INCIDENTES



INCIDENTES




Havia, exatamente, um ano que o garoto Riddle descobrira a capacidade de falar com cobras. Hoje ele tinha 10 anos e continuava sendo considerado, pelas crianças, um menino muito estranho. E pelos adultos um exemplo de como um jovem bem comportado deveria ser.

Certamente teria um grande futuro, pensavam eles. Não estavam de todo enganados.

Poucas crianças conversavam com Tom. A maioria o evitava ao máximo. Mas como em todas as escolas, a escola primária de Small Vilage tinha alguns garotos considerados valentões. Carlinhos Stubbs era um deles.

Carlinhos era um garoto grande de 12 anos. Repetira um ano, e era de uma família importante na pequena cidade. Adorava implicar com os órfãos. Por mais estranho que parecesse, a coisa que Carlinhos mais amava na vida era Tobby, seu coelho. Claro que isso desmoralizava seu posto de valentão do colégio, mas poucos levavam isso em conta, ao se verem cara a cara com o garoto e sua turma.

Como vítima do dia foi escolhido o pequeno Tom.

- Oi, esquisito! Que tal nos divertirmos um pouco? - Falou Carlinhos, enquanto ele e sua turma fechavam o caminho que Tom seguia.

- Não, muito obrigado. Não quero me “divertir’’ com vocês. Prefiro comer bosta. Seria certamente mais divertido. – Cuspiu Riddle com sarcasmo.

- Que bom que é isso que você quer, Tom! Porque é isso que você fará!

Um dos garotos da turma pegou Tom por trás e Stubbs esfregou na cara de Riddle um papel sujo, cheio de fezes.

- Pronto, Riddle! E nem precisa agradecer! Foi cortesia!!! - Gargalhou o grupo de meninos - Vamos pessoal, deixem-no saborear a refeição! – falou o líder.

Tom, sentindo-se humilhado,correu para o orfanato e foi direto ao banheiro se limpar. Qualquer um, por mais que tenha achado a cena engraçada, teria se assustado e ficado amedrontado com o que via naquele momento.

O rosto, outrora bonito de Tom, estava distorcido e mostrava claramente um ódio sem igual e transformara-se em uma mascara fria de fúria. Se Carlinhos estivesse presente nesse momento, certamente teria se arrependido do que fizera.

Tom sabia que se vingaria. Ainda não sabia como, mas o faria. Passou a noite articulando um modo de se vingar. Foi quando decidiu: o que ele próprio mais gostava na vida era o poder, e a sua dignidade, e foi isso que Carlinhos tirou dele. Por isso resolveu que o mais justo seria tirar o que Carlinhos mais gostava, que era, sem dúvidas, o seu coelho Tobby.

Riddle se levantou, sabia que não conseguiria sair do orfanato à uma hora dessas pois a porta sempre estava trancada, mas o ódio levou-o a ainda assim tentar. Desceu as escadas em silencio e chegou à porta. Tentou abri-la, e como previsto, estava fechada. Desejou com todas as suas forças que ela se abrisse e, para seu espanto, fez-se um clique e a porta abriu.

Tom continuou seu caminho. A casa de Carlinhos não era muito longe. Ficava próxima à escola, era grande e muito bonita. Lá chegando, Tom não se surpreendeu ao girar a maçaneta e ver a porta abrir. Era como se já esperasse por isso.

Estava dando tudo certo para o garoto. Era um momento único para ele, um momento que ele certamente nunca mais esqueceria.

Para Tom não bastava a vingança, ele queria algo que sempre o lembrasse desse momento prazeroso. Algo que ele pudesse guardar para sempre, como prova de seu poder e do prazer que sentiu ao executar sua vingança.

Calmamente, Riddle subiu as escadas à procura do quarto de Carlinhos. Após alguns segundos o encontrou. Era um quarto grande, com vários brinquedos e uma estante de livros, que certamente Stubbs nunca abrira sequer a metade.

Stubbs estava dormindo. Ao lado de sua cama havia uma mesa de cabeceira, e nela, dentre muitos outros objetos, havia uma pequena gaita de boca. Tom já tinha visto a gaita várias vezes com Carlinhos. Achou o que procurava: seu troféu. Rapidamente o pegou e embolsou. Saiu do quarto e continuou a sua procura pelo coelho. Como se fosse atraído por algo, o bicho veio em ao seu encontro. Sem titubear, Tom o pegou e saiu da casa, extremamente feliz consigo mesmo.



Logo cedo no dia seguinte, a escola primária deparou-se com um grande problema.

Pendurado às traves do teto, enforcado, estava Tobby. Ninguém sabia como o coelho havia parado lá. Mas todos sabiam que Tom tivera uma briga com Carlinhos, o qual encontrava-se chorando compulsivamente em um canto.

