Novos amigos e namorados hipot
Capítulo 10 – parte I
Extremamente tarde (Provavelmente já é amanhã, na verdade), Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo primeiro dia (Provavelmente décimo segundo)
Observações Totais: 76
Eu não me mexi quando eu comecei a escutar passos. Eu prendi minha respiração e com toda a minha vontade, tentei parar de chorar e fungar, antes que a pessoa me encontrasse. Eu continuava histérica, mas eu sabia que eu não queria que acontecesse o que eu escrevi antes – eu não queria ser pega. Eu não estava triste o suficiente para esquecer a encrenca na qual eu me meteria se eu fosse pega, e eu certamente não estava triste o suficiente para não me importar com isso. Mas, enquanto os passos ficavam cadê vez mais próximos, e a possibilidade de me pegarem cada vez maiores, a humilhação e o medo que eu tinha passado durante a noite inteira (mais o stress de ser pega agora) tinham finalmente contagiado o meu pobre e frágil corpo.
E é por isso que eu acho que, apesar de todas as minhas tentativas, eu comecei a chorar ainda mais.
E ainda mais alto.
E nenhuma dessas duas coisas combinava com o meu plano de ‘não ser descoberta’.
Enquanto eu chorava miseravelmente, eu me encolhi, encostei minhas costas na parede e enterrei minha cabeça nos meus joelhos. No entanto, surpreendentemente, eu não estava pensando no que o Filch faria quando ele me encontrasse na escada. Eu não estava pensando em que desculpa eu daria para explicar a minha presença naquele lugar e nem para explicar as minhas lágrimas. Ao invés disso, uma única coisa estava martelando na minha cabeça:
Amigos: eles não são tão incríveis assim no final das contas.
Sério. Eu nem mesmo sei porque eu estava me incomodando em tentar ter mais alguns. Tudo o que eles fazem é causar problemas e sofrimento e, depois, te abandonam em uma escada imunda em algum lugar da Torre Norte, para que você chore todas as suas mágoas até Filch te encontre. Então, qual a vantagem de tê-los? Eu deveria era encontrar umas amigas pedras. Amigas pedras não falariam que você é uma piranha suja e podre. Amigas pedras não achariam que você tem um namorado, mesmo quando você está, claramente, apaixonada por um cara maravilhoso e perfeito. Amigas pedras entenderia que tudo o que você realmente está tentando fazer é ser amiga do falso namorado, não agarrá-lo. Amigas pedras não pensariam em nada disso. De fato, amigas pedras nem pensariam. Afinal de contas, elas são pedras!
O que eu estou começando a perceber que é a razão do plano ser genial.
É! Eu ia ficar bem com uma dessas agora. Pedras, quero dizer. Porque as minhas amigas, sabe, são uma porcaria. Eu acho que todos os amigos são. Isso me faz pensar no porquê de tanta gente se importar fazer amigos. Por que humanos, quando você pode ter pedras?
É. Isso é o que eu quero saber.
E todo esse tempo em que eu estava sentada pensando em como eu deveria começar a fazer amizade com pedras, eu tinha esquecido que alguém estava se aproximando. Quero dizer, até a pessoa falar.
“Lily?”.
Minha cabeça se virou ao ouvir uma voz familiar.
Ai, merda.
Merda, merda, merda.
Não foi o Filch que me encontrou.
Foi o James.
Ugh. Claro. Afinal de contas, onde a Lily chorona está, o James Potter também está. Eu deveria ter esperado que algo desse tipo acontecesse. Meu carma adora humilhações como essa.
“Ai, vá embora!”, eu exclamei, com minha voz áspera e um pouco abafada, já que meu rosto ainda estava enterrado nos meus joelhos. Eu sabia que não era provável que ele estivesse apenas passeando pelo castelo. Ele, definitivamente, estava procurando por mim. Não, eu não tive a intenção de soar de um jeito que ‘o mundo-gira-em-torno-da-Lily. É porque simplesmente não tem outra explicação pra isso. Eu aposto que Grace e Emma saíram correndo pra falar com ele, assim que eu deixei o quarto. Idiotas.
Alguns segundos se passaram em silêncio. Minha cabeça estava doendo de tanto que eu tentava em prender o choro. Eu esperei ansiosamente que James fizesse alguma coisa, qualquer coisa. Eu esperei que ele desconsiderasse completamente o meu pedido para que ele fosse embora, mas eu não tinha certeza do que ele faria comigo, caso ele ficasse. Estava quieto. Eu escutei o som de passos bem suaves e o som de uma porta se fechando.
Ele tinha...ido embora?
Eu congelei.
Sério? Foi isso mesmo? Ele realmente tinha me ouvido? Eu não vou mentir: eu estava meio chocada. Mais do que um pouquinho chocada, na verdade. Não que eu quisesse que ele ficasse. Eu não queria. Sério. Eu não queria mesmo. Quero dizer, eu continuava a chorar e me lamentar como uma criança de dois anos de idade. E esse não é o tipo de coisa que você queira que alguém testemunhe. Mas foi por isso que eu pensei que ele ia ficar. James, quero dizer. Porque eu estava chorando e estava triste e tudo mais. Mas ele não ficou. Ele se foi. Surpresa com a sua obediência rápida e incomum, mas ao mesmo temp aliviada, eu soltei a respiração que eu estava prendendo desde que ele tinha ido embora.
E, então, eu senti seu braço em meu ombro.
Eu estava tão assustada que minha cabeça se ergueu rapidamente e meu olhar úmido se fixou no dele.
Ele não tinha ido embora. Ele só foi fechar a porta no alto da escada. Meu estômago se revirou de forma incômoda. Eu não sabia se eu ficava agradecida por ele não ter ido embora, eu se eu ficava irritada por ele não ter me ouvido. No final das contas, isso acabou não importando, porque eu comecei a chorar de novo.
Francamente. Eu estava ficando que nem a Emma.
“Shhhh”, James puxou o meu rosto todo molhado de lágrimas em direção ao seu pescoço, e começou a acariciar o meu braço de forma confortante. Primeiro, eu tentei me desvencilhar dele – apesar de que não porque eu realmente queria ( ele estava usando uma daquelas camisetas confortáveis dele), mas porque a lembrança de ter uma garota histérica chorando em seus braços ainda estava bem clara na minha mente. E, apesar do James não ser uma das minhas pessoas favoritas, eu não queria submetê-lo a essa tortura cruel e rara...er, de ainda estava tentando esquecer as últimas sete ou oito milhões de vezes que ele o pobre garoto tinha me visto chorar.
No entanto, parecia que James não estava ciente do fato de que eu estava tentando salvá-lo, porque ele apertou ainda mais o abraço que ele estava me dando e eu tentei escapar de novo.
“Pare”, ele disse suavemente. Seu abraço ainda mais forte. Eu só fiz o que ele me pediu porque ele estava começando a me machucar. Quando eu parei de me debater, ele afrouxou o seu abraço. “Chore o quanto você quiser. Você vai se sentir melhor”.
Chorar?
Me sentir melhor?
Eu quase ri com essas palavras. Por favor. O idiota não percebeu que eu estive chorando pela última meia hora. Eu estava cansada de chorar. Não ajuda em nada. Só faz com que seus olhos fiquem vermelhos e inchados e as suas bochechas ficaram grandes e manchadas. Não tem nenhuma vantagem em chorar. Mas, quer saber de uma coisa? Eu já estava chorando. Os meus olhos já estavam vermelhos e inchados e as minhas bochechas já estavam grandes e manchadas, então, se James queria que eu “chorasse o quanto eu quisesse” em sua camisa confortável, por que eu iria dizer não?
Então, foi isso o que eu fiz.
Eu fiquei sentada lá e chorando na camisa confortável de James, apesar de eu ainda estar irritadíssima com a coisa toda de “todo-mundo-pensar-que-a-gente-está-namorando” – ah, sim...e a coisa toda de me ignorar o dia inteiro. Eu estava muito irritada com isso também. Mas, ele vai se ver comigo mais tarde. Depois que sua camisa ficar molhada demais para estar confortável, quero dizer. E, sabe o que aconteceu? Apesar de eu já ter chorado muito, parecia que eu ainda tinha muito que chorar. Na verdade, eu chorei mais com ele do que eu estava me lamentando sozinha. Eu tinha que elogiar o menino. Ele tinha ótimas habilidades reconfortantes. Não foi como daquela vez que eu chorei na sala de Transfiguração. Daquela vez ele não tinha certeza do que fazer comigo, enquanto que dessa vez parecia que ele esteve consolando garotas histéricas durante sua vida toda. Me fez pensar se ele já tinha tido o azar de consolar outras garotas antes. Será que ele já consolou a “Lizzie” quando ela chorou?
Hunf. Eu espero que não.
Quando, finalmente, parecia que meu corpo tinha se livrado de toda a sua reserva de água, eu me acalmei e parei de chorar. James continuou acariciando o meu braço, enquanto ele ria baixinho.
“Está se sentindo melhor?”, ele perguntou.
Eu sorri levemente. “Não. Na verdade, não”.
Ele riu de novo e sacudiu sua cabeça de forma triste. “Bem, talvez leve algum tempo, ou algo assim”.
“O que você quer dizer com isso?”.
Ele deu de ombros e sorriu. “Sabe, demora um tempo pra poeira abaixar e depois você se sente melhor”.
“E quanto tempo demora?”.
“Ah, um ou dois dias, pelo menos”.
Eu bufei. A secura da minha garganta fez com que o som saísse cruel e áspero. Nós ficamos em silêncio por alguns minutos, o braço de James confortavelmente em meu ombro e, depois, ele gentilmente quebrou o silêncio.
“Você quer falar sobre isso?”.
Eu mordi os meus lábios e fugi da pergunta. “So-sobre o quê?”.
James me olhou. “Eu acho que já é um pouquinho tarde pra você dizer ‘eu estou bem e tudo está magnífico’, você não acha?”.
Eu dei de ombros de forma não comprometedora, mas esse gesto me pareceu idiota, até mesmo pra mim. Era estranho, mas eu descobri que eu queria falar sobre tudo que tinha acontecido. Tudo mesmo. Eu fiquei imaginando o quanto ele já sabia – o quanto que Emma e Grace tinha realmente contado a ele. Eu pensei no tanto que eu contaria a ele, se ele não soubesse de nada. E quando eu realmente pensei sobre isso, eu descobri que nem mesmo era culpa do James que nossos bobos amigos estavam pensando que a gente estava namorando, certo? Eu não podia realmente ficar com raiva dele e culpá-lo por isso.
E, além disso, eu queria saber se...quero dizer, bem, se Emma podia pensar uma coisa dessas de mim...bem, ele poderia...
”James?”.
“Hum?”.
“Você acha que eu sou uma piranha?”.
Ele parou de acariciar o meu braço. “Eu acho que você é o quê?”.
A sua resposta indireta fez o meu estômago revirar. “Uma piranha”, eu disse de forma abafada, virando meu rosto para encará-lo. Ele parecia completamente chocado, apesar de eu não saber se ele estava surpreso por causa da completa imbecilidade da pergunta, ou pelo fato de eu ter me atrevido a pronunciar o ó não tinha certeza. Ele ficou em silêncio e chocado por algum tempo e eu senti lágrimas nos meus olhos que eu tinha pensando que não existiam mais. Eu esfreguei os meus olhos umedecidos e perguntei de novo: “Vo-você acha que eu sou uma piranha, James?”.
Ele deve ter reparado a urgência e o desespero na minha voz, porque dessa vez ele respondeu logo. “Não”, ele me disse seriamente, mais sério do que eu já o tinha visto em toda a minha vida. Sua expressão estava severa quando ele me encarou. “Por que você me perguntaria uma coisa dessas?”.
Eu não consegui responder. Eu queria jogar os meus braços em cima dele e abraçá-lo até que ele explodisse. Eu queria me levantar e cantar – sabe, se já não estivesse tão tarde e se eu soubesse como cantar. Meu estômago se revirou com uma explosão de alegria. Se James Potter – um garoto que eu sei que não tem medo de falar o que pensa e que nem tem medo de me magoar – estava tão chocado com a idéia e a rejeitava, então, eu sabia que, pelo menos, em geral eu não parecia uma piranha.
Só parecia para a Emma.
Esse pensamento prejudicou o meu humor cativante de antes.
“Lily!”.
Eu pulei e saí dos meus pensamentos com o ataque de James. Seus olhos estavam estreitados e sua mandíbula estava imóvel. Ele parecia meio nervoso.
“O quê?”.
“Por que você me perguntou isso?”, sua voz estava um pouquinho severa agora. E aí eu percebi que ele estava com raiva...ou, irritado. Com o quê, eu não sabia, mas ele estava.
E já que ele parecia que ele estava prestes a torcer o meu pescoço se eu não começasse a falar logo, eu respirei fundo e, pela primeira vez na minha vida, de bom grado, eu deixei a minha boca traidora se soltar e contar a ele a história toda.
E eu nem mesmo chorei quando eu estava contando.
“ – então, eu meio que disse a elas para perguntar pra você e saí do quarto”. Meus ombros caíram levemente, quando eu terminei de narrar a história. Era estranho, mas eu percebi que eu me senti melhor ao contar o que tinha acontecido a uma pessoa de verdade, do que simplesmente ao escrevê-la. Ou, talvez, a teoria de James de “chorar o quanto quiser” tinha finalmente dado certo ou algo assim. Mas, qualquer que tenha sido o motivo, meu coração começou a se sentir um pouquinho mais leve depois de ter desabafado tudo.
Curiosamente eu olhei pra James, meio incerta, esperando por algum tipo de reação da parte dele. Ele permaneceu calado, seu rosto comedido. Lentamente, ele tirou o braço – que tinha permanecido em meu ombro, durante toda a narração da história. A repentina ausência de seu calor ocasionou um arrepio por todo o meu corpo. Eu respirei fundo, ainda esperando por algum tipo de sinal que me mostrasse que James pelo menos tinha me escutado. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, ele falou.
“Grace e Emma não me contaram tudo isso”.
Eu sorri levemente. “É, bem, eu acho que elas não tiveram tempo de explicar q coisa toda. Elas tinham coisas muito mais importantes pra discutirem com você, como o fato de que, aparentemente, nós não estávamos namorando”.
Eu tinha falado aquilo com a intenção de desprezá-las um pouquinho, mas James aparentemente levou o comentário a sério, e franziu as sobrancelhas. “É, elas tiveram tempo pra isso”. Ele continuou com as sobrancelhas franzidas, enquanto ele se virava para olhar pra mim, seus olhos piscando com uma emoção estranha que eu não consegui reconhecer. “Você não merecia ser atacada daquele jeito”, sua voz suave e ainda séria. “Emma não tinha o direito de te atacar assim do jeito que ela fez”.
Eu dei de ombros e, estranhamente, acabei defendendo Emma. “Ela estava chateada e com ciúmes”, eu insisti, sem saber o porquê de eu estar justificando os atos loucos dela. James também passou um bom tempo tentando compreender isso.
“Por que você a está defendendo?”, ele exigiu, franzindo as sobrancelhas ainda mais e se levantando. Eu fiquei em silêncio por um minuto antes de responder.
“Eu...não sei”, eu admiti sinceramente. “È só que...é a Emma, James. Ela é minha amiga”.
“E ela tem agido como uma idiota!”, James me lançou um olhar de desprezo. “Sendo sua amiga ou não, Lily, você não deveria defender alguém que te tratou tão mal assim. Quando Sirius, ou Remus, ou Peter agem como idiotas, eu falo pra eles. Então, nós brigamos um pouquinho e depois superamos tudo. Emma pode ter tido as razões dela, mas não foram boas razões. Diga a ela que ela tem agido como uma idiota! Não tente justificar o que ela fez!”.
“Não é tão simples assim”, eu exclamei sem saída, tentando fazer com que ele entendesse, ao mesmo tempo que eu também tentava me entender.
“È simples sim!”, ele respondeu ferozmente. Ele me lançou um olhar de desprezo de novo e continuou com sua linguagem bombástica. “Por que quando eu faço uma coisinha de nada você fica com raiva de mim quase uma eternidade, e quando Emma te chama de piranha você ainda assim fica do lado dela?”.
“Eu não estou do lado dela!”, eu gritei, apesar do argumento ter parecido fraco até pra mim. “Eu estou com raiva dela e estou desapontada, mas é que...”, eu tentei encontrar as palavras, mas elas não saiam. E foi aí que entendi porque que a raiva estava começando a desaparecer. Eu estava exausta. Eu estava tão cansada e tão cheia disso tudo que meu corpo estava tentando esquecer tudo e simplesmente ir pra cama.
