O Jogo da Paixão



Resumo: Uma Lei de Casamento muito louca.

Capítulo Quatro – O Jogo da Paixão

É uma verdade universalmente conhecida que um bruxo solteiro e de posse de uma boa fortuna deve estar em busca de uma esposa.
Quer Snape tivesse uma fortuna ou não, Hermione o queria. A descoberta de uma antiga e não refutada Lei de Casamento tinha lhe dado uma idéia. Ela havia enviado uma carta de petição ao departamento legal do Ministério da Magia e estava a caminho do salão comunal da Sonserina para tentar fazer com que Snape o assinasse. Se seu plano funcionasse, ela estaria noiva dele até o fim da semana.
O caminho da entrada do castelo para o seu salão communal era um labirinto de passagens de pedra iluminadas continuamente por tochas ardentes. O caminho marcado nas pedras abaixo de seus pés havia sido percorrido pelos pés dos estudantes durante muitos anos. Quadros de Sonserinos estavam alinhados nas paredes com molduras muito trabalhadas, tributos aos famosos e infames. Luz e sombra brincavam nos quadros em ondas sinistras, encobrindo e mostrando uma mão, uma pena, um olho, em uma combinação assustadora. O cheiro de pedras úmidas em erosão encheu suas narinas quando ela inspirou uma vez para prender a respiração e diminuir a absorção do cheiro. Os passos de Hermione apressaram-se quando ela foi se aproximando dos corredores perto da porta do salão comunal.
Ela anunciou a senha “Acônito Napellus,” e a pesada porta da masmorra abriu rangendo as dobradiças.
Mesmo que os corredores fossem acolhedores como uma cripta, o salão comunal era iluminado e luxuoso. Hermione saudou seu santuário com um leve sorriso. Seus colegas de casa estavam ocupados em suas tarefas usuais. Alguns estavam lendo sentados em poltronas ou conversando com os amigos, outros escreviam cartas ou faziam a tarefa de casa. Observar os Sonserinos havia se tornado um hobby, e depois de três semanas de estudo ela poderia escrever uma tese sobre eles.
Diferentemente dos Grifinórios, os Sonserinos eram incrivelmente organizados. O salão comunal deles estava sempre em ordem e seus ocupantes impecavelmente arrumados. Quase universalmente, eles mantinham seus uniformes impecáveis até se retirarem para deitar-se. À primeira vista essa organização havia parecido um pouco estranha depois da anarquia e do caos de cinco anos vivendo com Grifinórios, mas entender seus novos colegas levava-a a perceber que eles haviam crescido de um modo estrito e regimental.
Quando os sonserinos recebiam cartas, eles colocavam-nas no bolso para ler em privativo; muito diferente da liberdade que se seguia à entrega de cartas na mesa Grifinória. Ninguém aqui falava se si mesmo e nenhum assunto pessoal jamais era abordado no salão comunal. Era quase como se divulgar para qualquer um informações pessoais fosse visto como uma fraqueza – e que poderia ser explorada.
Eles eram todos extremamente leais a sua Casa. Hermione havia se maravilhado ao descobrir que aqueles que ela antes pensava serem egoístas eram na verdade guardiões do orgulho da Casa. Agora ela entendia os Sonserinos de seu tempo, as trapaças e extremo desapontamento ao perder a Taça das Casas. Para aqueles adolescentes, ganhar era tudo, não porque eles quisessems ser melhores que todos, mas porque a Casa Sonserina era o mais próximo de uma família que eles jamais conheceram. A vida doméstica provavelmente consistia em ficar no quarto até ser chamado para aparecer em refeições formais com associados de negócios do pai. Carícias da mãe provavelmente consistiam de um casto beijo na bochecha no Natal.
Ela foi tirada de seus pensamentos por uma voz do canto do Salão comunal. Uma garota do quarto ano que gostava de Régulo havia se aproximado do local onde ele normalmente se sentava com a gangue de Snape.
“Ser ou não ser: Eis a questão!” Wilkes falou numa voz de palco, com a mão esquerda no peito, como se pedisse a uma divindade celestial. Aparentemente os Cavaleiros de Walpurgis haviam progredido para Hamlet. Hermione imaginou qual desses amantes de máscaras de caveiras estaria interpretando Yoric [N/T: o crânio]. Será que eles revezavam?
Hermione observou o círculo de futuros Comensais da Morte que tinham tido a conversa interrompida; agora eles estavam disfarçando completamente.
Mudando o caminho para tocar o encosto da poltrona de Snape, Hermione esticou o dedo indicador e arranhou levemente a linha do cabelo na nuca de Snape quando passou por ele.
“Seveerooo…” Hermione sussurrou sugestivamente, alto o suficiente apenas para que ele ouvisse.
Ele se sentou ereto em surpresa, mas não se virou. Ela lentamente correu os dedos pela extensão do cabelo dele, acariciando o cabelo negro e lustroso até o ombro.

