A Avarenta
Capítulo 7 – A Avarenta
Terça-feira, 18 de setembro, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Terceiro Dia
Observações Totais: 19
Missão Des-Santificação se provou um sucesso
É evidente que há algo seriamente errado com uma garota que está acordada no início do amanhecer.
É, é isso mesmo. Eu, Lily Evans – a garota que quase nunca está acordada antes das dez no Natal – acordou no início do amanhecer essa manhã. Eu até mesmo vi o nascer do sol – o nascer do sol! Eu nunca tinha visto, em toda a minha vida, o nascer do sol! Isso acontece, bem, cedo. Bem, muito, muito cedo. Eu não acordo cedo. E eu pensei que eu nunca iria, mas, aparentemente, agora eu acordo. Essa mudança no meu relógio interno provavelmente tem alguma coisa a ver com o fato de que eu, repentinamente, adquiri uma vida muito traumática. E é um fato mundialmente conhecido que as pessoas com vidas traumáticas sempre parecem ter casos de insônia crônica. Ou alguma coisa do tipo, de qualquer forma.
E você quer saber de uma coisa? Eu entendo bastante agora porque as pessoas acordam nessa hora insana. Talvez, elas não sejam loucas. Talvez, elas só queiram assistir o nascer do sol. Porque é muito bonito. Na verdade, apesar do desastre que se tornou a minha vida, eu realmente esqueci da minha sociedade de inimigos e meus problemas com Transfiguração por um momento. Na verdade, eu fiquei em paz pelos vinte minutos que sentei e assisti o sol nascer atrás da floresta. Então, claro, eu me virei e lá estava Emma, adormecida em sua cama, o que, mais uma vez, me lembrou do inferno que virou a minha vida.
O que é muito injusto, se você me perguntar. Eu acho que mereço pelo menos trinta minutos de paz.
Ainda cedo, dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Terceiro Dia
Observações Totais: 20
Missão Des-Santificação é suavizada
Depois de muita consideração por minha parte, e depois de alguma força útil do espelho do banheiro, eu finalmente decidi suavizar a Missão Des-Santificação um pouquinho. Não é que eu não tenha totalmente gostado e apreciado os resultados ou algo assim, é só que...eu não sei. Talvez, tenha sido coisa demais em pouco tempo? Quero dizer, durante o curso de Des-Santificação de um dia, eu:
Consegui fazer com que minha melhor amiga ficasse com raiva de mim (apesar de não saber se foi por causa da Des-Santificação ou por causa de outra coisa, eu não tenho certeza)
Falei mais palavrões do que eu já falei em toda a minha vida, e
Me fiz de idiota na frente do Potter, de novo.
Portanto, enquanto a MD-S fez sucesso em me Des-Santificar nos olhos dos meus colegas estudantes e também me fez ter a atenção da minha velha obsessão, Amos, parece que ela causou um pouquinho de confusão também.
Eu não a estou abandonando completamente, simplesmente abaixei a minha saia uma polegada e coloquei as minhas vestes. Além disso, meu cabelo voltou a seu estado normal, bagunçado e indeciso, então, eu simplesmente o prendi. Mas, eu ainda deixei um pouquinho de maquiagem e eu desabotoei o primeiro botão da minha blusa. Então, nada está completamente perdido, eu acho. Eu apenas não vou ficar falando tantos palavrões. Ou, parecendo tanto com uma piranha. No entanto, também não vou parecer uma santa.
Eu espero que essa pequena mudança em minha piranhice cause Emma a esquecer qualquer que seja o motivo que a fez ficar com raiva de mim. Talvez, ela fique tão feliz que eu não sou mais um clone da Elisabeth Saunders, que ela vai desconsiderar completamente o que quer que seja o que eu fiz e voltar ao normal. Eu espero.
É. Certo.
Como se isso fosse acontecer.
Vida longa ao carma ruim!
Mais tarde, Feitiços
Lily Observadora: Terceiro Dia
Observações Totais: 22
Missão Des-Santificação Suavizada Continua
Observação #21) Apesar de eu estar, atualmente, bem menos piranha do que ontem, e apesar de eu estar sendo totalmente e completamente legal e gentil, Emma ainda está com raiva de mim.
Sim, é verdade. Emma ainda me despreza. Pelo menos, é como ela está agindo, de qualquer forma. Ela não falou uma palavra comigo durante toda a manhã. Tudo que ela fez foi me olhar furiosamente de uma maneira muito parecida com que Marcus Hillpitt me olhava antes de eu me desculpar. No entanto, ela não teve problema nenhum em conversar com a Grace e muito menos um problema em conversar (e se agarrar, como eu, tão enjoada, tive que assistir) com Mac; quem, a propósito, também me olhou furiosamente. Mas isso não foi tão surpreendente assim já que eu estou quase certa de que o Sr. Fulton me despreza totalmente desde o momento que nos conhecemos – o que nem é justo, quando você pensa sobre isso. Quero dizer, ele nem tem uma razão lógica para isso. Eu nem estava que nem uma piranha quando nos conhecemos – então, ele nem me incomodou.
Mas você sabe o que está me incomodando? A atitude da Emma. Está me incomodando bastante. Quero dizer, antes dessas últimas semanas, eu nunca tinha visto esse lado da Emmaline Vance. Ela sempre foi uma pacifista meiguinha. Francamente, eu simplesmente não sei o que aconteceu com ela. Eu realmente fiz algo assim tão horrível? Ou é alguma outra coisa? Ou talvez, outra pessoa? Eu não duvidaria se tivesse sido Mac que a deixou assim. Eu não confio no garoto e, francamente, tem alguma coisa definitivamente estranha nele. Meus instintos de eu-vou-ser-uma-auror-brilhante começam a se manifestar quando Sr. Fulton está envolvido. Talvez, eu pule em cima dele na próxima vez que eu encontrá-lo no corredor. Hum. Algo a se considerar.
E agora, sentada aqui na aula de Feitiços, a duas carteiras longe dela, eu ainda posso sentir sua animosidade irradiando em minha direção. Isso não é uma coisa boa. Quero dizer, quando qualquer pessoa irradia alguma coisa é meio que doente e perturbador, mas quando eles estão irradiando animosidade...bem, você só pode imaginar.
Observação #22) Meu livro de Transfiguração, de alguma forma, desapareceu.
Para fazer minha manhã ficar ainda pior (não pensou que poderia piorar, né? Quero dizer, quando a melhor amiga de alguém está com raiva dela, você assumiria que o carma ruim desse alguém daria uma folga, mas você, obviamente, ignora a injustiça que o carma ruim causa na vida desse alguém), eu descobri que eu, não mais, tenho a posse do meu livro de Transfiguração. Isso, sozinho, já é ruim, mas se tornou ainda pior quando eu percebi que da última vez que eu estava com o meu livro – e a única hora que ele poderia ter se perdido – foi quando eu estava tendo “aula particular” com o James Potter. Além disso, quando eu voltei para a livraria para procurá-lo, não só o meu livro não estava lá, mas Madame Pince insistiu que ela tinha varrido a livraria ontem à noite e que nenhum livro de Transfiguração tinha sido encontrado.
O que deixa apenas uma possibilidade.