“Você só está cansada!, James terminou pra mim suspirando, lendo minha mente completamente. Eu concordei com a cabeça lentamente, sentindo a energia do meu corpo ir se esvaindo aos pouquinhos. Com outro longo suspiro, James se sentou de novo do meu lado.
“Desculpe por ter te atacado também”, ele me disse cansado, esfregando os seus olhos.
“Tudo bem”, eu disse. “Você estava certo. Eu não deveria defendê-la. Foi muito errado da parte dela pensar aquilo de mim...e ela me magoou”. E eu ainda estava sofrendo. Eu suspirei e tentei ignorar a dor de cabeça que tinha voltado quando eu me lembrei das acusações de Emma. Mas eu pensei em uma coisa naquela hora, e um pequeno sorriso apareceu em meu rosto, enquanto eu olhava pro James. “Apesar de que”, eu comecei, lhe lançando um olhar acusador, “Eu acho que eu já deveria ter me acostumado com essa coisa toda de “ser atacada”. Quero dizer, mentalmente, verbalmente, fisicamente...eu sou atacada freqüentemente, você não acha?”.
Obviamente percebendo aonde tudo isso ia dar, James recuou. “Ah, sim. Sobre isso...”.
“É, sobre isso”, eu repeti sem rodeios. “Ou você esqueceu que eu também estava lá ontem à noite?”.
“Eu não esqueci que você estava lá”.
“Bem, do jeito que você me ignorou o dia inteiro, pelo menos pra mim parecia que você estava me ignorando”.
“Eu não estava te ignorando!”.
Eu revirei os olhos. “Não, claro que não”, eu disse de maneira sarcástica. “Você simplesmente estava ocupado demais trocando bilhetinhos com a Lizzie o dia inteiro para se incomodar em notar a minha presença. E se eu estivesse machucada? E se tivesse acordado cheia de hematomas por todo o meu corpo? E se algum desses hematomas tivessem se transformado em uma coisa estranha laranja e verde?”;
James franziu as sobrancelhas. “Você tem um hematoma que se transformou em uma coisa estranha laranja e verde?”.
“Er, não”, eu disse. “Mas essa não é a questão!”.
“Qual é a questão?”.
“Que você estava me ignorando!”.
“Mas eu não estava te ignorando! Eu estava tentando fazer com que ela entendesse o que eu estava tentando fazer com o que as suas malditas amigas entendessem há uma hora atrás!”, o tom dele deixava implícito que ele não se considerava culpado. “E não foi uma tarefa fácil, Evans. Vou te contar!”.
“O quê não foi uma tarefa fácil? Eu não tenho a mínima idéia do que você está falando!”.
James suspirou exasperado, como seu estivesse bancando a idiota e claramente não estivesse entendendo o óbvio. “Eu tive que explicar pra ela que não existia – “, ele apontou para nós dois “ - nós”.
Eu me inclinei para trás, assustada. Espera um minutinho. Saunders achou...ela pensou que...
De repente, eu me lembrei o que Elisabeth tinha gritado depois dela ter me atacado ontem à noite.
“Você nem mesmo gosta dele! Eu te odeio! Eu te odeio! Sua idiota! Sua vagabunda! Sua sangue-ruim! Você nem mesmo – “.
Então nossos amigos idiotas não foram os únicos a acreditarem que eu James estávamos namorando.
Maravilhoso. Genial
“Então ela pensou que nós...”.
“É”, James disse, me olhando de novo. “E eu gastei um bom tempo tentando convencê-la do contrário”.
Eu concordei com a cabeça de forma distraída, minha cabeça estava girando tão rápido que ela começou a doer de novo. Eu refleti sobre o que James me disse, mas eu não consegui entender porque Saunders estava com tal idéia na cabeça. Quero dizer, vamos ser sérios aqui: Eu, a chata, comum e com um gênio super difícil. E James...bem, vamos dizer que o garoto faz muito sucesso com as garotas. Elisabeth Saunders sabe disso. Ela sabe dos meus muitos defeitos e da quase perfeição de James. O que eu não conseguia entender era como que ela chegou a considerar a idéia de que James me escolheria, entre todas as outras garotas de Hogwarts. Minhas amigas estão claramente cegas demais por causa da nossa amizade para perceberam as minhas imperfeições, mas Saunders...bem, ela não é nem um pouquinho cega.
“Mas eu não entendo”, eu comecei, minhas mãos de debatendo nervosamente no meu colo. “Como ela poderia...quero dizer, como ela acreditou numa coisa dessas?”.
“Aparentemente, ela escutou uma conversa de Sirius e Grace essa semana”, James explicou suavemente, como se fosse completamente óbvio o porquê dela ter pensado o que ela pensou. “Então, ela tirou suas próprias conclusões. Mas se você realmente pensar no assunto, eles realmente têm razão. Qualquer pessoa de fora poderia ter pensado que nós estamos namorando”.
“Eu sei”, eu concordei balançando a minha cabeça. “Realmente parecia quando Grace me explicou tudo. Mas não é disso que eu estou falando. Quero dizer, vamos ser sérios aqui, James – tirando todas as nossas ações incriminadoras – você e eu? Eu pensei que Saunders fosse mais inteligente!”.
James me olhou de forma curiosa. “Por que você diz isso?”.
“Porque ela devia ter pensando melhor”, eu disse sem rodeios. “Quero dizer, você é você e eu sou eu – “.
“Eu acho que disso a gente já sabia”.
“ – bem, então você tem que entender o que estou dizendo!”, eu estava começando a ficar um pouquinho exasperada com a ridícula pseudo-ignorância dele.
A expressão vazia de James continuou. “Não. Na verdade, eu não entendo”.
Eu suspirei dramaticamente, deixando-o perceber que eu estava irritada pelo fato dele estar me forçando a dizer os detalhes bem humilhantes de toda essa situação. “Por favor, James. Nós não estamos exatamente na mesma liga, estamos?”.
“Liga? Do que diabos você está falando, Lily?”.
Eu corei de vergonha, enquanto eu continuava com a minha expicação. “É que é assim”, eu comecei, minhas bochechas queimando. “Você...bem, quando foi a última vez que uma garota chamou você para sair? Ontem? Essa manhã? Talvez na quarta-feira, no máximo? E eu...bem, eu nem mesmo me lembro da última vez que me chamaram pra sair - “.
“Mas o ano letivo acabou de começar”, James me interrompeu. “Você tem que dar um tempo pros garotos, antes que eles saiam à caça!”.
“Mas mesmo no ano passado!”, eu exclamei, ignorando o seu comentário depreciativo de “sair à caça”. Eu tinha certeza de que agora o meu rosto estava tão vermelho quanto o meu cabelo. “Talvez, até mesmo no ano anterior a esse. Eu não tenho certeza”.
“No ano anterior...Lily, do que você está falando? Você sai com garotos o tempo todo. Todas aquelas visitas a Hogsmeade e tudo mais...”.
“Ah, esses não contam!”, eu disse, meio que zombando, corando ainda mais. “Eu estou falando de um encontro sério. Daqueles que duram mais do que um simples dia – “.
“Você teve bastante desses também!”, James insistiu. “E eu? Ou você se esqueceu das trilhões de vezes que eu te convidei pra sair? Eu não conto?”.
Eu lhe lancei um olhar de desprezo. “Eu estou falando de propostas sérias, James – “.
“Quem disse que eu não estava sendo sério?”.
“ – não uma proposta arrogante feita para tirar sarro da minha cara!”.
James congelou.
“Eu – o quê?”.
Eu estava olhando pra ele com raiva agora, ignorando a sua expressão atônita, minha vergonha aumentando, enquanto a conversa continuava. “Ah, por favor! Eu sabia exatamente o porquê de você ter me chamado pra sair todas aquelas vezes! Você sabia que ninguém se incomodaria em me chamar, então você e seus amigos pensaram que seria hilário você me convidar, como se fosse uma grande piada! E eu realmente não gostei de você tirando sarro da minha cara daquele jeito, na verdade – por que você está me olhando desse jeito?!”.
Os olhos de James estavam quase saindo de seu rosto quando eu parei de falar. Minha respiração estava pesada e irregular. Sua boca estava meio boquiaberta, enquanto ele me observava completamente atônito. Eu parei de olhá-lo furiosamente, mas só por causa dessa reação tão bizarra. Quando ele finalmente falou, suas palavras foram curtas e sufocadas.
“Voc-você...ai, merda!”.
Então, ele se levantou e começou a ficar andando de um lado pro outro, mumurando coisas. A maioria eram palavrões que eu nunca nem tinha ouvido falar, mas guardei-os na memória para usá-los mais tarde. Eu o observei caminhar e murmurar essas coisas por um tempo, antes de finalmente encontrar a minha voz de novo.
“Er, James? O que você está fazendo?”.
Ele não respondeu. Ele continuou a murmurar obscenidades.
“James?”.
Ele ainda assim não respondeu, mas parou de murmurar palavrões e assou a murmurar fragmentos de frases. A maioria poderia ter feito um marinheiro se encolher. Suspirando suavemente, eu finalmente me resignei em sentar ali e ficar quieta até James parar com todos esses murmúrios. Eu não tinha a mínima idéia do que ele estava pensando, mas eu descobri que era melhor deixá-lo continuar com isso até que nós voltássemos a nossa conversa bastante humilhante. Enquanto isso, eu tentei fazer com que meu rosto voltasse ao normal (ou seja, tentei não ficar ainda mais vermelha). Uma tarefa muito difícil para uma mulher louca, biruta e que tem tendência a ficar muito vermelha.
Alguns minutos e um rosto um pouquinho mais normal depois, eu não tinha percebido que James finalmente tinha parado de andar de um lado pro outro. Quando eu finalmente o olhei, ele estava me observando com uma expressão muito estranha.
“O que foi?”, eu me encolhi conscientemente com o seu olhar perfurante. Seus olhos continuavam rastreando todo o meu rosto, me deixando mais do que um pouquinho incomodada.
“Você realmente pensava aquilo?”, ele me perguntou suavemente, sua voz também um pouquinho estranha. Eu engoli em seco, sem saber o que ele queria dizer.
“Pensava o que?”.
Ele se sentou de novo, e continuou a me observar. “Que todas aquelas vezes que eu te chamei pra sair...que era tudo uma piada. Que eu não estava falando sério”.
“Se eu pensava?”, eu repeti, meus olhos piscando como uma coruja. “Claro que sim. Quero dizer, você não estava falando sério...”, seus olhos ficaram nublados, e seu rosto ainda estava com aquela expressão estranha. Eu engoli em seco de novo, começando a duvidar do que eu pensava. “...estava?”.
Alguns segundos depois, James enterrou seu rosto em suas mãos e sacudiu a cabeça.
Eu senti como se ele tivesse acabado de me dar um tapa.
“Não?”, eu exclamei histérica. “O que você quer dizer com não? Isso não é nada engraçado, James Potter!”
“Pode apostar que não é engrçado!”, James revidou. “Você quer dizer que todos aqueles anos – toda vez que eu te chamava pra sair – você pensava que eu estava tirando sarro da sua cara?”.
“É!”, eu exclamei sem saber o que fazer. “E você quer me dizer que na verdade você não estava?”.
“Claro que não!”, ele parecia ofendido por eu ter pensado uma coisa daquelas. “Merda, Evans, se você pelo menos soubesse como eu estava falando sério...se você soubesse o quanto que eu gostava de você...”.
“Você gostava de mim?”, eu disse chocada. As palavras de James eram como um soco no estômago. Eu procurei em seu rosto por algum sinal de divertimento; por algum sinal que me mostrasse que isso era apenas mais uma de suas brincadeiras. Mas não havia nada. “Ai, Merlin”, eu respirei. “Você está falando sério, não está?”.
James concordou com a cabeça.
Minha cabeça começou a girar, e eu comecei a me sentir mal. Todas aquelas vezes...eu nem mesmo podia contar quantas vezes ele me pediu...
E ele estava falando sério. Ele não estava zombando de mim.
E, tudo bem. Pra falar a verdade, eu não teria aceitado de qualquer forma, considerando o fato de que ele um tremendo idiota convencido, mas eu, definitivamente, não teria sido tão má. Porque eu era má. Muito, muito má. Mas só porque eu pensava que ele estava brincando! Como eu ia saber que ele estava falando sério? Quero dizer, até onde eu sabia, nós nos odiávamos. Nós não trocávamos palavras gentis e muito menos gostávamos um do outro. Até mesmo agora, a idéia parecia totalmente ridícula.
E as outras pessoas? Será que elas sabia que James estava falando sério? Será que eu fui a única idiota a acreditar que tudo não passava de uma piada de mal gosto? Eu pensei e tentei lembrar de qualquer coisa que pudesse me fazer lembrar, mas eu não consegui me lembrar de nada importante. Eu continuei vasculhando minha mente para ver se eu encontrava alguma explicação, mas não consegui achar nenhuma.
“Eu...eu não acredito”. Eu olhei de novo pra ele. “Mas...por quê? Quero dizer – por quê?”.
“Por que o que?”.
“Por que você gostava de mim? Como é que você podia gostar de mim?”.
James abriu um pequeno sorriso. “Procurando por elogios, Evans?”.
“Não!”, eu respondi automaticamente. “É só que...eu não sou nem um pouquinho especial, James. Eu não entendo como é que você podia...sabe”.
“Bem, por que não?”, James perguntou. “Foi isso que começou essa confusão toda, não? Alguém gostando de você?”.
Meu pensamento voou para Mac, pela primeira vez depois de um bom tempo. É verdade. Mac também gostava de mim.
Qual era o problema desses caras?
“É só que não parece possível”. Eu peguei no meu cabelo e o tirei da minha cara. Eu sacudi minha cabeça em descrença. “Vocês são todos loucos. Completamente birutas vocês são!”.
James sorriu de novo. “É, bem, é o que você faz com um garoto. Você encanta todo mundo”. Ele sorriu de forma zombeteira. “Quero dizer, eu sempre soube que você era boa em Feitiços, Evans, mas parece que você enfeitiçou a escola inteira – “.
“Isso não é engraçado!”, eu exclamei, quando James começou a rir. “Por que você está rindo? Como você pode estar rindo? Isso é sério!”.
“Eu sei, eu sei”. Ele continuou rindo, e ganhou um olhar mortal de mim. “É só que...eu não consigo acreditar...Merlin! Quando eu penso em todas as vezes que eu te chamei pra sair...quantas rejeições grosseiras você me deu – ei! Espera! Você teria aceitado? Se você soubesse que eu estava falando sério?”.
Hum, não.
“Sinceramente?”, James concordou com a cabeça. Eu recuei levemente. “Eu não estava exatamente brincando quando eu te chamei de idiota convencido todas aquelas vezes, James. Você era um idiota arrogante naquela época. Você não era exatamente uma das minhas pessoas preferidas”.
“Eu não era arrogante!”, James exclamou indignado. Eu lhe lancei um olhar desconfiado. Ele suspirou e revirou os olhos. “Tudo bem, bem, talvez eu fosse um pouquinho arrogante, mas – “.
“Um pouquinho arrogante?”, eu bufei. “Você era insuportável, Potter!”.
“E você uma era chata!”, ele bufou de raiva defensivamente.
Eu sorri com doçura. “Mas você gostava de mim mesmo assim, certo?”.
James abriu a boca para revidar de novo, mas depois fechou quando a minha doce pessoa começou a rir. Depois de sacudir a cabeça e rir um pouquinho, James me acotovelou e resmungou: “Você ainda é muito chata”.
Eu dei língua pra ele. Ele continuou rindo.
“Mas eu realmente era horrível com você naquela época”, eu admiti algum tempo depois.
“Você ainda é horrível comigo”, James me corrigiu.
“Não sou não!”.
James sorriu. “Às vezes. Você fica com raiva pelas coisas mais estranhas, Evans”.
“Eu fico com raiva pelas coisas mais estranhas?”, eu mal podia acreditar no que eu tinha ouvido. “E isso veio do cara que eu tive que subornar para poder falar comigo ontem à noite? Ah, e não vamos esquecer de todas as outras vezes que você ficou com raiva de mim sem motivo nenhum!”.
James deu de ombros levemente e riu de novo. “Isso é porque você é irritante”,
“Hunf!”, eu cruzei os braços firmemente. “Chata, piranha, irritante...parece que ninguém tem uma boa opinião de mim essa noite, em?”.
“Ah, não é só hoje à noite. Você é irritante todas as noites”.
Eu bati com força em seu braço. “Bem, olha quem está sendo horrível agora!”.
