Cidade deserta?
Capítulo 9 – Cidade abandonada?
A mesa já estava posta quando os membros da Ordem da Fênix entraram na cozinha. Arthur, Carlinhos e Molly comiam e conversavam. Lupin, Tonks, Moody e Quim se sentaram e uniram-se aos ruivos.
Meia hora depois, não havia comida sobre a mesa. Entretanto, um enorme rolo de pergaminho com o mapa detalhado de Godric's Hollow percorria metade da madeira. Eles discutiram e planejaram uma tática de defesa e ataque. Dividiram-se em três grupos pequenos, para facilitar a vigilância do pequeno vilarejo. Moody, Lupin e Arthur vigiariam a área que circulava a antiga casa dos Potters; Molly e Tonks permaneceriam no centro da cidade; e Carlinhos e Quim percorreriam as periferias.
Desejaram boa sorte uns aos outros e partiram.
=-=-=
Eram nove horas da manhã quando os quatro jovens terminaram o café da manhã. As meninas pegaram as mochilas e entregaram aos meninos as suas, que as colocaram nos ombros.
- Certo... roupas de trouxa. – Harry analisou a todos.
Estavam bem casuais. Rony usava uma camiseta verde escura, um jeans escuro e um tênis preto. Hermione vestia uma camiseta regata amarela, jeans azul claro e um tênis branco. Gina estava com uma camiseta preta, jeans azul escuro e uma bota preta de cano curto e sem saltos. Harry trajava uma camiseta vermelha, um jeans escuro e um tênis preto.
- Vamos vestir os sobretudos de Griffyndor, nunca é ruim estar precavido – aconselhou Harry, pegando os sobretudos, que estavam sobre o sofá, e entregando cada um ao seu dono.
- Vamos. O ônibus vai partir em breve, se o transito estiver caótico teremos um problema. – Hermione já estava na porta, o sobretudo preto em contraste com suas roupas claras.
- Por que mesmo nós vamos com transportes trouxas? – perguntou Rony, saindo do apartamento.
- Não sabemos até que ponto chega a influência da Ordem no Ministério, Rony. – começou Hermione enquanto Harry e Gina saiam – Não temos como saber se eles nos rastrearão, entendeu?
- Como nos rastreariam, Hermione? – perguntou Rony, cético – Nós somos maiores de idade e somos livres para aparatarmos quando bem entendermos.
- Sabemos disto, Rony. – disse Harry, apertando o botão do elevador enquanto Hermione trancava o apartamento.
- O problema Rony, é que a Gina não pode aparatar. – a morena se colocou ao lado da ruiva com um sorriso.
- O Harry aparata ela. – disse Rony.
- Você já aparatou acompanhado? – perguntou o moreno, sério.
- Não. – respondeu Rony.
- Então você não sabe como é complicado. – disse Harry, seco, quando o elevador chegou.
Eles entraram e Hermione apertou o botão do térreo. Rony permaneceu em silêncio.
Ao chegarem ao térreo, Harry foi até a recepção e pagou as despesas enquanto os outros chamavam um táxi. Hermione agradeceu aos sussurros pelo transito estar tranquilo. Pouco depois eles entraram no hall da rodoviária e ouviram uma voz feminina informar que o ônibus já esperava os passageiros.
No ônibus, ocuparam seus lugares, os dois últimos pares de poltronas. Gina se sentou ao lado de Harry e pôs a cabeça sobre o ombro dele. Hermione se sentou no banco da frente, à janela, e Rony lhe fez companhia. O ônibus partiu logo depois, com poucos passageiros.
A viagem durou algumas horas, o ônibus parou e o motorista falou, medroso:
- Godric’s Hollow, desçam logo!
- Está bem. – falou Hermione emburrando Rony – Anda Rony!
- To indo. – reclamou ele levantando-se e pegando a mochila.
- Acorde, Gina. – Harry acariciou o rosto dela, fazendo-a despertar.
- Chegamos? – perguntou ela, sonolenta.
- Sim, levante-se. – Hermione colocou a mochila nas costas.
- Ok. – Gina imitou a amiga.
- Andem logo! – pediu o motorista, desesperado.
- Já estamos aqui. – falou Harry ao lado dele.
- Para que essa pressa? – perguntou Gina, fitando Harry, após descerem do ônibus.