James Potter está, agora, com o meu livro de Transfiguração.
Ah, sim. Eu estou tendo uma manhã muito boa.
E não é como se eu pudesse, simplesmente, pegar o livro de volta com o garoto porque, geralmente, quando você acusa alguém de fazer parte de uma sociedade cujo principal propósito é discutir você, seus defeitos, e porque e como todo mundo pode estar com raiva de você, você simplesmente não pode ir lá e falar com eles na manhã seguinte. Isso simplesmente não é feito. Isso é porque agora, eles têm certeza de que você é uma boba nervosa e egoísta que pensa que o mundo inteiro e todo mundo giram em torno de você. Essa é uma conclusão vergonhosa até mesmo para o seu pior inimigo pensar de você. É por isso que eu, simplesmente, não posso ir lá pedir o meu livro pra ele. Eu morreria de vergonha. E, apesar de minha vida, atualmente, estar horrível, eu não quero morrer. Pelo menos, não ainda.
Então, agora eu estou aqui sentada na aula de Feitiços, sentindo a animosidade irradiando da Emma e, ocasionalmente, olhando para James Potter (que está sentado algumas carteiras na minha frente), pensando se ele irá, simplesmente, virar e jogar descuidadosamente o meu livro pra mim, me poupando da enorme vergonha que eu terei que encarar se eu for forçada a falar com ele. Esse é um sonho legal, claro, mas algo que eu sei que não vai acontecer. Considerando tudo isso, eu apenas estou tentando pensar em alguma maneira possível de obter um livro de Transfiguração antes que o sinal toque e eu tenha que ir pra aula, onde, inclusive, vai ser um dia de revisão, e eu não vou ter um livro para colar quando McGonagall me perguntar algo.
Eu tenho aula de Transfiguração em cinco minutos.
Eu não tenho a mínima idéia de como pegar o meu livro de volta.
Talvez eu deva, simplesmente, reconsiderar toda a idéia de ‘morrer’.
Hum.
Talvez.
Ainda mais tarde, Almoço no Salão Principal
Lily Observadora: Terceiro dia
Observações Totais: 22
Blé, blé, blé para a Missão Des-Santificação
Eu simplesmente não sei porque eu ainda não aceitei isso. Sério. Quero dizer, eu tive apenas dezessete anos de um contínuo e horrível carma ruim, por que eu simplesmente não consigo aceitá-lo e vou viver em uma caixa em algum lugar? Ou talvez em um armário? Ou, ainda melhor, em um caixão enterrado a sete palmos do chão? A vida seria bem mais fácil e bem mais simples pra todo mundo se eu fizesse isso.
Não, não é o que você está pensando. Eu não estraguei tudo em Transfiguração e, portanto, McGonagall não me expulsou da aula, e nem me fez nunca ter a chance de me tornar uma auror, o que significaria que eu não teria uma casa, um marido, filhos ou uma vida, o que significaria que eu teria que comprar cem gatos e uma casa velha e fedorenta porque eu precisaria deles em um futuro próximo.
Não. Nada disso.
Até mesmo ser uma Dama dos Gatos seria melhor que isso.
Ainda faltavam cinco minutos para a aula de Transfiguração e lá estava eu, ainda sem livro. Eu não estava na melhor das posições, pra dizer o mínimo.
“Grace”, eu murmurei, assim que o sinal tocou. “Eu não estou com o meu livro de Transfiguração”.
Como Grace estava guardando o seu material, pareceu levar algum tempo para ela perceber que isso era um problema. Ela me lançou um olhar confuso. “Bem, então vá pegá-lo”, ela me disse, apontando para as escadas, enquanto nós saímos da sala. Ela, obviamente, deduziu que eu tinha deixado no dormitório. Eu sacudi minha cabeça, ignorando as espiadas e os olhares furiosos que eu estava recebendo de Emma, que estava andando atrás de nós com o Mac e quem, obviamente, percebeu que isso não era algo que poderia ser resolvido simplesmente com uma subida até a Torre da Grifinória.
“Eu não posso”, eu disse a ela sem saída, tentando manter a voz baixa para que Emma não pudesse ouvir. “Não está no dormitório. Eu não posso ir pegá-lo”.
Grace parecia ainda não ter entendido. Ela é tão idiota às vezes.
“O que você quer dizer com isso?”, ela perguntou. “Você o perdeu?”.
Eu hesitei por um segundo antes de responder. Perdi? Não, na verdade, não. Eu sacudi minha cabeça e suspirei, respondendo em uma voz muito baixa, “Não, eu não o perdi. Eu...eu tenho certeza que Potter está com ele”.
As sobrancelhas de Grace se levantaram por causa de minha confissão e, dando uma rápida olhada para trás, eu fiquei surpresa ao perceber Emma ostentando um olhar parecido. “James?”, Grace perguntou. “Por que ele estaria com o seu livro?”.
“Eu deixei na biblioteca ontem e eu acho que ele o pegou”.
Grace apenas continuou me olhando, já que ela não conseguiu enxergar o problema. O que, claro, ela não iria. Afinal de contas, ela não sabia da minha estupidez da noite anterior.
“Tudo bem”, ela respondeu lentamente, obviamente ainda esperando para que o dilema aparecesse. Como eu não o elaborei, ela me lançou um olhar incerto. “Por que você simplesmente não vai pedir pra ele?”.
Eu sacudi minha cabeça freneticamente ao ouvir isso. “Eu não posso fazer isso!”, eu exclamei. “Nós...bem, quero dizer...eu...eu simplesmente não posso, está bem? Não é assim tão simples”.
Para minha irritação, Grace repentinamente me olhou como se a situação tivesse se tornado extremamente divertida.
“Por quê?”, ela perguntou, com um sorriso no rosto.
Eu suspirei de novo, sentindo que ela, evidentemente, não desistiria facilmente. Mas como é que alguém explica para sua amiga que ela acusou James Potter – assim como ela e várias outras pessoas – de pertencer a uma sociedade de foco-na-Lily? Que palavras poderiam transmitir o completo egoísmo e a completa estupidez disso? Eu simplesmente acho que não existe nenhuma.
“Eu simplesmente não posso”, eu disse a ela teimosamente, esperando desesperadamente que ela deixasse isso do jeito que estava. Eu não sabia o que iria fazer se ela continuasse a me fazer mais perguntas.
No entanto, para meu vasto alívio, Grace, relutantemente, pareceu aceitar essa resposta – ou aceitar o fato de que eu não iria contar pra ela mais nada, de qualquer forma. Mas seu sorriso recatado e irritante ainda permaneceu, e o jeito que ela estava sorrindo estava me deixando tão nervosa quanto o fato de ela ter mudado de assunto. “Tudo bem, então”, ela disse. “Você quer que eu peça o livro pra ele?”.
Ela parecia muito feliz para fazer isso por alguma razão, e eu estava a ponto de deixá-la ir, até que eu percebi que essa solução aparentemente plausível também não daria certo. Quero dizer, sim, pode ter parecido a solução perfeita, mas quando você pensa sobre isso, o que é realmente mais patético? Pedir ao garoto o meu livro de volta, ou pedir minha amiga para fazer isso? Ele saberia totalmente que eu tinha me acorvadado. Ele pensaria: “Essa garota é tão idiota que ela nem mesmo consegue me pedir o seu maldito livro de volta?”. E sim, eu até posso ser idiota, mas eu gosto bastante da minha dignidade e gostaria de mantê-la intacta pelo maior tempo possível. Pedir a Grace que falasse com o Potter no meu lugar não iria me ajudar a conseguir isso.