Os passos dela nunca diminuíram. Ela continuou seu caminho para o dormitório, sorrindo como o gato do provébio, que conseguira o leite.

***************

Hermione precisava falar com Snape à sos. Para conseguir isso ela teria que esperar até que todos tivessem deixado o salão comunal e ido dormir. Lá pelas onze só alguns estudantes resistiam ao sono, e ela escolheu um lugar num sofá em frente ao fogo. Ela tinha com ela apenas a pena, a petição de casamento e uma vaga idéia sobre como conseguir que ele a assinasse.
A iluminação das velas do salão comunal diminuiu, ajustando-se magicamente ao salão quase vazio. O olhar de Hermione estava preso nas chamas da lareira, seus pensamentos voltados para sua casa, seus amigos e sua vida aparentemente fora de lugar...
“Você está mordendo seu lábio,” disse uma voz familiar.
Hermione ergueu os olhos. Snape estava em pé, apoiado no console da lareira, olhando para ela. Ela sorriu para ele.
“Você frequentemente morde o lábio inferior. Por que?” ele refraseou.
“Ah, eu ainda faço isso?” ela perguntou nervosamente, olhando para o próprio colo e suspirando. “É um mau hábito que eu tenho, quando estou preocupada ou nervosa costumo morder meu lábio inferior.” Ela olhou para ele e continuou, “E quando estou chocada com algo meu queixo cai e, invariavelmente, alguém me diz para fechar a boca porque estou parecendo um peixe.”
“Algum peixe em particular?” Severo perguntou, segurando o riso.
“Bem, isso nunca foi especificado, mas eu prefiro um guppy, vamos dizer, a uma truta, que seria um peixe menos lisonjeiro,” ela respondeu pensativamente.
Snape sentou perto dela, encarando-a. Ele afastou um pouco a cabeça para olhá-la nos olhos e perguntou baixo, “Você tem alguma outra particularidade que queira me contar?”
“Bem, tenho… por assim dizer,” ela completou. Hermione olhou nos olhos dele, e o olhar dele parecia querer engolfá-la, “Quando estou aliviada sobre algo eu...” ela fez uma pausa, “eu solto a respiração que eu nem mesmo sabia que estava segurando.”
Snape riu e tentou ser sincero de novo, “por que você não saberia que estava segurando o fôlego?”
“Não sei. Apenas acontece. Numa hora estou respirando normalmente e na outra estou quase asfixiando.”
“E isso acontece muito?”
“Sim, com uma certa regularidade.”
“Então, minha querida,” ele disse decisivamente, “devemos trabalhar sua respiração. Régulo faz uma Ofélia atroz e para fazer parte dos Cavaleiros de Walpurgis a pessoa deve ser um ator de primeira.”
Hermione segurou a mão dele nas dela. Ela apreciava os esforço dele para fazê-la se sentir melhor. “Eu posso fazer o Yoric nas Sextas?” ela perguntou com um sorriso.
Snape olhou-a interrogativamente. Foi como se ela tivesse falado outra lingua. “Yoric não é um papel, é um objeto de palco,” ele informou-a.
Ele tirou a mão dele das dela. Ele não gostava que rissem dele, especialmente quando não sabia o que tinha sido tão engraçado. “Você desejava ver-me esta noite?” ele perguntou num tom formal. “Eu vi você se posicionado para atrair minha atenção. Parecer um peixe, eu diria, não é sua única habilidade óbvia.”
Hermione sentiu que a situação estava deixando de ser fácil e tentou retomar o clima anterior rapidamente. “Eu estava me perguntando se você não gostaria de se divertir um pouco às custas do Ministério...”
“Continue,” ele disse.
Hermione explicou sobre a Lei do Casamento, como esta nunca havia sido refutada e como ela queria desafiar o Ministério da Magia submetendo uma petição para inflamar os burocratas oficiosos e deixar o departamento legal deles dando voltas. Eles também poderiam usar esse experimento de pesquisa como crédito extra para seus respectivos N.I.E.M.s de História da Magia. Ela passou o documento para Snape.
”A petição para o noivado com Hermione Jane Granger, nascida trouxa,” ele leu alto, sem acreditar. “Granger? Nascida trouxa?” Tanto a voz quanto a sobrancelha continham uma pergunta.
“Gregorovitch soa tão eslavo. Pensei que Granger era bem mais britânico e a lei estipula que a bruxa deve ser uma nascida trouxa e o mago um sangue-puro. Estou fingindo,“ ela mentiu.
Snape leu o documento até o fim e então soltou uma profunda gargalhada. “Quem, pelos nove círculos do Inferno, é Severus Septimo Marcus Aurelius Netuno Ethelwulf Snape?” ele perguntou, segurando a carta e apontando para ela.
“Bem, eu não sabia seu nome do meio, então tive que adivinhar. Eu pensei que você poderia excluir os nomes que não se aplicam,” Hermione explicou, acrescentando em sua defesa, “Escolhi nomes que fosse tão nobres quanto você.”
“Ethelwulf?” Snape perguntou incrédulo. “Você fica com Granger, e eu ganho um Ethelwulf? Você pensa que minha mãe não me amava quando me deu um nome? E afinal, quem era esse Ethelwulf?”
“Um rei saxão – eu achei que tinha que cobrir todas as bases.”
Snape parecia divertido. Ela era ousada, ele tinha que admitir. Lembrando um pouco mais do seu futuro professor corrigindo trabalhos, ele pegou a pena da mão de Hermione e passou dois riscos sobre os nomes ofensivos e disse com uma risada, “Você me fez parecer com Life of Brian." E então escreveu algo acima do que estava riscado.
“Qual é o nome?” Hermione perguntou, inclinando-se para ver o que ele tinha escrito ao corrigir o nome.
Snape levantou o pergaminho mais alto para esconder o que estava escrevendo. “Meu nome do meio,” ele provocou, divertidamente.
“Qual é?” ela perguntou, tentando pegar o pergaminho, “Sócrates? Cláudio?”

