Treinamento a Moda DeVinne



CAPÍTULO TRÊS: TREINAMENTO A MODA DEVINNE

“Lutar estava no seu sangue, era o seu destino, haviam sido escolhidos desde sempre, pra manter a balança equilibrada, nenhum dos três mundos deveria ser mais poderoso, e cabia a eles fazer que isso continuasse assim...”

Rodopio, cai, gira, se segura no último momento, rodopio de novo, pula pro chão, faz uma cambalhota tripla e retorna pras barras.

Harry observava a cena incerto se era real ou não, atrás da mansão DeVinne havia um grande prédio que era na verdade um centro de treinamento intensivo, possuía um ringue, um tatame, uma quadra e uma área destinada a ginástica que era onde o rapaz se encontrava nesse momento e Liz se exercitava.

- Impressionante, não? – Vinicius se aproximou dele usava um quimono com uma faixa preta – Ela é a melhor, ninguém se compara, minha irmã se rói de inveja.

- Como ela faz isso?

- Bom, Potter, treinamento, um bom professor e no caso dela, o dom.

Ele voltou a olhar para as barras que nesse instante estavam vazias, Liz já descera e vinha caminhando na direção deles, segurando uma toalha com a qual enxugava o suor da testa.

- Bom dia, Harry, bom dia, Vin.

- Qual foi o cataclismo que arrancou minha priminha da cama as sete da manhã, Liz?

- Nenhum que te diga respeito, Vin – respondeu jogando a toalha em cima de um banco – Pronto, Harry?

- Claro, se você não quiser que eu faça aquilo. – ele sorriu torto olhando pras barras.

- Ah, não se preocupe, até o fim da semana continuamos no chão, daí em diante será o que minha mente diabólica planejar.

- Liz, você vai acabar assustando o garoto. – falou Vinicius socando um saco de boxe.

- Me diz o que você está fazendo aqui, Vinicius? Não devia estar com a Anna e a Julia na cola do Malfoy?

- Malfoy? – interrompeu Harry com interesse.

- É estamos monitorando alguns “suspeitos” por assim dizer – explicou Liz – Por que você o conhece?

- Estudo com o filho dele.

- É do garoto mesmo que estamos falando, Potter – implementou Vinicius – É, eu deveria se aquelas duas cabeçudas não tivessem aceitado o desafio daquele tal de Zayer.

- O demônio superior que cospe gelo? – o rapaz concordou – Pedro me falou algo ontem, o que aconteceu?

- Zayer passou dessa pra pior, mas vovô ficou uma fera com elas.

- Deixe-me adivinhar treinamento isolado na Rússia com o tio Viktor?

- Exatamente, por sete meses.

- Coitadas, mas e o Malfoy?

- Estelle e Pietro estão vindo da Espanha para substitui-las, mas só chegam hoje a noite, enquanto isso...

- Você não vai ficar me enchendo, trate de arrumar o que fazer!

- Mas...

- Nem mas e nem meio mas, tenho ordens expressas de vovô para treinar o Harry, por isso se manda.

Jogando as mãos para cima e com uma expressão de derrota o rapaz saiu do prédio. Liz então se voltou para Harry.

- Demônio que cospe gelo?

- É. – concordou a garota – Esses idiotas vivem fazendo desafios e normalmente são mortos. Venha comigo – o chamou em direção do tatame – Só que mais idiotas são as meninas por aceitarem, agora vão ter sete meses de férias bem confortáveis na Sibéria.

- Você é terrível.

- Sou uma DeVinne, tenho que ser assim. Mas me diga você pratica algum esporte?

- Quadribol.

- Quadribol? E como é isso?

- É um jogo bruxo. – tentou explicar – Agente joga montado em cima de vassouras, é como uma mistura de basquete, futebol...

- Chega, não precisa explicar, talvez quando eu estiver em Hogwarts entenda. Tire os tênis e suba no tatame, vamos a sua primeira aula de defesa pessoal.

- Isso é realmente necessário? Quero dizer, tenho minha varinha e tudo mais.

- E se acontecer algo a ela no meio de uma batalha, que você faz, fica chupando o dedo e reza pra ninguém te atacar?

- Bom... Talvez esteja certa.

- Obrigada pelo talvez, Harry – sorriu marota – Agora me dê um soco.

- Você está brincando.

- Não, não estou mesmo. – ela deu um sorriso sapeca – Vamos lá, Harry, medo de apanhar de uma garota?

- Você sempre desafia as pessoas assim?