- Vai ver era por isso. – Rony olhava o vilarejo, espantado.
O ônibus deu uma arrancada e partiu. Quando a poeira abaixou, Hermione, Harry e Gina puderam ver o vilarejo, se é que aquilo poderia ser chamado assim. Tudo, sem nenhuma exceção, estava sujo e abandonado.
Eles sacaram as varinhas, deixando-as coladas ao corpo, para disfarçar, e entraram na cidade. A rua principal estava deserta, havia poeira em tudo e os prédios estavam em ruínas. Até mesmo o vento havia abandonado aquele lugar.
Em um determinado ponto da rua, Harry pôde ver uma casa no alto de um morro, olhou os amigos e disse:
- Preparados? Eu sei que tem algo de estranho nesse lugar, mas já estamos aqui. Estamos próximos demais para voltar.
- Estamos preparados, Harry. – falou Gina confiante.
Hermione e Rony confirmaram. Harry sorriu e eles continuaram a caminhada.
- Harry, - sussurrou Gina aproximando-se do namorado e abraçando seu braço – tem alguém aqui. Eu to sentindo.
- Não se preocupe. – ele a envolveu com um dos braços e beijou sua cabeça - Seja lá quem for, eu não deixarei que faça mal a qualquer um de nós.
- E não se esqueça que a Hermione é boa demais para que algo nos aconteça. – murmurou Rony risonho.
- Fica quieto, Ronald. – ralhou Hermione, olhando em volta.
Eles caminharam em silêncio, chegando ao topo do morro em poucos minutos.
- Eu não sei quanto a vocês, mas esse lugar me dá arrepios. – Rony passou as mãos pelos braços nus, os olhos fixos na casa velha.
- Não se esqueçam do que treinamos. Protejam a si mesmos e aos outros. Somos uma equipe, não perderemos nada além de algum tempo nesse lugar. – a voz dele saia imponente, como um general quando fala aos soldados antes de uma batalha.
- Vamos. – Gina ergueu a varinha e avançou.
Os outros três seguiram-na e ficaram paralelos com a garota. Rony lançou um feitiço na porta, abrindo-a como em um empurrão.
- Bruto. – murmurou Hermione, revirando os olhos.
Ao entrarem, os garotos tomaram a frente e as meninas cuidaram da retaguarda. O corredor possuía duas portas laterais, opostas uma à outra, e uma escada ao fundo. Eles cruzaram a porta do lado direito. Era uma sala e estava completamente destruída. O sofá estava rasgado e virado, as paredes com queimaduras e alguns cortes, antigos vestígios de feitiços.
Harry foi até uma marca na parede e a tocou.
- Foi aqui que meu pai batalhou contra Voldemort. – pensou ele em voz alta.
- O ar está pesado aqui. Tem poeira para todos os lados. – Gina passou a mão no nariz.
- Vamos para outro lugar Harry, aqui não há nada. – Hermione havia vasculhado todo o local.
- Só poeira. – Rony andou até a porta, olhando para os lados.
Harry se virou, silencioso, e saiu da sala, seguindo-os.
- Uma cozinha. – informou Rony ao moreno.
Ambos ficaram parados à porta. O ruivo vigiava o corredor.
- Aqui está numa melhor situação. – Hermione se escondeu atrás de um balcão.
- Com relação à poeira está igual. Só não está destruído. – Gina olhou dentro dos armários.
- Meu pai foi morto na sala. Voldemort não quis perder tempo destruindo a casa. – falou Harry seco.
- Achei uma coisa. – Hermione saiu de trás do balcão e jogou um livro para o moreno.
- Proteções antigas. – leu ele – É o livro que eles usaram para me proteger. – concluiu.
- O estranho é que a casa não tinha nenhum feitiço de proteção. Nós entramos sem problemas. – falou Rony.
- Estranho mesmo. Dumbledore devia ter colocado alguma proteção na casa. – Hermione andou até Harry, que analisava o livro.
- Vamos subir. – disse Gina aproximando-se enquanto o moreno guardando o livro na mochila.
Eles saíram da cozinha e andaram até o final do corredor. Subiram segurando firmemente as varinhas, se haveria algo de perigoso na casa estaria ali em cima, onde a vida de Harry mudara.