“Então, deixa eu entender isso melhor”, Grace disso quando alcançamos a sala de Transfiguração (Emma tinha desaparecido). “Você não vai pedir o livro, eu não posso pedir, e Emma e eu não sentamos perto de você, então não é como se nós pudéssemos te emprestar o nosso...o que, exatamente, você está planejando fazer, Lil? Usar a telecinética para fazer o livro sair da mochila dele?”.
Telecinética? Tirar o livro da mochila dele? Bem, eu não tenho telecinética, mas eu tenho uma varinha...
Grace me lançou um olhar desaprovador. “Você não vai tirar o livro da mochila dele, Lily!”.
Certo. Bem, lá vai essa idéia.
“Certo”, eu disse a ela alto, dando uma rápida olhada na sala que ia lentamente se enchendo. “Eu só vou ter que...eu não sei, fazer o livro voar ou algo assim”.
Ah, sim. Fazer o livro voar ou algo assim. Um plano bastante brilhante da minha parte. Eu espero que meu Prêmio Nobel chegue a qualquer momento a partir de agora.
Grace deu de ombros. “Tudo bem, Lil. Mas você tem certeza que você não poderia pedir o livro de volta pro Potter? Ele não vai morder”. Ela parou, seu sorriso crescendo ainda mais. “Eu acho”.
Eu lhe lancei um olhar que, claramente, mostrava que eu estava irritada com ela. Virei-me e, com meu coração batendo e meus pés pesados, andei lentamente até o meu lugar. Dizer que eu estava nervosa seria um grave eufemismo. Se lembra da coisa de morrer? É, reconsiderando isso totalmente.
A sala estava quase cheia quando eu finalmente alcancei o meu lugar. Black e Potter não estavam sentados em seus lugares atrás de mim como sempre, então, mesmo que eu tivesse decidido atirar minha dignidade pela janela e implorado por meu livro de volta, eu não poderia, porque Potter não estava lá.
Que conveniente.
Miseravelmente, eu olhei a sala, observando todos os outros setimanistas sentarem em seus lugares. Eles estão bem. Eles não têm que se preocupar em responder as perguntas infames de McGonagall de cabeça, porque eles têm seus livros para colar. A maioria deles nem precisa do livro! Eu sou a única fracassada – a única que realmente precisa. Como ninguém está considerando isso? Naquele segundo, eu odiava cada um deles. Eu odiava cada uma daquelas crianças estúpidas que estavam colocando seus livros em cima de suas mesas, se preparando para a aula de revisão.
Eu estava me preparando para o meu funeral.
“Silêncio, todo mundo! Eu espero que todos se sentem em seus lugares – “.
Flores, caixão, música solene legal...sabe, nove pés abaixo do chão.
“Sentem-se – garotas! Eu pensei ter pedido para vocês se sentarem!”.
Eu iria ter um funeral muito legal.
“Oi, Evans”.
Ao ouvir o cumprimento, eu me virei rapidamente, meu coração se encolhendo levemente ao ver o maroto se sentando atrás de mim. Esse, no entanto, não era o maroto que eu precisava. Onde, diabos, se meteu o Potter?
“Onde está o Potter?”.
As sobrancelhas de Sirius se franziram com a minha pergunta, e então, como se, repentinamente, tivesse percebido que Potter não estava obedientemente ao seu lado como ele geralmente está, Sirius começou a olhar pela sala.
“Não sei”, ele respondeu, sua voz nem mesmo preocupada.
Eu suspirei. Sabia. Carma ruim estúpido.
“Bem, ele não te entregou nada para me dar, entregou?”, eu perguntei, minha voz, talvez, um pouquinho desesperada, mas eu realmente não me importava. Eu estava desesperada.
Sirius revirou seus olhos. “Eu não entrego amassos, Evans”.
Eu suspirei, me virei para a frente, sem ter idéia do que o Sirius tinha acabado de falar, mas sabendo o suficiente para entender que ele não estava com o meu livro. Droga.
“Se todo mundo pudesse se sentar de bom grado, Sr. Lopus”, McGonagall começou de novo, olhando para Greg Lopus, que estava, no momento, se agarrando com sua namorada de muito tempo, Jilly Prewett, “nós poderíamos começar nossa aula”.
Mais gente arrastando os pés. Mais livros. Eu empalideci, sentando com rigor na minha cadeira. Nunca antes uma aula tinha me feito pensar em suicídio mais do que essa aula estúpida.
“Tudo bem”, McGonagall começou de novo, olhando a sala para ver se todo mundo estava sentado no lugar certo. Se ela notou a ausência de Potter, ela não disse nada. “Como vocês devem se lembrar, eu mencionei, ontem, que hoje seria dia de revisão”.
Ela examinou a sala mais uma vez, seus olhos se fixando rapidamente em mim, antes de se moverem. Um aviso silencioso. Um desafio. Tenha sucesso ou fracasse. As apostas eram altas. Faça isso ou seja uma Dama dos Gatos.
E eu não tinha o meu livro para colar.
“É um procedimento bem simples”, ela continuou, sua voz distinguível na sala silenciosa. “Eu chamarei um por um, pedirei o encantamento de uma simples tarefa e, depois, pedirei a vocês que executem essa tarefa. Entendido?”.
Murmúrios de consentimento encheram a sala. Eu não disse nada. Eu não acho que eu poderia ter falado alguma coisa, mesmo se quisesse. Eu estava petrificada.
McGonagall olhou para sua lista de chamada, sua pena varrendo a página. Eu rezei para que ela não me chamasse primeiro. Era tudo o que eu precisava para fazer o dia ser declarado um completo e total fracasso.
“Sr. McDonough, você primeiro”.
Eu suspirei com alívio silenciosamente.
Mac se levantou, dando uma boa olhada no seu livro enquanto se levantava. Não está se sentindo assim tão inteligente agora, está, Sr. Fulton?
“Por favor, me diga o encantamento que pode transformar esse sapo em uma lâmpada e depois execute o feitiço”.
Mac hesitou por apenas alguns segundos, antes de um pequeno sorriso aparecer em seu rosto. Ele levantou sua varinha e a apontou em direção ao sapo que McGonagall tinha conjurado em sua mesa. “Abeo lucerna!”.
E fácil assim, o sapo se foi e no lugar, lá estava a lâmpada.
Isso me fez sentir enjoada por dentro.
McGonagall acenou com a cabeça, satisfeita e depois foi em direção a sua nova vítima.
Nos próximos dez minutos, eu observei McGonagall olhar sua lista, testando cada pessoa com uma tarefa diferente. Eu não sabia nenhum encantamento. Ninguém vacilou nenhuma vez. Bem, pelo menos, não o bastante para se incomodar, de qualquer forma. Meu estômago fazia um barulho toda vez que alguém completava a tarefa, não só porque eu sabia que nunca conseguiria fazer o que eles tinham acabado de fazer, mas também porque havia sempre a possibilidade de eu ser a próxima a ser chamada. E isso era muito assustador.