James riu e colocou o braço em meu ombro, nem um pouco intimidado com o meu ataque. “Sabe, eu só estou implicando com você, Lily. Você feriu o meu orgulho masculino. Eu tenho que ganhar minha dignidade de novo de alguma forma”.
“É, bem, ganhe ela de novo amanhã, ok? Eu estou muito – “, eu bocejei, “- cansada para enfrentar os seus insultos hoje à noite”. E como para mostrar que eu tinha razão, eu bocejei de novo e minha cabeça caiu nos ombros de James, e meus olhos se fecharam involuntariamente.
“Percebi”, James disse, se movendo levemente, de um jeito que nos permitiria levantarmos sem eu ter que remover a minha cabeça do seu ombro confortável.
“Então, sem mais insultos?”, eu perguntei.
“Sem mais insultos”, ele prometeu, nos levantando, minha cabeça ainda em seu ombro, e meus olhos ainda fechados. Eu ri um pouquinho, enquanto James começava a se mexer.
“Nós estamos fazendo aquilo de novo”, eu ri de novo, levantando minha cabeça de seu ombro.
“Fazendo o quê?”.
“Dando mais evidências incriminadoras para James e Sirius!”, eu apontei minha cabeça em direção ao seu braço ao redor do meu ombro. “Não é de se estranhar que os dois chegaram a essas conclusões. Eu não sei como a gente consegue nos colocar nessas situações típicas de casais”, eu ri de novo, minha canseira fazendo com que eu agisse de forma estranha. “E em pensar que nessa mesma época no mês passado, eu nem mesmo gostava de você!”.
“Ah, então agora você gosta de mim, é?”, James disse sarcástico, com suas sobrancelhas erguidas.
Eu coloquei minha cabeça em seu ombro de novo. “Hum, por hoje”.
James riu, enquanto nós começávamos a descer as escadas.
“Espera”, eu parei de andar, e virei para olhar pra ele. “Como nós vamos sair daqui? Com certeza Filch vai nos pegar até nós chegarmos à torre da Grifinória”. Repentinamente, eu gemi. “Eu vou ter que voltar pro dormitório. Eu realmente não quero voltar. Eu não estou a fim de outro confronto agora. Talvez eu simplesmente...”, eu olhei para escada escura e suja, “...durma aqui ou algo assim”.
“Não se preocupe com isso”, James insistiu, me empurrando para que eu voltasse a andar. “Se nos encontrarmos Filch, a gente diz que são assuntos da monitoria. E você não precisa voltar pro seu dormitório. Eu sei onde você pode ficar esta noite”.
Eu parei de novo, encarando James. “Eu não vou ficar no seu dormitório, James Potter!”.
James abriu um sorriso. “Eu não sabia que isso era uma opção”.
“E não é!”, eu o olhei furiosamente antes dele revirar os olhos, pegar minha mão e continuar me puxando.
“Você pode parar que essa sua reclamação e simplesmente andar? Você vai ficar muito feliz quando ver para onde eu estou te levando”.
Eu não acreditei muito nele, mas eu não estava em uma boa posição para argumentar, considerando que eu não tinha um plano melhor e estava morta de cansaço. Cuidadosamente ele abriu a porta da escadaria e deu uma boa olha antes de me puxar para o corredor. Ele enfiou a mão no bolso e pegou um pergaminho grande e velho.
“Juro solenemente não fazer nada de bom”.
Eu o encarei, enquanto eu tentava dar uma olhada no pergaminho. Parecia que tinha alguma tinta que se movia nele. “Eu estou feliz. Agora, o que é essa coisa?”.
James tirou o pergaminho de perto de mim e sorriu pra mim. “Vou te propor um acordo”, ele disse. “Eu deixo você ver meu pergaminho, se você deixar eu ler aquele diário que você carrega pra cima e pra baixo”. Ele indicou com a cabeça o meu diário, que estava na outra mão que não estava sendo segurada pela mão dele.
“Claro que não”.
James deu de ombros, murmurou “Malfeito feito” e depois se virou para mim. “Um acordo é um acordo”, ele disse, e depois enfiou o pergaminho de volta em seu bolso. Ele começou a me puxar pelo corredor de novo. “Filch está nas masmorras. Ele não vai nos achar”.
“Como você sabe disso?”, eu perguntei, surpresa.
James sorriu de novo, “Um acordo é um acordo”, ele disse de novo.
Eu o olhei furiosa de novo. “Espertinho”.
Ele riu e continuou a me puxar pelo corredor.
Nós andamos em silêncio, James me puxando e consultando seu misterioso pergaminho de vez em quando. Quando meus pés finalmente pareciam que iam se render, eu falei.
“Aonde nós estamos indo?”.
James olhou de novo para seu pergaminho, enquanto ele me respondia, “Sétimo andar”.
Eu parei. “Eu pensei que nós não estávamos indo para a Torre da Grifinória?”.
James revirou os olhos. “Tem outras salas além da torre da Grifinória no sétimo andar”.
Eu permaneci em silêncio depois dessa.
Nós finalmente paramos no meio do corredor, em frente a tapeçaria de Barnabás, o bobo. Eu olhei em volta, mas não tinha nenhuma porta.
“Nós estamos perdidos?”.
James sacudiu a cabeça. “Eu preciso que você pense onde você quer estar e passe por aqui três vezes”.
Eu o olhei inexpressivamente. “Você quer que eu faça o quê?”.
“Apenas faça o que eu pedi”.
“Mas eu penso no quê? Onde eu queria estar?”.
“Apenas – ah, deixa pra lá!”.
Ele rapidamente andou pelo corredor. Eu o olhei confuso, até que, de repente, do nada, uma porta no meio da parede surgiu. Eu pulei, assustada com esse aparecimento.
“Como você fez isso?”.
James sorriu e abriu a porta. “Seja bem-vinda à Sala Precisa, Lily”.
Eu entrei meio incerta, e descobri que eu estava em um dormitório que parecia um pouquinho com o meu. Só tinha quatro camas, ao invés de cinco, e era muito mais bagunçado que o meu, mas as cores a forma e a mobília eram parecidas. Havia fotos e pôsteres diferentes pregados nas paredes e um primitivo ar de masculinidade pelo quarto.
Eu me virei para encarar James, lhe lançando um olhar expressivo. “Eu pensei que você tivesse falado que eu não iria dormir no seu dormitório, James Potter”.
“Mas não é!”, James insistiu rapidamente. “Bem, quero dizer, é, mas não é o dormitório verdadeiro. Foi a única coisa em que eu consegui pensar”.
“O que você quer dizer que foi a única coisa em que você conseguiu pensar?”
E foi aí que ele me explicou o que era exatamente a Sala Precisa.
Aparentemente, os marotos encontraram a sala quando eles estavam tentando fugir de Filch no segundo ano. A sala tem a misteriosa habilidade de se transformar naquilo que você precisa quando você passa por ela. Tudo o que você tem que fazer é se concentrar bastante no que você quer, passar por ali umas três vezes, e boom!, lá está.
Não é genial?
Eu fiquei boquiaberta quando James terminou sua rápida explicação. “Então, aqui está”, ele terminou, abrindo seus braços de um jeito acolhedor. “A Sala Precisa”.
“Mais alguém sabe disso?”.
James deu de ombros. “Possivelmente. Provavelmente. Eu não tenho certeza”.
Eu andei pelo quarto, ainda deslumbrada e impressionada. Mágica pode ser tão genial às vezes.
Apesar de eu ainda ter muitas questões para perguntar ao James e apesar de eu querer dar uma boa olhada no quarto, o fato era que eu mal estava conseguindo manter os meus olhos abertos.
“Então, qual delas é a sua?”, eu perguntei com um bocejo, acenando com a cabeça na direção das camas.
James apontou para a cama no canto do quarto, rodeada com pôsteres de Quadribol. “Aquela ali”.
Eu sorri para os pôsteres. “Eu deveria ter adivinhado”.
De modo preguiçoso, eu me arrastei até a cama e caí em cima dela. “Humm”. Eu abracei os travesseiros. “Cama. Dormir. Obrigada, Merlin”.
James riu um pouquinho. “Eu acho que é uma indireta pra eu sair, então”. Ele lentamente caminhou até a porta. “Boa noite, Lily”.
“Espera!”.
James parou e se virou. Eu sentei na cama e mordi os meus lábios de forma nervosa.
“Você se lembra quando eu te disse que Grace estava pensando que nós estamos namorando?”.
James bufou. “Vagamente”, ele me disse alegremente.
Eu corei levemente, mentalmente me xingando por ter feito uma pergunta tão idiota. Eu continuei mesmo assim. “Bem, depois que eu finalmente entendi a situação, eu...eu tentei encontrar alguma coisa para que eu pudesse me defender, sabe? Tentei encontrar alguma coisa que eu pudesse dizer para mostrar que ela estava errada. E eu descobri...bem, que eu não podia usar a desculpa universal, podia?”.
James levantou as sobrancelhas de forma questionadora. “Desculpa universal?”.
Eu concordei com a cabeça, respirando fundo antes de dizer timidamente, “A desculpa de que ‘nós somos apenas amigos’”.
As duas sobrancelhas de James caíram. “Ah. Entendi”.
“Mas eu queria ter podido”, eu acrescentei rapidamente. “Ter usado a desculpa, quero dizer”.
James parou, me lançando um olhar curioso. “Só para ter uma desculpa?”, ele perguntou.
“Não”, eu respondi automaticamente, dizendo rapidamente antes que eu me acovardasse. “Porque aí isso significaria que nós somos amigos. Amigos oficiais, quero dizer”.
Um silêncio se seguiu depois da minha confissão. Eu mordi meus lábios nervosamente, imaginando o que James poderia estar pensando. E eu sei que eu disse antes que amigos são idiotas e horríveis e inúteis, mas quando alguém senta do seu lado por horas e te escuta chorar, permitindo que você arruíne a sua adorável camiseta e o chame de arrogante idiota, você percebe que o mínimo que você pode fazer é lhe oferecer a sua amizade, certo?
Então, era isso que eu estava fazendo. De uma vez por todas. E ao mesmo tempo, eu também estava tentando colocar de lado o nosso passado de ódio durante o processo.
Agora, tudo que eu precisava era do consentimento de James.
Alguns segundos de nervosismo se passaram antes de um pequeno sorriso se abrir no rosto de James. Ele balançou a cabeça.
“É”, ele disse. “Eu acho que é bom assim”.
E então, com mais um desejo de boa noite, ele se foi.
Sábado, 27 de setembro, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo segundo dia
Observações Totais: 77
Dez Razões do porquê eu provavelmente nunca mais vou sair dessa sala
Eu estou parecendo com alguém que saiu direto de um filme de terror. Sério. Lembra da Carrie White ensopada de sangue? Ela está melhor do que eu.
Grace e Emma não estão aqui.
Eu tenho quatro, quatro camas perfeitamente confortáveis para me deitar.
Alguns desses jogadores de Quadribol nos pôsteres são muito bonitos.
Eles te servem comida aqui. Secretamente. Feita especialmente pra você. Mesmo quando você acorda em uma hora nada confortável como meio dia. Os elfos domésticos entrar com waffles, fizeram uma reverência e saíram. É como se vocês estivesse em um resort, exceto claro, que você não está.
Esses elfo domésticos que te trazem comida também te trazem uma muda de roupa. E isso é bom, já que as únicas outras roupas no quarto são roupas de garotos, já que eu estou dormindo numa réplica do dormitório masculino do sétimo ano.
Minha cabeça está pulsando. Essa é, com certeza, a pior dor de cabeça que eu já tive. O quarto gira quando eu tento me sentar. Isso não pode ser saudável.
Não tem ninguém aqui para conversar comigo e atrapalhar a minha paz.
A temperatura do quarto é adequada. Não tem nada melhor no mundo do que um quarto com uma temperatura boa e adequada. Nem quente demais, nem frio demais. Já que eu preciso dessa temperatura, o sala se ajusta.
Eu já mencionei que Emma e Grace não estão aqui?
Mais tarde, Ainda na Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo segundo dia
Observações Totais: 78
Eu estou pensando se algum daqueles adoráveis elfos domésticos podem ir e pegar minha mochila para que eu possa fazer as minhas tarefas. Quero dizer, considerando que eu decidi que eu nunca mais vou sair dessa sala, eu não posso fazer isso. Mas será que seria muito grosseiro? Pedir aos elfos domésticos que pegassem minhas coisas, quero dizer? Eles já me trouxeram o meu café da manhã e as minhas roupas. Será que se eu pedisse eu estaria abusando um pouquinho demais da generosidade deles? Talvez. É possível. Mas eu realmente preciso dos meus livros.
E, além disso, depois de você ter investigado minuciosamente e completamente todo o dormitório masculino, não resta muita coisa pra se fazer. Quero dizer, eu podia tentar limpar esse dormitório, mas onde está a graça nisso? E, sim, fazer as tarefas do fim de semana não é exatamente o que eu chamaria de uma coisa legal e saudável ao meio-dia, mas eu realmente não tenho outra escolha. Se eu não fizer, eu vou reprovar. Apesar de que, se eu limpar esse pseudo dormitório masculino, nem amor, nem tempo serão perdidos.
Hum...O que fazer? O que fazer?
Ainda mais tarde, ainda na Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo segundo dia
Observações Totais: 79
Eu não posso ficar tanto tempo em uma sala sem nada pra fazer. Me sentar aqui e ficar girando os meus polegares não vai mais funcionar por muito mais tempo. Se isso continuar, não vai demorar pros meus instintos de mulher louca atacarem e começarem a queimar as coisas. É inevitável. Olha o que aconteceu com Bertha, quando o Sr. Rochester a trancou em um quarto sem nada pra fazer. Ela não teria que ter recorrido a medidas tão drásticas se ela não estivesse não entediada. Ficção ou não, você tem que dar algum entretenimento para nós, pessoas malucas, ou então nós teremos que procurar sozinhos. E nosso entretenimento geralmente consiste em descobrir se as coisas são inflamáveis ou não. A maioria das pessoas sãs não acha isso tão divertido quanto nós, os loucos, achamos.
Tudo isso simplesmente é muito ridículo. Eu não consigo entender como James conseguiu “precisar” de um dormitório que incluo as roupas sujas de seus amigos, mas não conseguiu “precisar” de nem um único livro! Quero dizer, tenho certeza que Remus deve ter alguns livros no dormitório em algum lugar. Por que James não conseguiu pensar nesses livros quando ele estava formando esse dormitório idiota? Ele deveria saber que eu ia querer ficar aqui por toda a eternidade e, portanto, deveria ter planejado em “precisar” algum tipo de entretenimento pra mim. As calças sujas do uniforme de Sirius e as velhas meias de Peter só conseguem ser divertidas por um curto espaço de tempo. Depois de um tempo, elas simplesmente se tornam muito nojentas e fedorentas.
E enquanto que, sim, eu realmente gosto de ficar olhando para os pôsteres dos encantadores jogadores de Quadribol, é meio difícil gostar deles por muito tempo, quando, pendurados nas paredes, também tem grandes pôsteres de Bruxas Maravilhas usando apenas palitos de dente e cascas de coco. Quero dizer, eu entendo toda essa coisa de ‘hormônios masculino’, mas isso realmente acaba um pouco com a idéia de ficar olhando para as paredes.
Espera um segundo.
Tem alguém batendo na porta?
Muito tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo segundo dia
Observações Totais: 81
As batidas continuara. Eu congelei em meu lugar, não muito certa do que fazer. E se fosse um casal de sonserinos procurando um lugar pra se agarrarem? E se fosse o Filch? E se fosse Emmeline?Minha cabeça firou. Será que eu abria a porta? Eu decidi que seria arriscado demais e eu já estava quase indo me esconder debaixo da cama mais próxima ou dentro do armário, quando eu ouvi uma voz conhecida me chamando do outro lado da porta.
“Lily? Lily, você está aí?”.
Eu pulei da cama, e saí correndo na direção da porta e a abri. Parada do outro lado porta, com seus rostos um pouquinho assustados, mas sorrindo, estavam Remus Lupin e Marley McKinnon.
“Oh!”, eu tentei esconder a minha surpresa quando eu abri mais a porta, permitindo que eles entrassem no quarto. “Er...oi. Entrem”.
Os dois entraram, ainda sorrindo. Eu descobri que James deve tê-los mandado, porque ele é o único que sabia aonde eu estava me escondendo. Mas por que ele não estava aqui com eles? Talvez ele estivesse cansado de mim. Se eu fosse ele, eu definitivamente estaria cansada de mim. Principalmente, do meu eu-chorão. E Merlin sabes que essa é a única hora que ele parece estar perto de mim. O pobre coitado merece manter distância.