“Tudo a seu tempo. Primeiro, pague o preço por receber uma informação tão pessoal quanto essa.”
“E esse preço seria…?” ela inquiriu, cruzando os braços indignada.
“Um beijo.”
Se existisse o esporte ruborizar, Hermione e Severo haveriam acabado de levá-lo ao nível olímpico.
”Eu nunca beijei nenhum garoto antes,” ela disse envergonhada.
Snape riu, “Isso nos deixa empatados. Eu também nunca beijei um garoto.”
Ambos gargalharam juntos, embaraçados. Snape sentou de joelhos no tapete perto do fogo com as mãos apoiando o corpo. Hermione fechou os olhos para conter o fluxo de lágrimas que apareceram de tanto ela rir, encostando no sofá para se acalmar. De repente, puxada por um forte braço ao redor de sua cintura, ela se viu sendo puxada para o colo dele. Ele a envolveu num abraço, encostando a cabeça dela no próprio peito. Ele não tinha caído de tanto rir, mas estava se posicionando para puxá-la para junto dele no chão, o filho de uma bruxa! Ela abriu os olhos e viu como o rosto dele estava a apenas centímetros do seu. A risada dele havia parado e o rosto dele estava sério.
“Eu também não beijei nenhuma garota antes, Hermione,” ele disse num sussurro. “Elas não me acham muito ‘beijável’.”
Ela levantou uma mão para envolver o rosto dele. Os olhos dele, mais escuros que o ébano, refletiam o fogo da lareira e davam-lhe uma aparência etérea. O jeito como ele falou foi triste, quase melancólico. O calor da lareira fazia o rosto dela arder.
Naquele momento, quando ela olhou profundamente nos olhos dele, ela liberou o desejo por cada faceta desse homem por quem ela tanto ansiava. Snape o mestre de Poções, Snape o estudante, e nesse breve momento estes homens eram um só. “Eu acho você ‘beijável’,” ela sussurrou em resposta, “muito beijável.”

