Elisabeth



CAPÍTULO DOIS - ELIZABETH

“Humana? Normal? A garota riu. Poderia ser muitas coisas na vida, mas nunca normal, a fera de olhos verdes castigaria seus inimigos, a cada dia de sua existência o brilho esmeralda ficava cada vez mais hipnótico, que era natural temê-la”

Ao lado da garota, Harry subiu várias escadas indo até o último andar, não quis tentar uma conversa com ela porque ele mesmo estava muito chateado, depois passar suas férias com os Dursley agora teria que ficar com desconhecidos? Aquilo não era justo, Dumbledore o estava tratando como um garotinho como sempre mas assim que chegasse em seu quarto iria escrever dizendo que iria embora daquela casa no dia seguinte, ah ia.

- Nos pegaram direitinho, não é Harry? – Liz de repente parou olhando para o garoto.

- Por que você não vai embora, é maior de idade, não tem que obedecer ao seu avô.

- Infelizmente eu tenho. – suspirou encostando-se à parede – Ele é o patriarca não posso desobedecê-lo. Para quem é de fora é difícil de entender mesmo – disse ao ver que ele iria se opor – desde que eu nasci aprendi a obedecer cegamente aquele que for escolhido chefe da família se não for assim tudo perde sentido. Eu normalmente ignoro várias coisas mas não ordens diretas como essa.

- Não entendo porque Dumbledore quer que eu fique aqui.

- É seguro, eu já lhe disse. Ninguém entra nessa casa ou melhor ninguém entra em qualquer casa DeVinne sem ser convidado. Enquanto estiver aqui, Voldemort não pode por um dedo em você.

- Pois é...

- Deve ser difícil.

- O que? – Harry olhou para a garota e ela lhe sorriu, ele sentiu um arrepio na espinha.

- É para você, eu percebi que se dependesse de você estaria na frente de batalha e não aqui sendo tratado como que feito de cristal.

- Você definiu perfeitamente bem, Elizabeth. – concordou indo até a janela.

- Liz, por favor. Chame-me de Liz, já que parece que vamos passar o próximo mês juntos.

- Liz, então.

- Venha, Harry, nossos quartos ficam no próximo corredor.

O quarto de Harry era tudo o que não era o quarto na casa dos Dursley, tinha uma grande cama em dossel de madeira escura, as cochas, edredons e lençóis eram todos em tons de vinho e vermelho, as coisas de Harry já estava guardadas num grande closet, a sacada do quarto dava a vista para os jardins do fundo e uma grande piscina que parecia ser olímpica.

- Meu primo Karl costumava usar esse quarto quando vinha para cá, mas ele se casou há dois anos e se mudou para o Canadá, é um bom quarto, mas se você acha vermelho demais peço para a criadagem mudar, não demora muito. – explicou a garota à porta.

- Não se preocupe, eu gosto muito de vermelho.

- Ótimo, então eu venho lhe chamar por volta das oito horas amanhã, meu quarto é o da frente se precisar de alguma coisa.

- Está certo, er... Obrigado, Liz.

- Pelo que? – indagou divertida.

- Por tudo, você nem queria estar aqui.

- Imagina, Harry, eu não vou descontar minha raiva em você, vou enlouquecer meu avô no próximo mês, durma bem, garoto.

Ele ficou sorrindo enquanto a porta do seu novo quarto se fechava.

***

Na manhã seguinte, quando Liz bateu na porta de Harry, ele já estava acordado há algum tempo, no fim decidira não escrever a Dumbledore e passar o resto das suas férias em Green Hall, talvez aquilo não fosse tão ruim assim.

- Bom dia, Harry.

- Bom...

Ele não conseguiu terminar a frase ao ver que ela usava somente um biquíni florido e segurava um roupão cor de creme na mão.

- ...dia

- Dormiu bem? Quer nadar?

- Sim, não, obrigado.

- Está bem, vamos descer para o café.

Acompanhando Liz, Harry desceu por uma escada diferente daquela da noite anterior indo parar num aposento grande e muito bem iluminado, havia uma grande mesa, que nesse momento estava cheia de pessoas que pararam de conversar ao ver os recém chegados.