“James teve que ir ver McGonagall, então ele nos mandou para dar uma olhada em você”, Marley explicou, colocando um loiro cachinho atrás da orelha. Ela sorriu de forma travessa, “Eu vou ter o prazer de dizer a ele que você parece uma adorável e desgrenhada coitada!”.
“Ah!”, eu corei intensamente e minhas mãos voaram imediatamente para o aglomerado enrolado e vermelho acima da minha cabeça. Apalpando freneticamente, eu rapidamente o prendi em um rabo de cavalo meio bagunçado, esperando que ainda me restasse um pouco de dignidade. Eu não tinha me importado em me arrumar essa manhã, já que eu não tinha motivo nenhum. Eu não planejava em sair do quarto e eu não estava esperando nenhum tipo de companhia. Então, pra que eu ia me importar?
Eu realmente estava arrependida de ter tomado essa decisão.
“Vocês me pegaram desprevenida”, eu murmurei desajeitadamente, ainda vermelha. Eu fiquei imaginando se eu ainda estava tão vermelha e tão manchada como essa manhã. Estava óbvio que eu tinha chorado. Eu descobri que eu devo ter voltado ao normal, porque ao invés de me olhar de um jeito preocupado, Marley simplesmente parecia estar se divertindo. Ela abriu a boca para responder a minha desculpa idiota, mas foi interrompida pelo Remo.
“Esse é o...nosso dormitório?”.
Ai, merda.
Marley caiu na gargalhada, enquanto ela dava uma olhada na sala. Minhas bochechas ficaram vermelhas de novo. “Foi o James”, eu protestei fraquinho, sabendo que nem Marley e nem Remus iria prestar atenção na verdade.
“Há, ta bom”, Marley riu, me lançando um sorriso provocador. “Como se nós fôssemos acreditar nisso. Quando, exatamente, você esteve no dormitório masculino, Lily Evans? E você é monitora-chefe!”. Ela sacudiu a cabeça fingindo que estava decepcionada. “O que McGonagall diria?”.
Obviamente incapaz de deter os seus instintos marotos, Remus se juntou ba Marley. “Foi o Sirius?”, ele perguntou, seus olhos cintilando. “Peter? James? Algum deles te escondeu no armário quando nós não estávamos olhando?”.
Eu sacudi minha cabeça com tristeza por causa de suas ironias provocadoras, mas suas risadas eram tão contagiantes que eu acabei me juntando a eles. Era bom rir de novo, mesmo que, tecnicamente, eu estava rindo de mim mesma.
“Vocês dois são horríveis”, eu disse, os olhando furiosamente. Suas risadas só aumentaram. Eu cruzei os meus braços, tentando parecer severa, mas não consegui. Eu não consegui esconder minha própria risada por muito tempo.
“Desculpa por estarmos rindo”, Marley disse, tentando parar de rir, apesar de algumas de suas gargalhadas ainda permanecessem. “Aqui. Trégua?”, ela me entrgeou algo.
Era minha mochila.
“Ai, meu Deus!”, eu sorri bondosamente, pegando a mochila de sua mão. “Eu estava quase pedindo um elfo doméstico para ir buscar pra mim! Como você a pegou?”.
“Eu fui até o seu dormitório e peguei”, Marley explicou, também sorrindo. Ela se virou e deu uma olhada no quarto e depois sorriu para o Remus. “ Que, por sinal, estava muito mais limpo do que esse desastre. Vocês nunca ouviram falar em limpeza, Remus? Roupas lavadas, lençóis dobrados...um chão?”.
Remus abriu um sorriso. “Um chão?”, ele repetiu, colocando a mão em seu queixo de um jeito pensador. “Eu acho que a gente já teve um, uma vez ou outra. No primeiro ano, eu acho”.
“E paredes sem nada”, eu acrescentei, examinando os pôsteres que servia como papel de parede. “Você se lembra delas?”.
“Nós as vemos ocasionalmente”, Remus respondeu, observando as paredes cobertas. “Sirius troca os pôsteres dele de acordo com que time está na frente na tabela e quando a Bruxas Maravilhas é lançada. Tem mais ou menos um intervalo de dois dias entre as mudanças”.
Marley sacudiu sua cabeça em descrença. “E você garotos ficam comentando o quanto nós somos loucas. Garotas são muito mais sãs do que vocês, seus malucos”.
Essa categoria de ‘garotas’ obviamente não me inclui.
Remus deu de ombros despreocupado, sem prestar atenção na sanidade de seu sexo. “De qualquer forma, quem precisa de limpeza?”.
“Aparentemente, você não precisa”, eu disse com um leve sorriso, repentinamente me sentindo bem melhor do que eu estive durante a manhã inteira. Marley riu de novo, enquanto ela se sentava na cama mais próxima (Peter?), colocando sua própria mochila em cima do mar de lençóis. Alguns livros caíram da cama.
“Então”, ela começou e olhou pra mim. “Você me ajuda com as minhas tarefas e eu te ajudo com as suas?”.
Eu inclinei minha cabeça para o lado de modo questionador. “Você consegue fazer as minhas tarefas, Marley?”.
Marley colocou suas mãos em seu peito e tinha uma expressão zombeteira em seu rosto. “Você está insultando a minha vasta inteligência, Lily!”, ela estufou o peito de forma arrogante. “Eu quero que você saiba que eu sou a melhor aluna do sexto ano – provavelmente até melhor do que alguns do sétimo! Principalmente em Herbologia e Transfiguração. Até McGonagall diz isso”.
Eu ergui minhas sobrancelhas. “Transfiguração?”, eu me senti na cama do seu lado, um largo sorriso no meu rosto. “Negócio fechado, McKinnon”, eu ofereci minha mão pra ela. Ela a apertou e riu novamente.
“E você, Remus?”, Marley perguntou, puxando mais alguns de seus livros da mochila. Remus sacudiu a cabeça.
“Eu tenho detenção”, ele disse.
“Detenção?”, eu perguntei, tirando alguns livros da minha mochila também. “O que você fez?”.
“Não lembro”, ele deu de ombros e sorriu de novo.
“Tsc,tsc,tsc, Remus. Você é monitor!”, Marley sacudiu a cabeça com um olhar decepcionado. “Monitoras chefe no dormitório masculino, monitores em detenção...no que essa escola está se transformando?”.
Nós todos rimos, enquanto Remus começava a se despedir.
“Limpa direitinho os vasos, ok?”, Marley sorriu e deu um último aceno.
“Pode deixar”, Remus prometeu, acenando com uma mão e abrindo a porta com a outra. “E vocês duas pensem em mim quando vocês terminarem as tarefas e depois ficarem aqui vadiando, enquanto eu estarei limpando vasos por horas”.
Nós dissemos que nós iríamos sim pensar nele e, depois de se despedir de novo, Remus se foi.
“Bem, vamos lá, então”, Marley disse, esfregando suas mãos de um jeito que dizia ‘vamos começar então’. “Em relação às tarefas...”.
Por aproximadamente uma hora, nós duas sentamos na cama (do Peter?), e terminamos nossas tarefas do fim de semana, conversando e rindo ao mesmo tempo, enquanto nós tentávamos ajudar uma a outra com as matérias mais difíceis. Surpreendentemente, Marley não mentiu sobre sua inteligência. Ela, facilmente, resolveu as minhas tarefas de Transfiguração e Defesa Contra as Artes das Trevas e até mesmo me ajudou com as traduções de Runas Antigas mais difíceis. A única matéria que ela parecia não ter um talento natural era Feitiços. E eu, ainda bem, consegui ajudá-la.
“Mas Flitwick disse pra gente começar pela direita quando nós fôssemos fazer a Cabeça-de-Bolha”, Marley protestou depois que eu disse a ela para escrever “esquerda” como o lado certo para se começar o Feitiço “Cabeça-de-Bolha”.
“Confie em mim”, eu disse, pegando minha varinha para demonstrar. “É muito mais simples quando você começa pela esquerda e..”, eu dei uma pancadinha leve para a direita “...mexer seu pulso desse jeito”. Marley sussurrou um elogio, já que o que eu sugeri se mostrou um sucesso.
“Genial!”, ela sorriu, tentando fazer o que eu fiz. Quando ela finalmente conseguiu depois de sua terceira tentativa, ela sorriu abertamente e anotou a resposta em seu pergaminho. “Você tem mais algum truque aí?”, ela me perguntou, enquanto lia a próxima questão. “Sabe, uma batidinha pra trás em Sonorus, ou um octogonal para mudança de cor?”.
Eu ri e dei de ombros. “Talvez”.
Eu tive um período extremamente divertido fazendo as tarefas com Marley e a ajudando nas delas. Eu me esqueci completamente da noite horrível que eu tive, quando eu conversava e ria com ela. Eu acho que você não conhece uma pessoa direito simplesmente por sentar com elas durante o café da manhã. Durante a tarde inteira, eu conheci Marlene McKinnon muito mais. Por exemplo, ela é sangue-puro, filha única. Ela mora com a sua mãe, que é curandeira, e com sua tia-avó aposentada. Eu também sei que sua matéria favorita é Defesa Contra as Artes das Trevas, sua cor favorita é roxa, ela é atacante no time de quadribol da Grifinória e ela pretende ser Auror.
“Espera aí, você quer ser Auror?”, eu parei de fazer as minhas traduções de Runas Antigas e olhei pra Marley. Ela concordou com a cabeça. “Eu também quero ser Auror! Que coicidência!”.
“Nem tanto, se você realmente for pensar”, Marley respondeu de forma pensativa. “Minha mãe diz que cada vez mais pessoas estão treinando para serem Aurores por causa de Você-Sabe-Quem e tudo mais”.
“Isso faz sentido”, eu concordei calmamente, sacudindo minha cabeça. “Quero dizer, é por isso que eu quero ser Auror, pelo menos. Para ajudar da melhor forma possível. É horrível ler sobre os ataques nos jornais, mas não poder fazer nada para ajudar”.
“Sei o que você quer dizer”, Marley disse, puxando seus pés pra perto de seu peito. “Pessoas que eu conheço, os amigos de minha mãe, meus vizinhos...parece que ninguém mais está seguro, não é mesmo?”.
“E eu sou um alvo ainda pior, já que eu sou nascida trouxa e tal”, eu peguei uma mexa do meu cabelo e coloquei atrás da orelha. “Eu acho que é sentar e ser morta ou ir e tentar fazer alguma coisa. Desse jeito, se eu for morta, pelo menos eu sei que eu morri tentando”.
Marley hesitou um pouco. “Bem, é uma perspectiva bem mórbida essa”.
E realmente é, eu acho, se você realmente pensar nisso. Mas não é culpa minha. Eu não tenho a intenção de fazer parecer mórbido. Simplesmente é. Assim como eu não quero ser egoísta e nem ser horrível em Transfiguração. Essas coisas simplesmente acontecem. É ou seguir o fluxo, ou deixar o fluxo te levar. Eu acho que eu prefiro segui-lo.
De maneira triste, eu dei de ombros. “É a verdade. Eu não vou fazer diferença nenhuma, mas eu quero pelo menos tentar”.
“Isso é muito corajoso”.
Eu dei de ombros de novo. “O que Você-Sabe-Quem está fazendo não vai parar até que ele seja pego, e os aurores precisam de toda a ajuda possível”.
“Pior que é verdade”, Marley concordou com amargura, a expressão em seu rosto mostrando seu desgosto. “Minha mãe escreveu pra mim falando como o Ministério – até mesmo o departamento dos aurores – está cheio de espiões. Eles estão por toda a parte”. Ela suspirou tristemente, sacudindo sua cabeça lentamente. “Eu só queria que não tivesse nenhum grupo corrompido, sabe? Que todas as pessoas que nós conhecemos estivesse do nosso lado. Bruxos e bruxas que defendam uma boa causa”.
“Em outras palavras, o que o departamento de aurores costumava ser”.
Marley concordou com a cabeça.
Eu suspirei e também concordei com a cabeça, tentando não deixar Marley saber que isso tudo era irreal demais. “Talvez algum dia isso se torne verdade”, eu respondi finalmente. Marley concordou com a cabeça mais uma vez e voltou a fazer sua tarefa.
Depois dessa conversa um tanto triste, Marley e eu rapidamente terminamos o resto de nossas tarefas, tentando ignorar o ar levemente desconcertante que tinha se instalado no quarto desde nossa conversa sobre Você-Sabe-Quem. Com a ajuda de Marley, não demorou muito para que eu terminasse as traduções de Runas Antigas e, em pouco tempo, nós estávamos guardando os nossos livros nas mochilas.
“Nós deveríamos fazer isso de novo”, eu disse para Marley com um sorriso, enquanto nós estávamos indo em direção à porta.
Marley concordou. “Você é uma ótima professora”.
“Você também”, eu respondi. Nós rimos, Marley abriu a porta e foi para o corredor.
“Ei, Lily?”.
“Hum?”.
“Você vai conseguir”.
“O quê?”.
Marley sorriu suavemente. “Fazer a diferença. Pelo menos se você quiser. É por isso que eu acho que Dumbledore te escolheu pra monitora-chefe. Você é especial, Evans. Você vai fazer a diferença”.
Eu corei por causa de seu elogio, tentando achar as palavras adequadas para responder.
“Eu...é, bem...obrigada”.
E então, com um aceno de cabeça e um pequeno sorriso, Marley começou a andar pelo corredor.
Muito, muito, muito tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo segundo dia
Observações Totais: 82
É por isso que eu sou monitora-chefe? Marley está certa? Eu sou especial?
Hum. Eu não tenho certeza.
Mas é bom saber disso.
Especial...
Domingo, 28 de setembro, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo terceiro dia
Observações Totais: 84
Na noite passada eu sonhei que eu estava tomando chá com Você-Sabe-Quem e Amos. Eu tinha a intenção de colocar veneno no chá de Você-Sabe-Quem, mas ao invés disso, eu acidentalmente envenenei o chá de Amos. Ele morreu de forma muito dramática, com muitos vômitos e contorcionismo. Eu comecei a chorar, apesar de eu achar que eu estava chorando porque a xícara de chá tinha quebrado, e não porque Amos tinha morrido. Você-Sabe-Quem chorou também. E depois nós jogamos dança da cordinha. Eu ganhei, mas foi difícil.
Observação #83) Se ganhar de Você-Sabe-Quem na dança da cordinha é como eu vou ‘fazer a diferença’, eu preciso rever as minhas prioridades.
Observação #84) Sonhos são idiotas. Eu ia me importar muito mais com Amos do que com uma xícara de chá. Principalmente, porque eu que o tinha matado. Meu sofrimento e dor seriam incomensuráveis.
Observação #85) O pouquinho de sanidade que eu ainda tinha acabou de acabar. Eu acho que o sonho da dança da cordinha é uma ótima prova disso.
Mais tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo terceiro dia
Observações Totais: 85
Depois de seriamente considerar –
Ai, merda. Quem está batendo na porta agora?
Tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo Terceiro Dia
Observações Totais: 85
Um elfo doméstico estava batendo. Um elfo doméstico com uma carta.
Querida Lily,
Eu implorei e implorei para James me dizer onde exatamente você estava se escondendo, para que eu pudesse falar com você, mas ele disse não. Depois, eu o encurralei e exigi que pelo menos ele me deixasse te escrever uma carta legal. Eu disse que ele mesmo poderia te entregar, se ele quisesse. Com muita relutância, ele concordou. Então, agora eu estou aqui sentada, escrevendo essa carta de desculpas idiota, esperando que James cumpra com a sua palavra.
Eu sinto muito, Lily. Sério. Por tudo. Nós todos chegamos a conclusão errada e nem nos importamos em perguntar pra você. Nós não deveríamos ter presumido nada. Eu deveria ter te perguntado assim que eu comecei a suspeitar e não deixar isso sair do controle. E, então, essa coisa toda com a Emma – não me entenda mal, eu sabia que ela estava com raiva, mas eu não sabia que você ia reagir daquele maneira. Quero dizer, me recordando de tudo agora eu percebo que você, obviamente, ficou muito chateada, mas na hora, não parecia. Pode chamar de um lapso momentâneo da minha parte, se quiser. Pode chamar de burrice, se você quiser. Só, por favor, por favor, me perdoe. Você nem mesmo sabe como eu realmente sinto muito.