Muito lentamente ele abaixou os lábios em direção aos dela; ela levantou o queixo ligeiramente para encontrá-lo. Os braços dele a apertaram, suportando seu peso. Ele molhou os lábios com a lingua inconscientemente, assim como Hermione fechou os olhos. Ele tocou a boca parcialmente aberta na dela, aplicando pressão e iniciando o beijo. Ela respondeu, seguindo o que ele fazia. Nenhum deles sabia o que fazer com as línguas. Hermione manteve a dela encolhida no fundo da boca.
Relaxando, Severo mexeu os lábios sobre os dela, aprofundando o contato do beijo. Hermione começou a sentir um formigamento por todo o corpo. Ela conseguia ouvir o próprio coração batendo mais rápido. Isso era melhor que ler livros! Ela foi puxada mais para perto dele quando ele a apertou no abraço. Ela sentiu as mãos, que pareciam ter vontade própria, enroscarem-se no cabelo dele encorajando-o a prosseguir.
A realidade invadiu sua mente deliciosamente ocupada: ela estava beijando Snape, realmente beijando ele, ali mesmo, agora mesmo. Os beijos dele eram ótimos; ele era cheiroso. Ela sentia os músculos das costas dele sob suas mãos. A língua molhada dele subitamente entrou na boca dela. Ela afastou-se levemente, incerta do que fazer. Ele soltou a boca dela e finalizou o beijo, olhando-a nos olhos e sorrindo genuinamente.
Quando Hermione saiu dos braços dele, se ajeitou no tapete. Por engano, a mão dele tocou a virilha dele onde um volume incomum se formara. A mente dela lentamente registrou que esse volume era a ereção dele e continuou com a mão lá. Ela soltou a respiração que ela com certeza sabia estar segurando e sorriu.
“É a sua varinha no seu bolso ou você está feliz de me ver?” ela perguntou com um olhar inocente, levantando sugestivamente a sombrancelha.
“Sua menina má,” Snape disse apreciativamente.
Alguns momentos depois, quando ambos estavam sentados de novo no sofá, ela com a cabeça no ombro dele, ele pegou o pergaminho do noivado e o leu cuidadosamente.
“Então, qual é o seu nome do meio?” ela perguntou sonolenta.
“Toby.”

“Hummm, que fofinho.”
“Posso ser muitas coisas, mademoiselle, mas certamente não sou fofinho,” ele disse continuando a leitura. Ele assinou o documento com um floreado da pena. “Tem um fato importante que você parece ter deixado passar em sua petição.” Ele colocou o pergaminho e a pena na mesa lateral, relaxando no sofá, e pôs o braço ao redor dela. O que ele disse a seguir surpreendeu Hermione mais do que qualquer coisa que havia ocorrido até agora naquela noite.
“Eu não sou um puro-sangue, Senhorita Granger.”

***************

Sleekeazy estava em produção desde 1982. Havia ficado dezoito meses sendo desenvolvido e a patente for a registrada em três de Março de 1980. Por uma estranha mudança no destino, Hermione estava em posição de usurpar o monopólio deles no setor do mercado de cuidados dos cabelos antes que eles começassem os projetos.
Ela deixou os escrúpulos de lado. O mundo dos negócios de beleza era um mundo de trapaça acirrada no qual apenas o tubarão maior do tanque iria sobreviver. De acordo com que Hermione subia para o Corujal, com o documento preenchido para o Departamento de Patentes Bruxas em mãos, ela apertou-o nas mãos e se preparou para cortar a jugular da Sleekeazy.
Pegs a reconheceu. Ele fez um ruído alto para saudá-la.
“Duas cartas para o Ministério da Magia, Pegs. A formula de Vanity e a solicitação da patente,” ela falou para o pássaro, mostrando o primeiro envelope e o endereço para ele. “E o pedido clandestino da mão de meu futuro mestre de Poções,” ela concluiu, mostrando à coruja o segundo envelope antes de amarrá-los à perna desta.
“Meu futuro está em suas asas!” ela disse quando a coruja saiu pela janela para o céu frio de Outubro. Ela esperou até não conseguir mais vê-la contra a montanha distante.