- Tom. – chamou a diretora da escola – Será que podemos conversar?

- Claro Senhora diretora. – respondeu Tom, educadamente.

- Desculpe perguntar Tom, mas será que você saberia algo sobre o ocorrido com o coelho de Carlinhos? Quer dizer, ouvi boatos de que vocês brigaram ontem...

-Sim, nós realmente tivemos uma briga ontem. Como a Senhora sabe, ele costuma implicar com todo mundo do orfanato... e ontem foi comigo... Mas não sei nada sobre o que aconteceu com o coelho. – Respondeu Riddle. – E, aliás Senhora, como eu poderia fazer algo? O orfanato fica trancado à noite, todo mundo sabe disso. Além do mais eu não teria como entrar na casa desse idi.. digo, do Carlinhos, muito menos teria como pendurar o coelho na trave do teto... é muito alto...

-Certamente... Acredito em você, Tom. De fato, não temos como saber o que realmente ocorreu, mas espero que entenda que terei que comunicar o ocorrido à Senhora Cole.

- Claro, sem problemas. Ela garantira à senhora que eu não teria como sair do orfanato.

-Está bem. Volte às aulas, Tom. – Falou a diretora bondosamente.



O resto do dia transcorreu normalmente. Como sempre, as crianças fugiam de Tom, o que era, de certa forma, agradável ao garoto. Afinal, o garoto queria mesmo era se ver livre desses, como dizia ele, retardados imundos.

Ao chegar ao orfanato, a Senhora Cole chamou Tom para uma conversa, onde deixou bem claro que apesar de tudo, não o culpava pelo o corrido. Deixou claro que havia dito isso para a diretora, que também concordou. Terminou a conversa pedindo para que ele ficasse longe de confusões.

Tom foi dormir feliz como há tempos não se sentia. Descobrira, mais uma vez, um dom, o dom que possibilitaria a ele fazer o que quisesse, se vingar de qualquer um. Descobrira que, definitivamente, ele era especial. Até mais do que sonhava ser possível.

Havia conseguido entrar na casa dos Stubbs, sem ser visto, e ainda se vingara de Carlinhos. Conseguira sair impune de tudo isso. Realmente era um grande feito. Como era bom ter poder! E foi com esse pensamento que adormeceu.




Um mês havia se passado desde o incidente com o coelho e o colégio novamente estava realizando seu passeio anual. Desta vez iriam para uma praia, que ficava a pouco mais de uma hora da cidade.

Novamente, Tom preferira ficar no orfanato. Infelizmente ele não tinha essa escolha e lá estava ele de novo, no ônibus, com seu livro. A viagem passou rapidamente e Tom se viu obrigado, pela professora, a largar a leitura e se ‘’divertir’’ como os outros garotos.

Era a primeira vez que Riddle via o mar, mas não estava surpreso com a sua grandeza, como a maioria ficava nesse momento. Era difícil fazê-lo ficar impressionado.

Era uma praia pequena, e até bem assustadora. Havia um grande penhasco, onde ondas quebravam com extrema violência, o que certamente intimidava qualquer um que lá tentasse chegar, tanto de barco, como a nado. Talvez nem mesmo os melhores alpinistas conseguissem descer esse penhasco.

Riddle ficou observando o local, era fascinante. Percebeu uma abertura na rocha próxima à água. Sentiu uma vontade extrema de entrar naquela fenda e explorá-la. Decidiu fazê-lo.

Tom, depois de algum tempo, já tinha facilidade em controlar os seus dons, e usando-os conseguiu chegar à abertura e entrar nela.

Se a praia era consideravelmente assustadora, aquela caverna então, deixaria uma pessoa normal, no mínimo, em pânico. A caverna tinha paredes limosas e era extremamente gélida. A água do mar formava uma espécie de lago salgado muito fundo com uma ilha no meio. A caverna era extremamente escura e mesmo sendo muito profunda, o vento entrava, aumentando ainda mais a aparência sombria. O ar cortante fazia um barulho que deixaria qualquer um de cabelos em pés.

Tom ficou lá por aproximadamente meia hora, quando enfim resolveu retornar à praia.

Na praia, viu em um canto meio isolado duas crianças. Amanda Benson e Denis Bishop eram mais novos que ele, tinham sete e oito anos, respectivamente. Tom nunca se dera bem com eles.

Amanda Benson era loira com cabelos cacheados, tinha olhos claros de um azul intenso e, comumente, era chamada de princesinha pelos mais velhos. De fato, a menina se achava uma princesa. Não gostava do pessoal do orfanato pois os achava inferiores.