Não é a mesma coisa sem você aqui. Emma tem andado sozinha por aí bastante também, e quando ela não está por aí, ela geralmente fica chorando. Eu não sei porque ela está chorando tanto. Parece que começou do nada, não acha? Ela sempre foi do tipo mais quieto e sensível, eu acho, mas ela nunca ficou assim antes. È difícil ficar muito tempo com ela quando ela fica assim. Na verdade, foi James quem realmente deu uma sacudida nela. Ele deu uma indireta bem direta pra ela na hora do jantar, na frente de todo mundo. Emma começou a chorar na hora e nem mesmo Mac conseguiu acalmá-la. James disse alguma coisa pra ele também. Mac, quero dizer. Mac ficou tão vermelho que ele ficou parecendo uma beterraba. Depois, ele e Emma saíram do Salão Principal, e parece que eles brigaram feio, porque eles não estão mais se falando. Pelo menos, eu acho que foi isso o que Emma disse. É difícil entendê-la quando ela está soluçando e chorando.
Eu acho que isso significa que você contou tudo pra ele. James, quero dizer. Não que isso seja uma coisa ruim ou algo assim. Eu acho ótimo que vocês dois finalmente são amigos agora. Eu sempre te disse que ele não é tão ruim quanto você pensava. Você simplesmente tem que dar uma chance pra ele. Depois ele acaba se mostrando um cara muito legal.
Me desculpe de novo por ter chegado a uma conclusão precipitada em relação a você e James. Eu simplesmente pensei...bem, ele é um cara atraente, e você é genial, e você tem que admitir que algo vem acontecendo entre vocês dois ultimamente. E, já que você não queria tocar no assunto, eu pensei...bem, você sabe o que eu pensei. Mas eu sinto muito. Sério. E eu espero que você me perdoe por ser uma completa idiota.
(Esperançosamente) Ainda sua melhor amiga,
Grace.
Ainda mais tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo terceiro dia
Observações Totais: 86
Quando eu tinha acabado de reler a carta de Grace, eu ouvi aquela familiar batida na porta.
“Um segundo!”.
Rapidamente, eu coloquei a carta em cima da coisa mais próxima, arrumei meu vestido, andei lentamente até a porta para deixar Marley entrar. Ou, pelo menos eu achava que era a Marley. Abrindo a porta, eu encontrei não a Marley, mas com uma audaciosa capa de um livro sendo empurrada rigorosamente na minha cara.
Varinhas de qualidade.
Um dos livros horríveis e preferidos de Grace.
“Eu prometo queimar e nunca mais ler esse livro se você falar comigo”.
Eu congelei.
“Grace?”, eu estava chocada por encontrá-la ali. “Como você – quero dizer, eu pensei que James não te contaria...”.
“Eu segui o elfo doméstico que ele mandou entregar a carta”, ela explicou automaticamente. Ela empurrou o livro na minha direção. “Pegue. Queime. Rasgue. Só...por favor, não fique brava comigo”.
Eu suspirei com tristeza, encarando a morena forte. Sacudindo minha cabeça lentamente, eu empurrei o livro na direção de Grace. “Não seja boba”, eu disse suavemente, com um pouquinho de divertimento na minha voz. “Eu nunca pensaria em te privar da sua dose diária de Marcus e Rosalind. Eu não sou assim tão cruel. Apenas...”, eu abri mais a porta e fiz menção para que ela entrasse, “sente-se. Vamos conversar”.
A mão de Grace que estava segurando o livro caiu. “Eu...tudo bem”.
Seguindo minhas instruções, Grace passou por mim e se sentou na cama mais próxima (a de James) e olhou para mim ansiosamente. “Então”, ela começou, suas mãos se mexendo nervosamente. “Você leu minha carta?”.
Eu concordei com a cabeça. “Er, sim. Foi...obrigada. Pela carta, quero dizer”.
Grace sorriu de forma esperançosa. “Então você me perdoa?”.
Eu sorri de volta e disse de forma zombeteira, “Você ia desistir de Rosalind e Marcus por mim. Eu acho que eu não tenho outra escolha a não ser perdoar você”. Grace abriu um largo sorriso.
“Bem, que alívio”, ela respondeu feliz, abaixando as sobrancelhas, mostrando que ela realmente estava aliviada. “Eu pensei que você ia ficar brava comigo pra sempre”.
“Em primeiro lugar, eu nem deveria ter ficado com raiva de você”, eu disse, dando de ombros. “Eu estava só chateada com o que Emma disse e acabei descontando em você”.
“Mas eu não deveria ter presumido nada! Você tinha direito de ficar com raiva de mim!”.
“Não foi você”, eu disse de novo. “Quero dizer, eu provavelmente teria pensado a mesma coisa se eu estivesse no seu lugar. A culpa é minha e – “.
“Sua culpa? Como assim é sua culpa?”.
“Porque eu não te contei nada. Quero dizer, foi tudo muito idiota e não tinha nada a ver com o que você estava pensando, mas na época...bem, eu não estava exatamente certa quanto a James. Eu acho que eu simplesmente não queria bancar a idiota, caso a nossa tentativa de amizade acabasse em pizza”.
“Por que acabaria em pizza?”, Grace perguntou de forma zombeteira. “É tudo que James sempre quis – ser seu amigo. Bem, tudo bem, às vezes ele queria ser um pouquinho mais do que simplesmente seu amigo – “.
Eu congelei. “Você sabia disso?”.
“Sabia do quê?”.
“Que James gostava de mim! No quinto ano, quero dizer”.
Grace me olhou de forma inexpressiva. “Lily, do que você está falando? Todo mundo sabia que James gostava de você. Ele te convidava pra sair todo dia!”.
“Mas – “, eu fechei minha boca, repentinamente me sentindo muito idiota. De novo, eu comecei a pensar porque eu achava que a coisa toda era uma piada. Eu tentei voltar no tempo e lembrar se eu, alguma vez, mencionei as minhas suspeitas para Grace e Emma, mas nada veio a minha mente.
“Lily? Mas o quê?”.
Minha cabeça virou para olhar Grace. Minhas bochechas estavam um pouquinho vermelhas quando eu enterrei minha cabeça em minhas mãos. “Eu sou, definitivamente, a pessoa mais cega e idiota que já habitou esse planeta”.
Grace bufou. “Bem, você não é tão ruim assim. Mas, sim, você realmente tem os seus momentos. Agora, onde você parou? Sobre James estar gostando de você?”.
Eu contraí os músculos involuntariamente, odiando cada momento daquela conversa pendente e todos os detalhes constrangedores que eu ia contar para a minha recente “nova” amiga Grace. Respirando fundo, eu hesitantemente comecei a recontar a história de sexta, começando na parte em que James me encontra e terminando na parte em que ele me deixou na Sala Precisa. Eu enfatizei minha idiotice, quando ele explicou que ele tinha gostado de mim e que não era uma brincadeira infantil como eu tinha pensado.
“Espera um segundo”, Grace levantou as mãos com descrença. “Você está querendo me dizer que você pensava que James te pedir para sair era nada mais, nada menos que uma piada?”.
Humilhada demais para falar, eu, muito envergonhada, concordei com a cabeça.
“Você..você..ai, Merlin, varinhas e vassouras, Lily!”, e então ela começou a rir.
“Grace!”, eu bati em seu braço, ofendida, e a olhei furiosa. “Não é engraçado!”.
“Não é engraçado?”, Grace bradou alegremente. “É hilário! Como você pensou...quero dizer, tudo bem que você geralmente não é muito observadora – “.
“Eu sou observadora sim!”.
E eu tenho 86 observações registradas para provar.
“- mas o pobre coitado te seguia pra todo lado – ele praticamente te perseguia, Lily! – por dois anos! Você realmente pensou que ele ia fazer tanto esforço assim simplesmente pra implicar com você?”.
“Eu...bem, eu...”.
Eu não conseguia responder. Eu nunca pensei sobre aquilo daquela maneira. Eu sou simplesmente egoísta demais para pensar que alguém iria desperdiçar o seu tempo comigo. E foi justamente isso. Uma perda de tempo, quero dizer. Porque o coitado do James me convidou para sair todo aquele tempo. E me seguia (não muito bem, na verdade) e me elogiava e tudo mais. Coisas que normalmente todo garoto faz quando eles gostam de alguém, exceto que James sempre fez isso de uma forma meio extravagante. Eu acho que foi por isso que eu pensei que tudo era uma piada. Ah, sim, e o fato de que ele supostamente me costumava me odiar antes de começar a me pedir pra sair.
E não é como se ele também não convidasse outras garotas! Quero dizer, como é que eu poderia o levar a sério, sendo que ele professava o seu amor por mim e duas horas depois ele estava namorando Elisabeth Saunders? Como é que eu iria acreditar que ele estava sendo sincero? Não tinha como. Pelo menos, não pra mim. Aparentemente, isso fazia sentido para todo mundo.
“Coitado do James!”, Grace sacudiu a cabeça com tristeza. “Em pensar em todas as vezes que ele perguntava pra mim e pra Emma porque você não aceitava os convites dele – “.
“Ele fez o quê?”.
Grace sacudiu a cabeça. “É. Toda hora. A gente sempre dizia pra ele que era porque ele estava fazendo tudo errado – sabe, gritando no Salão Principal – mas pensando bem, eu acho que a situação era um pouquinho mais complicado do que isso, não é mesmo?”.
“Só um pouquinho”, eu concordei sem rodeios, tentando esconder a descrença da minha voz. A idéia de que James foi tão apaixonado por mim que ele até mesmo chegou a perguntar constantemente a minhas amigas sobre suas chances me chocou, apesar de eu não saber bem o porquê. Parece uma coisa bem inteligente para qualquer garoto que estivesse na situação de James fazer. Perguntar para as amigas da garota que ele gosta, quero dizer. James não era – não é – burro. Ele sabia que devia ter alguma coisa a mais que estava me impedindo de aceitar (além do meu enorme e insuportável ego). Então, naturalmente, ele foi para a melhor fonte depois de mim – perguntou à Grace e à Emma. No entanto, elas não puderam ajudá-lo, já que elas não sabiam o porquê de eu não aceitar. Eu pensei que elas sabiam, mas aparentemente, esse não era o caso.
“Parece tão estranho”, eu disse algum tempo depois, “que durante todos aqueles anos, eu nunca mencionei o fato de que eu pensava que James estava brincando comigo. Nem pra você, nem pra Emma. Quero dizer, eu acho que eu pensei que tudo mundo já sabia”.
“Você pode até ter mencionado algumas vezes”, Grace respondeu, uma expressão pensativa em seu rosto. “Nós provavelmente pensamos que você estava brincando. Quero dizer, todo mundo já sabia que James gostava de você”.
Todo mundo menos eu, aparentemente”.
Grace sorriu. “Aparentemente”.
Com nada mais a dizer sobre o assunto, o quarto repentinamente ficou muito quieto. Mas o período de silêncio que se seguiu não era estranho. Na verdade, era bastante confortável. É o tipo de silêncio que você quer que aconteça quando você está em um encontro com um garoto e você está ocupada demais comendo para poder conversar.
Era um silêncio amigável.
Entre duas amigas.
Eu quase suspirei de alívio.
“Er...”, eu limpei a minha garganta desastradamente, arruinando o compatível e confortável silêncio que tinha caído sobre nós. “Então...está...tudo bem entre a gente?”.
Grace concordou com a cabeça e abriu um largo sorriso. “Nunca estivemos melhor”.
Eu sorri de volta, alguma coisa maravilhosa varrendo todo o meu corpo. Eu tinha amigos de novo. A vida não era mais uma merda sem fim. Geralmente...as coisas eram boas.
“Er, Lil?”.
“Hum?”.
“E Emmelime?”.
Meu estômago se revirou. Meu sorriso se transformou em um franzir de sobrancelhas. “O que tem ela?”.
Grace deu ombros suavemente e mordeu os lábios. “É só que...bem...quero dizer, ela também sente muito...”.
Eu levantei a minha mão, parando Grace antes que ela continuasse. “Grace, nós podemos...não falar sobre Emma agora? Eu ainda estou...nós podemos não falar?”.
Grace concordou com a cabeça automaticamente. “Sim, claro”.
Houve um outro silêncio. Dessa vez, um muito estranho. Eu me sentei e coloquei as minhas mãos no meu colo. Eu não gostei da triste virada da conversa. Eu não gostei do fato de que no segundo em que Grace mencionou Emma, eu fiquei com raiva de novo. Eu não gostava dessa estranheza. Eu queria que tudo voltasse ao normal.
“Olha, Grace”, eu suspirei profundamente, e passei as minhas mãos no rosto de forma cansada. “Eu não quero mais que fique tudo estranho entre a gente. Eu não estou brava com você. É só que Emma...bem, eu ainda estou com raiva dela. Mas não de você. Então, nós podemos...sabe, voltar ao normal?”.
Grace concordou com a cabeça de novo. “Sim, claro. Eu entendo”.
Eu não tinha certeza se ela realmente entendia, mas eu não ia brigar com ela por causa disso. Eu fiquei feliz por perceber que toda aquela incômoda estranheza estava desaparecendo. Grace limpou sua garganta.
“Ei, Lily? O que estava acontecendo antes de sexta?”.
“Como assim?”.
“Com você e James. Quero dizer, nós todos pensamos que...você sabe. Mas não era isso. Então, o que estava acontecendo?”.
No início, eu ainda não estava muito certa do que ela estava falando, mas depois eu percebi que Grace estava no escuro. A briga, a carta, a catástrofe envolvendo a Elisabeth Saunders...ela não sabia de nada disso.
Então, em favor da nossa reinstalada amizade, eu passei as próximas horas explicando sobre James e o meu eu-simpático.
Era bom ter minha amiga de volta.
Muito tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo terceiro dia
Observações Totais: 87
Observação #87) Eu tive muitas visitas nesse fim de semana – Grace, Marley, Remus, os diversos elfos domésticos que cuidaram de mim – mas tem alguém faltando...
Cadê o James?
.Quero dizer, tudo bem, eu o vi na sexta, o que foi apenas dois dias atrás, mas por que eu não o vi desde então? Claro, ele mandou algumas pessoas para verem se eu estava bem, mas não é a mesma coisa. Já que ele é meu mais novo amigo, ele devia ter vindo aqui pessoalmente para ver seu eu tinha ou não passado ilesa por esse fim de semana. Sério. E se eu estivesse ensanguentada e morrendo? Ele não iria saber! Isso não é bom. Não é nada bom.
Talvez, ele esteja ocupado ou algo assim.
Talvez ele esteja em uma detenção.
Ou talvez...
Ai, não.
Ele não quer ser meu amigo.
James Potter não quer realmente ser meu amigo.
Muito, muito tarde, Sala Precisa
Lily Observadora: Décimo terceiro dia
Observações Totais: 87
Eu estou sendo idiota. Eu estou sendo paranóica. É claro que ele quer ser meu amigo. Ele quer. Eu sei.
Eu acho.
Eu espero.
Ai, merda.
Segunda-feira, 29 de setembro, Café da manhã no Salão Principal
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 88
Meu novo amigo James conseguiu escapar de falar e/ou me ver de novo. Marley disse que eles (James e ela, quero dizer) estavam indo tomar café, quando McGonagall o interpelou no corredor e insistiu que eles tinham que discutir todas aquelas tolices sobre quadribol. Aparentemente, o primeiro jogo da Grifinória contra a Corvinal está chegando e McGonagall está ficando um pouquinho nervosa. Marley insistiu e disse que McGonagall não tem nada com o que se preocupar e que o time está em excelente forma, mas disse que eu não deveria esperar ver James no café da manhã, porque McGonagall não parece estar tão convencida quanto eles.
Eu fico pensando se James estava aliviado em ter sido interpelado. James, quero dizer. Talvez, ele realmente não queria me ver. Talvez ele tenha pago McGonagakk para levá-lo embora. Talvez eu não esteja sendo ridiculamente paranóica. Será que ele realmente se arrepende de ter se tornado meu amigo? Eu sou assim tão horrível? Quero dizer, eu sei que eu sou boba e cega e comum e que eu não sou exatamente boa em Transfiguração, mas eu sou uma boa garota, não sou? E eu acho que eu também sou uma boa amiga, apesar do fato de que uma das minhas melhores amigas pensar que eu sou uma piranha. Além disso, James disse que ele não me achava uma piranha. E ele gostava de mim. Isso tem que valer de alguma coisa.
Ele podia ter dito não. Se ele não quisesse ser meu amigo, quero dizer. Ele também poderia ter me deixado sozinha quando ele me encontrou chorando na Torre Norte. Ele não teria se importado em me procurar, se ele não gostasse de mim pelo menos um pouquinho. Então, eu não tenho nada com o que me preocupar. Nada mesmo.
Mas por que eu já me encontrei com todo mundo, menos com ele?
Mais tarde, A caminho da Torre Norte
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 88
Ele não foi pra aula de Feitiços essa manhã.