O corredor possuía três portas. Eles abriram na primeira e vislumbraram um escritório, alguns livros nas estantes e pergaminhos sobre a mesa. Hermione andou até os livros e Harry até os pergaminhos, Gina e Rony ficaram na porta.
- Livros de magia antiga. – murmurou Hermione.
- Pergaminhos de tática de ataque e alguns de defesa. – Harry usou o mesmo tom.
- Vamos levar tudo? – Hermione o olhou.
- Sim. – Harry começou a colocar os pergaminhos dentro da mochila.
- Eu ouvi algo lá em baixo. – exclamou Gina, assustada.
- Eu também ouvi. – Rony apontou a varinha para as escadas.
- Fiquem aqui. – Harry saiu do escritório e entregou a mochila para Gina.
- Não! Eu vou sozinho, se precisar de ajuda eu chamo. – ele lhe deu um beijo na testa e desceu as escadas calmamente.
O ar estava mudado, possuía menos poeira. Ele desceu o último degrau e olhou o corredor, que jazia vazio. Andou lento e silencioso, apurando os ouvidos. Encostou-se na parede ao lado da porta da cozinha e olhou lá dentro.
Não havia mais poeira, tudo estava completamente limpo. Ele entrou e olhou em volta. Não viu ninguém. Saiu da cozinha e entrou na sala, se assustando. Tudo estava em perfeito estado. As marcas na parede haviam sumido e o sofá estava no lugar e novo em folha, como todos os móveis.
“O que...”
- Harry?! – um sussurro veio do corredor.
O moreno saiu da sala e viu Gina ao pé da escada.
- Tudo bem? – perguntou ela.
- Sim. – ele caminhou ao encontro dela com um sorriso - Vamos.
- Como estão as coisas lá em baixo? – perguntou Hermione assim que o casal surgiu no segundo andar.
- Vocês vão ver depois. – Harry apontou para uma das portas do corredor - Vamos entrar naquela outra porta.
- Ok. – Rony andou até a porta e a abriu.
Era um quarto, com uma cama de casal e um guarda-roupa. Não possuía tanta poeira quanto o escritório. A cama estava desarrumada.
Harry entrou e olhou em volta. Aquele era o quarto de seus pais. Gina andou até o guarda-roupa e o abriu.
- Nada de importante. – falou ela após revirar as roupas.
- Próxima porta. – informou Hermione, seguindo pelo corredor.
- É o seu quarto Harry. – Rony estava com a mão sobre a maçaneta – Certeza que quer entrar?
- É o lugar mais importante da casa. É onde a minha vida mudou, onde o mundo mudou. – respondeu Harry, firme.
Rony girou a maçaneta e saiu do caminho. Era um quarto pequeno, com as paredes pintadas em verde claro. Um berço branco estava em um canto e um pequeno guarda-roupa no outro.
Harry andou até o berço e colocou a mão lá, segurou um cobertor leve, retirou-o do berço e o olhou. Rony e Hermione estavam parados na porta, vigiando, enquanto Gina olhava Harry com carinho. Ela andou até ele e segurou o cobertor, olhava-o nos olhos sorrindo.
- Foi aqui Gina. – sussurrou ele.
- Eu sei. – ela o abraçou.
- Foi aqui que minha mãe morreu. – ele a abraçou com força.
- Acalme-se. – ela passou a mão no cabelo dele e ele relaxou.
- Se existe algo importante nessa casa, é aqui que ela está. – disse Harry forte, soltando-a e indo até o guarda-roupa.
- Depois que ele voltou lá de baixo, - sussurrou Hermione para Rony – ficou estranho.
- Algo deve ter acontecido. – Rony deu uma espiada e viu Harry e Gina retornando.
- Nada aqui. – murmurou Harry, estressado.
- Vamos embora, então? Ainda estou com aquela sensação. – Gina saiu do quarto e eles a seguiram até a escada.
O quarteto cruzou o corredor do primeiro andar silenciosos, até que as garotas olharam a sala e a cozinha. Elas deram um grito abafado e Rony arregalou os olhos. Harry olhou-os e falou calmo:
- Era isso que eu falei que vocês veriam depois.
- Quem fez isso? – Rony olhou tudo com atenção.
- Não sei. Vamos? – Harry se virou e continuou a andar.
- Harry... – começou Gina, após falar algo com Hermione.
