você está dizendo agora”, Grace respondeu sem rodeios.
“Eu sempre digo isso!”.
Grace suspirou longamente. “Você está sendo boba, Lil. Você está em negação – ou, quer saber de uma coisa? Talvez você esteja certa. Talvez não seja um complexo. Mas, de qualquer forma, você tem uma personalidade extremamente-modesta-beirando-a-auto-depreciação, Lily Evans, e você sabe disso”.
De novo, eu deixei escapar um gemido de desacordo, apontando para Grace minha cara zangada. Eu estava prestes a começar a discutir mais uma vez sobre a naturalidade da auto-depreciação em adolescentes de dezessete anos e o fato de que eu era realmente normal, quando o meu argumento foi interrompido pelo barulho das portas do Salão Principal sendo abertas violentamente. Todas as cabeças – inclusive a minha e a de Grace – se viraram na direção do barulho.
E quem será que estava atravessando as portas naquele momento? É claro que era o causador de toda essa loucura: o Sr. James Potter.
Um James Potter extremamente nervoso.
Um James Potter extremamente nervoso, que nem se importou em parar e dizer um oi, quando ele passou por mim. Ele simplesmente andou furiosamente pelos corredores entre as mesas, seu rosto vermelho e sua mandíbula bem comprimida, e bateu as portas de novo, sem nem olhar para trás.
Enquanto as portas se fechavam, o Salão Principal ficou em silêncio.
“Ah, claro”, Grace murmurou secamente um pouco depois. “Eu realmente diria que ele está se sentindo bem melhor agora”.
Ignorando o sarcasmo, eu lancei um outro olhar frio em direção a Grace, antes de me virar para encarar Sirius, que tinha, silenciosamente – e muito mais calmo – entrado no Salão Principal, ao mesmo tempo em que James saía. Ele estava sacudindo sua cabeça para seus amigos, que o estavam olhando curiosamente.
“Bem”, ele disse, com um sorriso de amargura em seu rosto. “Eu não acho que nós vamos ver o Prongs nas aulas essa tarde”.
Tanto Remus, quanto Peter sorriram, mas nenhum dois se mexeu ou mostrou qualquer sinal de que tinham acabo de ver um de seus melhores amigos sair do Salão Principal completamente raivoso. Eu os observei com um olhar examinador.
“O que aconteceu?”, eu perguntei a Sirius, apontando minha cabeça por onde James tinha acabado de sair todo nervoso.
Sirius abriu um pequeno sorriso. “Dia ruim”, foi tudo o que ele disse.
“Bem, isso é óbvio”, eu respondi sarcasticamente, revirando os meus olhos. “Eu quero dizer, o que foi aquilo? Ele estava bem na última aula”.
“Estava?”, Sirius questionou, parecendo terrivelmente confuso. “Bem, ele, er...”, Sirius parou coçando sua cabeça com distração, enquanto ele se virava na direção em que James tinha acabdo de sair. “Ele, er...ah, que merda, Evans, eu não sei! Apenas deixe ele em paz, ok? Ele está prestes a matar alguém”.
Ignorando a ironia do comentário de Sirius e a minha conversa e a de James de ontem à noite, eu cerrei os olhos de forma questionadora para os garotos.
“Mas alguém não deveria ir atrás dele?”, eu perguntei, apontando minha mão para a porta. Por que todo mundo estava simplesmente sentado ali? Por que eles – por que eu – não estavam fazendo alguma coisa? Quero dizer, James poderia já ter queimado metade da Floresta Proibida até agora, ou tentando assassinar a Lula Gigante, ou ainda ter tropeçado e batido a cabeça em uma pedra. Será que ninguém ia falar com ele? Será que eu deveria?
Peter bufou. “Você ficou maluca? Quando ele está desse jeito?”.
Eu estava prestes a dizer que ele não estaria assim, se alguém tentasse ajudá-lo, quando Sirius me interrompeu.
“O que o Pete está tentando dizer”, Sirius disse, olhando para Peter, “é que não adiantaria nada, Evans. Ele não está com humor para falar agora. Prongs precisa descarregar a raiva dele sozinho”.
“Mas ele precisa descarregar a raiva por causa de quê?”, eu questionei de novo, ainda sem receber respostas de ninguém. “O que o deixou assim tão irritado de novo?”.
“Bem, vamos dizer que ele teve um encontro desagradável no corredor”, Sirius respondeu sem percalços, ainda fugindo da pergunta. Ele sacudiu sua cabeça, e finalmente se sentou, suspirando suavemente, enquanto ele me alertava calmamente, “Deixa isso pra lá, Lily. Não há nada que você possa fazer por ele neste momento”. Então, ele se virou e depois começou a encher o seu prato. Sua cabeça se inclinou e ele começou a cochichar rapidamente com os seus amigos.
Eu queria resistir, queria insistir que pelo menos um deles deveria ir falar com ele, mas descobri que não adiantaria de nada. Não serviria de nada mesmo. Ninguém estava prestando atenção em mim.
“Eles sabem do que estão falando, Lily”, Grace me disse calmamente, tirando minha atenção do trio que ainda cochichava. “Você só é amiga de James há sete dias – eles são há sete anos. Eu acho que eles sabem lidar com a situação melhor que você, não?”.
Eu acenei com a cabeça distraidamente, concordando com Grace, enquanto nós voltávamos nossa atenção para os nossos almoços abandonados. Mas durante todo o tempo, eu estava pensando em James. James e sua exibição de raiva, seu humor assassino, e o fato de que ele tinha, obviamente, mentido para mim quando ele disse que estava se sentindo melhor durante a aula de Feitiços.
Mas por que? Por que ele mentiria?
Eu queria que eu pudesse ir lá e perguntar pra ele.
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