Ele matou aula porque ele não quer me ver.
Ai, isso é genial.
Ainda mais tarde, Adivinhação
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 88
Você sabe onde James está? – LE
Provavelmente em alguma aula. Por quê? – GR
Ele não estava na aula de Feitiços.
Sim, ele estava. Ele entrou no final da aula e se sentou no final da sala. Ele estava sentando junto com o Timmy Ricks.
Ele estava?
Sim.
Tem certeza?
Sim. Ele respondeu uma pergunta sobre o feitiço do escudo constante.
Nós não falamos sobre o feitiço do escudo constante nessa aula.
Nós falamos sim, não se lembra? Jervis Rennet queria saber se ele podia usar o feitiço do escudo, ao invés daquele super difícil que ele estava explicando, e aí Flitwick disse que ‘constante’ não necessariamente significa ‘constante’...
Ai, droga. Eu viajei legal. Isso não pode ser saudável.
Eu sabia que você não estava prestando atenção. Eu vi você rabiscando.
Por que você não me parou?
Porque você parecia estar se divertindo. Além disso, os seus rabiscos são um tanto bonitos. Esqueça o negócio de ser Auror. Você deveria ser uma rabiscadora profissional.
Uma rabiscadora profissional? Isso existe?
Claro. O nome mais formal é ‘Ministro da Magia”.
Vou pensar nisso.
Ou ‘Professora’. Um dos dois.
Parece um plano.
Bom. Aí, você poderia rabiscar o dia inteiro e não se preocupar com nada.
Isso parece legal.
Parece, né? Mas do que você estava falando mesmo? Sobre James. O que aconteceu? Tem alguma coisa errada?
Na verdade, não. Eu acho. Eu só pensei que...eu não sei...parece que ele está me evitando ou algo assim. Eu não falo com ele desde sexta.
Mas você quer? Falar com ele?
Eu não sei. É só essa coisa toda de sermos ‘amigos’. Você acha que ele realmente quer ser meu amigo, Grace?
Do que você está falando, sua boba? É claro que ele quer ser seu amigo! Eu disse pra você ontem que o que o pobre coitado sempre quis.
Mas e se ele mudou de idéia? Quero dizer, eu sou idiota e cega e aparentemente, agora eu também sou uma máquina de fabricar lágrimas...eu não ia querer ser minha amiga. Por que ele ia querer?
Você está sendo idiota, Lily. Ele quer ser seu amigo. Quem sabe? De repente ele até quer ser algo a mais...
O QUÊ?
Ei, sua doida! Não me bata!
Bem, não BRINQUE desse jeito! Não foi engraçado. Grace Reynolds!
Quem está brincando? Eu estou falando sério!
Ou! LILY! Se você continuar assim a louca com cara de pato vai nos dar detenção!
Hunf! Esquece a detenção! Eu não acredito que você DISSE aquilo!
Disse o quê? Que ela é uma louca com cara de pato?
NÃO. Antes disso. Sobre James.
Olha, Lil, tudo o que eu disse é que é uma possibilidade. Quero dizer, você tem que admitir, o garoto te ajudou pra caramba ultimamente. Talvez ele ainda goste de você.
O garoto deu uma bronca na Elisabeth Saunders por causa de você.
Certo?
Lily?
Ai, Lily. Você provavelmente está certa, de qualquer forma. Não deve ser nada.
Eu te odeio, Grace Reynolds.
Ainda mais tarde, ainda em Adivnhação
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 88
Não é nada. Definitivamente não é nada.
James Potter não gosta mais de mim. Depois de me conhecer mais e perceber que eu tenho um carma ruim, que eu sou chorona, e é uma idiota comum, ele percebeu que ele errou e agora, não gosta mais de mim de uma forma romântica. Ele quer apenas ser meu amigo. É isso.
É. É isso.
Ainda mais tarde, Transfiguração
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 91
“Droga, droga, droga, droga, merda. Não é verdade. Grace é uma idiota. Merda, merda, merda...”.
Esse foi o mantra que eu recitei para mim mesma quando eu estava indo para a Torre Norte para a aula de Transfiguração, depois da aula de Adivinhação. Como Grace correu para a Torre da Grifinória para pegar a sua tarefa, eu fui deixada sozinha com as minhas preocupações e murmúrios. Totalmente sozinha com os meus pensamentos malucos e doidos e com o meu mantra nem um pouquinho calmante.
“Você é uma idiota, Lily Evans – não, Grace é uma idiota. Dorga,droga,droga, mer-“.
“Uau! Você beija sua mãe com essa sua boca, Evans?”.
Ai, merda. O idiota não tinha uma hora MELHOR para aparecer não?
“James!”, eu quase gritei, enquanto eu me virava para olhar um James Potter muito sorridente, com o meu rosto um pouquinho vermelho. “Eu – ah, bem, er...oi”.
As sobrancelhas de James se ergueram. “Dia ruim?”, ele perguntou.
Minha boca abriu e fechou como um peixe, enquanto eu, estupidamente, dizia, “Bem, tem sido uma semana ruim – ou melhor, uma vida ruim, se você quer mesmo saber a verdade. É, é isso – vida. Eu tenho uma vida muito ruim. Bem, nem tudo é ruim. Eu até que tenho uns bons momentos uma vez ou outra, sabe...”, eu me cansei, e calei a boca, com uma expressão sofrida e envergonhada em meu rosto. “Eu vou simplesmente parar de falar agora”.
Rindo gentilmente, James levantou sua mão e, de brincadeira, pegou no meu cabelo (o quê? Ele está me tocando? Ele está me paquerando? Ou simplesmente sendo amigável? Ai, MerlinaiMerlinaiMerlin...), e sorriu para mim. “Bem, vamos todos esperar que a sua vida não seja assim tão ruim, certo?”.
“Er, é”, eu sorri fracamente, tentando não suar feito uma louca, quando James começou a andar do meu lado. Havia um clima muito estranho entre a gente, enquanto nós andávamos – ou, pelo menos, havia um clima muito estranho pra mim. James parecia estar bastante confortável com a situação, saltitando pelo corredor como ele estava. Tentando desesperadamente acalmar a tensão que corria por todo o meu corpo, eu rapidamente perguntei, “Onde você estava essa manhã? Na aula de feitiços, quero dizer?”.
“No escritório da McGonagall”, James explicou casualmente. “Um dos nossos batedores se machucou essa manhã, e ela ficou um pouquinho nervosa. Ele piscou em um bacon no chão do Salão Principal e acabou caindo e machucando o pulso. Madame Pomfrey disse que ele vai ficar amanhã, mas McGonagall parece não pensar a mesma coisa. Ela me prendeu no escritório dela por uma hora, me perguntando se os batedores de reserva eram bons o suficiente. Eu acho que ela quer a taça ainda mais este ano. Principalmente, depois do que aconteceu com a Lufa-Lufa no ano passado”.
“O que aconteceu com a Lufa-Lufa no ano passado?”.
James parou de andar. “O que você quer dizer com ‘o que aconteceu’? Você não sabe?”.
Eu neguei com a cabeça e dei de ombros. “Eu, er, eu não acompanho muito Quadribol”.
James pareceu horrorizado. “Por quê?”.
Eu lutei com as minhas palavras de novo. “Porque, ah, é, er...simplesmente...não dá certo comigo”.
James parou de andar de novo.
“Você não gosta de Quadribol?”.
O olhar com o qual ele me olhou era um de total espanto. É como seu eu tivesse acabado de contar pra ele que eu não gostava de sorvete ou de Natal. Eu fui pega no flagra. Fui totalmente pega no flagra. Será que ele não conseguiria gostar de uma menina que não gostasse de Quadribol? Será que ele ia parar? Ou será que ele nem tinha começado?
“Bem, é – quero dizer, não! Quero dizer...eu não sei. É ...”.
“Maravilhoso?”.
“Não – “.
“Emocionante?”.
“Não exatamente – “.
“O melhor jogo que já foi criado?”.
“Bem, eu ia dizer ‘confuso’, mas eu acho que você não...”.
“Confuso?”, James me olhou com uma expressão muito estranha. “Não é confuso”.
Eu revirei os olhos. “Talvez não pra você, Sr. Capitão, mas é pra mim. Eu sou nascida trouxa. Eu não nasci já conhecendo o jogo”.
“E daí?”, James perguntou, o seu tom ainda indicando a sua surpresa. “Não é um conceito muito difícil de entender. Tem os batedores, os atacantes, o apanhador e o – “.
“Garfos, colheres, facas e pratos”, eu terminei sarcasticamente, revirando os meus olhos de novo. “Você está falando alemão comigo, James. É muito complicado. No jogo, tem um monte de gente fazendo um monte de coisas diferentes – “.
“Sete! São sete pessoas!”.
“ – e tem milhares de bolas voando por todo o lado – qual você deve acompanhar? Alguém realmente sabe?”.
“Bem, geralmente as pessoas acompanham a goles – “.
“Então, pra que servem as outras bolas? Por que elas estão ali?”.
“Para os batedores e o apanhador. O apanhador procura pelo pomo para que o jogo acabe e os batedores acertam o – “.
“Vê? Isso pra aquilo...aquilo pra isso...os jogos deveriam ter um conceito geral, não 730! E, então, tem os pênaltis – ai, os pênaltis!”.
James gemeu. “Agora você tem alguma coisa contra os pênaltis?”.
Eu ignorei a reclamação dele e continuei a falar. “A cada segundo o apito soa por causa de alguma coisa. É uma grande dor de cabeça. Sério. E, então, tem a torcida – pra quem o povo fica gritando? Para a pessoa com a bolinha? Ou para as pessoas com as bolas rápidas? Ou para as pessoas atirando as bolas? Como é que dá pra gente saber a diferença? E o placar também é totalmente maluco. Por que alguém ganha 150 pontos por pegar uma bola? Como isso pode ser justo? Todas as outras pessoas estão se esforçando muito mais do que essa única pessoa que pega uma bolinha, mas ela fica com todo o crédito e com todos os pontos? Isso é ridículo!”.
Quando eu parei de falar e me virei para avaliar a reação de James, ele permaneceu calado do meu lado, piscando os olhos. “Uau”. Ele piscou de novo. “Eu acho que é um pouquinho mais complicado do que eu pensava”.
Eu cruzei os meus braços de forma convencida, quando nós finalmente chegamos na sala de Transfiguração. “Não disse? E você me olhou como se eu fosse uma louca”.
“Mas você é louca. Até você diz isso”.
“O quê? Ei, eu não – “.
Tudo bem, eu sou louca. Publicamente e particularmente. Mas mesmo assim.
Eu olhei pra James brava. “O que aconteceu com a coisa toda de me insultar?”.
James sorriu. “Isso foi só por uma noite, sua boba. Você não pode esperar que eu te dê um descanso pra sempre, né?”.
“Seria muito bom”, eu respondi sem rodeios.
James sorriu de forma atrevida, seus olhos brilhando atrás de seus óculos. “Mas você fica tão linda quando você fica toda vermelha de vergonha, Evans. Você me negaria paisagem tão bonita?”.
Minha cabeça se ergueu em choque. Ai, Merlin. Ele estava brincando? Ele estava falando sério? Será que isso era a base para seu próximo comentário, ‘Eu sou louco por você’, ou mais uma de suas ironias implicantes? Meu coração bateu forte em meu peito quando James começou a rir.
“Viu?”, ele disse. “Muito linda”.
Eu podia ter morrido bem ali, naquela hora. Como uma garota deveria responder a uma coisa dessas? Com um sorriso? Com um empurrão? Será que eu iria quebrar seu pobre coração se eu dissesse alguma coisa errada? Será que eu iria dar falsas esperanças a ele?
“Turma, todo mundo para dentro! Todo mundo em seus lugares! Potter, Evans vão para os seus lugares”.
Eu quase me derreti de tanto alívio. Nunca fiquei tão contente por McGonagall mandar eu ir para o meu lugar. Eu sorri uma última vez para James e corri para o meu lugar ao lado de Grace. De alguma forma, ela conseguiu chegar na sala antes de mim.
“Você está bem, Lily? Você está toda vermelha”.
Eu não a respondi. Só a olhei furiosamente.
Afinal de contas, tudo isso era culpa dela.
Observação #89) Quando você suspeita que um garoto tem sentimentos românticos por você, como ele teve alguns anos antes, a conversa é um perigo. Conseqüências desastrosas podem vir a ocorrer.
Observação #90) Quando você suspeita que um garoto tem sentimentos românticos por você como ele teve alguns anos antes, não comece a discutir sobre quadribol com ele. Isso pode te deixar corada. E corar é um inimigo ainda pior do que era antes.
Observação #91) Eu realmente fico linda quando eu fico vermelha?
Ainda mais tarde, Herbologia
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 91
Eu tentei parar de pensar nisso durante as aulas de Transfiguração e Herbologia, mas não consegui. Eu tentei me concentrar na McGonagall e na imensa dificuldade que é Transfiguração, mas eu não consegui. Eu tentei ouvir, enquanto a Professora Spout plantava a sua planta corretamente mas, mais uma vez, eu encontrei meus pensamentos se perdendo. Quero dizer, lá estava ele, sentado a alguns assentos de mim, fingindo prestar atenção como eu, e possivelmente considerando os tipos de filhos que nós vamos ter algum dia.
Como alguém esperaria que eu me concentrasse, quando ele poderia estar combinando mentalmente o meu cabelo vermelho aos seus olhos e seu biótipo? COMO?!
Eu sou idiota. Eu estou sendo ridícula. Eu sei que está tudo na minha cabeça, mas eu não consigo evitar. Ele era novo e fácil de impressionar quando ele gostava de mim. E agora...ele poderia ter qualquer uma. Qualquer uma da escola inteira. Ele não me escolheria. Principalmente depois de testemunhar o meu pior. O que aconteceu inúmeras vezes. Quero dizer, provavelmente ele nem mesmo gosta de mim. Ele provavelmente só disse que nós seríamos amigos porque ele tinha pena de mim por ter perdido alguns amigos recentemente. Todas essas coisas gentis que ele têm feito é tudo por pena. Amanhã de manhã ele vai sair com a Saunders de novo e tudo isso nem vai mais ser importante. Grace está totalmente errada. Muito errada.
Ai, minha cabeça dói.
Eu vou me esconder na biblioteca.
Ainda mais tarde, Biblioteca
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 94
“Ei, Lily! Ei!”.
Eu pulei e deixei cair a minha pena em cima da mesa, manchando a minha tarefa de Adivinhação com tinta. Minha cabeça se virou na direção da seção de história que estava na minha frente. Através das filas de prateleiras de livros, um rosto familiar caminhou em minha direção.
“Amos!”, eu tentei evitar que minha voz saísse tremida. “O que você está fazendo aqui?”.
Amos sorriu, enquanto ele puxava uma cadeira para se sentar. Meu coração batia loucamente no meu peito. Merlin, ele é bonito.
“Eu estava te procurando”, ele me disse.
Eu estava te procurando.
Limpe a seção três. Lily acabou de se derreter por todo o chão.
“Procurando por – quero dizer, que...bom. Er, alguma razão em particular?”.
Para que eu pudesse confessar o meu amor eterno e imortal por você. Por favor, case comigo e seja mãe de meus filhos. Por favor, me deixe fazer amor selvagem com você nessa velha e feia biblioteca.
“É sobre a tarefa de Runas Antigas”.
Ah. Runas.
Não exatamente o que eu estava esperando, amor. Não poderia ser o que eu estava pensando?
“Sim, claro”, eu sorri pra ele, sacudindo minha cabeça em uma terrível tentativa de acabar com os meus pensamentos. Eu simplesmente não posso conduzir uma conversa séria, quando imagens de mim e de Amos nos agarrando como coelhos na biblioteca ficam flutuando livremente na minha mente. Eu não consigo. Respirando fundo, eu lutei para que minhas bochechas não ficassem vermelhas (o que, por sinal, estava quase acontencendo). “O que tem o projeto?”.
“Bem, nós temos que entregar em breve, sabe”, Amos continuou, seu lindo sorriso dificultando que aquelas imagens indecentes saíssem da minha cabeça, “ e nós fizemos quase tudo já, mas eu estava pensando que a gente podia terminá-lo. Quarta-feira, antes da sua aula particular, como a gente fez semana passada. Se você puder, claro”.
Ele olhou para mim de forma questionadora. Eu concordei com a cabeça automaticamente, já que minha boca estava seca e dificultava que eu falasse.
“Uh, é”, eu tossi. “Claro. Está...está ótimo”.
Merlin, eu parecia uma idiota.
