As 4 Espadas



Desta vez, Harry caiu de pé. Já sabia o que ia acontecer, já estava prevenido. Seus olhos ainda estavam fechados, ansiosos para abrir. Os abriu o olhou em volta. Agora era sua boca que também se abria. Estava impressionado: Estava em Hogwarts. A Hogwarts de muitos séculos atrás... No tempo de Gryffindor. Tudo cheirava a novo, a escola tinha sido construída e fundada a poucos anos. O menino se virou, sentado por trás de uma mesa, apreensivo, estava um dos fundadores. Era um homem jovem, mas com muitas preocupações. Esguio, forte, vestia um traje com o brasão da Grifinória. Por alguns instantes, Harry admirou Godrico Gryffindor.
Enquanto coçava sua barba loira, com preocupação, o fundador observou quem entrava na sala: Uma mulher, uma mulher esbelta e bonita também. Tinha cabelos bonitos e também vestia trajes medievais. Piscou para Godrico e ele fez o mesmo para ela. Logo atrás dela, vinha uma que era totalmente o oposto: Rechonchuda e baixa, tinha, mais ou menos, a altura de Harry.
- Boa noite, minhas caras Rowena e Helga.- falou Griffindor com satisfação.
Aquelas eram Ravenclaw e Hufflepuff, fundadoras da Corvinal e Lufa-Lufa. Potter sorriu, aquela era uma oportunidade única em sua vida. Uma que não queria perder, e sim prestar bastante atenção. As duas se sentaram na mesa em que estava Godrico. Todos ficaram calados por bastante tempo, pensativos. Harry aproveitou para dar uma olhada na sala: A mesa onde estavam os fundadores ficava bem no centro. Atrás, na parede estava o grande "H" de Hogwarts. Um símbolo da escola desde aquela época. Era todo de ouro. O menino reparou que era o "H" que ficava no salão principal da escola. Era impressionante como havia sido conservado por tanto tempo, era, com certeza, magia. Em volta da letra, estavam os brasões das quatro casas.
De repente, a porta se abriu bruscamente. Um outro homem entrou. Parecia zangado. Seu rosto estava escondido par uma capa com capuz, não era um homem alto, mas impunha medo. Harry tremeu sem perceber. Ninguém precisou falar seu nome para o menino saber que aquele era:
- Salazar Slytherin!- cumprimentou Gryffindor.
Slytherin sentou-se preenchendo o último lugar que restava na mesa. Tirou a capa deixando seu rosto e seu corpo a mostra. Tinha um rosto pálido e sombrio, era um pouco corcunda e não era um homem muito forte, mesmo assim demonstrava força. Usava vestimentas de um cavaleiro, onde tinham várias cobras desenhadas e o brasão da Sonserina. Godrico suspirou e começou a falar:
- Todos vocês sabem que não podemos fingir que ainda não sabemos do poder das pedras. Hogwarts tem um poder impressionante. Eu mesmo, que vi este lugar sendo construído, as vezes fico surpreso com sua magia. Os estudantes transpiram magia, os professores transpiram magia, até nós exalamos magia. Essa escola é pura magia. É tanta mágica que se não fossem as pedras esse lugar talvez não existisse mais.
- Disto nós já sabemos- resmungou Salazar- mas como estas pedras se formaram, exatamente?
- Na verdade ao construir a escola, nós não prevemos que isso poderia acontecer. Há uns três meses atrás eu percebi. Mas era tarde de mais para fazer um centralizador de energia, ou coisa parecida. Eu tentei fazer o que podia. Acumulei aquela magia com minha varinha. Corri bastante risco. Todo aquele poder se juntou em uma só pedra: preciosa e grande.- Gryffindor fechou os olhos. Parecia lembrar do episódio com muito desgosto- Fiquei muito fraco e cansado depois daquilo. O feito exigiu muita força e loucura. Poderia morrer.
- Coitadinho... Pode pular essa parte?- zombou Slytherin.
O fundador da Grifinória ignorou:
- Por um momento me senti tentado a tocar a pedra. Tocando-a, eu teria minha força de volta. A pedra acumula tanta magia, que dá poderes inimagináveis a quem tocá-la.- Harry notou um certo brilho no olho de Salazar, quando Gryffindor pronunciou essa última frase- Mas achei melhor não, podia não dar conta de tanto poder e usá-lo para fazer coisas más. Se eu a tocasse, me tornaria, com certeza, o bruxo mais poderoso de todos os tempos, talvez fosse até imortal. Pensei em destruir a pedra, por um momento, mas seria tolice. A magia não teria lugar aonde se acumular. - Slytherin abriu um sorriso maligno. Parecia estar tramando algo-Foi aí que eu tive a idéia brilhante de dividir a pedra. Foi o que eu fiz. Dividi em quatro partes.
- Mas onde estão essas pedras?- perguntou Rowena, ansiosa.