- Oi. – ele parou e se virou.
- Ainda temos três dias até que a semana deixada por Owen acabe. – começou Hermione.
- O que faremos nesse tempo? – completou Gina.
- Boa pergunta. – o semblante de Harry ficou sério enquanto ele pensava.
- Podemos vasculhar a cidade em busca de algo importante e dormir aqui. – sugeriu Rony.
- Mas não seria perigoso dormirmos aqui? – Gina fitou o irmão.
- Não com Hermione Granger para lançar feitiços protetores na casa. – Rony apontou para Hermione, sorrindo.
- Muito obrigado pelo elogio Rony. – ela corou.
- Não seja tímida Hermione, a ideia do Rony é perfeita. – Harry andou até ela – E pelo que eu notei, a cidade é abandonada e poderemos treinar sério aqui, sem nos preocupar com outros.
- Exatamente. – o peito de Rony estufou orgulhoso.
- Então vamos olhar a cidade. – Hermione caminhou com eles até a porta.
- Estou com fome. – reclamou Rony subitamente.
- Ah Rony, não é novidade! – riu Gina e eles saíram pela porta.
Três feixes de luz acertaram Harry, Rony e Hermione, que foram jogados para trás, batendo contra a parede da casa. Gina foi atingida por Harry e rolou no chão, parando aos pés do moreno.
- Moody! Lupin! Arthur! Tenham modos.
Gina se apoiou nas mãos e olhou pra frente. Harry abaixou-se ao lado dela, protetor.
- Não acredito. – murmurou Rony.
Os membros da Ordem da Fênix se aproximaram.
- Gina! – exclamou Arthur – Vamos embora.
- Não. – disse ela, levantando-se com a ajuda de Harry.
- Vamos Gina! – Carlinhos reforçou a ordem do pai.
- Nós estamos aqui porque queremos! – bradou Rony, enraivecido.
- Ronald Weasley, não levante a voz para seu pai. – falou Molly brava.
- Pessoal! – Hermione tomou a frente – Vamos ser racionais, somos maiores de idade e queremos ajudar o Harry. Ele precisa da gente.
- Mas a Gina não é maior de idade e ela não pode ajudar vocês. – Molly já possuía tom materno na voz.
- Eu posso sim! – ralhou Gina, segurando a varinha com tanta firmeza que a mão tremia.
- Parem de gritar, sim? – pediu Moody.
- Isso mesmo, parem de brigar. – falou Lupin.
- Vocês começaram. – Rony estava vermelho, assim como o pai.
- NÃO! – gritou Hermione ao ver Rony e Gina erguerem suas varinhas.
- Hermione... – Rony ia começar a brigar com ela.
- Chega, Rony. – pediu Harry, abaixando a varinha de Gina – Isso vale pra você também, Gina.
- Ok, vamos embora. – disse ela.
- Não podem. – falou Tonks, receosa.
- Por quê? – Gina a encarou.
- Feitiços anti-aparatação. – Carlinhos apontou para Harry, Rony e Hermione.
- Como podem fazer isto? – exclamou Rony, encarando os pais – Queremos ajudar o Harry! E a Gina foi e será de grande ajuda.
- Weasley respeite teus pais! – Moody tentou conter o ruivo e a situação.
- Porque não confiam em mim?
A pergunta surgiu subitamente. Todos fitaram Harry.
- Como assim, Harry?
- Ninphadora, você não foi a única que não compreender. – falou Moody, fitando Harry – Explique-se, Potter!
- Vocês estão agindo como qualquer outro bruxo. – a voz de Harry saiu indignada - Colocam a sobrevivência do nosso mundo nas minhas costas! – as mãos dele fecharam-se em punhos, que tremiam, sua voz elevando-se a cada palavra – Mas não confiam em mim! – ele fechou os olhos e respirou fundo, Gina tomou uma de suas mãos – E, no fundo, - continuou ele, a voz mais controlada e intensamente triste - não acham que eu vou matar Voldemort.
- Harry, nós não... – começou Molly, devagar.
- Para falar a verdade, se eu e Voldemort duelássemos agora, eu morreria. – Harry a cortou – Em alguns dias encontrarei alguém que me ajudará a reverter essa verdade. Se ele aceitar, Rony e Hermione aprenderão comigo.