- Claro. – ela começou a andar em volta do rapaz – Regra número um de uma boa briga, quanto mais nervoso estiver o seu adversário mais rápido ele vai ao chão. Agora tenta me acertar.

Ele fez que não com a cabeça dando um riso debochado e tentou dar o soco, mas ela aparou o braço, o virou de costas e o derrubou no chão.

- Pára. – pediu Harry com lágrimas nos olhos, o braço estava doendo muito.

- Lição dois, Harry. – Liz o soltou e sentou-se ao lado dele no tatame – Nunca julgue seu adversário pelo que ele aparenta ser, principalmente se for uma garota.

- Agora você me deixou sem graça.

- Foi a intenção, os olhos são um dos sentidos fundamentais, mas eles enganam muito, você deve usar os outros, a audição, o tato são as vezes bem mais úteis. Agora tente me acertar, vamos garoto, levanta.

Ele socou e ela aparou o golpe com a mão esquerda.

- Bom, agora vamos com calma, você não pode dar na cara o que vai fazer. Regra três: o caminho inesperado é aquele que leva a vitória, você não pode ser previsível, demonstre que vai dar um soco e dê chute. Esquive. E não faça essa cara...

- Eu não nasci para isso, Liz, não mesmo.

- Não? – ela o socou e ele segurou a mão dela – Bons reflexos, você me parece ter um bom sexto sentido.

- É por causa do quadribol e não tem nada a ver.

Harry olhou para a porta do ginásio e uma garota acabava de entrar, era da sua altura e tinha os cabelos muito pretos, os olhos eram amendoados mas pareciam muito vivos. Liz seguiu o olhar dele e sorriu, correndo até a desconhecida.

- Renata! – as duas se abraçaram, Liz parecia muito feliz – Pedro me falou que você estava em Liverpool, pensei que não ia te ver.

A garota sorriu e tirou um bloco do bolso do casaco, rabiscou alguma coisa e entregou o papel a Liz.

- Quando você soube que eu estava aqui apressou tudo? Que bom, amiga, venha, quero que conheça alguém.

Abraçada a garota pelos ombros, as duas caminharam de volta ao tatame, ela não devia ser uma DeVinne, pensou Harry, todos os DeVinne tinha aquele jeito, que ele mesmo não sabia definir muito bem, mas era inconfundível.

- Harry quero conheça minha melhor amiga, Renata Reimound. Rê, este é Harry, Harry Potter. – a garota arregalou os olhos e apontou para a testa – É, o garoto da cicatriz, vovô me pediu para treiná-lo.

Renata riu e rabiscou outra coisa no bloco, Liz leu e olhou para a amiga fazendo cara de “Quem? Eu?”

- Eu não vou enlouquecê-lo até o final das férias, Rê, que maldade. Só vou deixá-lo um pouquinho roxo, não vejo nada de mais nisso. – Harry a olhou com a sobrancelha esquerda erguida – Estou brincando, pelo amor de Deus, você é sério de mais, precisa relaxar as vezes.

Harry via a garota recém chegada escrever alguma coisa no papel e lhe entregar, não conteve o riso ao ver o que estava escrito.

“Liz é sempre muito relaxada, você acaba se acostumando, só não a deixe brava, ela solta fogo”

- Qual é a graça? – Liz tentou pegar o papel mas ele não deixou.

- A curiosidade matou o gato, DeVinne.

- Ótimo, era o que eu precisava, um aluno com trocadilhos, vamos voltar para sua aula, senhor Potter, antes que eu me arrependa.

***

O som de luta era ouvido de longe, Renata correu até o ginásio, eram sete da manhã, cedo de mais para acreditar que Liz poderia estar treinando com Harry mas durante o último mês os dois haviam surpreendido a todos, ela pela paciência e ele pela persistência. Harry havia aprendido as facetas de uma boa luta e era um aluno aplicado, até mesmo Liz admitia isso, claro que não na frente do rapaz, ela era deveras exigente com ele.

A garota ficou quieta observando os dois lutando, Liz era superior claro, tinha muito mais experiência que Harry, mas o rapaz tinha algo, um senso de guerreiro, que naquele momento surpreendeu a garota fazendo que a espada dela voasse longe e ficasse fincada num lugar do tatame.

- Acho que te peguei, DeVinne.

- Não conte com isso, Potter.

Liz deu uma cambalhota e pegou a espada, no segundo seguinte esta se encontrava embaixo do pescoço do rapaz.