“Evans”, McGonagall disse, depois que Jilly Prewett tinha acabado de transformar perfeitamente sua lagartixa azul em um relógio. “Sua vez”.
No segundo que ela chamou meu nome, meu estômago se revirou. Eu sabia que eu nunca saberia o encantamento e que, mesmo se eu, por algum milagre, soubesse, eu nunca conseguiria transfigurar nada. Era o fim da estrada pra mim. Eu poderia, finalmente, parar com as aulas particulares. Eu não precisaria mais delas. Eu não estaria mais na turma.
“Evans”, McGonagall repetiu, “por favor, transfigure – “.
A porta da sala se abriu com um alto rangido, e todo mundo olhou para ver quem tinha entrado. Eu soltei um longo suspiro, e olhei, sem saída, para o fundo da sala. Um familiar maço de cabelos pretos bagunçados entrou na sala.
“Desculpa”, Potter disse, fechando a porta rangente atrás dele. Uma leve gotinha de esperança passou por mim. McGonagall ficaria para sempre repreendendo o Potter por ter chegado atrasado, como vários outros professores faziam? Ele poderia me salvar? James Potter poderia ser a resposta às minhas preces?
“Sente-se, Potter. Você é o próximo”.
Meu coração se encolheu e eu quase chorei. Por que, por que, entre todos os dias que ela poderia escolher para não se incomodar em dar bronca nele, ela tinha que escolher hoje? Agora? Por quê?
Potter concordou, e andou rapidamente até o seu lugar ao lado de Sirius, atrás de mim. Vendo-me em pé, ele me lançou um sorriso e se sentou. Eu estava com muito medo e torturada para olhar furiosamente para ele. Eu estava tão feliz por ele estar achando o fim da minha vida uma diversão. Eu não me esqueceria em retribuir o favor quando eu fosse estrangulá-lo mais tarde.
“Evans”, McGonagall disse pela terceira vez, fazendo minha cabeça se virar em sua direção, “me diga como transfigurar esse pássaro em uma chaleira, por favor”.
Eu respirei fundo e quase comecei a chorar de novo. Eu nunca conseguiria –
E então, do nada, eu me lembrei disso:
“Utensílios domésticos são fáceis. Tudo o que você tem que fazer é dizer ‘suppellex’ e depois, o que quer que seja que você queira transformar. Sabe,se fosse uma panela seria ‘supellex panela’ ou com uma chaleira seria ‘supellex chaleira’ –“.
A voz de Potter apareceu em minha mente. Quando ele me ensinou isso? Ontem à noite? Eu não conseguia me lembrar. Eu realmente não estava prestando atenção ontem à noite. Por outro lado, talvez eu tenha prestado atenção, incoscientemente. Ou talvez, tenha sido apenas uma invenção da minha imaginação. Ou talvez, não. O que eu tinha a perder? Não é como se eu soubesse a resposta, de qualquer forma. Isso era tão bom quanto qualquer coisa que eu poderia inventar.
“Supellex chaleira?”, eu respondi, minha voz com mais confiança do que eu estava sentindo por dentro. Eu esperei pelo suspiro de McGonagall e a esperei dizer aquelas palavras horríveis...
“Por favor, prossiga, Evans”.
Eu levantei minha cabeça. Eu não estava esperando essas palavras.
Minha mente estava confusa. Aquilo estava correto? Aquela coisa toda não foi simplesmente uma invenção da minha imaginação? Potter realmente me ensinou alguma coisa? E Merlin acreditaria que essa coisa se revelou na minha pergunta de revisão? Onde estava o meu carma ruim? Onde estava a sua influência nisso tudo?
“Senhorita Evans?”.
A voz de McGonagall me tirou, mais uma vez, dos meus pensamentos.
“Desculpe”, eu disse, levantando a minha varinha. Respirei fundo.
“Para verdadeiramente transfigurar algo, você tem que se livrar de todas as suas dúvidas. Se você ficar pensando em todas as coisas que poderiam dar errado, isso reduz suas habilidades e você erra – sua varinha se movimenta de uma forma errada ou as palavras saem erradas. Você tem que acreditar que você pode fazer, antes de você realmente poder fazer”.
Certo. Acreditar que eu posso fazer.
“Suppellex chaleira!”.
E voilà. Uma chaleira.
McGonagall acenou com a cabeça, e eu olhei pra ela, impressionada. Eu tinha conseguido! Eu realmente tinha conseguido! Contra todas as probabilidades e meu horrível e ridículo carma ruim, eu realmente tinha conseguido! Eu não iria ser expulsa da aula de Transfiguração (pelo menos, não hoje)! Eu não teria que ser uma Dama dos Gatos (o que é bom, porque eu não gosto muito de gatos)! Eu poderia ser uma Auror e eu poderia ter uma vida! Eu poderia –
“Você pode se sentar agora, Evans. Potter, sua vez”.
Potter.
E foi aí que eu percebi.
Tudo aquilo, tudo o que eu tinha acabado de fazer, tinha sido por causa de James Potter.
O mesmo James Potter que eu tinha pensado que arruinaria minhas chances de passar nessa aula. O mesmo James Potter que planejou com seus amigos de ser legal comigo e depois me atingir com uma grande gosma nojenta. O mesmo James Potter que roubou o meu livro e não o devolveu.
E é por causa desse James Potter que eu não vou ter que ser uma Dama dos Gatos. Pelo menos, ainda não.
E por isso, eu lhe devia a minha vida.
E foi aí que eu descobri onde meu carma ruim estava todo esse tempo; rindo silenciosamente de mim, enquanto eu estava comemorando.
Porque eu me incomodando em reconhecer isso ou não, eu devo o meu sucesso de hoje ao James Potter.
E isso simplesmente não pode ser bom.
Mais tarde, Biblioteca
Lily Observadora: Terceiro Dia
Observações Totais: 23
Por Que Eu Ainda Me Importo Com Isso?
Observação #23) Depois de um grande tumulto emocional por causa de seu desaparecimento, eu estou, agora, mais uma vez, com a posse de meu livro de Transfiguração.
Depois que minhas aulas vespertinas tinham finalmente terminado e Grace tinha me abandonado para ir para seu treino de Quadribol (quem sabe onde Emma estava), eu me forcei a voltar para a biblioteca e, mais uma vez, começar a minha adiada redação de Poções (“Explicar e discutir sobre os efeitos de longa e pequena duração da Poção Grentlis”), que deve ser entregue amanhã.
Sentando-me na mesma mesa onde eu e Potter tínhamos sentado na noite anterior, eu espalhei todos os meus livros e todas as minhas anotações pela mesa, antes de me envolver completamente em uma das redações mais rídiculas e sem sentido que eu já tive que escrever. Quero dizer, francamente, a Poção Grentlis? Psh. Eu poderia escrever também uma redação sobre os efeitos de longa e pequena duração do nado cachorrinho!
Mesmo assim, uma tarefa é uma tarefa, eu acho. Mesmo sendo tão imbecil quanto escrever sobre nado cachorrinho, ou não!