***************

Na segunda-feira seguinte à tarde, Hermione e Régulo estavam em sua costumeira aula de Estudo Avançado dos Trouxas. Ela havia escolhido essa disciplina como uma opção mais leve, sendo capaz de se sair bem com a pena amarrada nas costas. O Professor, um homenzinho irritante, sabia tanto sobre trouxas quanto Arthur Weasley, mas não era tão simpático.
Pegs encontrou-a no final do corredor quando a aula acabou. Ele estava parecendo muito importante. Os dias que passara com as corujas do Ministério deixaram-no meio convencido. Hermione desamarrou os dois pergaminhos que ele carregava, colocou-os no bolso e ofereceu à coruja o braço. Ele pulou para o braço dela, aceitou a carícia em suas penas e acompanhou-a à cozinha.
Os elfos domésticos possuíam todo tipo de tratamento de corujas para oferecer. Pegs foi comer em um pequeno prato um pouco de carneiro picado, o que era um banquete para uma coruja. Satisfeita que o pássaro era cuidado, Hermione sentou-se à mesa da cozinha com uma xícara quente de chá de gengibre. Ao abrir a primeira carta, ela ficou deliciada ao saber que a solicitação da patente havia sido aceita, e seria submetida à testagem durante os próximos dois meses. Ela suspirou aliviada. Agora que sua patente havia sido aceita, Sleekeazy não poderia submeter uma similar.
A segunda carta era do Conselho das Leis Mágicas:
Cara Senhorita Granger,
Agradecemos a carta de 5 de Outubro.
Devo dizer que fiquei prazerosamente satisfeito com a petição do Sr. Snape de um noivado sob a Lei de Casamento de 1693 da WIKTT.
Vocês dois estão essencialmente corretos. Essa lei nunca foi refutada e, sendo que assim, de fato, ainda vale como Lei Mágica Britânica atualmente.
Como solicitado, estamos enviando uma resposta de acordo com os termos da petição enviada, nos moldes do final do século XVII e início do XVIII.
O fato do Sr. Snape não ser um sangue-puro foi levado em consideração e devidamente corrigido nos documentos.
Aproveitamos a oportunidade para desejar a ambos muita sorte neste projeto de História da Magia. Repassem minhas lembranças ao Professor Binns, um excelente professor, que inspirou dois tenazes estudantes e historiadores.

Sinceramente,

Dempster Wiggleworth, Conselho das Leis Mágicas.
Hermione rapidamente desenrolou o pergaminho em anexo. Ou o pergaminho era muito velho ou usaram um feitiço de envelhecimento para autenticá-lo; similarmente, a tinta usada era amarronzada e parecia ser antiga. Um grosso selo de cera com duas fitinhas vermelhas havia sido estampado no canto inferior esquerdo do pergaminho e o texto do documento estava escrito no estilo medieval.
Neste dia, 7 de Outubro de 1977.

Senhora Hermione Jane Granger

Bruxa nascida do povo trouxa, recebida será de acordo com os desejos legais de noivado do:

Senhor Severo Tobias Snape

Bruxo mestiço de boas graças e natureza honesta.
Nascido nesta terra no ano de 1960.

Para aceitar a presente petição vós necessitais fazer vossas marcas sobre esse pergaminho.
Vosso noivado doravante será decretado e vossa união em casamento anunciada.

O Antigo Sinodo WIKTT.