- O que dizia?

- Odeio quando faz isso.

- Ah, me poupe – ela riu com vontade – Você foi desatento, conhece a maioria dos meus golpes, devia já saber o que eu iria fazer.

- Eu imaginei, mas não tinha como impedi-la, nunca conseguiria.

- Nunca é muito tempo. – ela deu uma batidinha na ponta do nariz do rapaz num gesto de brincadeira – Mas infelizmente tempo é exatamente o que não temos, amanhã iremos para Hogwarts, hoje é seu último dia de aula comigo.

- Não haveria forma de continuarmos lá?

- Não sei, Harry, não tenho a menor idéia do que irei fazer na sua escola, mas se tiver chance continuamos sim. Renata! – ela viu a amiga e fez sinal para que se aproximasse – Que você veio fazer aqui, não devia estar ajudando na festa?

Renata fez que sim com a cabeça, mas entregou uma folha de papel a Liz, ao ler o que estava escrito, a garota arregalou os olhos e levou a mão a boca.

- Eu esqueci. – Renata concordou com um aceno – O presente de vovô, diabos, onde vou comprar um presente para ele numa hora dessas, eu nem sei o que comprar para ele.

- O que houve?

- Hoje é o aniversario do velho. – Liz olhou para Harry – Eu tinha que comprar algo para ele, mas com os treinos acabei esquecendo completamente. Harry, eu tinha umas idéias para a nossa última aula mas...

- Vá comprar o presente dele, tudo bem.

- Tudo bem, mesmo?

- Vá logo, DeVinne, o que está esperando?

- Até mais. – ela se agarrou ao braço da amiga e correu para a porta de saída, mas voltou a olhar para Harry – Ah, não se preocupe com o que vai vestir hoje a noite, Lorey levará até seu quarto.

Harry acenou que sim e viu a porta bater, respirou fundo, que mês havia tido, se divertira em cada momento, mesmo que algumas vezes quisesse arrancar a cabeça de Elizabeth, ela sabia ser chata e ranzinza muito bem quando queria, mas mesmo assim, novo suspiro, ela era... Ele acenou que não com a cabeça, era melhor nem pensar nessas coisas...

***

Harry observava-se no espelho, Lorey havia lhe trazido um terno negro, com camisa e gravata negras também, não sabia exatamente o porquê daquilo, mas conhecendo os DeVinne como ele aprendera a conhecer no último mês sabia que havia um motivo e um motivo lógico. Tentava dar o nó na gravata quando bateram a sua porta, do jeito que estava foi atender.

- Boa noite, Potter.

O rapaz ficou estático olhando para Liz na sua frente, ela estava arrumada para a festa como era esperado, usava vestido negro curto liso de alcinhas, o cabelo castanho caia em grandes ondas pelos ombros, usava uma maquiagem leve que mesmo assim realçava sua beleza, tinha um pequeno embrulho nas mãos, coberto por um papel azul.

- Pronto? – Liz quebrou o silêncio sorrindo.

- Quase.

Harry segurou a gravata sobre o pescoço e voltou para frente do espelho, mas não conseguia nem por decreto arrumar a bendita peça de roupa, foram três tentativas logradas antes que Liz perdesse a paciência.

- Deixe-me arrumar isso.

Ela largou o embrulho em cima de uma cadeira e ficou atrás de Harry e com muita habilidade, muito mais habilidade que se espera de uma garota, ela arrumou a gravata, os dois se olharam no espelho vendo a imagem de si juntos. Liz atrás de Harry com as mãos em cima dos seus ombros e a cabeça muito perto da do rapaz.

- Você é boa nisso. – Harry falou quando Liz se afastou rapidamente dele.

- O uniforme possuía gravata na minha antiga escola. – ela abaixou-se para pegar o embrulho – Que tal irmos? Quanto mais cedo chegarmos a festa, mais cedo saímos dela.

- Claro. – Harry ofereceu o braço e Liz aceitou.

- Sabe, Harry, o estilo DeVinne cai bem em você. – ela o olhou bem pela primeira vez.

- Obrigado, eu acho. – sorriu sem graça.

***

Jarold estava sentado numa mesa redonda com seus nove irmãos ao seu lado, pensava no passado e como vira a maioria daqueles jovens barulhentos crescerem e se tornarem grandes caçadores que eram. Já estava ficando velho demais para aquilo, em poucos anos passaria a obrigação para outra pessoa, só que essa pessoa ainda precisava de tempo para ser preparada, o maior problema era que ele não tinha certeza se tinham tempo.