Amos acenou com a cabeça também. “Bem, ótimo. É um encontro, então. Que tal se a gente começar as seis e meia dessa vez? Seria bom para que nós organizássemos a nossa apresentação”.
É um encontro, então.
Aaaaahhhh.
Eu simplesmente continuei a concordar com a cabeça como uma imbecil. “Seis e meia”, eu repeti tolamente.
Amos continuou a sorrir, educado demais para comentar sobre a minha completa idiotice. Ele passou a mão pelo cabelo, antes de puxar a cadeira e se levantar. “Mal posso esperar”.
Se tivesse sobrado alguma parte de mim para derreter, estaria queimada agora.
“Até mais”.
Eu acenei ridiculamente. “Tchau, Amos”.
E então, eu observei Amos e sua bunda perfeita desaparecerem entre as seções de história e feitiços.
Ainda mais tarde, ainda na biblioteca
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 94
.TÃ.
Eu não consigo acreditar que eu AGI daquela forma! O que Amos deve estar pensando de mim agora? Eu vou te dizer:
ELE ACHA QUE EU SOU UMA IDIOTA! É ISSO O QUE ELE PENSA!!
Quero dizer, eu não poderia ter sido falado um pouquinho mais? “Er, claro”, “Uh, pe”, “Seis e meia”. Parecia que eu estava bêbada ou algo assim! Ughhhhh!!
O que aconteceu com a minha elegância? Onde os comentários inteligentes e brilhantes foram parar? Onde a paquera foi parar? Eles desapareceram assim tão rápido? Bem, EU QUERO ELES DE VOLTA.
E ele deu tantas indiretas. Quandon um garoto diz que ele ‘mal pode esperar’ para te ver, você não pode simplesmente ficar sentada lá e CONCORDAR COM A CABEÇA. Você faz ALGUMA COISA. QUALQUER COISA. Até mesmo um simples, ‘é, eu também’ seria bom! Mas não, eu simplesmente fiquei SENTADA LÁ como uma idiota, mexendo a cabeça como a doida que eu sou. Eu não acredito eu –
“Lily Evans!”.
O quê?
Ai, merda.
Eu me esqueci dela.
Tenho que sair daqui rapidamente antes que ela me encontre.
Ainda mais tarde, ainda na biblioteca
Lily Observadora: Décimo Quarto Dia
Observações Totais: 92
Aparentemente, eu sou tão talentosa em arrancadas quanto em falar com meu futuro marido e transfigurar coisas complicadas. Eu fui alcançada antes que eu estivesse na metade do corredor.
“LILY EVANS! Pode parar agora, sua mentirosa de uma figa!”.
Eu me encolhi e parei onde eu estava. Lentamente eu me virei para encarar a pessoa nervosa que estava gritando atrás de mim. Eu forcei um sorriso em meu rosto.
“Ah! Oi, June! Tudo bem?”.
Não consegui enganar June. A quintanista de rosto vermelho quase me agrediu, seus punhos fechados.
“Não venha com essa pra cima de mim, Evans! Tá curtindo uma com a minha cara? Por que você mudou o calendário? Você disse que trocaria comigo!”.
Eu nem mesmo vou fingir que eu não estava intimidada com a muito vermelha e muito nervosa June Mackey. Ela era assustadora, franca e simples. Ela provavelmente poderia ter me comido se ela quisesse. Ela poderia ter me derrubado no chão e ter me quebrado inteirinha, osso por osso. Poderia ter ficado feio. Foi por isso que eu tentei permanecer o mais calma e mais madura que eu podia.
“Agora, ouça, June, você entendeu tudo errado”. O que foi o que realmente tinha acontecido. Mais ou menos. “Não fui eu que troquei as datas”. O que era verdade. “Foi o garoto amável, que por acaso é seu primo”. O que também era verdade.
June pareceu não compreender o que eu estava dizendo. Ela cerrou os dentes e rosnou, “Foi quem?”.
Eu suspirei dramaticamente. “Foi Amos e James”, eu repeti.
“Ah, por favor!”, June cuspiu, e me olhou muito furisoa. “Como seu eu fosse acreditar nisso, sua traidora!”.
“Mas eu estou falando a verdade!”, eu exclamei, cruzando os braços. “Diferente de outras pessoas”.
June estreitou os olhos. “Você está insinuando alguma coisa, Evans?”.
Eu olhei furiosa pra ela. “na verdade, Mackey, eu estou sim!”, minha confiança cresceu um pouquinho e eu dei alguns passos em direção a June. “Não foi você que me disse – ah, o que foi mesmo...’ele quer tanto quanto eu’? Foi isso?”.
June se encolheu ao ouvir minhas palavras. Eu sorri de forma triunfante. Eu encurralei a idiota.
Eu dei mais alguns passos em sua direção, mantendo o meu tom casual, enquanto eu continuava, “Porque eu acabei falando com o meu amigo James uma noite dessas, e ele não estava – como eu posso dizer isso de forma educada? – satisfeito com essa troca nas rondas. Nem um pouquinho satisfeito”. Eu ergui uma sobrancelha, olhando June com uma elegância que eu pensei que eu nunca teria mais. “Gostou disso, hum?”.
June deixou escapar um som abafado de descrença enquanto ela permanecia ali, boquiaberta feito um peixe, tentando revidar. Mas ela não acharia nenhuma, eu sabia. Não havia nenhuma. Eu tinha usado o meu imenso conhecimento e minha completa elegância e agora eu a tinha encurralado. Eu tinha ganhado dela usando sua própria tática.
E isso foi genial.
“O quê? Não tem mais nada a dizer, Mackey?”.
Tudo bem, agora eu estava sendo um pouquinho malvada. Mas ela merecia!
June espumou indignada, seu rosto ainda mais vermelho do que antes. Eu acho que ela estava um pouquinho indignada comigo naquela hora.
“Eu...eu...argh!”.
E com mais um som alto e irritante, June se virou e saiu pelo corredor, gritando, “Você vai se arrepender, Lily Evans!”, enquanto ela virava para ir pra outro corredor.
Talvez eu me arrependa mas, por enquanto, eu acho que eu vou voltar para o dormitório para comemorar a minha maravilhoso elegância.
Um minuto depois, no corredor
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 95
Ai, merda.
Pra qual dormitório eu vou?
Droga, droga, droga, droga, droga...
Um segundo depois, no corredor
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 95
Espera um segundo.
A única razão para eu não ir para o meu dormitório seria por causa...
Ai, Merlin.
Onde Emma esteve o dia todo?
Tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Décimo Quarto dia
Observações Totais: 96
Quando eu entrei no dormitório (das meninas, não o dos meninos que, por sinal, era falso), Grace era a única que estava lá, sentada em sua cama, terminando sua tarefa de Feitiços.
Eu: Grace, cadê a Emma?
Grace: Merlin, Lily! Não me assuste desse jeito! Eu quase morri do coração!
Eu: Er, desculpa.
Grace: Tudo bem. Mas, o que você estava falando mesmo?
Eu: Emma. Onde ela está?
Grace: O que você quer dizer com ‘onde ela está’? Ela ainda está na ala hospitalar. A não ser que Pomfrey, a Nazista, tenha liberado ela. A nazista deixou ela sair?
Eu: Na ala hospitalar? Por que ela está lá?
Grace: Por causa da gripe, sua idiota. Eu já te disse isso.
Eu: Não, você não disse!
Grace: Sim, eu...ah, espera. Talvez não tenha sido você pra que...
Eu: Você acha?
Grace: Sim, isso foi...foi mal, Lil. Ela está desde ontem à noite. Ela estava tossindo e totalmente acabada quando eu voltei ontem, depois de te ver. Parece que ela está com gripe! Pomfrey disse que ela deve sair na quinta-feira.
Eu: Quinta-feira?
Grace: É. Mas você pode ir falar com ela na ala hospitalar. Apenas diga a Nazista que é algum assunto urgente da monitoria.
Eu: Eu não quero falar com ela.
Grace: Então, por que você estava me pergundo onde ela estava?
Eu: Porque eu não sabia.
Grace: Você quer dizer que você só percebeu agora que ela não estava nas aulas.
Eu: Er...bem...
Grace: James sumiu por uma hora e você começou a hiperventilar, mas Emma sumiu por um dia inteiro e você nem percebeu?
Eu: Bem, não é como se a gente tivesse exatamente se falando agora –
Grace: Mas você não estava pensando nela? Você não estava preocupada com ela, assim como você sempre se preocupa com tudo?
Eu: Bem, Graças a você, eu tinha outras coisas com as quais me preocupar durante o dia!
Grace: Eu? O que eu fiz?
Eu: ‘Tudo que eu estou dizendo é que é uma possibilidade, Lily’. Isso te lembra alguma coisa?
Grace: Ah. Certo. Isso.
Eu: É.Isso.
Grace: não tinha a intenção de te deixar preocupada.
.Eu: Bem, mas você me deixou. E eu me esqueci de Emma completamente por causa disso.
Grace: Isso é tão ruim assim? Quero dizer, como você disse, vocês duas não estão se falando agora. E se você tivesse percebido que ela tinha sumido, você teria se estressado ainda mais. Então, talvez eu tenha feito um favor?
Eu: ...
Grace: Viu? Agora, me agradeça.
Eu: Não.
Grace: Ótimo. Então, pelo menos, me ajude com essa tarefa de Feitiços. O que diabos uma flecha tem a ver com o Feitiço Guiador...?
Muito, muito, muito tarde, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Décimo quarto dia
Observações Totais: 96
Será que eu sou uma amiga ruim?
Quero dizer, eu sei que nós não estamos exatamente nos falando e tudo mais, mas mesmo assim eu deveria ter percebido que ela tinha sumido. Ela é minha melhor amiga – ou era, de qualquer forma. Eu não tenho muita certeza se nós ainda somos – e melhores amigas deveriam notar quando sua outra amiga está sumida. Mesmo quando elas estão completamente distraídas pelo fato de que o seu novo amigo está, possivelmente, apaixonado por elas. Isso não é desculpa. Eu, ainda assim, deveria ter notado.
Será que é errado eu ainda estar com raiva dela? Ela está lá, sozinha e doente, mas toda vez que eu tento pensar nela, eu começo a ver tudo vermelho. Será que eu não deveria estar com raiva? E se a gripe dela piora e ela fica a beira da morte, e eu ainda estou com raiva dela? E SE ELA MORRER E EU AINDA ESTIVER COM RAIVA DELA? ENTÃO, O QUE ACONTECE?
Eu odeio ficar com raiva das pessoas. Eu odeio quase tanto quando as pessoas estão com raiva de mim.
Mas eu estou tentando superar tudo isso. Eu estou tentando não ficar nervosa toda vez que eu ouço o nome de Emma ou a palavra ‘piranha’. Mas como eu posso esquecer que minha MELHOR AMIGA pensou que eu estava, de forma vingativa, roubando o namorado ela? Quero dizer, existe um Código das Melhores Amigas, e essa suposição quebra totalmente todas as regras do livro. E, eu sendo como eu sou (uma pessoa que sempre cumpre as regras), eu não posso simplesmente esquecer toda essa história. Eu não consigo. Porque ela me magoou. Me magoou muito.
E talvez tenha sido simplesmente por causa de ciúmes e por causa do choque de Mac costumava gostar de mim (e o que foi AQUILO, por sinal? Eu já desabafei aqui sobre isso propriamente? Porque isso não foi nada legal. Mac me trata mal. Você não deveria tratar mal uma garota que você costumava gostar. Principalmente, quando essa garota não tinha a mínima idéia de que você gostava dela – ou não tinha a mínima idéia de quem você era, pra falar a verdade. Você deveria ter avisado essa garota, para que ela pudesse ser legal com você e explicar, gentilmente, que ela já prometeu a sua mão para um outro alguém – leia Amos Diggory – portanto, uma paquera entre os dois não seria possível. Você deveria realmente dar uma chance para a garota para que ela pudesse te explicar essas coisas, antes que você arruinasse a amizade dela. Isso não foi nada legal também. Ele arruinando a minha amizade, quero dizer. A culpa dessa coisa toda é do Sr. Fulton. Se ele, pelo menos, tivesse mantido a boca fechada sobre essa história toda de gostar de mim, ele teria nos salvado desse desgosto. Que idiota)...
Espera. Eu esqueci do que eu estava falando.
Ah, claro. Ciúmes.
Então, de qualquer forma, Emma estava em choque, ou algo assim. Ela ficou tão impressionada com o fato de que Mac tinha gostado de mim (afinal de contas, que não ficaria?) que isso acabou prejudicando o seu julgamento e ela acabou chegando em conclusões erradas. Quero dizer, ela obviamente pensa que Mac é genial, então talvez ela simplesmente pensou que todo mundo pensava o mesmo. Apesar da gente não pensar. Pelo menos, eu não. Eu acho ele uma bosta. Mas Emma não acha. Então, foi daí que veio todo o seu ciúme e sua conclusão precipitada.
Mas mesmo assim...
Ai, merda. Eu estou cansada de tentar achar desculpas ora ela. Se ela quiser explicar e pedir desculpas (o que é melhor ela fazer, ou eu nunca mais vou falar com ela), ela pode me encontrar na quinta-feira, quando ela sair da ala hospitalar. Eu devo estar melhor até lá. Caso contrário, eu vou dispensá-la e dizer que ela pode se explicar e pedir desculpas na sexta. Ou no sábado. Ou...no dia que eu não estiver mais com raiva dela. Aí, nós podemos conversar.
Ok. Hora de dormir.
Terça-feira, 30 de setembro, café da manhã no Salão Principal
Lily Observadora: Décimo quinto dia
Observações Totais: 96
“Vamos lá, Lily. Apenas coma. Você gosta”.
Ugh. Ele tá brincando comigo, certo? Eu estou tentando comer o meu CAFÉ DA MANHÃ aqui. É cedo demais para que eu bata nele e recuse o seu ovo. Eu não me importo se eu estou partindo o seu coração por causa dos meus gritos. Em primeiro lugar, é culpa dele que ele tenha começado a gostar de mim de novo. É cedo demais pra isso.
“James, pare de sacudir o seu maldito garfo na minha cara! Eu não vou comer os seus ovos idiotas de novo!”, eu olhei pra ele severa e duramente.
Ele parou por um momento...e depois continuou sacudindo.
“PARE!”.
“Bem, se você simplesmente os comesse –“.
“Eu não vou comer – “.
“Dá pra vocês dois, por favor, pararem com isso? Eu estou tentando ler o jornal!”.
James parou de sacudir o seu garfo. Eu parei de gritar. Marley suspirou em alívio e virou uma das páginas de O Profeta.
“Obrigada, Merlin. Você dois são tão barulhentos de manhã”.
É, bem, eu não teria que ser barulhenta se James guardasse os seus malditos ovos vermelhos só pra ele. Ele que começou. Eu disse isso a Marley.
“Pare de ser irritante”, Marley disse pro James. “Deixe Lily comer o que ela quer comer”.
Eu olhei pra ele satisfeita. Ele começou a sacudir o seu garfo de novo.
“Mantenha esse negócio longe de mim, James Potter, ou eu juro que eu vou – “.
“Vai o quê? Jogar os seus waffles idiotas e sem graça em mim?”.
“Na verdade – “.
“Ugh! Pare!”.
Coitada da Marley. Essa manhã não será nada boa pra ela.
Mais tarde, Runas Antigas
Lily Observadora: Décimo quinto dia
Observações Totais: 97
Mais cartas escritas por Lily Evans para Amos Diggory durante a aula de Runas Antigas que ela nunca irá mandar, mas gosta de escrever mesmo assim, já que ela não tem nada melhor pra fazer
Querido Amos,
Oi. Sou eu. Sua futura esposa. Aquela que você mal pode esperar para se encontrar na quarta a noite antes das aulas particulares dela. Sim, essa futura esposa.
Essa aula está tão chata ultimamente. A única diversão que eu tenho é ficar observando as tentativas da Hiena Humana para passar bilhetinhos de amor para Penny O’Jene. Ele está, obviamente, com segundas intenções depois da catástrofe da calcinha rosa. Penny está fingindo ignorar os bilhetes, mas ela os pega furtivamente quando Hiena não está olhando. Ela só está implicando. Eu até me sinto mal pela Hiena. Talvez eu diga a ele que Penny está se fazendo de difícil? Não. Se não, eu não vou ter mais nada para me distrair!
Já te disse como você está atraente hoje? Não que você não esteja encantador todos os dias, mas hoje você está com o tipo diferente de encanto. Você passou as suas vestes ou algo assim? Eu poderia fazer isso pra você. Se a gente se casar, quero dizer. O que vai acontecer. Assim que você achar o anel adequado.