- Já chego lá. Cada pedra simboliza cada casa e absorve sua energia. Fiz espadas com o símbolo de cada casa.- Gryffindor se levantou em silêncio e foi até um baú no canto da sala. Harry o seguiu. Abriu a caixa. Lá estavam as quatro espadas que mencionara. O menino as reconheceu de algum lugar, não sabia dizer de onde, mas as reconheceu. O fundador pegou as espadas e levou-as à mesa.- Essas são- mostrou- As 4 Espadas!
Todos, inclusive Harry, arregalaram os olhos.
- Helga!- disse Griffindor e jogou uma espada para Hufflepuff. A espada tinha um texugo desenhado, o símbolo da Lufa-Lufa. Era uma espada de grande porte. Helga se atrapalhou, mas pegou a espada e a admirou.
- Rowena!- Griffindor jogou uma das três espadas restantes à Ravenclaw. Essa era a da corvinal. Uma espada parecida com a de esgrima, cabo bem fino.
- Salazar!- Slytherin agarrou sua espada com habilidade. Haviam desenhos de cobras enrolados no braço da espada. O fundador da Sonserina sorriu, fazendo malabarismos com a arma.
- Esta é minha!- disse Gryffindor brandindo uma espada de pequeno porte com um leão. Harry reconheceu: aquela era a espada que ele tirara do chapéu seletor, para enfrentar o basilisco, há alguns anos atrás.
- E as pedras?- indagou Rowena.
- Olhem para as espadas!- todos constataram que cada espada tinha, incrustada, uma pedra diferente.- Essas quatro pedras juntas, formam só uma, a pedra mestre. Quem tocá-la será invencível.
- Muito bem. E como vamos unir essas pedras?- perguntou Salazar, interessado.
- A resposta está atrás de vocês!- explicou Griffindor.
Harry olhou. Era o "H" de Hogwarts, o "H" de ouro do salão principal. Novamente, Gryffindor se levantou. Com um gesto de varinha, ele fez o "H" se virar. Atrás, a letra tinha um grande buraco no centro. Com um outro gesto, ele fez todas as espadas virem parar em sua mão. Se aproximou do "H". Em cada perna na letra, inferior e superior, havia uma fresta aonde ele enfiou cada espada. Deixou a da Grifinória por último, quando a colocou, raios, luzes ofuscantes saíram do "H". A letra brilhou intensamente. Aos poucos, uma pedra grande foi se formando no buraco e as pedras das espadas sumiram.
- Essa é a Pedra Mestre. Nunca, nenhum de vocês deverá revelar a ninguém como formá-la.
- Deixe-me tocá-la!-bravejou Slytherin.- Vamos tocá-la juntos. Pensem bem! Seremos imortais, seremos superiores!
- NÃO!- gritou Godrico- Não podemos deixar que ninguém toque nessa pedra. E não sei o que aconteceria se tocássemos juntos.- Ele tirou uma das espadas, violentamente, e a pedra desapareceu fazendo com que as pequenas que ficavam nas espadas, voltassem.- Minha proposta é que cada um esconda sua espada em um lugar em que só nós saibamos. Será muito difícil juntar as quatro e descobrir que têm que ser colocadas no "H".
Hufflepuff e Ravenclaw concordaram. Slytherin ficou calado. Gryffindor entregou cada espada a seu dono.
- Onde vai esconder a sua?- perguntou a Helga.
- Farei uma passagem secreta na Lufa-Lufa com uma senha em latim e esconderei a espada lá. Será bem difícil alguém falar latim, muito menos adivinhar a senha.- gabou-se a mulher.
- A minha eu vou colocar na torre nordeste do castelo. É altíssima. A mais alta de Hogwarts. São muitos degraus para chegar em uma sala trancada. A sala está vazia porque quase ninguém teve fôlego o suficiente para chegar lá, uma vez que a torre, desde o primeiro degrau, possui um encantamento que deixa qualquer que estiver lá sem capacidade de fazer nenhum feitiço. Vou colocar minha nessa sala.- falou Rowena.
Harry sabia de que torre ela estava falando. Os alunos brincavam de tentar subir a torre, mas nunca ninguém conseguia chegar nem na metade. Diziam que lá em cima estava preso um dragão, mas agora o menino sabia que era uma das quatro espadas.
- E você Slytherin?- perguntou Griffindor com rispidez.
- Não te interessa, Godrico. Não serei idiota de te falar aonde vou colocar minha espada. É um lugar que só eu conheço. Sei que você está planejando roubar todas, uni-las e ficar com a pedra toda pra você. Não sou estúpido.
O fundador da Grifinória se levantou, extremamente zangado.
- Não vou permitir que fale assim de mim! Acho que é você que planeja unir "as quatro". Pensa que não percebo suas tramas por minhas costas? Já percebi que se bandeou para o lado das trevas a bastante tempo, Salazar. Eu sei que quer me derrubar e ser o diretor. Sei que trama contra o ministro, também. Sei que tem seguidores. Eu é que não sou tolo! Essa foi a última gota. Enquanto eu estiver vivo, você nunca terá o que planeja.- trovejou.