E, então, eu estava sentada lá, pelo que parecia ser desde sempre, escrevendo algo totalmente absurdo e sem nenhuma interrupção até que, de repente –
BAM!
Eu pulei, levantei minha cabeça. Minha pena tinha se quebrado no meu pergaminho.
“Você deixou isso aqui ontem”.
Eu suspirei, nem um pouco surpresa de ver que era James Potter que tinha acabado de jogar, sem cerimônia, meu...ai, meu Deus, meu livro!
Eu segurei o impulso infantil de rir de alegria por causa do meu livro normalmente comum e tolo. Nunca tinha ficado tão feliz em ver algo relacionado com Transfiguração. Eu, lentamente, alcancei o livro e o tirei da mesa, imediatamente o agarrando possessivamente no meu peito. Potter riu, arrastou a cadeira que estava na minha frente e se sentou. Eu o olhei em dúvida. Foi aí que eu percebi que seu comentário anterior não tinha sido nem zombeteiro, nem frio e ele não estava me olhando furiosamente. Eu estreitei meus olhos. Alguma coisa não estava certa.
“Você foi bem em Transfiguração hoje”, ele me disse com o mesmo tom simples. Eu não respondi, em parte porque eu não estava certa se minha dignidade já estava pronta para uma segunda conversa com ele, e em parte porque eu ainda estava em dúvida a respeito de sua aparência não-raivosa.
Um momento se passou em silêncio. Ele não pareceu se afetar com os meus olhares e com minha recusa de falar. Eu não estava muito certa do que ele estava esperando de mim. Eu não tinha planejado falar com ele tão cedo. Eu ainda não tinha superado o meu embaraço de ontem à noite.
“Que bom que nós revisamos aquilo ontem a noite, em?”, ele tentou de novo, obviamente ainda tentando me engajar na conversa por alguma razão. “Falando francamente, eu não pensei que você estivesse prestando atenção – “.
“Nem eu”, eu o interrompi, murmurando isso sem nem pensar. Eu lutei contra o desejo de colocar uma mão na minha boca. Tudo pela minha dignidade. Potter sorriu charmosamente e deixou escapar uma pequena risada. Minhas suspeitas cresceram de novo.
“Bem, pelo menos agora eu sei que não era só eu”, ele disse, ainda sorrindo.
Eu estreitei os meus olhos ainda mais. O que, exatamente, ele estava fazendo?
“Eu pensei que você estivesse com raiva de mim?”, eu perguntei, minha voz com um tom levemente azedo.
O sorriso de Potter nunca vacilava. “Bem”, ele me disse, espreguiçando-se em sua cadeira, ainda sem me olhar furiosamente e/ou agir como se ele estivesse com raiva, o que estava realmente começando a me incomodar. “Acontece que eu fui expulso da sociedade. Meus amigos membros ouviram falar que eu te contei o segredo. Não acabou muito bem”.
Eu me senti ficar vermelha e amaldiçoei a minha boca estúpida por falar tanto como na noite passada. Sociedade...o que eu estava pensando? “Isso não é engraçado”, eu murmurei, desejando que ele me deixasse em paz e se esquecesse de todas as coisas idiotas que eu disse noite passada.
“Eu sei”, Potter disse, um tom de remorso em sua voz. “É, na verdade, uma pena. Eles serviam biscoitos maravilhosos naquelas reuniões”.
Ele sorriu para mim de novo. Eu sabia que ele estava tentando me fazer rir, mas eu não tinha certeza do porquê. Não foi ainda ontem a noite que ele estava me olhando furiosamente e copiosamente? O que era essa repentina normalidade? Qual o problema desse garoto? Eu estou começando a pensar que ele é um pouquinho esquizofrênico.
“O que você está aprontando, Potter?”, eu perguntei com um suspiro.
“Aprontando?”, ele me perguntou inocentemente. “Eu só estou tentando fazer você parar de me olhar como se quisesse me ver morto. Sabe, um pequeno sorriso e um pequeno, ‘Obrigada pelo meu livro, James. Sinto muito por você ter sido expulso da sociedade. O quão maravilhosos eram aqueles biscoitos?’. Algo simples assim”.
Eu corei de novo, odiando minha tendência de ficar vermelha. “Eu realmente adoraria se você parasse de falar disso, Potter. Eu não estava...no meu estado normal, tudo bem? E se você for continuar zombando de mim – “.
“Eu não estava zombando você!”, ele disse rapidamente. “Honestamente, eu estava só tentando diminuir a tensão, Lily. Eu juro”.
“Diminuir a tensão?”, eu perguntei sem acreditar. “Qual o seu problema? Ontem à noite você estava com raiva, hoje você não está – você gostaria de uma rápida visita até a Madame Pomfrey? Porque eu estou começando a achar que você pode estar precisando de uma!”.
Ele sabia que ele estava encurralado, e eu também. Ainda assim, ele não parecia desistir tão facilmente.
“Olha”, ele tentou de novo, tentando não parecer intimidado com o meu último comentário. “Você mesma disse que você não gosta quando as pessoas estão com raiva de você, certo?”.
“E daí?”.
“E daí que eu não estou mais com raiva de você”.
Ele me olhou como se essa frase resolvesse o problema, o que, claramente, não resolvia. Garotos são tão idiotas desse jeito, pensando que o mundo gira em torno deles. Francamente, ele falou como se eu tivesse falando especificamente dele quando eu disse aquilo! – bem, er, talvez eu estivesse falando dele sim, mas só porque ele estava tentando arruinar o meu bom humor! Eu realmente não me importei de ele estar com raiva de mim. Ele estava sendo completamente egoísta de pensar que eu estava falando especificamente dele. E apesar de que eu, claramente, não sou a pessoa certa para estar falando disso – já que eu, anteriormente, acusei esse garoto de pertencer a uma sociedade obcecada pela Lily – eu tenho que dizer que esse comentário foi muito idiota e inútil, e que o Sr. Potter deveria aprender a não ser tão infantilmente egoísta. Se eu, algum dia, descobrir uma aula de “10 Passos para Descobrir em Volta de quê o Mundo Realmente Gira”, eu vou assegurar que ele se inscreva junto comigo. É o mínimo que eu posso fazer para a humanidade.
Eu olhei pra ele.
“Então, só porque eu te disse que eu não queria que você ficasse com raiva de mim, você não está?”, eu perguntei, ajeitando minhas mãos em cima da minha coxa. “E, além disso, por que você estava com raiva de mim em primeiro lugar? Não podia ser tão importante como todo mundo parecia pensar já que você, de repente, se esqueceu disso do nada”.
Ele suspirou, bagunçando seus cabelos com a mão, um gesto que sempre me deixa maluca. “Isso não importa mais”, ele me disse. “Nós não podemos simplesmente esquecer disso?”.
Eu revirei os meus olhos. “Ah, e você acha que é assim tão fácil, não é mesmo?”.
“Bem, e não é?”.
Cruzando os meus braços, eu deixei escapar um suspiro de raiva. Mas eu acho que ele tem razão. Era tão fácil assim? Eu não disse que eu odiava quando as pessoas ficam com raiva de mim? Não é mais fácil lidar com esse James Potter sem-olhares-furiosos que com o James Potter que olha furiosamente? Falando francamente, eu não tinha certeza. Eu estava começando a perceber que nada é ‘simplesmente fácil’ quando James Potter está envolvido.