- Bom dia! Como tem passado meus queridos primos? – alguns responderam outros simplesmente voltaram a comer – Harry, essa é uma pequena parte da minha família, a partir do lado direito – Tomas, Karla, Mel, Joshua, Lucca, Johanna, Vinicius, você já teve o desprazer de conhecer ontem, Esteban, Mary, Pedro, Julia, Anna e Rick.

Mesmo não tendo conseguido decorar nenhum dos nomes ele fez um aceno com a cabeça, havia somente três acentos vagos na mesa e ele não sabia exatamente onde sentar, Liz sentiu seu embaraço.

- Sente no lado esquerdo da cabeceira, é onde os visitantes ficam.

- Tá.

Liz sentou-se à frente dele e logo um dos primos que Harry achava que o nome era Joshua falou com ela.

- Soubemos que vai a Hogwarts, Liz, por quê?

- Pergunte pro velho gagá, Joshy. – replicou passando geléia num pão – O que diabos eu vou fazer numa Escola de Magia é um mistério para mim tanto quanto para vocês.

- Talvez eles queiram fazer experiência mágicas com você, Beth. – comentou a única loira da mesa com a voz carregada de sarcasmo.

- Não se morda de inveja, Anna, se quer tanto ir no meu lugar eu troco com você num piscar de olhos é só falar.

- Ah, Anna, deixe-a em paz. – falou o rapaz que sentava ao lado de Harry e que parecia ser um pouco mais velho que ele – Liz não pediu para ir, vovô quis assim, por que não a deixa em paz?

- Por que não cuida da sua vida, Pedro?

- Você é que deveria responder isso, não acha, priminha?

A garota lançou um olhar mortífero ao rapaz, que pouco se importou, olhando para Liz que lhe sorria, ela saiu da mesa brava mas como ninguém deu grande importância nem mesmo Liz, Harry achou que aquilo era normal, ele tentou se concentrar então na comida. Meia hora depois saiu do salão acompanhado da garota.

- Tem certeza de que não quer nadar? Algum dos meus primos lhe emprestaria roupas de banho.

- Não sou bom na água.

- Ah isso não é desculpa. Lorey! – Harry olhou do lado e viu uma senhora já de idade que acabava de sair de uma porta que ele acreditava ser a cozinha, em poucas palavras a governanta já estava levando Harry para o quarto para que se trocasse.

***

Ontem estava preso no seu quarto agüentando seu primo porco Duda, hoje estava descendo as escadas de uma mansão indo encontrar-se com a garota mais bonita que já vira na sua vida numa piscina, Harry não tinha certeza se estava acordado ou não, mas se aquilo fosse um sonho ele queria continuar dormindo por um bom tempo.

Quando chegou a piscina não havia ninguém lá, o roupão de Liz estava jogado em cima de uma espreguiçadeira mas nem sinal da garota, foi quando ele ouviu um barulho na água e voltou-se para ela, Liz surgiu da água como uma sereia. Quando o viu ela sorriu e nadou até ele.

- Então, menino que sobreviveu, vai ficar ai muito tempo ou vai aproveitar essa manhã de verão?

- Digamos que eu não seja um bom nadador.

- Sério? Veremos.

Harry sentiu sendo puxado pelas pernas e momentos após ele estava caindo na piscina, ele engoliu muita água e quando voltou a tona Liz estava chorando de tanto rir.

- Você devia ter visto sua cara, Harry, foi muito hilária!

- Ah é assim. – disse jogando água nela – vamos ver quem vai ficar hilário quando eu te pegar.

- Hahahaha Quem era o péssimo nadador, Potter?

- Eu é que não. – respondeu no mesmo tom de provocação que a garota.

Mas Liz era muito boa na água, algumas vezes Harry conseguia tocar no seu pé mas não rápido o suficiente para agarrá-la.

- Trégua? – pediu a garota cerca de meia hora depois já completamente sem fôlego.

- Ok, cinco minutos. – concordou se jogando em um das espreguiçadeiras.