***************

Considerando toda a situação, a viagem de Hermione ao passado estava indo muito bem. Em um mês de viagem ela havia beijado Snape, manobrado ele para pedi-la contratualmente em casamento via Solicitação do Ministério e dado o primeiro passo para a dominação mundial do lucrativo negócio de cuidados dos cabelos. Quem foi que disse que ela não era sorrateira o suficiente para ser uma Sonserina?
Havia apenas um problema com seu plano femme fatalle de sedução. Se ela assinasse aquele pergaminho de compromisso, ela estaria noiva de Severo, mas será que ele realmente queria ser noivo dela? Uma coisa era conseguir créditos extras para um projeto de História da Magia e outra muito diferente estar indo ao Beco Diagonal procurando um anel de diamante. O que o Professor Snape diria no primeiro dia de volta às aulas, quando ela retornasse ao seu próprio tempo, se sua noiva de dezessete anos entrasse na sala de Poções Avançadas para começar o estudo para o N.I.E.M.s?
‘Bom dia, querida, pegue um caldeirão e sente perto de Potter...’
Hermione estava um pouco perdida e retraída, então foi para o quarto se entregar ao preparo de poções. A Vanity para cabelos oleosos ela apelidara de Netuno, e estava andando bem. Ela tivera um contato muito próximo com o cabelo de Snape já por duas vezes e havia feito cinco protótipos da poção, todas com sálvia como base e essência de patchouli. Elas variavam em termos de força e tons de roxo. Ela havia escolhido roxo pela sua aparência de sofisticação, riqueza e luxúria. O tom frio denotava a capacidade de desintoxicar o cabelo e apelaria, ela esperava, à média dos bruxos de cabelos oleosos.
Pra qualquer lado que se olhasse, Netuno era um vencedor. Diferente das bruxas, que compravam produtos para cuidados com os cabelos quase semanalmente, armazenavam-nos em pilhas e depois descartavam-nos dois anos depois, quando o conteúdo começasse a coagular, os bruxos compravam um produto e ficavam fiéis a ele. A Reunião da Diretoria dentro da cabeça de Hermione havia acabado de anunciar recordes nos lucros. Graças ao problema de higiene pessoal de Snape, ela era uma bruxinha potencialmente rica.
O protótipo seis estava começando a ferver. Acrescentando o ingrediente final, cinco gotas de oleo essencial de patchouli, ela mexeu o líquido no sentido anti-horário. Houve uma leve batida na porta.
“Entre,” ela comandou na sua melhor voz de Mestre de Poções.
Severo Snape entrou no quarto dela, abrindo a porta apenas o suficiente para entrar, antes de fechá-la silenciosamente. Ele encostou as costas na porta, olhando como se quisesse escapar rapidamente. Ele a observou enquanto ela mexia o caldeirão, rosto rosado pelo calor do fogo. Vidros estavam alinhados estrategicamente ao longo da mesa, como soldadinhos graduados em cores. Hermione cumprimentou-o com a cabeça e voltou a atenção para a poção que estava mexendo.
”Dezessete, dezoito, dezenove…” ela sussurrou.
Snape não interrompeu. Ele entendia a sutil ciência e a arte exata em que ela estava envolvida. Hermione baixou a chama com a varinha e colocou a colher sobre a mesa. Ela virou-se para ele e sorriu, indicando que ele tinha sua total atenção.
“Quanto é o tempo de fervura?” ele perguntou, dando a Hermione uma sensação de deja-vu.
”Cinco minutos, Senhor,” ela respondeu automaticamente.
Snape cortou-a. “Gosto de respeito numa mulher, mas penso que na intimidade talvez você pudesse me chamar de Severo.” Ele relaxou a pose e andou na direção dela para ver suas anotações.
“Há um preço a pagar pelo acesso a informações tão pessoais.” Hermione disse risonhamente, vendo-o ler suas anotações.
“Que eu estou muito feliz de pagar,” ele replicou enquanto se virava e a envolvia com os braços.
