As faces do amor.
Capítulo 3 – As faces do amor.
Naquela noite, Harry apareceu para todos segurando Gina pela mão. Hermione, que até então não estivera muito animada com a festa, se abriu em um sorriso histérico, quase exagerado. Rony, um tanto perplexo, passou pelos dois dizendo que ficava feliz com isso.
Agora, Harry estava no quarto com o qual Rony acabara ficando, antes ocupado por Gui, que era muito maior que seu antigo. Ele estava lívido, era visível. Conversando com Rony, não conseguiu disfarçar sua animação nem mesmo na voz, que estava animada como nunca:
- Não posso acreditar que eu fiz isso... Talvez eu vá me arrepender, mas falando sério...
- Espera aí, cara. Você pode até sentir esse monte de coisas que está dizendo, mas procura não falar pra mim não, ta OK? Não esquece que ela é minha irmã.
Harry sorriu.
- Você é quem sabe, cunhado.
- Não enche cara... É sério.
Era impossível não rir. Estava eufórico, se sentindo completo e feliz. Agora poderia ter Gina em seus braços, apesar do medo que isso ainda lhe causasse. Quando decidiu que voltaria com Gina, tomou também outra decisão: Não pensaria tanto nessa maldita proteção contra Voldemort e deixaria tudo acontecer de forma mais natural. Se precisasse, daria sua vida pra salvar Gina, apesar de não ter dito isso a ela.
Gina era esperta, engraçada e não temia qualquer perigo. Harry agora se perguntava dia e noite como pôde demorar tanto a perceber que tudo o que procurou em uma garota, esteve o tempo todo na irmã de seu melhor amigo que, inclusive, sempre o amou. Às vezes, antes de dormir, revia algumas imagens desagradáveis de Gina beijando Dino Thomas, e estava em um desses devaneios estressantes, tentando dormir, quando alguém bateu à porta.
- Quem é?
- Sou eu, Harry. Posso entrar, ou será que você ainda quer me proteger?
Harry fechou os olhos por um instante, sorrindo e balançando a cabeça, e em seguida anunciou:
- Eu sempre vou querer te proteger. Mas entra logo, que com você aí fora fica um pouco difícil.
Rony, que estava na cama ao lado, soltou um gemidinho de olhos fechados e se virou para a parede. Gina apareceu no segundo seguinte, andando sorridente até a cama de Harry. Sentando-se e ainda sorrindo, falou novamente:
- E posso saber como você pretende me proteger, sem fugir de mim de novo?
- Não sei se posso chamar isso de proteção, mas imagino que seja melhor do que ficar a quilômetros de distância de você.
E, terminando a frase, deu mais um daqueles beijos que tinha vontade de dar em Gina há tempos. Rony arriscou dar uma espiada, quando Harry já estava novamente conversando com Gina. Harry jurou que o amigo iria tentar dormir novamente, mas se surpreendeu ao ver que Rony levantou e andou até a porta, gritando nos corredores:
- Agora já chega, dane-se minha falta de coragem.
Olhando para Gina, tentando encontrar explicação para a atitude do ruivinho, percebeu que ela estava tão perplexa quando ele. A garota perguntou:
- O que é que deu no Rony dessa vez?
- Não faço a mínima... Posso te fazer uma pergunta?
- Pode fazer mais uma, já que seria a segunda.
- Engraçadinha! Mas... O que é que Hermione sente exatamente pelo seu irmão?
Gina soltou um risinho abafado, e voltou a ficar séria.
- Você não está falando sério, está? É tão óbvio!
- Bem, eu pensei que tivesse percebido um ar de...
- De ciúme da parte dela quando ele estava com Lilá Brown; de ciúme da parte dele quando ela estava com Krum. Ah, Harry. É tão nítido!
- Você quer dizer que eles...
- Eles gostam um do outro, se amam, seja lá o que for. Que diferença faz? Rony nunca teria coragem de se declarar pra Hermione. Se eu fosse ela, partia pra outra de uma vez.
Ouvindo isso, Harry sentiu uma pontada de medo: Gina não parecia do tipo que se prende à alguém, e ele não queria perde-la. Não agora. Como se adivinhando seus pensamentos, ela falou:
- Não, Harry, não faço o tipo que se prende à alguém. Acontece que se prender é uma coisa; amar é outra completamente diferente. E eu não gosto de você, eu te amo.
- Se você falar assim, eu acabo acreditando.