A garota estava tomando um suco de laranja enquanto Harry olhava para a água com a mente muito distante.

- Não foi tão ruim assim, né? – ela comentou trazendo o garoto de volta a terra.

- Claro que não, foi bem divertido, é sempre assim?

- Nunca é assim, Harry, se você ainda não percebeu eu sou a ovelha negra da família, agora até meu primo de vigésimo grau sabe que eu estou na piscina com você e a história já deve ter sido aumentada algumas vezes.

- As pessoas falam demais já aprendi isso muito bem.

- Minha família se supera, principalmente quando o assunto sou eu.

- Por que? Quero dizer se você quiser falar, é claro.

- A garotinha rebelde da família, com pai desconhecido e cuja mãe é a maior caçadora do último século, isso já seria assunto suficiente se meu avô não insistisse em me mandar nas mais difíceis missões e fazer coisas importantes.

- Hogwarts?

- Exatamente. Pessoalmente acho tudo isso um saco, preferia mil vezes ser uma garota normal a passar por tudo isso. Mas já faz um tempo que eu entendi que por mais que queira eu nunca vou ser normal, você sabe bem do que estou falando, não é mesmo?

- Se sei. – concordou com um sorriso – Quando entrei em Hogwarts a única coisa que eu queria era ser igual a todos os garotos mas desde o primeiro dia vi que não poderia ser assim, infelizmente eu teria que ser melhor senão eu não iria sobreviver literalmente aos sete anos de estudo.

- Você passou por poucas e boas nos últimos anos, Lupin me contou algumas, a Câmara Secreta, os dementadores, o torneio tribruxo. Parece que sua linha do destino estava escrito: “esse ai vai se ferrar toda a vida”.

- Obrigado, DeVinne.

- Disponha, Potter – replicou com um sorriso maroto - Vamos lá, Harry, são nossas vidas, as únicas que temos, se não podem ser perfeitas temos que fazer que sejam ao menos divertidas.

- Você é feliz demais.

- Eu não diria isso, eu diria que estou facilmente de bem com a vida na maioria do tempo.

- Eu diria todo o tempo.

Os dois voltaram-se para ver quem dissera isso, se aproximando da piscina vinha um homem, deveria ter uns vinte e cinco anos, alto, um metro e noventa talvez, cabelos de cor de noz moscada e os olhos mel, usava terno e gravata pretos.

- Olá, Félix.

- Elizabeth, há quanto tempo não a vejo.

- Se dependesse de mim seria mais tempo mas você sabe como o velho adora me trazer para a Inglaterra.

- O senhor DeVinne aprecia ter os netos por perto. – replicou frio.

- Nem me fale. – ela assobiou – Este é...

- Eu sei quem ele é. – cortou o homem – O seu avô deseja que os dois venham almoçar com ele nesta tarde, ao meio-dia sem atrasos,

Da mesma forma que veio o estranho homem se foi sem dizer nem ao menos um “até logo”.

- E quem era? – indagou Harry ao ver que Liz vestia o roupão.

- Felix Reimound, faz tudo do meu avô, ele é um agregado da minha família.

- Um o que? – perguntou novamente quando entraram na casa.

- Quer dizer que ele recebeu o mesmo treinamento que um DeVinne recebe sem pertencer a família, pelo que sei, antes de morrer o pai dele pediu que meu avô o criasse. Reimound tem obediência cega ao vovô, chega a dar náuseas de se vê.

- Imagino, mas por que será que seu avô quer que almocemos com ele? Será que ele ficou bravo pela piscina.

- Imagine, Harry, se ele não se importa que vire noites nas baladas alemãs porque se importaria com isso? Não deve ser nada importante, não vale a pena perder seu tempo com preocupações. Vá tomar um banho e descanse, por volta das onze e meia venho te chamar, não quero ouvi-lo reclamando do atraso.

- Sem problemas. Até mais tarde. – disse ao chegar a porta do quarto.

- Até.