Ele a beijou. O segundo beijo deles foi muito melhor que o primeiro. Bem, eles estavam ficando cada vez melhores naquilo. Quando Severo tocou a língua dela com a ponta da dele, mais gentilmente desta vez, ela não objetou. De fato, ela só conseguia pensar em como esse negócio de línguas se tocando podia ser erótico. Cedo demais, ele se afastou dos lábios dela e deu um daqueles sorrisos de verdade. Ele continuou a segurá-la com os braços ao redor da cintura dela, os olhos fitando os dela.
“O que temos para o jantar?” ele perguntou, indicando com a cabeça para o caldeirão fervendo.
“Netuno. É um shampoo para homens. No momento não quero dizer mais que isso. Ainda requer testes.”
“Têm cinco amostras aqui, e outra quase pronta,” ele observou, soltando-a e andando para a mesa de seu laboratório.
“Quantidades diferentes de sálvia,” ela respondeu à questão que não fora feita, juntando-se a ele à mesa e extinguindo a chama abaixo do caldeirão.
“Sálvia?” ele inquiriu. “Você é uma bruxinha sutil, não é?”
Hermione ficou aliviada por ele parecer mais divertido do que ofendido. “Oleosidade é um problema comum. Seu cabelo foi apenas o catalisador do meu processo de pensamento,” ela o informou num tom sério. “Eu mesma tenho cabelos desesperadamente arrepiados, então desenvolvi um creme há quatro meses atrás para combater a natureza independente deles.”
Ela pegou uma amostra de Vanity de sua mesa e deu a ele. Ela o viu cheirar o vidro e colocar uma gota em seu dedo e prová-la.
“À base de água, silicone dominante,” ele anunciou. “Uma poção de água com silicone com essência de jasmin para adicionar aroma. Madame, você fez um condicionador hidratante!” ele finalizou fingindo raiva.
“É um serum alisador e amaciador,” ela informou, tirando o vidro dos dedos dele. “Está com a patente pendente, sabia?”
“Continua um condicionador, mesmo que você dê outro nome pomposo,” ele falou baixo.
”Chamo-a de Vanity. Um… amigo, sugeriu o nome,” ela informou-o, desviando o olhar do dele.
“N'importe quoi, ma petite*,” ele disse para acalmá-la. Ele apontou para a poção que fervia no caldeirão. “Vamos engarrafar o velho Netuno aqui, antes que queime.”
Hermione conjurou um vidro com uma etiqueta com o número seis e entregou a Snape. Ela deixou-o encher o vidro enquanto ia procurar algumas garrafas de shampoo vazias no malão.
Engarrafar foi uma tarefa relaxante. Ele engarrafava enquanto ela fechava e selava. Eles trabalhavam num silêncio amistoso, até que a carta do Ministério voltou ao pensamento dela.
“O Conselho de Leis do Ministério mandou de volta a petição de noivado hoje, aprovada. Eles estavam muito orgulhosos do nosso projeto. Parece que você vai se dar bem nos seus N.I.E.M.s de História da Magia.”
Snape olhou-a de esguelha. “Minha habilidade para ser aprovado na disciplina de Binns nunca esteve em questão.”
“Está certo, então ao invés de tirar um ‘O’ você agora vai tirar um duplo ‘O’,” ela declarou, achando a arrogância dele engraçada.
”O que a petição diz?” ele perguntou, passando para ela a última garrafa de shampoo.
“Dê uma olhada. Está no meu malão.” Ela apontou para onde estava o malão aberto, aos pés da cama dela. Ela começou a escrever o último rótulo na garrafa que ele tinha entregado a ela. Houveram alguns momentos de silêncio até Snape falar as palavras que pertubaram a alma dela.
“Le premier Septembre, mille neuf cent quatre-vingt seize.”
’Primeiro de Setembro de 1996,’ ela traduziu na própria cabeça! Merda! Ele havia achado o jornal que ela comprara em King’s Cross.
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N/A:
*N'importe quoi, ma petite = Não me importa quem, minha pequena.

O título do capítulo, ‘A Passion Play’ é de propriedade de Ian Anderson, Jethro Tull.

Disclaimer: Os personagens não são meus, eu estou apenas brincando com eles. À Jane Austen, minhas desculpas pelo plágio patente.

Betado por Gardengirl (no original, em inglês).

Nota da Tradutora: No próximo capítulo, as coisas realmente esquentam! Aguardem!! Júbis.

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