- Mas e eu? – protestou Gina, dando um puxão no braço dele.
- Infelizmente, você não pode realizar magia ainda. – respondeu o moreno, ainda olhando a Ordem – Assim que completar 17 anos, Gina, você também aprenderá.
- Eu não vou deixar minha irmã aprender magia avançada. Francamente Harry, ela ainda nem realizou o 6º ano em Hogwarts! – desabafou Carlinhos.
- Eu confio plenamente na inteligência e nos poderes da Gina! – gritou Harry de volta, sem controle.
- Ela não é mais uma criança! – Rony olhou a mãe.
- Dois grandes bruxos a elogiaram! – Hermione tampou a boca com as mãos, mas já era tarde demais.
- Hermione! – gritou Gina com reprovação.
- Desculpe... saiu. – Hermione olhou para a amiga.
- Do que vocês estão falando afinal? – Lupin parecia muito preocupado.
- Conte Gina, tenha o prazer! – Harry se remoia de raiva.
- Fica calmo. – sussurrou a ruiva, no ouvido dele, e se afastou um pouco – Vocês não devem saber, mas, Harry é dono de um cofre muito antigo no Gringotes. – ela olhou cada um dos membros da Ordem – O dono original do cofre era Godric Gryffindor.
Rony e Hermione olharam-se, sorrindo. Todos os membros da Ordem mudaram suas expressões, ficando assustados e impressionados. Exceto Lupin.
“Ele descobriu” - pensou Remo risonho.
- Harry é descendente de Gryffindor. E precisava de mim para entrar no cofre. – continuou Gina.
- Porque de você? – perguntou Arthur, intrigado.
- O cofre dos Potter é dividido em duas salas... – explicou Hermione, sabiamente – Em uma das salas há o quadro de Morgana Potter, entra-se nele comprovando que você é o dono do cofre.
- Nome e filiação. – falou Rony, calmo, antes que alguém perguntasse.
- Já na outra sala, há o quadro de Godric Gryffindor. – continuou Hermione sorrindo.
- Só consegue entrar nele o dono que realmente sabe amar... para comprovar, é necessário que o ser amado esteja ao seu lado. – Rony terminou.
- Godric e Morgana falaram que eu sou forte. – falou Gina de uma vez.
- São apenas quadros Gina! Como eles poderiam te conhecer? – retrucou Molly.
- Hermione, me dê sua varinha!
- O que você vai fazer, Gina? – Hermione olhou-a, assustada.
- Apenas me dê. – Gina tomou a varinha das mãos de Hermione e lhe entregou a sua.
- O que vai fazer Weasley? – perguntou Moody à ruiva.
- Duele comigo! – ela apontou a varinha para seu pai.
- Você não pode estar falando sério. – Arthur se impressionou.
- Nunca falei tão sério. – Gina sorriu debochada.
Todos se impressionaram com a coragem e a ousadia da jovem. Rony, Hermione e Harry se distanciaram de Gina e a Ordem, exceto Arthur e Molly também se distanciaram. Molly agarrou o braço do marido e suplicou:
- Não seja tolo. – murmurava ela – Pode machucá-la.
Um gemido atrás de Gina atraiu o olhar de todos
- É uma pena... – murmurou Harry, a voz dolorida - Mas o duelo vai ter que ser adiado.
Com uma exclamação de dor, a mão livre do moreno voou até sua cicatriz e a pressionou. A dor estampou-se em sua face. Os membros da Ordem reergueram as varinhas e olharam em volta, o olho mágico de Moody girava freneticamente. Rony, Hermione e Gina se aproximaram de Harry.
- Você está bem? – Gina trocou de varinha com Hermione.
- Estou. – murmurou ele, o rosto se contorcendo de dor.
- Saiam daqui crianças! – gritou Arthur.
- Eles estão aqui. – falou Moody, o olho mágico girando ainda mais rápido – Trinta comensais, divididos em três grupos. Um deles vem pela avenida principal, outro pela lateral do morro e o último, por cima.
- Já não precisa avisar. – gritou Lupin ao ver um brilho verde no céu.
A Marca Negra havia se formado sobre a casa. Logo em seguida, lampejos verdes foram lançados por cinco comensais, que voavam sobre suas vassouras, e lampejos vermelhos saíram das varinhas da Ordem.