- É bom que acredite, mesmo. E corresponda direitinho, ou eu volto a ser a Gina solteira que quer esquecer o Harry.
- Nem brinca com isso.
- Eu não estou brincando.
Terminando a frase, Gina deu uma piscadela que fez Harry sentir novamente um grande medo. Como ela conseguia ser tão descontraída, tão solta, tão simpática, tão linda, tão... perfeita. Era ela, Harry agora sabia. A garota pra quem estava olhando agora, Gina Weasley, era a pessoa certa pra ser sua maior confidente e amante. Os dois se fitaram durante alguns segundos, Harry tocou os cabelos de Gina por um instante, lhe acariciando a face num gesto digno do novo Harry Potter. Sorria por dentro e podia ver que Gina também.
De repente, algo aconteceu. Foi tão rápido que não houve tempo para assimilar as coisas, mas o casal se deparou com uma cena inesperada: Rony entrou quarto adentro, segurando Hermione pela mão, que parecia tão perplexa quanto eles... Mas estava feliz.
- Se é que interessa à vocês, Hermione e eu estamos... Juntos.
Gina olhou para Harry, Harry olhou para Gina. Hermione sorriu para a amiga, que lhe devolveu um olhar chocado sem entender direito o que acontecia. Hermione recuperou a fala, um pouco exasperada:
- É, nós estamos.
As últimas palavras soaram aos ouvidos de Harry e Gina como sendo a confirmação de que estavam precisando: Rony, afinal, tinha declarado seu amor à Hermione. Harry tentou parecer displicente, mas foi pouco convincente: Quando conseguiu falar, sua voz saiu nervosa:
- Isso quer dizer...
- Que agora somos dois casais – completou Gina.
- Sabia que é a terceira vez que você me interrompe hoje? - Disse Harry.
- Sabia.
- Não que eu realmente me importe, mas adoraria poder terminar alguma frase durante essa conversa.
- Você acabou de terminar uma.
- Engraçadinha, como sempre.
- Você já demonstrou que gosta, o que quer dizer que posso continuar sendo tão engraçadinha quanto sempre fui.
Harry percebeu que aquilo seria o princípio de uma briga; mas não conseguiria terminar qualquer discussão diante do fato que descobrira naquele instante: Gina fazia coisas para lhe agradar. Afinal, ela disse que poderia continuar fazendo gracinhas por saber que Harry gostava. Resolveu se calar, já nada aborrecido. Acabaram, os quatro, caindo na risada.
Rony andava agora com Hermione para cima e para baixo, como se um fosse colado no outro. Em uma conversa dela com Harry, a amiga confessou:
- Ta OK, Harry, você venceu. Eu sempre gostei do Rony, mas nunca diria isso à ele. E, é claro, imaginei que ele também nunca fosse me falar nada. E como eu ia saber que ele sentia o mesmo por mim?
- Às vezes penso que a sua inteligência só serve pra magia, Hermione. Era tão óbvio que ele gostava de você! E o Krum, aquela vez, com ciúmes de mim.
- Não me fale em Krum, por favor. Ele não pára de me escrever cartas, se o Rony chega a descobrir que isso continua acontecendo...
- Ele arma um barraco daqueles que ninguém é capaz de esquecer. Mas, se anima: Ele não precisa saber.
Harry tentou disfarçar sua última frase baixando a cabeça, quando percebeu que Rony entrou na cozinha naquele instante.
- Que é que alguém não precisa saber?
- Você não precisava saber que Hermione sempre gostou de você. Mas isso eu acho que você já sabia, não é?
Se saiu bem. Rony corou ligeiramente, e em seguida sentou-se ao lado de Hermione, lhe dando um breve beijo. Harry se sentiu deslocado, mas não por muito tempo: Gina apareceu à porta no mesmo segundo, sentando junto dos três.
- Você não precisa mais dar uma de vela, Sr. Potter.
- É muita consideração de sua parte, Srta. Weasley.
Qualquer pessoa que estivesse junto à mesa naquele instante, teria se sentido constrangida. Os dois casais pareciam não se ver há meses, só parando com os beijos quando o Sr. Weasley entrou pela porta, pigarreando.
- Desculpe atrapalhar, crianças, mas eu não quero me afogar em coraçõezinhos.
- Ah, pai, por favor. Crianças?
Gina, como todos sabiam, odiava que a chamassem assim. Para provocar, Rony retrucou:
- É, pai, que é isso. Só tem a Gina de criança aqui, não precisa do plural.