***

“O que o senhor DeVinne quer comigo?” - Essa pergunta não saia da cabeça de Harry no momento que chegaram a porta do quarto do velho, ele pusera suas melhores roupas mas ao ver que Liz estava vestida formalmente sentira que seu jeans fora rebaixado a nada, mas agora não podia voltar atrás.

- Tudo bem, Harry. – sorriu a garota depois de bater a porta – Ele ladra mas não morde.

- Eu não teria tanta certeza disso, Liz.

A garota não pode responder pois a porta estava se abrindo Félix os observava com a pior das expressões, parecia que ele não fora realmente com a cara de Harry, o garoto perguntava-se o porquê.

- Entrem.

O lugar era muito sóbrio, haviam vários quadros espalhados pelas paredes, um deles com as mesmas pessoas do escritório, a mulher idêntica a Elizabeth, só que agora ela segurava uma criança nos braços.

- Ela é minha tatatatatatatataravó. – explicou Liz também olhando para o quadro – Parecida comigo, não?

- Simplesmente idêntica.

- É o que dizem. – a garota sorriu – Eles são os primeiros DeVinne que se tem noticia, Elizabeth e Pedro DeVinne, deram origem ao clã.

- Dizem que eles caçaram o próprio Merlin. – completou o senhor DeVinne a porta ao lado de Félix – Mas isso são somente lendas, claro, mas quem sabe não é senhor Potter, dizem que toda lenda tem seu fundo de verdade. – o velho andou até sacada onde havia uma mesa posta – Venham, sentem-se comigo.

Liz e Harry fizeram o que ele pediu, Félix ficou a porta como se esperasse uma permissão que logo foi dada com somente um olhar de Jarold, ele sentou-se ao lado de Harry, isso fez que o rapaz ficasse incomodado.

- Soube que vocês se divertiram hoje. – comentou o velho servindo-se de um copo de água de uma jarra transparente.

- Tento imaginar quantas vezes minha querida prima, Anna, aumentou a história. – replicou Liz sem se alterar.

- Muitas, tenha certeza, Elizabeth. Mas não os trouxe até aqui para dar motivo para picuinhas entre vocês duas, já estão crescidas deveriam parar de se comportarem como duas garotinhas – Liz revirou os olhos – Os trouxe aqui para falar sobre o senhor Potter.

- Sobre mim?

- Sim, garoto. Você passará o próximo mês em minha casa e temos que encontrar algo para você fazer. Então decidi que Elizabeth lhe dará um mini treinamento ao estilo DeVinne, estive conversando com Dumbledore hoje pela manhã e ele me contou que você pretende seguir a carreira de auror, isso lhe será muito útil então.

Foi muita coisa para a cabeça de Harry, treinamento, Dumbledore em Green Hall, se tornar auror. É verdade que ser auror era a única das profissões que lhe chamava realmente a atenção, mas somente agora percebia o quanto tudo estava próximo, no quinto ano isso parecia uma realidade muito distante mas agora tudo parecia estar batendo na sua porta querendo entrar.

- Como assim treinar ele? – a voz de Liz cortou os pensamentos do rapaz – Que eu tenho que fazer?

- Nada de muito complexo claro. – explicou o homem servindo-se de uma salada que uma criada acabava de trazer – Não temos tempo para treiná-lo mais profundamente, mas um apanhado geral de como combater as principais criaturas das trevas sem usar varinha, um pouco de esgrima e luta corporal serão bastante úteis.

- O senhor acha que eu vou conseguir fazer tudo isso num mês?

- A conheço o suficiente para dizer que sim, o que acha senhor Potter?

- O que posso dizer? Claro.

- Então está decidido, o treinamento começa amanhã, sirvam-se.

Harry olhou para Liz que tinha um sorriso divertido no rosto como quem dizia “você vai sofrer nas minhas mãos”.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO:

Harry lutando? Isso será algo interessante de se ver. Um, dois, três, soca! Liz parece aceitar a situação de ficar em Green Hall pelo próximo mês, claro que ela preferiria estar nas baladas alemãs, mas fazer o quê? O velho manda, temos que obedecer.

Veremos essa experiência em “TREINAMENTO A MODA DEVINNE”

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