- Sumam daqui! – gritou Tonks aos jovens após rolar no chão, desviando dos feitiços – É você que eles querem Harry!
- Eu não vou a lugar nenhum! – berrou ele em troca, lançando feitiços para o céu.
- Não é seguro Harry. – gritou Rony, ao chão.
- Use sua varinha Rony! – Hermione corria até a lateral do morro - Destructo!
Os cinco comensais que estavam subindo o morro voaram longe quando o solo explodiu com o feitiço.
- Mire neles Hermione! – gritou Carlinhos enquanto duelava com um comensal.
Ela não respondeu, apenas correu até Harry.
– Vamos embora, eles dão conta dos outros. – pediu ela.
- Vamos Harry! – suplicou Gina.
- Lupin!!! – gritou Harry e, quando o maroto o olhou, continuou – Eu mando noticias.
Remo acenou com a cabeça e voltou a duelar.
- Mãe!!! – gritou Gina já nos braços de Harry.
Arthur e Molly olharam-na e sorriram, ela retribuiu. Rony fez sinal de “até logo” e Hermione ficou com lágrimas nos olhos. Tonks, que havia deixado Lupin duelando contra dois comensais, lançou o feitiço do cancelamento em Harry, Rony e Hermione.
- Tomem cuidado. – pediu ela.
- Pode deixar. – Harry sorriu – Cuide do Remo.
- Eu cuido. – Tonks também sorriu e voltou para ajudar o namorado.
- Para onde? – perguntou Hermione.
Naquele momento, quatro dos dez comensais que estavam sobre vassouras já haviam caído, e seis dos outros dez que vieram pela avenida principal também haviam caído. Harry olhou tudo aquilo se sentindo culpado pela falta de segurança dos amigos.
- Harry! – gritou Hermione jogando-se nos braços de Rony, fugindo de um feitiço – Desculpa Rony. – murmurou ela ficando vermelha.
- Não foi nada. – disse ele igualmente vermelho e ela se afastou.
- Harry! – gritou Gina puxando as vestes de Harry.
- Grimmauld Place. – respondeu ele por fim, o grito de Gina pareceu tê-lo acordado.
A Sede da Ordem havia mudado de local. Lupin não havia lhes contado onde era a nova Sede, eles só sabiam que não era mais lá.
- É perigoso! – alertou Rony.
- Seja lá qual foi o perigo, não é pior que ficar aqui ao ar livre. – falou Harry e abraçou Gina com mais firmesa – Vejo vocês lá. – e aparatou, sendo seguido por Rony e Hermione.
=-=-=
Lá estava ele, sentado imponente sobre sua cadeira, olhando com superioridade para a pessoa que entrava. A pessoa tremia ligeiramente, com medo do assunto que seria abordado naquela conversa. Ele curvou-se demoradamente e ficou fitando o chão.
- Onde estão os comensais que saíram para a missão do dia 31? – a voz saiu arrastada, como o sibilar de uma cobra.
- Pelas informações que tenho milorde, - a pessoa se curvou novamente – Remo Lupin derrotou Lestrange e mais três comensais.
- Mortos? – o Lorde das Trevas se ajeitou no ‘trono’.
- Não, milorde. – respondeu Rabicho rapidamente – Estão em Azkaban.
Uma risada fria e seca ecoou pela sala. Voldemort ria. Rabicho não entendeu o motivo da alegria de seu mestre.
- Eles realmente não devem saber o que estão fazendo. – começou Voldemort, voltando a rir.
- Deseja mais algo, milorde?
- Sim. – Voldemort parou de rir e ficou serio – Quem retornou?
- Yaxley, milorde. Está em seus aposentos.
- Chame-o aqui, agora!
- Sim, milorde. – Rabicho se curvou e saiu.
Voldemort se mexeu novamente, com a cabeça longe. Como ela pôde fracassar? Perder para um mestiço? Ela iria aprender, ela devia aprender. Aprender para ensinar ao Herdeiro.
=-=-=
Eles olharam para a casa, inseguros. Será que alguém ainda vivia ali? Será que algum membro da Ordem guardava aquele lugar?
Gina apertou a mão de Harry, dando-lhe e pedindo segurança. Rony olhou todos pelo canto do olho, como se perguntasse se realmente iriam entrar. Hermione olhou em volta, como se esperasse ser atacada, então fitou Harry.
