Magia Negra.
Capítulo 6 - Magia Negra.
Harry montou sua Firebolt e os outros três ocuparam as vassouras velhas da casa. As batidas Comet 260 da família de Rony não eram páreo para a mais veloz vassoura do mundo, e Harry precisava andar devagar para acompanhar a velocidade máxima que alcançavam seus amigos.
Precisaram andar por cima das nuvens, com cuidado, usando um feitiço de desilusão - Harry não gostou muito da sensação de um ovo quebrando na cabeça, outra vez - que Hermione fizera. Por causa da dificuldade de se andar durante a noite em meio a cidades trouxas, estava quase amanhecendo quando chegaram ao Beco Diagonal.
Esperando encontrar o bar muito movimentado, sem se lembrar de que isso só acontecia devido à abertura de Hogwarts nos novos anos letivos, Harry ficou cabisbaixo ao perceber o ar apático que tomava conta do lugar. Bateram nos três tijolos necessários e a parede escurecida deu lugar ao local mágico que freqüentavam todo ano. Gina suspirou:
- É triste ver como isso fica sem a abertura da escola.
- Vamos andando, o tempo é curto. - respondeu uma Hermione tristonha, fugindo do assunto.
Andando até o outro lado da rua banhada pelo sol matutino, Harry, Rony, Gina e Hermione chegaram à frente do edifício muito branco que se erguia por entre as lojinhas. Todos pareciam ter percebido que todas as lojas se encontravam fechadas, e as ruas estariam desertas se não por uma meia dúzia de bruxos mal vestidos que infestavam o lugar. Nenhum, porém, se dispôs a comentar alguma coisa.
Chegaram em silêncio ao patamar do primeiro andar, no banco. Harry andou até o duende solitário no balcão, costumeiramente sombrio. De nariz pontudo e pele muito enrugada, o serzinho antagônico mirava as próprias mãos, absorto em uma contagem ininterrupta de sicles, nuques e galeões. Quando os garotos se aproximaram, o duende ergueu a cabeça, mal-humorado:
- O que é?
- Queremos retirar algum dinheiro do meu cofre.
- Certo. E o seu nome, qual é?
- Harry Potter.
- Venham comigo. Tem a chave?
Harry tirou a chavinha de ouro do bolso esquerdo das vestes, e Grampo - Harry leu o nome da criatura em um crachá - a analisou cuidadosamente. Aparentemente considerando se era a chave certa, o duende assentiu com a cabeça.
Andaram os cinco até uma das portas que havia no saguão. Encontravam-se, agora, em uma passagem muito estreita, iluminada por archotes atochados de fogo. A passagem era uma descida íngreme, com pequenos e desagradáveis trilhos metálicos. Grampo assobiou de leve, e um vagão já conhecido de Harry surgiu da penumbra à frente. Embarcaram sem hesitar, e logo estavam andando de um lado para o outro por entre aquele lugar obscuro. Chegaram, por fim, a uma portinhola de metal.
A criatura mágica destrancou a porta, passando uma gigantesca unha pela abertura fininha do lado esquerdo. Usou a chave em seguida, deixando visíveis diversas pilhas de moedas mágicas. Em silêncio, Harry guardou em uma bolsa de tecido algumas moedas reluzentes.
- Isso deve bastar.
Harry preferiu não olhar nos olhos dos amigos. A família de Gina e Rony era realmente pobre, e ele não se sentia bem em ter tanto dinheiro assim. Se pudesse, daria metade do que possuía naquele cofre àquelas pessoas.
Voltaram ao vagonete enfeitiçado e deram novamente com o salão de entrada. Agradeceram a Grampo, que não se dispôs a responder, e saíram para as ruelas do Beco Diagonal, mais tristes do que nunca.
- E agora? - perguntou Hermione.
- Agora vamos seguir viagem. Godric's Hollow nos espera.
Passando a perna por cima de sua Firebolt, Harry teve uma idéia repentina:
- Ei... Nós não poderíamos aparatar? Eu tiraria licença no mês passado, mas como Hogwarts sequer reabriu...
- Você acha que o Ministério viria atrás de nós, se você aparatasse? Não precisamos disso, agora. - respondeu, preocupada, Hermione.
- Acho que não. Quer dizer, isso era uma regra para alunos, não é? Eu poderia levar Gina junto, Dumbledore... Dumbledore já aparatou comigo, antes de eu saber como se fazia.
Todos se entreolharam. Era óbvio que aparatar facilitaria as coisas de um jeito sem igual, mas estariam realmente liberados para fazê-lo? Ponderando as possibilidades com visível inteligência, Hermione concluiu:
- Podemos ir.
Rony fez uma careta bizarra e olhou para a namorada:
- Por que você se parece tanto com uma máquina calculadora?
- Nossa, obrigada. Isso foi a coisa mais romântica que eu já ouvi. - E, com um sorrisinho cínico, lançou um olhar de soslaio para Gina, que ria escondida no ombro de Harry.
Rony sorriu, sem jeito, e os quatro se concentraram. Organizando os pensamentos, Harry tentou focalizar a imagem de Godric's Hollow, a cidade dos seus pais, quando percebeu que não possuía lembranças do lugar. Imaginando apenas um nome sem forma, Harry tornou a fechar os olhos, recapitulando. De repente, porém, se lembrou de algo:
- Espera aí!
Hermione, que aparatava como ninguém, já estava a ponto de sumir do lugar quando Harry a interrompeu, deixando aborrecida:
- Você quer que eu fique sem uma sobrancelha, ou algo do tipo? É perigoso interromper alguém no meio da aparatação!
- Desculpe... Mas pensei em uma coisa.