- Quem é aquele que está com nossa pequena encrenqueira? – Luise olhou para o irmão com curiosidade, dois dez irmãos DeVinne ela era a mais nova e que possuía uma alma de criança.

- Harry Potter. – Jarold suspirou com desgosto, quando havia dado a missão a Elizabeth para treinar o jovem bruxo nunca iria imaginar que os dois iriam se tornar tão próximos, aquilo estava ficando perigoso, ele se via tentado a não mandá-la a Hogwarts, mas a neta tinha uma importante missão para cumprir lá infelizmente.

Liz e Harry estavam conversando com Johanna e Rick, quando a morena puxou o braço do par em direção a mesa em que estavam os velhos. Os dois formavam um belo casal, tinha-se que admitir, eram quase da mesma altura, os olhos escuros da garota contrastavam com os muito claros de Harry, formando um conjunto estranhamente harmonioso.

- Boa noite. – Liz sorriu e beijou a testa de tio Phil que sentava ao lado de Jarold, Harry acenou para eles com a cabeça mas sem falar nada.

- Estive imaginando o quanto vocês iriam se atrasar para esse baile idiota. – Jarold se apoiava na bengala e encarava Liz com a cara fechada.

- Ora, vovô, para os franceses atrasar é charme.

- E para nós ingleses é falta de respeito.

- Ora, Jarold, deixe de ser ranzinza, pelo menos no dia do seu aniversário. – falou Phil que abraçava a sobrinha pela cintura – A festa mal começou.

- Deixa, tio, eu não ligo para essas criancices do meu avô. – a garota pegou o embrulho que dera para Harry segurar – Acho que vai gostar disso, bom, me deu muito trabalho para encontrar, faça ao menos o favor de não jogar fora.

Jarold pegou o embrulho com impaciência e rasgou o papel sem nenhum cuidado, havia uma caixa de média lá dentro, do tipo de se guardam jóias, ele a abriu e uma exclamação coletiva foi ouvida na mesa, era um relógio de bolso, feito da mais pura prata.

- Agora o senhor não pode mais reclamar daquele lobisomem que destruiu seu precioso relógio antigo, esse veio da Suíça e foi feito no século XVII.

O velho ficou observando o relógio com cuidado e Liz olhou para Harry com apreensão, se ele fosse fazer um comentário mordaz iria ficar muito chateada, passara a tarde toda rodando o centro de Londres com Renata atrás daquele relógio. Jarold finalmente parou de olhar para a peça e voltou a encarar a neta, tinha uma expressão estranha no rosto.

- Obrigado, Elizabeth.

- Ah... – a garota ficou bem surpresa. – De nada, vovô.

- Oh, por favor. – Phil bebeu um pouco de vinho e sorriu para a sobrinha – Vocês estão perdendo a noite com esses velhos, vão dançar e se divertir, garotos.

- Claro, vamos, Harry.

Liz começou a puxar Harry para o centro do salão, o rapaz que até aquele momento se divertira muito, sentiu um frio na barriga, não tinha boas recordações do último baile que participara.

- Isso é realmente necessário?

- Você enfrentou um treinamento DeVinne e está com medo de dançar?

- Eu não estou com medo.

- E então?

- Eu não sei dançar, tá bom. – admitir aquilo não foi muito bom para Harry – Sou péssimo nisso.

- Bom, pelo que me lembro, você era péssimo nadando, péssimo socando, péssimo lutando, agora é péssimo dançando. Harry, pelo amor de Deus, você tem que acreditar uma pouco mais em você as vezes.

- Certo. - o rapaz se deu por vencido – Que quer que eu faça?

- Segure na minha cintura e simplesmente siga os meus passos.

Ele fez o que ela pediu, aquilo não lhe lembrava em nada a dança do baile do Torneio Tribruxo, dançar com Liz era simplesmente fácil, parecia tão normal ser levado pela música, segurar a cintura da garota lhe dava segurança, a segurança que não tinha para olhar para o rosto dela tão próximo do seu, ele ainda não entendia o porquê, mas estar tão perto da amiga era ao mesmo tempo ótimo e terrível.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO:

Finalmente voltando a Hogwarts, Harry reencontra os amigos, já Liz ganha um maravilhoso presente e se sente maravilhada frente as descobertas do mundo mágico, Dumbledore lhe revela o que ela fará na escola de magia.

A ação está começando em “DESCOBRINDO HOGWARTS”

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