Harry riu um pouco, mas deu um breve soquinho no ombro do amigo que gemeu, rindo. Gina lançou um olhar seco à Rony, e em seguida acrescentou:
- Obrigada, Harry. Às vezes acho que meu irmão sente falta de uma boa surra.
Dessa vez foi Hermione quem respondeu, com ar brincalhão:
- Nem pense nisso, Gina. Ele agora tem quem o defenda, ouviu bem?
- Ótimo, assim talvez ele pare de me barrar, como fez no corredor de Hogwarts quando me viu dom Dino Thomas.
Harry levou uma espécie de soco do próprio estômago. Acostumado a se calar quanto a esse assunto, decidiu protestar, ponderando:
- Não fala mais nisso.
- Ah, por favor, Harry, é passado!
- Exatamente por isso!
- Não começa.
- Certo, então. Ei Rony, tem tido notícias da Cho? Já tem um tempo que não falo com ela.
Gina se levantou, olhando para Harry com intolerância. Quando ela ia saindo, Harry gritou:
- Volta aqui, era brincadeira!
- Brincadeira de mau gosto, se quer saber. Eu estava com Dino Thomas pra te esquecer, se você não lembra disso. Te ver com Cho foi bem diferente de você me ver com ele.
- Ah, é claro. Foi maravilhoso ver a garota que eu amo com outro.
- Acontece, Harry Potter, que eu não sabia que você já gostava de mim naquele tempo.
- Eu achava que você já tinha me esquecido, quando saía com a Cho!
- Ótimo! Facilita as coisas pra você!
- Certo, então!
Gina andou até o jardim, onde começou furiosa, a tirar os gnomos que tentavam penetrar na casa – tarefa que a garota nunca gostou de fazer, Harry lembrou.
- Por que as garotas têm que ser tão complicadas?
- Ah, Harry, não começa. Você pegou pesado falando assim da Cho – retrucou Hermione.
- Falando sério, Rony, sua irmã tem um gênio difícil demais. Que eu posso fazer?
- E eu não sei disso? Não é a toa que reclamo dela durante todos esses anos.
- Cho Chang é passado, eu nunca mais falei com ela. Sequer lembrava de nós dois juntos; só me ocorreu na hora em que Gina falou de Dino Thomas.
- Dino também é passado pra ela. Vocês garotos é que são muito complicados! - disse Mione.
- Ta OK, eu já entendi. Depois eu falo com ela e a gente se acerta.
- Vai agora.
- Ela está furiosa, eu...
- Vai agora, Harry. Aprende a lidar com ela se quer viver algo sério.
- Eu vou, eu vou.
Harry mal havia saído pela porta, ouviu as risadinhas nervosas de Hermione, enquanto Rony sussurrava alguma coisa em seu ouvido.
No jardim, avistou Gina: Estava sentada na pedra em que os dois haviam reatado o namoro, naquela noite de fogos de artifício.
Subindo, com dificuldade, a superfície da pedra, que o sol havia esquentado em excesso, sentou-se ao lado da namorada, demorando um pouco a falar. Quando finalmente tomou ar, começou, olhando corajosamente nos olhos de Gina, que fitava o horizonte à frente, aborrecida.
- Posso estar enganado, mas acho que tivemos nossa primeira briga de casal, lá dentro. Isso seria normal, não seria?
Logo percebeu que tinha escolhido as palavras certas. Gina até tentou se conter, mas não pôde esconder um sorrisinho divertido enquanto baixava a cabeça fitando as mãos.
Harry passou a mão carinhosamente pelo fogo dos cabelos de sua namorada, acomodando alguns fios atrás de sua orelha e admirando a beleza da garota naquele vento que a despenteava.
- Você consegue ser linda até mesmo assim, chateada. E com cara de sono você também não é nada mal, sabia?
Dessa vez Gina literalmente sorriu, em seguida chegando mais perto de Harry e se acomodando em seus braços. Harry fez sinal para que ela se sentasse por entre suas pernas, e descansando a cabeça no peito do garoto, que a envolvia em seus braços, Gina parecia novamente feliz.
Gente, sei que o início é um tanto melodramático e romântico demais, mas as coisas não vão seguir nessa linha. Achei melhor começar assim, mas nos próximos capítulos as coisas vão se tornar mais sérias. Espero que curtam!
Beijos, e comentem, se possível!
Isa.
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