- Então diga! Agora já me interrompeu mesmo.
- Bem... As lojas estão todas fechadas por Hogwarts não ter aberto. Mas e a travessa do tranco? Só bruxos das trevas vão lá, a maioria adulta!
Hermione ergueu uma sobrancelha, intrigada:
- E o que nós temos a ver com a travessa do tranco? Quer dar uma passadinha na Borgin & Burkes?
- Não seria uma má idéia.
Dessa vez foi Gina quem se surpreendeu:
- O que? Como assim não seria uma má idéia, você pirou?
- Dá pra escutar? É o seguinte: Já vimos que os seguidores de Voldemort costumam freqüentar a travessa do tranco, principalmente a Borgin & Burkes. Draco, no ano passado... - E aí Harry sentiu uma pedrinha incômoda na garganta - No ano passado Draco usou armários da loja para levar os Comensais da Morte para dentro de Hogwarts. Se é que vocês me entendem, a escola está fechada justamente por causa do poder que o mal adquiriu. O Beco Diagonal só está vazio porque a maioria das pessoas que freqüentavam o lugar era de bem e contrária às trevas, não podendo andar desprotegidas por aí. Mas porque a travessa do tranco estaria vazia também, se as pessoas que costumavam ir lá continuam tranqüilas em suas vidas de seguidores do mal?
Todos suspiraram um pouco intrigados. Rony foi quem falou primeiro:
- Ótimo, que estejam dando uma festa para trezentas mil pessoas na travessa do tranco. Que diferença isso faz?
Hermione descruzou os braços:
- Acho que estou entendendo o que Harry quer dizer...
- Pois então é melhor explicar. Continuo achando isso sem nexo algum. - Rony revirou os olhos.
Harry voltou a falar:
- Se a travessa do tranco já ajudou Voldemort uma vez, os comensais da morte continuam confiando nos artigos da Borgin & Burkes para fazer os ataques. E lá, poderíamos descobrir alguma coisa a mais! Pode ser um grande erro ou até mesmo não dar em nada, mas estamos em busca de objetos repletos de artes das trevas que contém partes da alma do pior bruxo de todos os tempos... Que melhor lugar para conseguir informações do que uma loja de artigos das trevas usada por Comensais?
Rony arregalou os olhos. Hermione concordava freneticamente com a cabeça. Gina assentiu de leve, sem piscar. Os quatro se olharam mais uma vez, e Harry murmurou:
- Vamos.
Carregando as vassouras com uma das mãos e as malas com a outra, os quatro andaram apressadamente até uma entrada que parecia um beco escuro.
Desceram uma escadinha de pedras com apenas cinco degraus, que deu em um beco fedorento e mal iluminado. Sentindo os olhos lacrimejarem pelo cheiro forte, Harry reconheceu o lugar imediatamente.
Por um breve instante, Harry lembrou de uma cena que vislumbrara ali, no ano passado. Draco passava rapidamente pela Gemialidades Weasley - e Harry olhou para trás, avistando a lojinha de letreiros coloridos - quando Harry, Rony e Hermione o seguiram. Na época, Harry descobrira tarde demais o que era o objeto que Draco levara para consertar... E esperava que, dessa vez, as coisas fossem diferentes por ali.
Chegando à porta da Borgin & Burkes, os quatro pararam de repente. Quase entrando, Harry lembrou que não poderiam simplesmente adentrar uma loja de magia negra no meio da tarde de uma segunda-feira, com aquelas carinhas de bonzinhos. Os amigos, pelo jeito, estavam pensando no mesmo. Gina se manifestou:
- Precisamos de um disfarce, não é?
Mas Harry não ouvira direito. Estava olhando para um ponto fixo, um pouco à frente de onde se encontravam, e tinha um pequeno sorriso no canto da boca.
- Tenho a leve impressão de que estamos no lugar certo... Na hora certa.
Os outros três o observaram, com olhar de reprovação... Harry estaria pirando? Antes de tirar conclusões precipitadas, miraram o lugar que Harry estava fixando. Gina e Hermione sorriram. Rony fez menção de sair correndo.
Hermione o segurou pelas vestes, de modo que o garoto fechou os olhos, indignado e medroso:
- Isso vai ser pior do que eu imaginava.
- Rony, porque você sempre parece um ratinho medroso? - Disse Hermione, mais como vingança do que como comentário.
Gina e Harry sorriram, enquanto Rony se desvencilhava das mãos de Hermione. O garoto, mesmo tendo entendido o que aconteceria em seguida, recapitulou:
- Deixa eu ver se entendi: Aquele homem ali na frente está conversando com garçons. Onde há garçons, há festas. E nós estamos na travessa do Tranco... E vocês pretendem ir a uma festa de magia negra, na travessa do Tranco.
Harry riu-se do amigo:
- É, Rony. Nós pretendemos.
N/A: Gente... Queria agradecer imensamente a força que algumas pessoas têm me dado no início da FanFic. Vocês são essencias pra que eu consiga completar a história, pois sem público, ninguém aguenta!
Obrigada, obrigada e obrigada! E continuem comentando!
Beijos pra Molly, Rita Rios, Lize Lupin e Febaro.
E, em MUITO especial, pras minhas amigas pottermaníacas Júlia e Maria Luísa. Eu simplesmente AMO vocês duas, brigada MESMO pelos comentários lindos que me deixaram feliz demais! Sabem de tudo, né? OBRIGAAAAADA!
Beijão... E desculpa pelo capítulo super pequeno! Ando meio sem tempo, e achei melhor postar assim mesmo do que deixar vocês esperando.
Até breve,
Isa.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!