“Eu acho que eu nunca vou te entender Potter”, eu suspirei, balançando minha cabeça.
“James”.
“O quê?”.
Ele sorriu. “Nós já não passamos por isso?”, ele perguntou de um jeito provocador. “Meu nome é James, não Potter. Bem, quero dizer, é Potter, mas não no sentido que você parece estar determinada a usar”.
Ao som dessa frase familiar, os sinos de aviso começaram a tocar na minha cabeça. Imediatamente, minhas defesas entraram em alerta, se lembrando de um certo incidente da grande gosma verde que tinha acontecido recentemente depois dessa mesma conversa.
“Ah, não”, eu disse, começando a recolher as minhas coisas, pretendendo ir embora mesmo sem ter terminado minha redação. “Eu não vou cair nessa piada de novo”.
Potter ergueu suas sobrancelhas, me olhando como se ele não soubesse do que eu estava falando. Então, lentamente, suas sobrancelhas caíram como se ele tivesse entendido. Sei rosto estava sério. “Não é uma – “.
“Encontre outra pessoa para fazer suas brincadeiras, Potter”, eu respondi com raiva, sem nem me importar com suas explicações insignificantes, ainda pegando as minhas coisas, “porque essa garota não está mais a sua disposição”.
“Apenas – “.
“Esqueça”.
“Mas não é – “.
“Não!”.
“Lily – “.
“Eu te disse para – “.
“Você pode, pelo menos, me ouvirum segundo?”, ele disse repentinamente, me fazendo dar um passo para trás e finalmente calar minha boca. Ele pareceu altamente aliviado em ver que eu não iria contra atacar.
“Obrigado”, ele disse, levantando uma mão para bagunçar seu cabelo de novo. Antes que eu pudesse pensar no que eu estava fazendo, minha própria mão imediatamente agarrou a dele, impedindo o gesto no meio do caminho.
“Não faça isso”, eu disse a ele rapidamente, ignorando sua expressão quase chocada. “ Isso me deixa louca”.
Normalmente, essa afirmação vinda de um pensamento-sem-reflexão teria recebido um comentário sugestivo e convencido típico do Potter como, “Eu te deixo louca, hum?”, ou “O quão louca?”, mas eu fiquei bastante assustada em descobrir que nenhum comentário ou algo do tipo saiu da boca do Potter. Ao invés disso, ele me lançou um olhar estranho e não-convencido, e balançou sua cabeça.
“Er, desculpa”. Seu braço caiu lentamente. Eu tirei a minha mão de cima da dele, e cruzei os meus braços firmemente, tentando não parecer intimidada por ele ter perdido a chance de fazer um comentário daqueles, e pensando em que ponto em nossa conversa a gente acabou se levantando. Eu o ouvi suspirar, enquanto ele se sentava de novo em sua cadeira e eu me sentava também.
“Não importa mais”, eu disse, antes mesmo que Potter pudesse começar a falar. “Eu já superei isso, tudo bem? Eu não preciso de suas explicações”.
“Mas se você simplesmente – “.
“Deixa isso pra lá”, eu disse rapidamente, meu tom um poquinho mais grosseiro do que eu pretendia. Eu tentei aliviar um pouco acrescentando, “Por favor”.
Ele parecia que iria começar a discutir de novo, mas no último segundo, ele relaxou seus ombros e sacudiu sua cabeça.
“Tudo bem”, ele disse, esfregando seus olhos por baixo dos óculos. “Você está certa. Isso não importa mais”.
Eu tentei segurar minha surpresa com sua desistência repentina, mas me encontrei olhando pra ele de qualquer jeito. Ele levantou sua cabeça levemente, me olhando por cima de seus óculos como Dumbledore faz, um pequeno sorriso em seu rosto. Eu sei que ainda deveria estar cética – principalmente depois de tudo que ele fez nas últimas semanas – mas, enquanto eu estava sentada lá, lhe observando sorrir daquele jeito, ele não parecia o James Potter infantilmente egoísta e encrenqueiro com quem eu tinha acabado de discutir. Ele parecia um tanto...eu não sei. Normal? Paralisado? Simplesmente não era o James Potter com quem eu estava acostumada, eu acho. Bem, qualquer que fosse a razão, me pegou desprevenida.
“O que você estava fazendo?”.
Sua pergunta me assustou. Eu não tinha percebido que eu estivera viajando para a Terra do Nunca.
“Ah! Er – Poções”, eu respondi calmamente, olhando para minha redação quase completa, pensando porque ele estava perguntando isso e ainda mais importante: porque ele ainda estava sentando comigo.
“A tarefa que é pra entregar amanhã?”.
Eu concordei com a cabeça.
Ele sorriu pra mim de novo, me lembrando mais aquele James Potter com o qual eu estava acostumada.
“Você ainda não terminou?”, ele perguntou, sua voz surpresa e não acusadora.
Eu dei de ombros, fazendo com que ele sacudisse a cabeça de um jeito zombeteiramente desaprovador.
“Bem, você terminou?”, eu perguntei, lhe lançando o mesmo olhar.
“Claro que não”, ele respondeu, mais uma vez se reclinando em sua cadeira, permitindo a volta da casualidade na conversa, “Mas eu não sou você”.
Eu estreitei os meus olhos. “O que você quer dizer com isso?”.
Ele continuou sorrindo e deu de ombros levemente antes de responder simplesmente, “Você sabe. Você sempre é a responsável. Sempre no topo das coisas. Eu nunca pensei que você adiasse as tarefas como o resto de nós”.
Eu olhei pra ele. Eu? Responsável? Ele tinha que estar brincando!
“Ah, por favor”, eu disse, balançando minha cabeça, “Eu não sou responsável de jeito nenhum! Eu só faço as minhas tarefas tão cedo porque, do contrário, eu as esqueceria”.
“Então, por que você adiou essa? Você, obviamente, não esqueceu dela”.
“A única razão por eu ter adiado essa redação por tanto tempo”, eu comecei, lhe lançando um olhar crítico, “é porque é um dos assuntos mais horríveis já conhecido pelo homem. Quero dizer, francamente, a Poção Grentlis? Eu consigo dizer mais sobre os efeitos de curta e longa duração de um dia ruim de cabelo do que da Poção Grentlis. Eu estou ponderando se eu simplesmente escrevo, ou não, uma carta de 600 palavras para a Professora Abbot sobre porque nós não deveríamos escrever a maldita coisa inútil”.
“Mas você está fazendo a tarefa mesmo assim”, Potter riu, revirando seus olhos. “Vamos falar sério aqui, Lily. Você nunca realmente escreveria uma carta como essa, muito menos a entregaria”.
Eu me levantei, cruzando os meus braços. “Por que você diz isso?”.
Potter riu de novo, balançando sua cabeça como se ele estivesse explicando alguma coisa para uma garotinha boba. “Por favor, Evans”, ele disse. “Você já percebeu que se você realmente fizesse algo assim, Abbot te reprovaria em um segundo, certo? Você não teria coragem para fazer isso”.