- Não grite comigo!- Slytherin se levantou apontando a espada da Sonserina contra o pescoço de Godrico-Posso te matar agora. - disse com prazer na voz- Você pensa que sabe muito, mas isso não é tudo. Há muito mais. Logo vai descobrir. Não vou te matar agora, quero que me veja triunfar, seu verme.- e baixou a espada.
- Também não vou dizer onde vai ficar a minha espada. Pode ficar sabendo que você nunca as unirá!
- Pode ser que não, mas um de meus herdeiros irá. Pois saiba: no futuro as pessoas irão estremecer ao ouvir meu nome.- Slytherin riu-se e saiu da sala portando sua espada.
- A partir de hoje tomarei medidas drásticas contra esse homem. Agora tenho certeza de suas tramas. Se tudo que sei for verdade, corremos perigo. Ele tem que morrer: ou ele ou eu!- disse, raivosamente, Gryffindor, apontando para a porta. Saiu e fechou-a com muita ferocidade. Harry saiu junto e ainda pôde ver as caras de "tacho" de Hufflepuff e Ravenclaw.
O fundador da Grifinória seguiu pelos infinitos corredores da escola segurando sua espada, até que parou em frente ao gárgula que dava acesso à sala de Dumbledore, que nessa época devia ser a sala dele. Disse baixo uma palavra. Harry não ouviu. O gárgula se mexeu fazendo os mesmos movimentos de sempre. Gryffindor entrou na sala da diretoria, que estava totalmente diferente do que era no tempo do menino. Em cima de uma cômoda estava, muito mais novo e sem remendos, o Chapéu Seletor.
- Meu bom e velho amigo Pero.- disse Gryffindor olhando para o chapéu.
- Olá, Godrico.- falou o chapéu seletor, até sua voz estava bem mais jovem, sem aquela rouquidão peculiar.
- Você sabe que você é o único em quem eu posso confiar, não? Meu fiel chapéu.
- Eu sei, Godrico.
- Tudo que eu pensava sobre Slytherin está certo. Ele deixou bem claro isso, hoje.
- Era o que eu temia. Você contou a ele onde vai colocar sua espada?
- Não, Pero. Nem ele me contou onde vai ficar a dele.
- Você já pensou em um lugar?- indagou o chapéu, franzindo o olho.
- Sim, em você.- disse Gryffindor, sem pestanejar.
- Como?
- Isso mesmo, esconderei dentro meu chapéu, Pero, o chapéu seletor de Hogwarts.
- Como você vai fazer isso?
- Com magia, já me enfraqueci para formar a Pedra Mestre, não ligo se fizer outra magia que requeira muita força. Já me decidi, depois dessa vou repousar. Um longo repouso de alguns meses, meu caro Pero. Já estou muito fraco, vou ficar ainda mais fazendo isso. Mas é necessário.- Astro pegou a espada da Grifinória e o chapéu. Em seguida virou-o de ponta cabeça.
Pero estremeceu:
- Vai doer?
- Acho que não. Deixe que eu me concentre.- O fundador da Grifinória fechou os olhos e meditou por vários minutos. Harry pôde perceber medo no chapéu. Finalmente Gryffindor abriu os olhos e ergueu a espada, apontando-a para o chapéu- Eu, Gryffindor, ocultarei esta espada neste chapéu. Ocultarei esta espada neste chapéu. Ela ficará aqui sem que ninguém perceba ou veja. E só poderá ser retirada por um de meus herdeiros! Só por um dos herdeiros de Gryffindor!!!- Seu braço, a espada e o Pero se iluminaram ofuscantemente.- Ocultos Primordios!!!- gritou intensamente enquanto colocava a espada no chapéu.
Gradativamente, a luz foi diminuindo. Godrico tinha conseguido e estava caído no chão, fraco. O chapéu também não estava muito bem e agonizava. O fundador da Grifinória falou com dificuldade:
- Não seja fresco, nada aconteceu a você, Pero.
- Não?- perguntou o chapéu com humor-Se fosse você que tivesse uma espada no traseiro.
Gryffindor riu, ainda com dificuldade. Depois falou seriamente:
- Tomara que eu não tenha herdeiros nas trevas, tomara...
Harry abriu os olhos. Tinha acabado de ser jogado para fora da penseira. Lembrou do que tinha acabado de ver. Quase que automaticamente, olhou para o Chapéu Seletor, que estava dormindo. Aquele chapéu era bem mais velho, remendado e sujo. O menino pensou: Pero( como Gryffindor chamava o chapéu) tinha vivido toda a história de Hogwarts. Devia ter muita coisa pra contar. Lembrou que uma das espadas estava ali, em seu alcance, dentro do chapéu... Deixou a tentação e saiu da sala de Dumbledore. A espada estaria bem segura ali.
Ao sair, constatou que Filch estava inspecionando o chão. Estava bem limpo. Parecia que um dos outros garotos com detenção tinha passado por ali e tinha limpado a parte de Harry pensando que era a sua.
No dormitório escuro, o menino juntou tudo o que tinha até agora. Voldemort devia estar tentando juntar as espadas. Mas como entraria em Hogwarts?

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