- Se vamos entrar, que entremos logo.
Ele concordou e começou a andar na direção da porta.
- Espera! – falou Gina antes que Harry tocasse a maçaneta – Devem ter posto feitiços de proteção. É melhor ter cuidado.
- Fica atrás da gente Gina. – ordenou Hermione, pondo-se à frente da amiga.
- Prontos? – perguntou Harry segurando a varinha firmemente.
- Sim. – responderam Rony e Hermione.
Harry segurou a maçaneta com a mão livre e a girou, abrindo a porta com um único empurro. Nada aconteceu. Eles entraram lentos, olhando para todos os lados e fecharam a porta. Nada de estranho aconteceu.
Eles andaram pela casa toda e não encontraram nenhum vestígio de que a ela havia sido habitada nos últimos dois anos. Uma grossa camada de poeira estava sobre tudo. Qualquer objeto parecia unido à poeira.
Hermione e Gina, que tomou a varinha de Rony, limparam a cozinha, dois quartos, um banheiro e a sala. Harry e Rony ficaram na sala, que foi a primeira a ser limpa, e colocaram alguns livros e outros objetos sobre uma mesa.
- Será que aqui é realmente seguro? – perguntou Gina, entrando na sala.
- Não sei. – falou Harry pegando um livro de feitiços protetores – Hermione, você é melhor com feitiços, coloca os necessários?
- Sim. – falou ela, pegando o livro e saindo pela porta logo depois.
- Minha varinha Gina, por favor. – Rony estendeu a mão, sentado no sofá.
- Toma. – ela jogou a varinha e se aproximou de Harry, que se sentara em uma poltrona e apoiava os cotovelos nos joelhos e mantinha a cabeça nas mãos – Tudo bem com você?
- Sim. – sussurrou ele sem dirigir um olhar a ela.
- Harry... – ela não se convencera – Harry... – ele não a olhava – Harry!
- O que foi?! – ele finalmente a olhou, seus olhos estavam avermelhados e apenas raiva os habitava.
Gina retrocedeu alguns passos, levando a mão à boca. Harry encostou as costas na poltrona e fechou os olhos, eliminando qualquer vestígio de raiva que ainda possuía. Depois, abriu os olhos verdes e fitou Gina, o olhar suplicante. Ela caminhou até ele e segurou seu rosto com as duas mãos.
Rony olhara aquilo assustado. A mudança súbita de humor do amigo era algo com o que não estava acostumado.
- Fique calmo. – sussurrou Gina – Eles não vão ficar com raiva de você, não foi culpa sua. Os comensais deviam saber que iríamos lá.
- Isso mesmo cara, relaxe. – Rony sorriu.
Harry piscou para Gina.
- Quer mesmo que eu relaxe, Rony? – ele fitou-o.
- Claro! Você está sobre muita pressão. – Rony apoiava mesmo sem saber o que aconteceria.
- Foi você quem disse. – falou Harry e puxou Gina para se sentar sobre ele, selando seus lábios com um intenso beijo logo em seguida.
Rony ficou de queixo caído com aquilo. Após o beijo, Harry e Gina o olharam e começaram a rir. Rony pegou uma almofada e atirou no rosto de Harry.
- Engraçadinho. – ironizou o ruivo.
- Somos belos atores, não? – falou Gina ainda rindo.
- Mas quem disse que foi atuação? – questionou Harry, puxando o rosto dela para beijá-la novamente.
Hermione entrou na sala no exato momento, passou por eles e pegou dois livros dentro da bolsa. Deu um para Rony e se sentou ao lado dele, olhou Harry e Gina e disse:
- Pelo menos tenham vergonha e vão para algum quarto.
- Boa ideia, Mione. – falou Gina, levantando-se e puxando Harry até a porta.
- Nem pensar. – Rony havia se levantado – Podem voltar aqui! Harry você tem que praticar oclumência. Gina você tem que treinar suas habilidades de duelo.
Todos ficaram chocados com a determinação de Rony ao pronunciar aquelas palavras. Ninguém levou na brincadeira. Harry e Gina voltaram, ele pegou um livro e ela a varinha de Hermione. O moreno se sentou ao lado de amiga e Rony foi duelar com Gina novamente.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!