Minha boca se abriu e eu o olhei furiosamente e defensivamente. “Eu teria coragem sim!”,
Ele simplesmente continuou rindo. “Sério?”, ele perguntou, seu tom sugerindo que ele tinha certeza de que eu estava mentindo.
“Eu sou da Grifinória, não sou?”, eu respondi orgulhosamente.
“Grifinória o suficiente para levar uma reprovação?”, ele perguntou, sua voz provocadora.
“Sim, na verdade, eu sou!”.
Eu não podia acreditar nas mentiras que estavam saindo da minha boca. A quem eu estava enganando? Grifinória o suficiente para não entregar uma tarefa e, além disso, insultar o assunto escolhido pela professora? Isso era fácil demais para Potter e seus amigos, mas pra mim? Sim, claro. Como se isso fosse acontecer a qualquer momento.
E Potter sabia disso também.
Ele estendeu sua mão por cima da mesa. “Eu aposto dez galeões que você não fará isso”.
Eu olhei para sua mão, e depois olhei de volta para seu rosto provocador. Eu sabia que ele estava esperando que eu risse e recusasse a aposta, e eu também sabia que isso era exatamente o que eu acabaria fazendo. Que Lily totalmente previsível e medíocre.
Com uma determinada coragem, eu apertei a sua mão.
“Nós temos um acordo, Sr. Potter. Eu sugiro que você comece a economizar o seu dinheiro”.
“E eu sugiro”, ele disse, apertando minha mão, “que você comece a economizar o seu dinheiro”.
E com esse acordo forçado, Potter pegou suas coisas do chão da biblioteca e moveu-se rapidamente até a porta, rindo para si mesmo durante todo o tempo.
E foi aí que terminou outro de meus encontros ridiculamente esquisitos com James Potter.
Ainda mais tarde, Dormitório feminino do sétimo ano
Lily Observadora: Terceiro dia
Observações Totais: 23
Não importa mais
Como é que eu me coloco nessas situações? Francamente, eu estou começando a acreditar que não é só o meu carma ruim que arruína a minha vida – talvez, seja a minha maldita e evidente estupidez também.
Quem, em seu estado normal, faz apostas com James Potter? Quem faz isso? Pessoas loucas e o Sirius, sim, naturalmente, mas monitoras-chefe racionais e supostamente responsáveis? Eu simplesmente não sei o que há de errado comigo às vezes. Quero dizer, ontem mesmo eu estava amaldiçoando o nome do garoto, e agora eu estou fazendo apostas com ele? Apostas que, por sinal, eu tenho certeza que eu vou perder? Talvez ele não seja o único esquizofrênico por aqui.
Eu sou maluca. Eu sou completamente uma maluca delirante. É a única solução plausível. A qualquer momento agora, eu vou ser levada para o St. Mungos para exames. Depois, eu não vou ter que me preocupar mais com coisas como Transfiguração e Emma e uma vida. Você não precisa de nenhuma dessas coisas quando você é uma maluca do St. Mungos. Você só precisa dos seus dentes para você poder morder as pessoas. E de fogo, para que você possa queimar casas como Bertha faz em Jane Eyre.
No curso de um dia, eu progredi de ser uma Dama dos Gatos para ser Bertha Mason.
Parabéns, Lily Evans, você, oficialmente, ficou maluca. Seja Bem-Vinda ao Mundo dos Loucos.
No entanto, apesar de você não precisar de Emmas, Transfiguração, ou vidas no Mundo dos Loucos, você precisa de dinheiro.
Portanto, se vocês me dão licença, meu eu-maluco tem uma carta para escrever!
Sexta-feira, 19 de setembro, Defesa Contra as Artes das Trevas
Lily Observadora: Quarto dia
Observações Totais: 24
Querida Professoa Abbot,
Eu estou perfeitamente ciente de que você passou, semana passada, uma redação de 600 palavras sobre os efeitos de curta e longa duração da Poção Grentlis, e eu estou perfeitamente ciente de que isso não é o que pediu. Apesar disso, isso vai ser o que eu vou te entregar.
Eu não me esqueci de fazer a redação e eu não tenho desculpas falsas para dizer. De fato, se você olhasse no meu malão agora mesmo, você iria, de fato, encontrar uma redação metade-completa com os efeitos de longa e curta duração da Poção entanto, ela não está completa por nenhum bom motivo. Na verdade, ela não está completa porque eu não pude suportar escrever mais. Desculpe-me por estar sendo um tanto arrogante, Professora, mas eu tenho certeza que você vai descobrir, depois de ler algumas das redações dos meus colegas, que não tem muita coisa para se falar dos efeitos de longa e/ou curta duração da Poção Grentlis. Isso é porque eu posso contar os efeitos de longa e curta duração em uma mão (curta duração: dores-de-cabeça, dores no estômago e náusea forte; longa duração: sistema imunológico enfraquecido freqüentemente e uma vacina permanente para a cura de algumas poucas doenças de Grentlis. Viu? Em uma mão). Isso é um fato e percebendo isso, eu não entendo como você poderia esperar que eu escrevesse uma redação de 600 palavrascom tão pouca informação. Qualquer um que realmente tentar fazer tal coisa, provavelmente vai entregar uma redação de 600 palavras de informações repetidas, e isso não é uma redação na minha opinião.
Eu sei que você é a professora, e eu a aluna, e que eu deveria aceitar qualquer currículo escolar que você escolhesse para nos ensinar sem nenhum argumento, mas outra coisa que eu sinto é que eu deveria lhe chamar a atenção para a simples inutilidade da Poção Grentlis. Como eu tenho certeza de que você sabe bem, esse é o meu último ano em Hogwarts e, depois desse ano, eu vou estar solta no mundo real, lidando com a realidade cruel que é a vida. Eu odeio revelar isso pra você, Professora, mas eu duvido que alguém da nossa turma vá, alguma vez, usar a Poção Grentlis em toda a sua vida. Exceto, talvez, aqueles que vão se tornar Curandeiros, mas mesmo assim, a chance de eles a usarem é pequena. Eu acho que eles nem mesmo aprendem a usar a Poção Grentlis na escola de Curandeiros. Então, dizendo isso, você não acha que deveríamos estar aprendendo poções que são úteis? Coisas que nós realmente pudéssemos ser capazes de usar algumas vezes antes de morrermos? Eu entendo que a Poção Grentlis é uma poção particularmente difícil de se mexer (talvez você só esteja tentando julgar nossas habilidades em Poções), mas existem poções que são tanto úteis como difíceis. Talvez alunos como eu achariam mais fácil escrever uma redação de 600 palavras sobre essas poções úteis.
Portanto, ao invés de entregar a minha verdadeira tarefa, eu vou lhe entregar isso – um tipo de explicação escrita sobre o porquê de eu não ter terminado minha redação e o porquê disso ser aceitável para você. Se você vai escolher realmente levar a sério essa carta é uma escolha só sua, e eu não posso lhe impedir – nem brigarei com você por isso – de me dar um zero, mas eu realmente não pude mais tolerar escrever um absurdo tão ridículo. Eu espero que uma Mestra em Poções como você possa entender o meu dilema.
Obrigada por sua atenção e me desculpe por qualquer inconveniência que isso pode lhe causar.