Com amor,
Lily
Querido Atraente e Encantador,
Talvez seja o cabelo? É isso que está diferente? Hum. Bem, qualquer que seja o que está diferente, eu gosto.
Examinadora da sua aparência,
L.
Querido Futuro Marido,
Eu queria que você ainda estivesse se sentando do meu lado. Eu não me importaria em escrever com a mão esquerda para que nós, acidentalmente, esbarrássemos os nossos braços. Sério. Eu sempre quis ser ambidestra mesmo. Isso seria uma boa prática.
Espera, o que você está fazendo? Por que você está falando com aquela piranha? Eu não acabei de te dizer que Penny está se fazendo de difícil com o Garoto Hiena? Ela está USANDO você, amor. Ela está tentando deixar o Hiena com CIÚMES. E, por sinal, está dando certo, porque a Hiena Humana acabou de quebrar no meio a sua pena, só de olhar pra vocês dois. Mas você também está ME deixando com ciúmes. Então, pare, ok?
A próposito...se você tiver uma oportunidade, você pode me passar a resposta da questão oito? Eu estou ocupada demais com o ciúme para que eu possa me concentrar adequadamente.
Ciumenta e sem Concentração,
Futura Esposa
Querido Garoto Bonito Que Ainda Está Me Deixando com Ciúmes,
Ciúme é uma faca de dois gumes, sabe. Eu poderia te deixar com ciúmes se eu quisesse. Sério. Então, pare de conversar com a Penny.
Pra Sempre Sua,
Ainda Com Ciúmes
Querido garoto Encantador que Está Começando a Me Irritar com esse seu papo,
Quer saber de uma coisa, amor? Você conhece o James Potter? O maravilhosamente bonito da Grifinória, capitão do time de quadribol, um dos melhores da turma, maroto divertido? É, ele. Bem, ELE gosta de mim. É, é isso mesmo.
Então, aguenta essa, Garoto Paquerador.
Sua amada um pouquinho nervosa
Querido Garoto Maravilhoso que finalmente acabou de conversar,
Tudo bem, então, essa última foi mentira. Há apenas uma possibilidade dele gostar de mim. James Potter, quero dizer. E Grace é a única que acredita nisso, então...Eu certamente não concordo com ela. James e eu somos apenas amigos. Ele costumava gostar de mim (você sabia disso? Eu não sabia), mas isso foi há eras e eras atrás. Então, você não precisa se preocupar com ele. Eu acho. Eu espero.
Mas não ia fazer diferença se ele realmente gostasse de mim, porque eu não gosto dele. Ele é só meu amigo. Quero dizer, ele é bonito e tudo mais, e engraçado também, mas você também. Além disso, ele me força a comer ovos com ketchup. Eu não posso gostar de alguém que faz isso. Mesmo quando foi um pouquinho engraçado, quando ele estava sacudindo o seu garfo e alguns dos ovos com ketchup caíram e foram parar na sua calça...aí ele ficou com uma mancha vermelha bem perto de seu –
É. Deixa pra lá...
Você não tem nada com o que se preocupar. Nada mesmo. Eu só estava tentando te deixar com ciúmes. Porque eu estava com ciúmes. Mas você parou de falar com a Penny, então, tá tudo certo agora.
Ah...A propósito...esqueça a questão número oito. Depois que eu parei de sentir ciúmes, a tradução ficou bem fácil. Eu só não estava me concentrando adequadamente.
Até a próxima
Sua por completo.
Ainda mais tarde, Defesa Contra as Artes das Treva
Lily Observadora: Décimo Quinto Dia
Observações Totais: 97
Mas ele não gosta, certo? – LE
O quê? Ele, quem? – GR
James. Ele não gosta de mim, certo?
De novo você com isso, Lily?
Não, é só que eu estava na aula de Runas Antigas e eu percebi que seria muito complicado. Se ele gostasse de mim, quero dizer. Então, eu acho que ele não deveria.
Tudo bem, então. Eu vou dizer isso a ele.
NÃO!, Não DIGA isso a ELE!!
Bem, então, o que exatamente você quer que eu faça, Lily?
Nada. Eu só quero que você me diga que ele não gosta de mim.
Tudo bem. Ele não gosta de você.
Você tem certeza?
Tenho.
Grace, isso é sério!
Não, não é, Lily. Você está exagerando. Seria assim tão ruim se James realmente gostasse de você?
Sim!
Por quê?
Porque seria estranho! Nós deveríamos ser amigos! Eu não saberia como agir se ele gostasse de mim. Tudo que ele fizesse, e tudo o que eu fizesse...seria muito complicado. Arruinaria tudo.
Bem, eu acho que você tem razão...
Viu?
...a não ser que você também gostasse dele...
O QUÊ!?
Bom, isso resolveria o problema, certo?
Eu nem mesmo vou responder isso, Grace Reynolds!
Foi só uma sugestão. Para descomplicar as coisas e tudo mais.
Bem, mas não foi uma muito ba! Você esqueceu completamente do Amos? O FUTURO PAI DOS MEUS FUTUROS FILHOS DE CABELOS CASTANHOS-CLARO, DE OLHOS VERDES, GRIFINÓRIOS E LUFA-LUFA?
Mas e se não funcionar com Amos e, er, seus filhos.
Vai funcionar.
Então, por que a gente está discutindo isso? Se você se casar com Amos, os sentimentos HIPOTÉTICOS de James não farão diferença.
Certo. Verdade.
Exatamente.
...
Grace?
Sim?
Eu não quero magoar o James.
Você não vai.
Ok. Bom.
Mais tarde, Jantar no Salão Principal
Lily Observadora: Décimo quinto dia
Observações Totais: 97
Por que eu tinha que começar isso de novo? Eu estava perfeitamente bem com isso a manhã inteira, brigando com ele por causa de ovos e ketchup. Agora, eu nem mesmo consigo olhar pra ele. Apesar dele estar tentando falar comigo.
“Lily? Você pode passar o sal?”.
Eu passei, mas não olhei pra ele.
“Você já começou o seu dever de Transfiguração?”.
Eu sacudi minha cabeça, e de novo, não olhei pra ele.
“Precisa de ajuda?”.
Eu dei de ombros, meus olhos ainda fixos no prato.
Ele está certo. Eu sou uma idiota. Eu sou a idiota mais idiota e egoísta que existe no mundo. Eu provavelmente estou fazendo esse estardalhaço todo por nada. Isso não sai da minha cabeça. NÃO TEM COMO JAMES POTTER AINDA GOSTAR DE MIM. Não tem. Então, eu tenho que parar. Eu tenho que falar com ele. Eu tenho.
Ai, dane-se. Eu vou me esconder na biblioteca.
Ainda mais tarde, Biblioteca
Lily Observadora: Décimo quinto dia
Observações Totais: 100
Observação #98) Eu sou uma covarde. Eu tenho que parar de correr e me esconder na biblioteca, caso contrário as pessoas vão começar a pensar que eu moro aqui ou algo assim.
Observação #99) Eu sou idiota. Que tipo de idiota é esse que tem que evitar o seu PROFESSOR PARTICULAR? Eu não entendo nada dessas tolices de Transfiguração. É como tentar conversar comigo sobre quadribol. As palavras estão todas lá, eu sei que estão, mas é como se a sua boca estivesse se mexendo mas não estivesse saindo nenhum som. É como se você nem estivesse falando, na verdade.
Observação #100) EBA! 100 OBSERVAÇÕES! Mas a pior e triste parte é que eu acho que eu continuo sem perceber nada...como antes. Mas, talvez, quando eu chegar no 200...
Mais tarde, Dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Décimo quinto dia
Observações Totais: 100
Você sabe que a coisa está feia, quando as pessoas ficam te procurando na biblioteca. Você sabe que a coisa está ainda mais feia, quando as pessoas que estão te procurando na biblioteca estão lá por causa de algum tipo de confronto. Então, eu acho que não estou em uma situação muito boa.
“Uh...er...hum...”.
Eu ignorei a gagueira que estava vindo atrás de mim, e tentei me concentrar e achar algum sentido na tarefa de Transfiguração que estava na minha frente.
Cite as diferenças entre um animal de verdade...
“Er, Li – hum...”.
...e os animagos. Use referências do Livro texto p. 632-639 e qualquer outro tipo de fonte de pesquisa...
“Ah-hem! Er... AH-HEM...”.
...Cite todas as fontes utilizadas, incluindo títulos, autores e os números das páginas –
“Lily?”.
Minha cabeça se virou para tentar reconhecer a voz não conhecida, mas com um nome familiar. Eu quase pulei quando vi de quem era voz não conhecida. Surpresa, eu encarei o intruso silenciosamente.
Isso era uma piada. Tinha que ser uma piada.
Lá, em pé, seu corpo inquieto, e seu olhar incerto enquanto ele me observava, estava parado Sr. Fulton MacDonough.
É. Mac.
“Er...”. Ele continuou a se mover desconfortavelmente. “Nós podemos, er, conversar?”.
Conversar? Nós dois? Ele está brincando, certo?
“Olha, Mac”, eu comecei, sem me importar em esconder o desgosto em minha voz. “Eu tenho certeza que você não vai achar tão difícil de acreditar quando eu disser não”.
“Você está certa”, ele respondeu, mas andou mais um passo em direção a minha mesa. “Eu não pensei que você concordaria, mas é importante”.
Eu lhe olhei com desprezo. “Com todo o respeito”, eu disse sem rodeios, “Eu não tô nem aí”.
Mac concordou com a cabeça, como se estivesse esperando isso de mim.E ele deveria mesmo. Ter esperado isso de mim, quero dizer. Nós dois sabemos que nós não nos gostamos muito. Com quem ele pensava que estava lidando, vindo aqui e tentando ‘conversar comigo’? O que eu poderia falar com ele?”.
Mas Mac aparentemente tinha um motivo, e ele não iria desistir assim tão fácil.
“Olha”, ele andou pra ainda mais perto de onde eu estava sentada, falando baixo para que Madame Pince não o expulsasse. “Eu sei...eu sei que você não gosta muito de mim. E você sabe que eu não sou exatamente...muito fá de você também”.
Mas ele tinha sido. Ele tinha sido um super fã há dois anos atrás. O que, por sinal, é a causa dessa situação desagradável. Idiota desgraçado.
“Mas nós temos algo em comum”. Ele me olhou cautelosamente. “Emmeline”.
“Pelo contrário”, eu o corrigi. “Você tem Emma. Eu não. Não mais”.
“Ela sente muito”.
Eu dei de ombros casualmente, esperando que Mac se tocasse e fosse embora. “E eu também”.
Mac suspirou profundamente, mas ao invés de ir embora como eu estava esperando que ele fosse, ele puxou a cadeira na sua frente e se sentou. Ele suspirou de novo e gentilmente começou a massagear a sua testa com sua mão. Obviamente, ele estava mais determinado do que eu pensava.
“Me dê apenas cinco minutos, ok?”. Ele parecia desesperado. Ele estava desesperado. “Cinco minutos para defender o caso dela e depois eu te deixo em paz”.
Eu observei Mac cuidadosamente, pensando antes de falar. Não ia doer se eu ouvisse o que ele tinha pra falar, certo? Quero dizer, eu teria preferido que Emma defendesse o caso dela, mas isso parece que não vai acontecer. Mas Mac estava aqui, e por mais que eu fique tentando me livrar dele, não parece que Mac vai ir embora até que ele consiga falar o que ele quer. Então, eu não tinha outra escolha, a não ser ouvir o que o garoto tinha a dizer. Eu realmente tinha que ouvi-lo.
E não era porque eu estava interessa no que ele tinha pra dizer. Não era por causa disso mesmo.
“Tudo bem”, eu respondi curta e grossa. “Cinco minutos e nada a mais”.
Mac suspirou de novo, com alívio, e acenou com a cabeça.
“Legal. Obrigado”. Ele respirou fundo e rapidamente. Seus olhos nunca deixaram os meus. “Eu não sei muito bem o que aconteceu sexta à noite”, ele começou hesitantemente, “mas pelo que Emmeline me contou, as coisas saíram um pouquinho do controle quando ela foi te pedir desculpas”.
Pedindo desculpas? Era isso que ela estava fazendo na noite passada?
“Eu não sei exatamente do que foi falado e nem do tamanho do estrago, e eu não vou fingir que sei, mas o que eu sei é que Emmeline está muito mal. Eu sei que ela sente muito por tudo o que ela disse ou fez”. Ele suspirou profundamente. “E eu sei que foi minha culpa se ela te magoou”.
Minhas sobrancelhas se ergueram. “Sua culpa?”, eu perguntei. “E como você sabe disso?”.
Mac sorriu estranhamente. “Na verdade, foi o seu namorado Potter que disse”.
“James não é ‘meu namorado’”, eu respondi automaticamente, as palavras de Mac me fazendo lembrar de uma coisa que não saia da minha cabeça. “Ele é só meu amigo”.
“Seu amigo Potter, então”, Mac repetiu de sobrancelhas erguidas ao ouvir a minha correção curta e grossa. “Eu só queria que você soubesse que apesar do que Potter parece pensar – apesar do que você parece pensar – eu não tentei interferir entre você e Emmeline de propósito. Eu nem teria mencionado nada – “, ele ficou vermelho, “daquela coisa idiota de gostar de você se Emmeline não tivesse me pressionado”. Ele parou e se moveu um pouquinho, desconfortável. “Ela...ela queria saber porque eu parecia não gostar de você. Você é a melhor amiga dela, e ela estava sofrendo porque a gente parecia não estar se dando muito bem”. Ele abriu um pequeno sorriso, enquanto ele sacudia sua cabeça com tristeza. “Ela disse que aquilo que você disse sobre os meus sapatos serem ‘peculiares’ era, na verdade, um elogio e que você não era contra o fato de eu não comer pão. Ela disse que você só ficou um pouquinho surpresa”.
Eu tentei me segurar para não sorrir também. Então, antes dela achar que eu era uma piranha, ela tinha me defendido. Hum. Interessante.
“E, então, foi quando eu contei pra ela. Eu disse que na verdade não era você, era eu. E também as minhas lembranças ruins das reuniões de monitoria, quando você conversava com todo mundo, menos comigo – “.
“Eu fazia isso?”.
Mac concordou com a cabeça.
Oh.
Oops.
Agora eu estou me sentindo do Mac.
“E aí ela pirou de vez”, Mac continuou. “Ela pensou que já que a gente não se dava bem deveria ser porque eu ainda gostava de você – o que não era verdade, claro! Eu tentei explicar isso pra ela e pensei que ela tinha entendido, mas eu acho que não. Ela só deixou o ciúme dela sair um pouquinho de controle, eu acho. E eu...bem, eu não vou mentir pra você. Eu não exatamente a desencorajei a parar de ficar com raiva de você”.
“É”, eu disse sem rodeios, revirando os meus olhos. “Eu percebi isso quando você começou a ficar me olhando com raiva durante as refeições”.
Mac corou de novo. “Er, desculpa”.
Eu acenei com a mão mostrando que eu não me importava e percebi que eu começava a sentir um pouquinho menos de raiva e um pouquinho mais compreensiva. Eu não sabia porque, mas era isso que estava acontecendo.
“Então, é isso”, Mac terminou com mais um suspiro. “Eu só...eu e Emmeline não estamos exatamente nos falando agora, mas eu mesmo assim, senti que eu deveria...explicar. Porque ela sente muito. Muito mesmo”. Ele parou e depois disse, “E eu também”.
Eu tentei responder, mas minha garganta de repente tinha ficado seca. Eu concordei com a cabeça.
“Eu só queria ter explicado antes...bem, eu não tenho tanta certeza se Emmeline e eu vamos – “.
“Vocês vão ficar bem”, eu o interrompi, finalmente recuperando a minha voz, apesar de ter saído um pouquinho desagradável. “Emma realmente gosta de você, Mac. Ela não teria agido do jeito que agiu, se ela não gostasse”, eu abri um pequeno sorriso. “Vocês dois vão ficar bem”.
“E Emma e você?”, ele perguntou. “Também?”.
Eu parei. E depois acenei com a cabeça.
“Talvez”.
Mac também acenou, obviamente satisfeito com a minha resposta. Ele se levantou para sair. “Obrigado pelos cinco minutos”.
“Er, claro”, eu passei minha mão nervosamente pelo cabelo, e mordi os lábios levemente antes de dizer, “E...obrigada”.
“Por quê?”.
“Por explicar”.
Mac sorriu de novo. O primeiro sorriso sincero que ele já tinha me dado. “De nada”, ele disse.
E, então, se virou e saiu.
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