Para os garotos da escola, Denis Bishop ou Denise, como era comumente chamado, era praticamente uma menina. Não que parecesse uma menina fisicamente, mas agia como tal. Era fofoqueiro, cheio de manias, chorava fácil e não se misturava com os meninos. Diziam até que ele fazia xixi sentado, mas isso era um boato até então não confirmado. Seus pais foram vistos na escola mais de uma vez pedindo para que o professor de educação física tentasse incentivar Denis ao futebol. O professor falhou miseravelmente. Denis gostava mesmo é de queimada e amarelinha.

Denis e Amanda eram vistos sempre juntos. Um não vivia sem o outro, e era nessas horas que se tornavam, se é que era possível, mais irritantes. As afetações de Denis somada à mania de grandeza de Amanda eram o suficiente para deixar qualquer um louco, isso incluía também Tom, que não suportava a ambos.

Enquanto pensava na caverna que recentemente descobrira, ocorreu a Tom que seria demasiadamente divertido testar um pouco mais seu dom. Por que não usar aqueles dois idiotas que ele tanto odiava?

- Denis, Amanda, venham aqui um segundo... – Chamou Tom de bom humor.

- O que você quer órfão? – Pergunto Amanda com cara de nojo.

-Nada de mais, queria saber se você e o Denis não gostariam de ver um lugar muito.. humm... legal.

- Com você? Você está brincando? Claro que não... – Respondeu Denis se descabelando.

Foi algo estranho, como se os olhos de Riddle tivessem ficado repentinamente vermelho intenso. E então:

- É claro... vamos sim com você, Tom. – Mudou de idéia rapidamente, o Denis, como se algo se apoderasse dele.

Ótimo, deu certo! Riddle não sabia explicar como, mas o fato é que com apenas o desejo dele, tanto Denis quanto Amanda resolveram segui-lo. Aquela era a segunda vez que experimentava tanto poder. E como ele adorava isso.

Tom levou-os até a caverna. Novamente usou seus dons para transpor as barreiras naturais. Por todo o percurso tanto Denis como Amanda pareciam enfeitiçados. Entretanto, ao chegarem à caverna, como por um passe de mágica, eles voltaram ao normal.

- TOM! O QUE FAZEMOS AQUI?! – perguntou Denis histérico.

- Vim aqui para mostrar a vocês... – Falou Tom com uma voz arrastada, com o intuito de amedrontar as crianças.

- Mmostrrar o quê? – falou Amanda chorosa.

-Mostrar a vocês onde vocês morrerão. – Comentou Tom enquanto ria.

Queria demonstrar todo seu poder, mostrar que controlava a situação. Estava adorando aquilo, nunca antes experimentara algo tão prazeroso.

-PÁRA, TOM! EU TÔ COM MEDO! ME TIRA DAQUI! – chorava Denis enquanto batia os pés no chão

Novamente, Tom queria um troféu para aquele momento. Algo que o lembrasse desse momento de êxtase total. Caminhou ate Denis e colocou a mão em seu bolso. Tirou de lá um ioiô , serviria. Foi em direção à Amanda. A menina tremia de tal forma, que parecia perto de desmaiar. De um dos bolsos dela tirou um dedal de prata, também serviria.

- Se algum de vocês comentar algo sobre o que aconteceu aqui, eu juro que os matarei.

Foi o suficiente para Tom. Testara seus poderes, sentira o prazer disso. Ensinara aqueles dois a temê-lo e conseguira os troféus. Já podia voltar à praia. Certamente estavam a procura dos três.

Ao saírem da caverna, as duas crianças foram correndo desesperadas para o ônibus, enquanto Tom dirigia-se calmamente ao mesmo.

A professora que via a cena não conseguiu entender o ocorrido. Imaginou que seria mais algum daqueles incidentes estranhos que tanto ocorriam com Tom. Provavelmente, não teria provas contra ele, como sempre acontecia. Por isso nem se deu ao trabalho de investigar, apenas tentou consolar as duas crianças, que falavam palavras soltas sem nexo, como: MAGIA, BRUXO e MATAR.




N.A
PPPuuuutzzz... espero que tenham gostado... são 4 e pouco da manha.. e to bem cansado, mas valeu a pena, é mto bom escrever... melhor ainda quando temos comentários!!!! Por isso, se possível, comentem!!!!
Adorei escrever o Denis eiuhiuehe me diverti... ah e queria pedir desculpas pelo nome da cidade, Small Vilage sem duvida é ridículo eiuhiuehe
Muito obrigado aos q estao me apoiando...
Abraços, e beijos a tds, e ate o próximo cap, q não deve tardar...


Gabriel Gebara

[email protected]

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