Carinhosamente,
Lily Evans.
Observação #24) Os empregados do St. Mungos, obviamente, sumiram, porque tem uma Lily seriamente maluca a solta.
Mais tarde, Feitiços
Lily Observadora: Quarto dia
Observações Totais: 24
Uma aula até Poções
Se alguma vez já existiu alguma dúvida inabalável na minha mente sobre a minha insanidade sugerida, ela foi totalmente ultrapassada da pior maneira possível.
Eu sou maluca. Eu sou tão maluca quanto as dúvidas.
Por que exatamente eu estou fazendo isso de novo? Por dez galeões? É daí que vem essa força maluca que está me incentivando a fazer isso? Minha necessidade por riqueza? Eu sou assim tão avarenta? De certo modo, eu duvido muito disso. A menos que eu seja avarenta e simplesmente não perceba isso. As pessoas avarentas percebem que elas são avarentas? Eu não tenho muita certeza se elas percebem. Marilyn Monroe cantou sobre sua paixão por diamantes e riqueza, mas isso foi em um filme, então talvez isso não conte. Eu ao menos sei de alguém que é avarento? As outras pessoas percebem quando elas estão conversando com uma pessoa avarenta? Esse meu interesse em pessoas avarentas me torna avarenta, ou é talvez, apenas um meio de nervosismo confuso porque eu estou, por vontade própria, quase tirando um zero em Poções?
Um pouquinho dos dois, eu acho.
Um pouquinho mais tarde, ainda na aula de Feitiços
Lily Observadora: Quarto dia
Observações Totais: 24
Um aula até Poções
Talvez eu só esteja tentando provar alguma coisa. Mas o quê? Para quem? Professora Abott? Potter? Por que eu tenho que provar alguma coisa para duas pessoas que não gostam de mim?
Mas ontem Potter não estava agindo como se não gostasse de mim. Ele estava fazendo a coisa toda de ser legal de novo, e isso, na verdade, me deixou um pouquinho preocupada. Será que isso é outra de suas brincadeiras? Se é, eu estou um pouco desapontada com sua falta de criatividade. Eu pensei que ele fosse melhor do que isso. Fazer a mesma coisa duas vezes? Ele deveria, pelo menos, ter a decência de inventar algo novo. É o mínimo que ele poderia fazer.
Talvez essa coisa toda seja apenas outra brincadeira. Talvez ele tenha pensado que seria engraçado me ver tirar um zero, e mesmo que eu não completasse a aposta, ele teria alguma coisa para esfregar na minha cara. Mas esse não pode ser todo o seu plano. Foi só por acaso que ele descobriu que eu estava escrevendo minha redação ontem, então, não pode ter sido isso. Talvez ele tivesse alguma coisa a mais em mente, e aí, essa foi uma de suas brincadeiras tiradas da manga? Pode ter sido isso?
Talvez eu esteja examinando isso demais. Talvez, ele tenha apenas, finalmente, crescido. Talvez ele esteja apenas tentando “diminuir a tensão”, como ele disse.
Não. Eu caí nessa uma vez, eu não posso cair de novo. James Potter, infelizmente, sempre será James Potter.
Mas se James Potter sempre será James Potter, e essa é mais uma de suas brincadeiras, por que eu ainda estou, por vontade própria, participando disso?
Ainda mais tarde, ainda na aula de Feitiços
Lily Observadora: Quarto dia
Observações Totais: 24
Uma aula até Poções
Eu acho que o relógio quebrou.
...Mais tarde, ...Feitiços
Lily Observadora: Quarto dia
Observações Totais: 24
Uma aula até Poções
O ponteiro se mexeu, então, talvez não esteja quebrado. Talvez apenas não esteja funcionando direito. Eu deveria dizer isso ao Flitwick?
Tão devagar...
Por que ainda me importo em escrever isso?
Vocês acham que o relógio está funcionando direito? – LE
Parece normal. Por quê? – GR
Eu acho que talvez esteja quebrado.
Não está quebrado. E Por que isso importa? Tem um encontro ou algo assim?
Sim, Grace. Eu, habilmente, marquei um encontro durante a aula de Feitiços. Tem certeza que não está quebrado?
SIM. Qual é o seu problema? Você parece impaciente.
Isso é porque eu sou uma mulher louca. Geralmente, as mulheres loucas são impacientes.
Uma mulher louca? Você quase não é louca, Lily.
É aí que você se engana, minha amiga. Eu desconfio que eu estou muito maluca.
Bem, que agradável.
Pelo menos eu não sou uma Dama dos Gatos.
Uma Dama dos Gatos? Que diabos é uma Dama dos Gatos?
Você sabe, a estranha velha em uma casinha velha e fedorenta com milhares e milhares de cachorros? Toda cidade tem uma. A minha tem duas, na verdade. Sra. Doberman e sua protegida, Sra. Figg.
Damas de gatos têm protegidas?
Claro! O que você acha que acontece quando uma Dama de Gatos morre? Você não pode simplesmente se nomear uma Dama dos Gatos e inventar as suas próprias regras. Você tem que ser... apresentada.
Apresentada a quem?
Bem, à Sociedade da Dama de Gatos, claro!
Deixa pra lá, retiro o que disse. Você é uma mulher louca.
Obrigada.
Por nada.
Grace?
Sim?
Você tem certeza que está funcionando?
Cala a boca, Lily.
A mesmice, a mesmice
Eu odeio relógios
Talvez eu deva contar à Grace sobre minha tarefa escandalosa. Ela ficaria muito orgulhosa, tenho certeza. Claro que ela iria acreditar que foi sua influência horrível, porque ela não está ciente do quanto eu sou avarenta, então ela nunca pensaria que é uma aposta.
Mas ela pensou que minha des-santificação era uma aposta. Talvez ela sabia que eu era avarenta esse tempo todo Ela foi terrivelmente rude ao não me contar. Quero dizer, pessoas que são avarentas deveriam saber que elas são, assim elas poderiam andar por aí cantando “Diamonds Are A Girl’s Best Friend”, e mesmo que as pessoas olhassem e apontassem, ficaria tudo bem, porque alguém diria a esses apontadores e olheiros, “Não se preocupem com ela. Ela é avarenta e louca”. Depois, esses apontadores e olheiros vão concordar com a cabeça, e depois continuar a espalhar o porquê de uma garota estar andando por aí cantando “Diamonds Are A Girl’s Best Friend”.
Espera um segundo...se Grace sabia que eu era avarenta...então Emmaline...
Apenas adivinhe onde
Apenas adivinhe quando
Eu prometo que eu vou parar de ser avarenta se você voltar a falar comigo – LE
Do que você está falando, Lily? – EV
É por isso que você está com raiva de mim, certo? Porque sem saber, eu tenho sido avarenta por bastante tempo?
Eu não sei do que você está falando, Lily. Agora, por favor, me deixe em paz. Eu estou TENTANDO fazer anotações decentes, como você, sendo monitora-chefe, devia estar fazendo.
Então, você quer dizer que não é por isso que você está com raiva de mim?
Em?
Emmaline?
Ah, francamente, Emma!
Ah, não...
Droga.
O sinal acabou de tocar.
Acho que vou vomitar.
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